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História A Filha Perdida - Não me faça mudar de ideia.


Escrita por: Alasca__Young

Notas do Autor


Vocês podem me matar, se quiser, porque eu realmente mereço!
Fim de ano só deu vestibular, últimas provas, Enem, trabalhos e extracurriculares na escola! Quem conhece sabe que a gente fica doidinha da cabeça com tanta coisa e a criatividade fica escassa...
Eu reescrevi esse capítulo três vezes, estava totalmente incerta sobre o que fazer com o futuro dessa fanfic, e com muito custo eu fui desenvolvendo até chegar aqui e espero que gostem e não desistam de mim!
Peço mil desculpas pela demora, li todosssssssss os comentários (muito obrigada por todos eles, meninas, vocês são sensacionais!) e agora que estou de férias vou tentar não enrolar!
Boa leitura...

Capítulo 37 - Não me faça mudar de ideia.


Fanfic / Fanfiction A Filha Perdida - Não me faça mudar de ideia.

 

 

 

 

Point of view Eadlyn

Corri sem rumo pelas ruas daquele enorme condomínio. As casas pareciam castelos de tão grandes, eu corria e corria e nunca conseguia encontrar uma saída, estava presa em um labirinto de casas, sons, pensamentos e dores.

Na minha cabeça as palavras de Kriss e a reação de todos fazia um barulho ensurdecedor, me atordoando. Não conseguia acreditar porque tudo fazia sentido, tudo era real e eu sabia que era verdade, isso me assustava. Toda a minha vida foi uma mentira, uma armação, uma vingança manipulada. Eu fui um fantoche, vivi uma farsa, eu estava perdida.

- Por favor, abre o portão - pedi aterrorizada quando me deparei com a entrada do condomínio. 

Havia três seguranças ali parados e mais dois dentro da cabine, um deles se aproximou para me dar apoio. 

- Moça...

- Eu não moro aqui - supliquei empurrando ele - Por favor, por favor deixe-me ir. Só abre o portão eu só quero ir embora. 

- A senhorita está bem? - um outro tentou se aproximar mas eu estiquei o braço pedindo distância.

- Vou ficar se você me deixar ir. Por favor.

Ele recuou, preocupado fez um sinal pra a cabine e então o portão dourado e gigantesco foi aberto. Os outros seguranças ficaram me olhando com pena mas também não disseram nada e então eu sai sem agradecer e continuei a minha andar, incerta do meu caminho. 

Olhei para trás um pouco quando o portão novamente foi fechado, lá no fundo eu esperava que alguém estivesse atrás de mim, mas não, não tinha ninguém além dos seguranças. 

Não quis confessar para mim mesma que aquilo doeu.

Subi na calçada e comecei a andar rápido, podia sentir que a força da gravidade estava aumentando nas minhas costas, era como se a qualquer momento eu fosse cair no chão e desabar emocionalmente, as lágrimas doíam para descer mas saiam com facilidade. 

Algo despertou minha atenção e foi quando vi uma ambulância passar acelerada ao meu lado, seguida de alguns carros pretos e grandes.

Comecei a pensar em todas as vezes em que estive perto deles alguma vez, em todos os momentos que nos olhamos, nós tocamos e nem se quer imaginamos que tínhamos o mesmo sangue.

América e Maxon são meus pais, mas sentem vergonha disso, o casal que tentou me adotar era amigo deles, Josie sabia de tudo e junto com Kriss manipularam a minha vida, fui fantoche delas duas, eu estava grávida, eu perdi o meu bebê, eu apanhei a vida toda, eu cheguei a red acreditar que as coisas estavam melhores mas era só um jogo, eu fui enganada esse tempo todo mas mesmo não tendo culpa, sinto vergonha de mim mesma

Eu precisava botar tudo pra fora.

Então eu era uma Schreave? Eu era uma Schreave? Filha de Maxon e América, irmã de Kaden, Ahren e Osten. 

Eles não gostam de mim e agora descobriram que sou a filha perdida deles. 

Gritei.

Ali mesmo na rua, desolada, tonta de tanto chorar, eu gritei, desesperada.

O grito de dor, de quem pedia socorro.

O grito de uma cidade sofrimentos.

O grito de medo. 

Eu não me importei com quem estava ali perto, não me importei com o que iam achar de mim.

Mas doía tanto, eu só queria poder não sentir mais nada, o que era impossível. 

A minha alma pedia socorro, inexplicavelmente eu não sabia quem eu era mais.

Olhei pra frente, cabeça doendo e me sentindo tonta, sem pensar em mais nada eu corri.

Eu só queria estar longe dali, longe de tudo, mas os problemas e a negatividade estavam em mim e eu não sabia como me livrar daquilo. Me afastei, mas não tinha onde ir. Eu não tinha casa, não tinha um Porto Seguro, não tinha ninguém. 

Desisti de tentar lutar ou fugir. Parei e olhei em volta, vi um ponto de táxi e perto havia alguns bancos onde decidi me sentar em um deles e pela primeira vez em tempos respirei fundo. 

Olhei para todas as pessoas que estavam ali,que iam, vinham, andavam sozinhas ou acompanhadas de alguém, algumas paravam para conversar, outras se sentavam e faziam um telefonema, talvez não tivessem certeza da vida, mas sabiam o que iriam fazer, tinham alguém, todas tinham uma história, uma vida, problemas, eram normais... e eu? eu não sabia mais o que era, só tinha certeza de que eu tinha vivido uma mentira manipulada, era só isso. 

Abaixei a cabeça, coloquei a mão sobre a minha barriga e senti uma dor espiritual. Era injusto que eu não tivesse conseguido protejê-la de todo esse mal que me fizeram, não sabia se deveria ou não me culpar, mas ainda assim sentia-me culpada. 

Implorei baixinho por desculpas, inúmeras desculpas que me ocorreram lágrimas doloridas. 

Meu Deus, o que é que eu fiz? 

- Eadlyn? Eadlyn! - uma voz conhecida me chamava de longe e logo foi se aproximando - Meu Deus Eadlyn, o que você está fazendo aqui!?

As mãos frias e brancas de Camille levantaram meu rosto em sua direção, olhei seus olhos azuis, desesperados.

- Eadlyn... - seus olhos começaram a inundar - Meu Deus, eu sinto muito - ela se ajoelhou repentinamente na minha frente com os joelhos pressionados contra o chão áspero - Eu sinto muito, por favor me perdoe por tudo o que eu te fiz, mas nunca imaginei que a Josie e aquela mulher... eu sinto muito!

- Para - pedi limpando meus olhos - Camille - eu mal ouvia a minha voz, parecia fria e distante - Para. 

- Eadlyn, Ahren me contou tudo por telefone, eu estava passando aqui na frente e vi você pelo carro do motorista que parou ali no sinal, estou chegando de viagem agora mas...

- Preciso de dinheiro, não tenho onde ficar, nem para onde ir, eu não tenho mais nada - fui curta, grossa e direta.

Ela me olhou um pouco duvidosa, mas logo segurou minhas mãos.

- Vamos comigo para a casa...

- Não - soltei suas mãos.

- Você pode ficar na minha casa, se quiser eu...

- Não quero.

- Eadlyn, para aonde você vai?

- Não sei, eu preciso espairecer, não quero voltar pra lá, não posso. Me ajuda, preciso de dinheiro. 

Ela se levantou, passou a mão nos cabelos e nos olhos e olhou em volta.

- Olha, vou te dar a minha mala, tem roupa lá, tenho pouco dinheiro em cédulas, mas...

- Serve. 

Camille olhou pra mim e pensou novamente, achei que iria mudar de ideia mas ela foi até o carro onde o motorista de terno falava no telefone, preocupado, do lado de fora e me olhando. Ela ficou lá alguns segundos, disse algo para ele que assentiu e depois voltou puxando uma mala enorme e rosa choque.

- Deve ter uns quinhentos dólares aí - falou apontando para a mala - A mala tem... tem muita roupa que eu ainda não usei e algumas que eu comprei mas pode usar...

- Tá bom - me levantei e segurei a mala, mas ela não soltou. 

Senti uma leve dor na região do útero, um pequeno incomodo, mas ignorei.

Minha filha morreu.

Olhei e seus olhos.

- Eadlyn... - ela suplicou mas deve ter visto em meus olhos que eu não cederia e então soltou.

Olhei pra ela e não consegui dizer obrigada então dei as costas e comecei a andar em direção aos táxis que estavam parados do outro lado daquela pequena pracinha onde eu estava.

- Eadlyn - ela me chamou novamente e eu olhei para trás - Não some, por favor. Eles precisam de você, dezoito anos dá muita saudade. 

Ignorei o que ela disse e saí arrastando a mala, atravessei a rua e fui para o local onde os táxis aguardavam seus passageiros. Virei o centro das atenções, logo os taxistas começaram a me fazer propostas de viagem, mas nenhuma me interessava, afinal, não queria ir a um hotel, ou ao centro, ao shopping ou ao parque, eu queria sair dali.

- Merda! - olhei para o lado e vi uma garota de cabelo curto e roxo reclamar enquanto tentava colocar alguma coisa dentro do porta-malas. 

Ela, estava a alguns metros de distância de mim, o carro que colocava as bagagens não era um táxi e sim uma camionete um pouco acabada e velha, mas estava do outro lado da rua.

- Vou embora! - gritou - Cansei, mamãe! - disse indo para dentro da cabine enquanto olhava para o andar de cima de uma loja, algo que parecia uma casa - Adeus, porra de lugar idiota! 

Ela estava indo embora. 

Sem pensar duas vezes corri atravessando a rua e puxando a mala com dificuldade, ignorei as buzinas dos carros e parei ao lado da janela dela.

- Que foi? - perguntou grosseira.

- Deixa eu ir com você.

- Não.

- Por favor.

- Não.

- Por favor.

- Eu não sei para onde eu vou - disse e depois bufou - Olha o tanto de táxi que tem aí atrás para te levar ao shopping, bonequinha. 

- Não quero ir ao shopping - aumentei a voz - Assim como você, também quero ir embora dessa porra de lugar idiota. 

Ela olhou pra mim com os olhos semicerrados.

- Por favor, eu quero ir embora desse maldito lugar! - explodi.

Ela me olhou de cima a baixo e deu uma risadinha.

- Entra, põe a mala no banco de trás.

Ela destravou a porta e eu entrei no banco de trás.

- Espera! - disse antes dela sair do lugar - Deixa eu trocar de roupa, é rápido. 

Ela bufou e cochichou alguns palavrões.

- Se troca no banco de trás, não tenho interesse em patricinhas - disse.

Pensei em rebater, mas eu já tinha problemas demais pra perder a paciência com ela e perder minha carona.

Abri a mala e procurei uma roupa. Peguei a primeira calça jeans que vi e uma regata branca, peguei também uma blusa xadrez que ainda tinha etiqueta.

Coloquei a calça por debaixo do vestido e sem querer chutei a garota algumas vezes, que me xingou como resposta. Puxei o casaco e o vestido mas rapidamente me vesti com a blusa regata e coloquei a camisa xadrez, calcei as uggs marrons. Ao menos as medidas de Camille eram iguais as minhas.

Fui para a parte da frente e coloquei o cinto. Estávamos em uma parte da cidade que eu não conhecia e não me importei. Deitei a cabeça no vidro e apoiei meus pés no porta-luvas, ela não reclamou.

- Então Eadlyn, seus pais cortaram sua mesada? 

Meus pais.

- Como sabe meu nome? - perguntei sem querer saber a resposta.

- Bom, você é ou era a namorada do Kile, quem não sabe quem é aquele playboy? - Não senti raiva ou qualquer sentimento ruim quando ela o ofendeu -... qualquer um que anda com ele fica conhecido na universidade, ele tem sobrenome. E quem não sabe quem é a garota Celestial, Ambers

Ambers.

Aquele não deveria ser meu sobrenome, Schreave deveria ser e pensar nisso talvez me assustasse.

Me conheciam por ser quem eu era, a garota celestial, a que dormia com Kile e com Eikko, a que estava grávida e não sabia quem era o pai, e depois que divulgassem toda a minha história? E depois que tudo ficasse claro? Quem eu seria? 

Ignorei.

A cada minuto que passava, me sentia mais desligada de tudo e de todos, não que alguma das minhas ligações com alguém tivesse sido verdadeira, não depois de descobrir que eu era um fantoche, então, de verdade, eu ignorei porque verdadeiramente eu não ligava mais.

Deitei a cabeça no vidro e fechei os olhos, alguns minutos depois mergulhei em um sono profundo enquanto ela ouvia algo parecido com heavy metal.

 ***

Levei um empurrão no braço.

- Acorda, comer - disse ela saindo do carro. 

Bocejei, olhei em volta. Estava de madrugada, estávamos em um posto vazio.

Saí do carro e fechei a porta, ela já estava entrando na lojinha de conveniência e então eu a segui. O som de country antigo e o barulho das máquinas de freezer me causaram arrepios.

Ela pegou alguns salgadinhos e uma cerveja e então foi até o caixa onde o atendente de boné fazia bolas de chiclete, aparentemente entediado.

- Bora, não tenho o dia todo - disse grosseira pra mim enquanto eu olhava em volta.

No impulso peguei salgadinhos e uma cerveja como ela e então fui até o caixa. Ela olhou para o meu lanche e fez um bico como quem estranhava a minha escolha, e então ignorou.

- Onde estamos? - perguntei tirando o dinheiro do bolso - São que horas?

- Chegando em Clermont - respondeu o atendente com malícia - são exatamente... - ele olhou o relógio, parecia bêbado - Quatro e trinta e sete da manhã, uma ótima hora para sem embriagar - disse  recebendo o dinheiro dela e logo em seguida pegando minhas coisas para colocar na sacola - 14 dólares. 

Entreguei 50 dólares, peguei meu troco e minha sacola e sorri de volta pra ele antes de sair pela porta e entrar no carro novamente onde ela estava abrindo sua cerveja.

- Posso ao menos saber o seu nome? Você sabe o meu, não é justo - abri a minha também, observando um casal de idosos entrando na lojinha de conveniência. 

- Eu nunca perguntei o seu - disse abrindo o salgadinho e enchendo a boca.

- Mas sabe, então...

- Dani - me interrompeu com a boca cheia - Vai querer ficar em Clermont e me deixar em paz?

- Querendo me dispensar? - dei mais uns goles e ela não respondeu - O que tem em Clermont? 

- Cassinos, prostituição, bebidas, famosos, dinheiro, shows, drogas e sexo. E muitos, muitos jogos - disse sorrindo disfarçadamente.

- Hm... Quanto tempo até lá? 

- Uma  horinha...

- Então em uma horinha você vai ter paz - sorri pra ela que sorriu de volta.

- Menina má - levantou a cerveja - Muito, muito má. Sempre me disseram que as com cara de santinha eram as piores, obrigada por me mostrar que é verdade. 

Dei de ombros e terminei de tomar a minha cerveja em algumas goladas.

- Se importa se eu descer e for comprar mais umas? 

Ela riu começando a se divertir.

- Você tem 30 segundos ou eu te deixo para trás. Começando de agora!

Saí do carro as pressas, ignorando o leve incomodo que senti na região do útero e corri até a loja não sentindo meus pés tocarem muito bem o chão. Peguei quatro cervejas, enchendo a mão, e fui ao caixa, joguei as notas que ele me dera como troco e saí correndo da loja. Ouvi os idosos reclamando e o atendente dizer "vai com calma, princesinha".  

- Fica com o troco! - gritei para o mundo inteiro ouvir.

No caminho para o carro tropecei no pé e quase caí no chão, mas segurei firme as latas de cerveja e apenas uma caiu no chão e explodiu, o barulho ecoou e eu comecei a rir, entrando desesperada no carro que já estava ligado enquanto Dani sorria. 

Entrei no carro sentindo a adrenalina me entorpecer.

Dani sorriu pra mime pegou duas cervejas.

- Você deixou uma cair, e aquela era a sua - ela de de ombros sorrindo e abrindo a lata.

- Tudo bem - comecei a rir e abri a minha - Eu deveria me preocupar com o fato de você estar bebendo e dirigindo, mas eu não ligo! - ri ainda mais e ela também. 

- Não vale a pena chegar em Clermont sóbria, vai por mim - disse - A gente divide essa aqui, quando chegarmos, a gente vira ela, e se não estivermos tonta, a gente compra outra. 

- Eu pago a tequila - pisquei e virei o resto da lata em algumas goladas, sentindo meu corpo e minha risada ficarem cada vez mais leves e distantes.

- Acho que me enganei em relação a você, vamos nos divertir bastante em Clermont. 

- Vamos? - perguntei surpresa.

- Não me faça mudar de ideia.

 

 

 


Notas Finais


Eadlyn Ambers? Nunca nem vi!
Espero que tenham gostado, logo logo tem mais!
Beijoss e ate'o próximo <3


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