História A Flor da Folha e o Imperador do Fogo (EM REVISÃO) - -- Sensações

Capítulo 10  ❅ Sensações

❅ Reino da Folha ❅

O sol brilhava forte no céu da Folha, anunciando que já se aproximava do meio-dia e uma brisa leve, típica de um dia de primavera, carregava o cheiro das flores que enfeitavam os jardins imperiais, trazendo ainda mais suavidade àquele dia.  Em contraste a uma manhã tão bela quanto aquela, encolhida em um cantinho escuro de seu quarto onde os raios de sol que entravam pelas frestas das cortinas não alcançavam, Sakura abraçava-se às próprias pernas com a testa escorada sobre os joelhos, ambos umedecidos por suas lágrimas.   

“Sakura ...”

“Sakura...”

“Sakura...”

Desde o inesperado encontro com o príncipe Uchiha, Sakura não  havia conseguido, um momento sequer,  esquecer o som de sua voz quando chamou por ela. Não soube explicar, mas sentia como se estivesse impregnada em seus ouvidos, reverberando a cada segundo em sua mente.  

Sakura não sabia ao certo há quanto tempo já estava ali, naquela mesma posição sem se mover e nem porque continuava chorando, ela apenas sentira seu coração apertado, cheio de sentimentos desconhecidos enquanto palpitava de uma jeito tão forte que pensou  que até poderia morrer. Ela estava confusa, atordoada e não tinha nenhuma ideia do que fazer ou como lidar com todas aquelas sensações das quais jamais havia provado antes. Era tudo tão novo, tão estranho e tão inesperado, exatamente como aquele encontro...

❅ Flashback on:

– Você é...  – Com os olhos vidrados no homem a sua frente, Sakura mordeu os lábios sem conseguir pronunciar seu nome.

– Uchiha Sasuke. – Ouviu dele sem que o contato visual entre eles fosse quebrado.

Apática, Sakura sentiu todo o corpo estremecer ao ouvi-lo, finalmente, confirmar sua identidade. Ele era Uchiha Sasuke, aquele quem lhe receberia, em poucos dias, como sua esposa.

Tomada por um turbilhão de sentimentos inominados, Sakura moveu seus lábios diversas vezes sem que conseguisse encontrar palavras. Sua mente estava tão em branco que, de alguma maneira, sentiu como se sua capacidade de raciocinar não existisse mais.  Não havia, porém, para onde correr ou onde se esconder. Finalmente, o destino que tanto lhe afligiu estava diante de si:

– S-seja bem vindo a Folha, príncipe Sasuke...  – Sentiu a garganta queimar e odiou-se por não conseguir controlar sua respiração ao falar com ele. – É um prazer conhece-lo. – Deveria reverenciá-lo mas, imóvel, apenas conseguiu esboçar-lhe um sorriso trêmulo nos lábios.

Sem desviar suas esmeraldas dele, Sakura viu o olhar de Sasuke, sem qualquer timidez, percorrer-lhe dos pés até a cabeça e, embaraçada, levou uma das mãos aos cabelos colocando uma fina mecha atrás das orelhas enquanto sentia o rosto queimar.

– Naruto ... Sabe onde ele está? – Não retribuíu-lhe o cumprimento.

– Também achei que estivesse no quarto. – Respondeu de maneira acanhada,  envergonhando-se segundos depois pela forma patética como estava agindo.

– Onde posso encontrá-lo?

– Ta-talvez na sede da Aogiri*. – Suas pernas estavam bambas. – Normalmente é onde ele passa a maior parte de seu tempo.

– Hnn.

Transpassada, a flor de cerejeira notou o desinteresse do príncipe Uchiha em manter aquela conversa e, apesar da confusão de sentimentos que tinha dentro de si, Sakura sentiu um forte incomodo ao se dar conta da forma frívola com a qual ele lhe tratava.

Saiu de seus devaneios ao ouvir passos, vendo na sequência, Sasuke se afastar lentamente sem sequer se despedir:

– Se quiser.... – As palavras escaparam de sua boca mais rápido do que pôde pensar. – Posso... acompanha-lo até lá se não souber o caminho... – Corou fortemente ao se dar conta de sua proposta.

Encabulada, Sakura viu o Uchiha virar-se em sua direção sem responder imediatamente à sua oferta. Seus olhares voltaram a se cruzar, porém de maneira ainda mais profunda, e um ponto de eletricidade percorreu todo o seu corpo, arrepiando-lhe mais uma vez.

– Não é necessário. – Respondeu-lhe com algidez  e seguiu em frente, deixando-lhe para trás com o coração acelerado, as mãos estremecidas e uma sensação amarga dentro do peito.

Flashback Off ❅

Sem sair do lugar,  Sakura deixou um suspiro alto escapar ao se pegar pensando, outra vez, no rosto de Sasuke e em seus traços marcantes. Ele era tão diferente dos homens que já havia conhecido,  tinha um ar tão vultuoso e ao mesmo tempo um olhar tão misterioso que não conseguia esquecer. Ele era  forte, alto e tinha uma figura tão poderosa que sentiu-se como se, diante dele, fosse insignificante. Tudo nele era tão intenso, tão misterioso e tão charmoso.

Fortemente corada, a princesa espremeu os olhos, sentindo raiva de si mesma, da forma como estava se sentindo e da maneira desajeitada com que se comportou diante dele.  Se odiou ainda mais ao se dar conta de como estava preocupada com o que ele poderia estar pensando  dela  naquele exato momento.

“No que ele estaria pensando agora?”

Com o coração partido, Sakura sorriu amargamente e viu as lágrimas tornarem a rolar por sua face. Diferente dela, Sasuke jamais a teria em seus pensamentos. Naquela hora, o olhar dele era tão frívolo e suas palavras tão desinteressadas que, apenas lembrar disso fazia seu interior estremecer. Estava claro que, para ele aquele casamento nunca  seria mais do que um acordo, algo ao qual estava sendo obrigado a aceitar contra sua vontade, então seria impossível para ela se aproximar....

Se assustou imediatamente com aquele pensamento. Desde quando ela queria se aproximar ?

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Reino da Folha

❅ Sede da Aogiri ❅

Recostado confortavelmente em sua poltrona, Naruto avaliava  minunciosamente alguns pergaminhos sobre uma mesa esculpida em madeira nobre, na sede da Aogiri. A torre onde se localizava a base do exército Uzumaki ficava na área leste do palácio, num local mais discreto e que em nada lembrava a beleza dos jardins imperiais. 

Concentrado em suas funções,  Naruto lia atentamente as informações do documento que tinha em suas mãos, sendo observado pelo Vice-Comandante da Aogiri e homem de confiança do Imperador, o Capitão Yamato. Apesar do semblante sempre tranquilo e de seu jeito mais alegre e espontâneo, quando o assunto eram as tropas da Folha, a personalidade do filho de Minato e Kushina mudava drasticamente, o que sempre chamou a atenção do Vice-Comandante. Ambos eram responsáveis por tratar de todos os assuntos militares do Reino:

– E então ? – Yamato questionou-o no instante que tirou os olhos do papel.

– Há relatos de movimentos hostís e resistência por parte de  rebeldes na área sul do Império, em uma das Vilas recém integradas ao território da Folha. – Revelou o conteúdo do documento. – Ainda não houveram grandes incidentes e a guarda parece ter tudo sob controle.

– Entendo. De qualquer forma, devemos  permanecer alerta a fim de evitarmos maiores problemas. – Ouviu com atenção ao conselho recebido. 

– Você tem razão. Com a chegada de tantos visitantes importantes à Folha não podemos baixar a guarda. – Acabou bocejando alto, enquanto deixava os documentos sobre a mesa.

– Problemas de insônia? – Ouviu o questionamento do Capitão e fez-lhe um sinal positivo  enquanto espreguiçava-se sobre a poltrona.

– Não tenho conseguido dormir muito bem nesses últimos dias. – Revelou.

– Ansiedade com o casamento, eu suponho. – O filho de Minato embaraçou-se com o comentário e mais ainda com o sorriso sugestivo que Yamato lhe mostrou.

– N-não tem nada a ver com isso. – Inventou. – Só estou cansado com tanto trabalho. Só isso.

– Sei.

Antes que prosseguissem com o assunto, os olhos de Naruto e Yamato foram atraídos prontamente por um barulho inesperado na maçaneta da porta e suas atenções voltadas totalmente para o surgimento de alguém inesperado:

– Sasuke ? – Espantou-se ao ver o Uchiha passar pela entrada se aproximar sem ao menos se anunciar.

– Uchiha-Sama! – Yamato reverenciou o futuro Imperador sendo retribuído por ele com um olhar desinteressado.

– Quando chegou? – Perguntou-lhe.

– Hoje pela manhã. 

– Não acho que fui comunicado sobre isto. – Disse pensativo sob o olhar frívolo do amigo de infância. – Veio sozinho?

– Não, Itachi também está na Folha. Deve estar com Minato nesse momento. – Deixou um sorriso discreto escapar ao ouvir o tratamento informal usado pelo príncipe Uchiha para se referir a quem quer que fosse. Era uma das poucas coisas que ambos tinham em comum, apesar de que a forma como Sasuke se dirigia as pessoas e seu tom de voz fossem, costumeiramente, desrespeitosos.

– Yamato, cuide de tudo até a minha volta. Eu preciso levar um papo com esse cara aqui... – Disse em tom brincalhão, passando um dos braços pelo ombro de Sasuke que apenas mostrou-se entediado.

– Como desejar, Uzumaki-sama. – Fez um sinal positivo, deixando o local ao lado do Uchiha logo na sequência.

Yamato, da posição em que estava, os reverenciou enquanto se encaminhavam para fora da base da Aogiri. Com os olhos sobre ambos, tentou entender como duas pessoas tão diferentes quanto o príncipe Uzumaki e o príncipe Uchiha haviam sido capazes de cultivar uma amizade como aquela. Sasuke era obscuro, possuía olhos malevolentes e tinha uma personalidade sombria. Naruto, por outro lado, era animado, alegre e benevolente como seus pais. Eram o oposto um do outro e, ainda assim, era visível o forte laço que os uniam.

Pensou por um breve instante no quanto a vida realmente podia ser surpreendente e, por fim, retomou suas atividades conforme ordenado.

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– Como soube que eu estava aqui  ? – Naruto iniciou a conversa enquanto ele e Sasuke caminhavam tranquilamente em direção ao Palácio. – Achei que ninguém havia me visto sair pela manhã.

– Foi sua irmã quem me disse onde poderia encontrá-lo.

– Entendo. Então a encontrou em sua recepção no Reino ? – Imaginou que fosse o caso.

– Não. Nos vimos quando fui procura-lo em seus aposentos. – Não deu detalhes. – Uma mera coincidência.

– Coincidência? – Um sorriso malicioso despontou em seus lábios. – Eu chamaria isso de destino.

– Não acredito nessas bobagens. – Sentiu seu desprezo, mas não conseguia tirar o sorriso dos lábios. Era interessante ver as reações de Sasuke.

Por um instante ambos permaneceram em silêncio sem que nenhuma palavra fosse trocada entre eles. A medida que caminhavam e se aproximavam da entrada do Castelo, Naruto lembrou-se do sorriso cativante de Sakura e, em seguida, de suas lágrimas quando conversaram há algum tempo atrás sobre Sasuke e o acordo de casamento. Inevitavelmente seu sorriso se desfez e seu semblante tornou-se apreensivo quando pensou sobre o futuro que os aguardava. E isso não dizia respeito somente a sua irmã e a seu melhor amigo. Isso também era um pouco sobre si mesmo:

– Eu também estaria preocupado em seu lugar. – A voz de Sasuke o surpreendeu.

– Hã ?  

– Deve ser difícil ter que entrega-la nas mãos de um homem como eu. – Percebeu que ele se referia a Sakura e se entristeceu. Não queria ouvi-lo falar assim de si mesmo.

– Sasuke...  – Disse seu nome mas não olhou em sua direção. – Prometa-me que não vai fazê-la sofrer.  

– Naruto, eu.... – Suas palavras ficaram no ar.

– Se não puder.... Pelo menos prometa-me que vai protegê-la, que vai mantê-la segura.  – Insistiu. – É meu dever como irmão garantir que ela estará a salvo.

– Hnn. – Cruzou seu olhar com o dele, certificando-se de que ele havia entendido o verdadeiro significado de suas palavras.

Após dito tudo, Sasuke não voltou a se manifestar e Naruto decidiu encerrar aquele assunto enquanto entravam juntos no Palácio. O filho de Minato tinha consciência dos motivos que levaram Sasuke a nunca se interessar em tomar mulher alguma por esposa ou pensar em constituir uma família, porém as circunstancias haviam-no levado até ali e ele, como amigo, não poderia ser intolerante e nem exigir nada além do amigo.

Por hora,  saber que ele a manteria segura deveria ser o suficiente.

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Reino da Folha

❅Dias Depois ❅

Uma nova semana iniciava-se na Folha. O tempo que antes corria, agora parecia voar e o dia do casamento dos filhos de Minato e Kushina estava cada vez mais próximo. Sakura, sentada em seu quarto, olhava desanimadamente para seu almoço, mexendo nos talheres enquanto vez ou outra suspirava. Por causa da chegada dos convidados para o casamento, as refeições continuaram a ser servidas nos quartos, porém agora Sakura não se incomodava mais como antes. De alguma forma, até sentia-se aliviada em permanecer em seus aposentos. Pelo menos dessa forma ela não correria o risco de se encontrar com ele.   

Seu coração ainda palpitava forte dentro do peito todas as vezes que lembrava-se daquele dia. A verdade era que, desde o breve encontro entre eles, os olhos de Sasuke nunca haviam saído de sua mente. Ela não conseguia se esquecer de seu rosto,  nem de sua voz ou de qualquer outro simples detalhe daquela inesperada manhã e isso continuava a atormentando. Seu coração ainda permanecia inquieto e algo dentro de si não parecia mais como antes. 

Perdida em meio a tanta confusão, tudo o que Sakura desejava era ter o poder de terminar com tudo e fazer com que sua vida voltasse a ser como antes. Algo impossível, todavia.

Sem conseguir tocar na comida,  a princesa deixou sua refeição de lado e se dirigiu até uma das largas janelas de seu quarto, buscando pela bela visão dos jardins imperiais.  Sufocada por todos aqueles confusos sentimentos,  Sakura acreditava que sentir a brisa leve de um dia de primavera e iluminar-se pelos brilhantes raios de sol poderia trazer-lhe tranquilidade e paz, ainda que fosse apenas por um mero instante.

Apoiada sobre o batente da janela, a filha de Kushina e Minato sustentou seu queixo sobre o dorso de suas mãos e suspirou mais uma vez ao observar as movimentações no pátio do Castelo. Criados indo e vindo, hora caminhando, hora correndo. Todos se esforçando para que o dia de seu casamento fosse perfeito. Contrariamente a intensão de acalmar-se, Sakura agoniou-se e, outra vez, sentiu a garganta queimar sendo tomada por um forte desejo de chorar enquanto a imagem de Sasuke voltava a preencher seus pensamentos. Ela já havia se cansado de tanto pensar nele, entretanto não sabia como parar....

Toc toc.

Assustou-se com o barulho da porta mas logo ouviu o som da voz de uma das criadas se anunciar. Assim que recebeu permissão, a moça permaneceu na entrada e após uma breve reverência anunciou à princesa a chegada dos irmãos Hyuuga no Castelo.  Tomada por uma súbta empolgação, Sakura se alegrou pronfundamente ao pensar em Hinata, sua amiga de longa data, e pela primeira vez em muitos dias voltou a sorrir sinceramente.  A princesa tratou logo de informar-se sobre os aposentos onde a futura Uzumaki havia se instalado, pretendendo visita-la naquele mesmo instante.

Após a partida da criada, Sakura vestiu-se apropriadamente e saiu em seguida de seu quarto, para encontrar a princesa do Gelo. Depois de passar apressada por um lance de escadas e alguns corredores, finalmente chegou ao local indicado e, ansiosa, anunciou sua entrada:

– Hinata! – Sentiu os olhos marejarem no instante em que viu a amiga abrir a porta dos aposentos onde estava instalada.

– Sakura-chan! Estou tão contente em vê-la! – Se abraçaram nostalgicamente.

Pela proximidade de seus pais e por serem de Reinos aliados, Sakura e Hinata foram apresentadas uma a outra ainda quando criança, em um encontro de suas família no Império de Hiashi. Apesar de sua personalidade doce e gentil, naquele tempo, a princesa Hyuuga era muito reservada e não se esforçava para estar com outras crianças e nem para aproveitar sua infância.  Por causa da saúde frágil, a mãe de Hinata acabou falecendo quando ela ainda era muito pequena e isso fez com que a Hyuuga se fechasse para o mundo. A amizade sincera de Sakura, todavia, havia sido capaz de ajudar Hinata a mudar e esse laço que construíram na infância permaneceu forte ao longo dos anos, por isso a felicidade do reencontro.

– Fiquei tão feliz ao saber que já se encontrava em nosso Reino! – Sakura disse a Hinata enquanto seus olhares gentis cruzavam-se. – Fez uma boa viagem?

– Sim. Obrigada pela preocupação. – Respondeu com simplicidade.

– Venha Hina-chan! Sente-se aqui comigo. Temos muito a conversar. – Sakura referiu-se a amiga de maneira carinhosa, tomando-lhe as mãos e conduzindo-a até a cama onde sentaram-se juntas.

Em meio a sorrisos e trocas de elogios, ambas passaram a compartilhar seus sentimentos e seus destinos em comum. Assim como a princesa da Folha, Hinata também fazia parte do mesmo acordo e detinha o mesmo dever de casar-se com um homem que não escolhera. Entretanto, Sakura já sabia que havia uma imensa diferença entre ela e a filha de Hiashi:

– Mal posso acreditar que irá se casar com meu irmão. Esse sempre foi o seu sonho, não foi ? – Questionou-lhe diretamente vendo-a corar.

– Hnn... – Achou divertido as expressões embaraçadas da Hyuuga. – Desde a primeira vez que o vi... Eu sempre fui apaixonada pelo Naruto-kun. – Viu-a apertar as mãos. – Eu achei que morreria quando soube do casamento....

– O destino pode ser maravilhoso as vezes... – Falou com serenidade vendo os olhos de Hinata brilharem.  –“Então isso era o significado de amar alguém...”–Pensou.

– Eu... estou com medo, Sakura-chan...  

– Medo ?

– Tenho medo de que seu irmão não aceite meus sentimentos. – Revelou suas preocupações. – Eu tive muita sorte por nossos destinos terem se cruzado mas não posso dizer se ele se sente como eu. Na verdade, fui eu quem sempre cultivou sentimentos por ele e não o contrário. Então-

– Não seja pessimista! Eu sei que tudo vai dar certo entre vocês! – Sakura a interrompeu, trazendo seus exóticos olhos perolados para si. – Meu irmão nunca teve que olhar para você como agora. Você não é mais apenas uma amiga diante de seus olhos, agora você será sua esposa. Tenho certeza que seus sentimentos o alcançarão. – Foi sincera em suas palavras enquanto um sorriso tímido pintou os lábios da Hyuuga. Sakura realmente acreditava que não haveria ninguém melhor para seu irmão do que ela.

– E quanto a você, Sakura-chan ? – Questionou-lhe de repente.

– Eu?

– Por acaso você também tem sentimentos pelo príncipe Sasuke ?

A pergunta de Hinata pegou-lhe tão de surpresa que, mesmo alguém tagarela como ela, acabou ficando sem palavras. Pensou um pouco a respeito e, apenas nesse momento, foi que se deu conta de que, desde aquele encontro, seu coração já se fazia a mesma pergunta. Apenas não havia tido coragem, até então, de dizê-la em voz alta.

– Não.. Isso não seria possível... – Respondeu mais para si mesma do que à amiga, e sob os olhos curiosos de Hinata, sentiu as bochechas queimarem.  

– Aconteceu alguma coisa, Sakura-chan ? Você está corada... – Esbugalhou os olhos com o comentário da princesa Hyuuga e rapidamente cobriu as bochechas, causando risos na amiga.

– Não aconteceu nada...

– Você não sabe mentir, Sakura-chan. – Hinata riu mais uma vez e Sakura se desconsertou ainda mais. – Eu vi o príncipe Uchiha assim que cheguei ao Palácio. Vocês já se encontraram, não é verdade ?

– Hnn. – Foi sincera.

– E então ?

– E-eu não sei. Eu estou muito confusa. – Desviou o olhar enquanto Hinata a ouvia atentamente. – Aconteceu tudo muito rápido. Nós nos encontramos por acaso e... E eu não sei como fazer para parar de pensar nele. – Suspirou alto.

– Isso não é uma coisa boa ?

– Boa ?

– Você está encantada por ele, Sakura-chan! Eu posso ver nos seus olhos!

– Encantada ? – Seu coração apertou dentro do peito. – E como isso pode ser uma coisa boa ? – Inflou as bochechas como se fosse uma criança. – Sasuke nem foi gentil...

– Você fica tão fofa desse jeito! – Ouviu as risadas de Hinata e quis desaparecer de tão envergonhada que se sentia naquele momento. – Agora você é que está sendo pessimista.  – Alertou-se. – Não foi você que me disse agora a pouco que tudo daria certo ? Por que não pode acontecer o mesmo com você ?

– Eu sei que disse, mas...  – Mordeu os lábios. – ...Sasuke e eu somos muito diferentes. Eu não vejo motivos para que ele se apaixone por mim e nem acho que poderia amar um homem como ele... – Lembrou de seus olhos frívolos e sentiu como se uma parte de seu coração se quebrasse.

– Não deveria estar desistindo antes mesmo de tentar, Sakura-chan. – Agora foi Hinata quem tomou-lhe as mãos. – Você pode conseguir qualquer coisa se se esforçar de verdade. Não se esqueça de que só você pode buscar sua própria felicidade e eu acredito que você merece ser muito feliz!

Com um sorriso aberto nos lábios e lágrimas nos olhos, Sakura se jogou nos braços de Hinata, buscando um forte abraço enquanto seu coração se aquecia. As palavras dela tocaram-na profundamente e saber que sua amiga torcia por sua felicidade dava-lhe coragem para seguir adiante apesar das adversidades.

– Obrigada, Hinata... Tenho certeza que vamos ser felizes..

– Hnn!

Ambas permaneceram abraçadas por mais algum tempo enquanto se distraíam com conversas diversas, curtindo a possibilidade de estarem juntas mais uma vez. Para  uma amizade forte como a delas, se tornarem parte da mesma família era uma mera formalidade. Elas já se consideravam verdadeiras irmãs.