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História A Filha Perdida - Estou com sede.


Escrita por: Alasca__Young

Notas do Autor


Muitas emoções abaixo, não me responsabilizo por nada em!!!
Muito obrigada pelos comentários, pelo carinho e por toda a paciência de vocês
Boa leitura...

Capítulo 46 - Estou com sede.


Fanfic / Fanfiction A Filha Perdida - Estou com sede.

Point of view Eadlyn Helena Margaret Schreave 

Permaneci calada. 

- A última vez que a vi, sabendo que era a minha filha, chorei tanto. Maxon e eu sempre desejamos uma menininha, desde os nossos planos de adolescente. Nós tentamos quatro vezes, e só na quarta conseguimos você. Mas tudo isso aconteceu.

As lágrimas de seus olhos caíam e batiam no meu coração que pra ela era como pedra.

- Perdi 10 quilos em dois meses, desenvolvi endometriose, depressão e fiquei 10 anos fazendo terapia. No primeiro ano desde a sua pseudomorte, eu fui uma mãe horrível para os meninos e uma esposa horrível para o seu pai. Eles não queria ir pra escola, Ahren estava violento com todo mundo e qualquer coisinha ela chorava durante horas como se estivesse sendo espancado. Osten não queria comer mais nada, assim como eu, perdeu muitos quilos e Kaden começou a se retrair, não conversava com ninguém, não fazia amigos e nem brincava. E o seu pai, vendo a família dele se definhar aos poucos começou a ter crise de pânico. Ele era tão forte na maior parte do tempo, mas às vezes se entristecia tanto e se sentia tão inútil que começou a desenvolver isso. Tinha insônia, não conseguia trabalhar direito, tinha medo de deixar os meninos sozinhos… Por muito tempo nós dormimos todos no mesmo quarto, um vigiando o outro. E era um inferno, por que eu adoeci e adoeci a todos e vê-los naquele estado fazia eu me sentir ainda pior, e o buraco que eu me enfiava era cada vez mais fundo. Nós não saíamos por que eu não queria conversar com outras pessoas e os meninos estavam com um comportamento impossível, seu pai não dava conta de cuidar de todos, as babás não saíam com a gente e nem mesmo com os seus avós eles se davam muito bem.

Comecei a sentir um certo calor.

- Foi um ano terrivelmente difícil. Ter uma filha sequestrada, maltratada e enterrada e depois ver toda a minha família sucumbir… graças a Marlee e Carter nós começamos a fazer terapias, acompanhamento com psicólogo… e aos poucos fomos nos regenerando. Os meninos foram esquecendo, crescendo, mas Maxon e eu, apesar de termos superado, ainda guardamos todas as memórias daquele tempo. Todos nós passamos por momentos difíceis alguma vez na vida, alguns poucas vezes e outros diariamente, mas sempre tem aquela fase em que a gente nunca parece que vai vencer e quando vence mal acredita. Não é fácil lembrar de tudo aquilo, minhas pernas ficam bambas, meu coração dói. Pensar que deixei que a levassem, que ao perdê-la quase perdi a todos, ver os meus três meninos virando verdadeiros monstrinhos, e eu meu marido tendo surtos… - ela parou para respirar-... não é fácil. Um dia você será mãe, eu espero, e talvez você sentirá como eu senti o que é ver um filho com febre, com gases ou com dor de dente. Isso dói tanto na gente… agora imagina roubarem de você e matá-lo? Enterrar um caixao daquele tamanho, tão pequenininho, é uma covardia com qualquer um, minha filha - ela fechou os olhos. 

América estava destruída. 

As mãos tremiam, as lágrimas não cessavam. Ela estava tão mal… comecei a sentir que meus olhos estavam enchendo de lágrima, mas eu não queria sentir.

A minha mente viajava tudo o que ela havia feito comigo, as vezes que ué me tratou mal por causa da Josephine… 

Mas ela não tinha culpa, ela te protegeria se fosse a sua mãe e soubesse disso

-Sim eu vim aqui tentar ganhar você - ela me olhou e meu mundo começou a girar - Eadlyn, eu sou a sua mãe e você é o bebê que eu e seu pai tanto sonhamos...você pode não querer

me ver, pode estar chateada comigo e com muita razão, mas por favor, me dá uma chance de consertar tudo isso? - ela se levantou e começou a caminhar na minha direção - Eu só te peço uma chance, nós perdemos seus primeiros passos, sua primeira palavra, seu primeiro aniversário, seu primeiro dia na escola, a primeira palavra que escreveu, seus primeiros momentos de leitura, perdemos nossos momentos de amamentação, de te colocar pra dormir com historinhas e um beijinho de boa noite… então por favor, minha filha, por favor, eu não quero perder mais nenhum segundo, nenhum momento, nenhuma vitória, nem derrota, nem sorriso, nem choro, nem nada mais! 

Passei a mão pela bochecha e limpei as lágrimas.

Seus olhos azuis eram tão lindos e pareciam tão claros naquele momento.

Ela se aproximou devagar até parar na minha frente e se ajoelhar sobre meus pés. Seu cabelo ruivo era tão lindo e tão brilhoso, ela estava tão cheirosa e transpirava um calor, um certo calor que me chamava.

Meu coração de pedra, furado por suas lágrimas, agora se derretia e doía, doía tanto que eu mal sabia explicar. Não havia nada que fizesse minhas lágrimas cessarem, não tinha nada na minha mente para onde eu pudesse fugir e fingir que aquilo não me afetava. Eu não podia lutar contra os meus instintos e vê-la chorar fazia eu ter vontade de chorar também, saber que sofreu, assim com eu por todos esses anos, saber que a raiva e toda aquela queimação que eu sentia dentro de mim ela também sentia… Ela é a minha mãe. A minha mãe. E eu nunca, em hipótese alguma, em momento algum, com tamanha raiva no meu coração, magoada por tudo e com todos, poderia me permitir ignorar esse fato.

Fosse ela a mulher mais linda ou feia, mais rica ou pobre, mais chata ou mais legal, mais boazinha ou mais ruim, não deixava de ser minha mãe. E dentro de mim, por mais que doesse tanto, eu estava feliz em saber que era ela.

América colocou as mãos sobre meus joelhos, suas mãos quentes me causaram calafrios.

-Eu queria que você fosse a primeira a saber.

Seus olhos penetraram o meu.

-Eu não vim exigir que me veja como uma mãe, que me beije, me dê um abraço ou me perdoe. Sei que você precisa de um temp. Eu não preciso, mas respeito sua vontade e peço que mesmo que demore dias, semanas, meses ou anos, tente me dá uma chance.

Ela se levantou e continuou a me olhar.

-Estamos todos te esperando de volta, no lugar de onde você nunca deveria ter saído. Você tem todo o tempo que precisar, tá bom? - ela deu um pequeno sorriso tão… desesperado. 

Não respondi, não fiz nenhum gesto.

Ela deu as costas e pegou a mala, levou até metade do caminho em minha direção. 

-São roupas. Trouxe pra você. Tem sapatos. E algumas outras coisas. 

Ela se manteve em silêncio e por um momento as lágrimas cessaram.

-Espero que você volte antes de precisar usar tudo isso. 

Eu realmente não sabia se ela estava sem palavras ou se esperava que eu lhe dissesse algo. E então, relutante até demais, ela saiu pela porta da sala em passos curtos e lentos como se alguém a tivesse puxando para trás.

Talvez inconscientemente esse alguém fosse eu.

E estava sozinha, a cabeça doía por ter acabado de acordar e por ter que processar tanta informação.

Tá. Ok. 

Então ela havia admitido.

Eu sou sua filha.

Eu?

Sorri sozinha zombando da situação.

Comecei a gargalhar. Gargalhei alto, muito alto até sentir a barriga doer e o peito apertar. 

As lágrimas caíam mas eu ria.

Talvez fosse um jeito do meu corpo tentar fugir, ou tentar desatar aquele no na minha cabeça e na minha garganta. 

Ria muito, chorava pouco. Era essa a contradição do que vivi toda a minha vida. Chorar, chorar, chorar, chorar, chorar… e por uma simples vinganca. Por um amor adolescente. Por inveja. Por ser a tão esperada. Por ter sido a primeira filha mulher. Por ter nascido.

Me joguei no sofá, rindo rindo rindo.

-Ei - Kile me puxou e segurou meus braços quando comecei a me debater - Eadlyn! - ele gritou varias vezes enquanto tentava me imobilizar.

Eu só conseguia rir e empurrava ele para que se afastasse de mim, e gritava mais alto que ele me chamando até ficar sem ar de tanto rir e sem forças, então ele me sacudiu desesperado gritando meu nome.

-Ei - ele bateu no meu rosto, seus olhos pulavam pra fora - Eadlyn respira! RESPIRA! EADLYN OLHA PRA MIM! 

Meus olhos estavam embaçados. 

Ouvi o choro de Noah, ouvi o desespero de Kile, mas meu corpo estava dormente. Toda aquela informação circulava meu corpo como uma onda que me deixava fora de órbita. 

Eu não sentia sua pele contra a minha, seu toque violento para me acordar de não sei o que. 

De repente foi como se após um longo mergulho eu voltasse para a superfície e então tudo voltou com muita força. 

Suspirei o ar com tanta força que tossi.

Kile estava vermelho, me segurava tão forte pelos braços que eu poderia imaginar todos os hematomas depois.

Quando comecei apenas a chorar, ele me soltou aos poucos.

-Pega ele - falei baixinho entre soluços.

Kile se levantou depressa e pegou Noah para aninha-lo, mas logo voltou para perto de mim.

Não disse nada, ele também não disse, mas também não tirou os olhos de mim, deixou que eu chorasse em paz.

-Por que comigo? - perguntei. Noah gemia e eu chorava - Kile, eu sou tão infeliz. Em dezoito anos, posso contar nos dedos momentos bons. Me diz, por que?- me levantei e comecei a gritar expulsando toda aquela raiva de mim - Por que foi tão ruim pra mim? Que culpa que eu tive? Por que ela não se vingou deles usando ELES? Eu não mereci passar por isso! Kile eu passava fome, frio, usava ponta de lápis pra escrever, eu apanhava sem motivo, não tinha amigos e quase nunca na minha vida teve um dia que fui dormir sem chorar! Para o fim de tudo isso eu ser herdeira de uma família milionária! Pra depois de me fazer ser uma sequelada me devolver para uma mãe que nem gosta de mim! Pra eu nunca mais ser feliz! Pra eu nunca me sentir à vontade com a minha própria família! 

Ele só me olhava, sem expressão alguma, enquanto balançava o filho.

-Você nunca vai entender - acusei em voz baixa. 

Ele concordou comigo.

-Nunca vou entender.

-Você… - perdi as palavras.

-Não. Não consigo mais. 

Concordei com a cabeça.

-Tem razão. Me dê um tempo, posso dormir no sofá. 

-A cama é grande o suficiente, sabe que não precisa disso.

-Tá. Vou tentar pôr as coisas no lugar aqui dentro, vou estar no quarto de hóspedes - passei a manga da camisa nos olhos - A gente conversa amanhã. 

Fui até a mala, subi o puxador e a arrastei escada acima. Não liguei pro barulho que fazia ou pro estrago. 

Fechei a porta ao entrar, o quarto tinha uma cama, um banheiro e uma escrivaninha sem cadeira.

Deixei a mala de lado e me joguei sobre a cama, cansada, cabeça doendo, fraca, infeliz… esvaziar a mente era algo que eu já estava craque, tantas experiências ruins fazem a gente criar refúgios, e assim eu fiz. 

Não tentei queimar a cabeça para saber qual seria a roupa que eu me vestiria para ir ao julgamento de Kriss. Eu não conseguiria ir. 

Como? 

Os pensamentos voltaram.

Como ela conseguiu? Por que? Por que!? 

Como sempre, como antes, desejei nunca ter nascido. Desejei nunca ter sobrevivido. Nunca ter sido a filha deles. Desejei...ter matado ela. 

E daí se eles eram ricos? Se eram uma família linda? Se eu gostava dos meus irmãos? Se o meu pai era um príncipe? Se eu agora teria tudo do bom e do melhor? Se teria tudo o que sempre sonhei? 

Nada nunca apagaria as marcas do meu passado e era esse o plano dela. O seu desejo era sempre estar presente, mostrando todo o seu mal. Eu nunca seria a Eadlyn que eles sempre sonharam. 

Deitei de bruços agarrando o travesseiro. Não chorei mais. 

Não sabia onde dormiria amanhã, não sabia onde estaria amanhã e se eu estaria viva amanhã. 

Não tinha certeza de nada da minha vida, que foi uma completa farsa, mas uma chama se acendeu lá dentro. Não era só uma ideia, ou uma esperança, era o que me faria levantar todos os dias e ter certeza de que não estava apenas sobrevivendo a cada dia.

Me apoiei sobre os cotovelos, olhei para o espelho do lado direito do quarto e vi meu reflexo. 

Olhei aquela garota tão linda, tão inteligente e tão boazinha e senti o que todos sentiam também: pena. O mundo nunca foi um bom lugar para os românticos, nem para os coitadinhos, nem para os de bom coração e muito menos para aqueles que acham que o tempo é o melhor remédio ou muito menos o amor. 

Olhei de novo para aquela mulher destruída, rancorosa, e agora mais que nunca rica

Juntei todos os três adjetivos e montei o um propósito.

-Estou. Com. Sede. - falei para mim mesma deitando a cabeça sobre o travesseiro ainda encarando meu reflexo - Quero vingança. 

Dei um sorriso.

Como num estalar de dedos, voltei a me sentir bem. 

 


Notas Finais


Talvez esse não seja o lugar certo para quem gosta de clichês, mas só talvez...
E aí?
Quero sabeeeeer o que vocês esperam depois desse capítulo e o que acham que irá acontecer?
Beijinhos, até loguinho...


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