- Aí, Henrique... Que cê tá fazendo, mano? – Juliano disse aproximando-se do irmão, que estava deitado no sofá da varanda.
Havia se passado alguns dias desde o churrasco e, como sempre, os dias estavam voando. Em poucos dias, eles precisariam voltar para a estrada. Tentavam aproveitar o tempo em casa o máximo possível e, inclusive, haviam chegado há pouco de um futebol com os amigos. Henrique ainda estava com a roupa suada, mas, como estava se tornando habitual nos últimos dias, mexia no celular concentrado e vez ou outra sorria sozinho. As conversas com Luíza haviam se tornado parte do seu dia. Conversavam muito sobre todo e qualquer assunto e, vez ou outra, flertavam um com o outro.
Juliano conhecia o irmão melhor do que qualquer outra pessoa no mundo.
- Estou falando com a Luíza. – Ele respondeu ainda sem tirar os olhos do celular.
- Gosta dela, né? – Juliano perguntou acomodando-se melhor.
- Gosto, cara. – Henrique respondeu sem dar muita importância.
- Eu sei que sim.
Henrique desviou os olhos do celular, finalmente, fitando o irmão.
- Como assim? – Arqueou uma das sobrancelhas.
- Você conversa com ela 24 horas por dia, velho. – Juliano esclareceu – Estou dizendo que você gosta dela. Não gostar do tipo “gosto de comer lasanha”, mas do tipo “gostar de gostar” mesmo.
Henrique riu com a comparação e deu de ombros. Não precisava esconder nada de Juliano.
- Não sei se gosto dela do jeito que cê tá falando aí... – Henrique coçou a barba – Mas, gosto dela de um jeito legal.
- Sei. – Juliano concordou.
Permaneceram em silêncio por algum tempo. Desta vez, Henrique deixou o celular travado, embora tivesse visto que Luíza respondera sua mensagem. Desta vez, ele também parecia refletir sobre de que maneira gostava dela.
- Talvez, se não houvesse toda essa distância, estivéssemos nos dando melhor do que apenas isso. – Henrique disse, com os olhos fixos em qualquer coisa à sua frente.
Juliano não disse nada, mas assentiu com a cabeça.
- Nim... Sabe que sensação eu tenho? – Henrique continuou e Juliano sinalizou para que ele continuasse – Parece que estou vivendo um romance.
Os dois riram com a afirmação de Henrique.
- Romance, velho?
- Cafona, né? – Henrique admitiu rindo – Sei lá... Acho que há algum tempo eu não tinha essa sensação. De uma atração “além-corpo”... Uma sensação de algo... Real.
- Eu espero que ninguém nunca saiba que estamos tendo a conversa mais cafona de todos os tempos. – Juliano pediu fazendo Henrique rir – Você deveria tentar, Henrique.
- Tentar o que?
- Tentar. – Juliano deu de ombros como se fosse óbvio – Vá vê-la, chame-a pra vê-lo... Tanto faz. Mas, faça alguma coisa. Tente fazer dar certo.
Henrique ficou em silêncio e ainda tinha os olhos fixos à sua frente.
- Você acha? – Henrique disse, finalmente desviando o olhar para encarar o irmão.
- O que?
- Sei lá. – Ele coçou a barba – Eu não deveria estar agindo como uma menininha agora, mas você não acha que é demais cruzar toda essa distância assim, sem mais, nem menos? Manim, nós não temos nada.
- E nem vão ter, se for assim. – Juliano resmungou – Olha só, Henrique, pega firme essa mulher, velho. Não é o que você quer? Não quer ela?
Henrique concordou com a cabeça.
- Então, tenha pulso. – Juliano disse firme.
Henrique riu.
- Anda, porra. Você é um homem ou um rato?
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