Henrique dormia tranquilamente quando Luíza acordou, no meio da madrugada. Ela sorriu com a linda visão que era velar o sono dele. O jeito como ele parecia tão calmo e inocente enquanto dormia, assim, tão profundamente... Talvez nunca se cansasse de vê-lo dormir.
Como da outra vez, levou a mão até o seu rosto, acarinhando-o com o polegar.
Aproximou seu rosto do dele, sentindo a respiração pesada dele alcançando-a e depositou um beijinho estalado na ponta do seu nariz.
Henrique pareceu sentir seu toque, mexendo-se ao lado dela.
Por Deus, queria tanto acordá-lo e olhar aqueles olhos marcantes encarando-a!!!
Depositou outro beijo estalado, desta vez nos seus lábios. Outro, outro e mais outro.
Henrique abriu os olhos lentamente e encarou os curiosos olhos esverdeados à sua frente. Abriu um sorriso involuntário.
- Desculpa te acordar. – Ela sussurrou sorrindo.
- Que horas são? – Henrique perguntou, depois de retribuir o sorriso.
Luíza olhou no celular rapidamente e voltou-se para ele.
- Já passou das três. – Respondeu.
- Vou embora daqui a pouco. – Ele disse, desanimado.
Luíza revirou os olhos e apoiou-se no cotovelo, encarando-o e depositando mais um beijo nos seus lábios.
- Não vamos mais dormir, então. – Disse, de supetão, e Henrique riu.
Ele a puxou para mais perto, trazendo-a para cima de si mesmo, completamente unidos. Seus corpos nus que amaram-se mais cedo e que, agora, encostavam-se novamente, sentindo a mesma onda de eletricidade de sempre. Luíza sorriu com o toque e beijou-o calmamente. Henrique a sentiu roçar contra o seu corpo e a beijou os lábios com a mesma doçura e sutileza. As mãos dela que apoiavam-se no rosto dele enquanto ele a segurava pelas costas. Seus pés, trançados um ao outro.
- Sabe o que eu acho? – Ele começou, descolando seus lábios e abrindo os olhos para encará-la.
- O que?
- Eu não “acho que estamos nos apaixonando”. – Referiu-se ao que conversaram no dia anterior – Nós estamos obviamente apaixonados um pelo outro. – Henrique disse baixinho, fazendo-a sorrir com os lábios e também com os olhos.
- Você acha? – Luíza perguntou depositando mais um beijo nele.
- Acho. – Ele respondeu – Isso é loucura?
- Estarmos apaixonados? – Ela riu.
Henrique assentiu e ela negou com a cabeça.
- É isso que a paixão faz. Loucuras. – Ela afirmou baixinho.
Ele sorriu e tomou seus lábios outra vez.
- Henrique... – Ela o chamou, assim que descolaram seus lábios e ele concentrou seu olhar nela – Canta pra mim.
Henrique arqueou uma sobrancelha estranhando a vontade tão repentina e ela riu.
- Por favor. – Ela insistiu, saindo de cima dele e voltando a deitar do seu lado.
- Me diga uma só coisa que você me pediu que eu não tenha feito. – Ele resmungou fazendo-a gargalhar.
Luíza comemorou e Henrique riu com a reação.
- Venha! – Ela levantou-se, puxando-o pela mão.
- Estamos nus, mulher. – Ele brincou, também levantando.
- Eu sei. – Resmungou – Vamos tomar banho. Pensa que eu aceito qualquer serenata barata de qualquer cara peladão por aí?
- Mesmo do peladão mais gostoso do mundo? – Ele brincou.
- Ah, cala essa boca! – Ela respondeu rindo.
Luíza e Henrique tomaram banho juntos. Ela lhe massageou as costas e ele beijou-a dos pés à cabeça. Conversaram, riram e, trocaram carícias. O banho rápido estendeu-se por algum tempo, mas os dois conseguiram sair dele.
Luíza vestiu uma camisola qualquer, de alcinha e estampada de corações e Henrique não pôde deixar de rir. Quando ela questionou o motivo da sua risada, ele respondeu que se ela fosse uma roupa, certamente seria aquela camisola. Ela riu e respondeu com leve tapinha no ombro dele.
Os dois foram até à sala e antes que Luíza pudesse se jogar no sofá, Henrique puxou-a pelo braço, segurando-a pela cintura e colando o seu corpo junto ao dele.
- Já que é pra cantar... – Ele disse próximo a ela – Vamos fazer com maestria. Me concede essa dança?
- Não. – Ela respondeu rindo – Eu não sei dançar.
- Qual é, Luíza? – Ele arqueou uma sobrancelha também rindo.
- É verdade. Eu não sei.
- Em que mundo você vive?
Luíza jogou a cabeça para trás em uma risada aberta e Henrique divertiu-se com ela.
- É só seguir o ritmo. – Henrique disse como se fosse óbvio.
- Não tenho ritmo. – Ela dizia ainda rindo e não pôde não rir com ela.
- Vem comigo.
Ele segurou mais firme na sua cintura e Luíza arrepiou de sentir a respiração dele pesada no seu pescoço, enquanto cantarolava baixinho no seu ouvido:
- É, agora tá com tempo pra me escutar, agora diz que ama e que vai mudar, eu sei a cena é forte e vai doer agora, arrume minha mala, to caindo fora.
Henrique cantava em um ritmo um tanto quanto mais lento do que o original e Luíza sorriu com a sensação de ser conduzida por ele em uma dança um pouquinho desastrada até.
- Você não percebeu, mas esfriou. Caiu na rotina, você descuidou. Eu só queria um pouco de carinho... – Ele levou os olhos a ela e continuou, divertido: - Fica tranquila, amor, eu to fingindo.
Luíza riu e Henrique continuou a cantarolar enquanto a conduzia:
- A mala é falsa, amor. Engole o choro, embora eu não vou...
Luíza abriu os olhos numa expressão surpresa e riu enquanto disse:
- É sua música ontem!!! – Brincou e fez Henrique gargalhar.
- Agora vê se aprende a dar valor, mulher. – Ele cantou num tom divertido, como se direcionasse à ela – Mata minha sede de fazer amor uô uô – Colou o corpo mais junto ao dela, que estremeceu.
Henrique repetiu o refrão outra vez ainda levando-a numa dança simplória, mas de corpos colados e corações sentindo-se e, finalizou finalmente dando um beijinho estalado nos lábios dela.
- Essa música é sua, fazendo charme pra mim. – Ela repetiu rindo.
- Cala essa boca! – Henrique resmungou, também rindo.
Os dois, finalmente, jogaram-se no sofá.
- Agora, cante. – Ela disse, jogando os pés na mesa de centro – Já estou com meu celular a postos.
- Pra que? – Henrique arqueou a sobrancelha – Quer me jogar nas redes é?
- Hum... – Luíza deu de ombros – E se eu quiser?
Henrique gargalhou.
- Não teria problema, claro. – Ele brincou.
- Mas, não é. – Ela mostrou-lhe a língua – Eu só quero filmá-lo, para te ver cantar quando me der saudades.
- Ah, você é muito bonitinha. – Henrique apertou suas bochechas rindo – Mas, e o Youtube?
- Sobre o Youtube... Bom, se prepara, porque, agora sim, vou te falar uma coisa bonitinha. – Luíza brincou.
- Vai lá. – Ele pôs a mão no coração – Pode mandar.
Luíza gargalhou.
- No Youtube você está cantando pra um montão de pessoas, e não pra mim. – Ela disse ruborizando – E eu quero vê-lo cantar para mim.
Henrique abriu um largo sorriso e puxou-a pela nuca, depositando um beijo carinhoso nos seus lábios.
- Mas, agora, falando sério... Você não tem nada que possa ser batucado por aí?
Luíza olhou ao redor, mas não viu nada que de fato fosse ser útil. Henrique deu de ombros e arrastou-se, sentando no chão, batucando a mesa de centro.
- Tenha olhos mais musicais, mulher. – Ele brincou.
Luíza riu e sentou-se ao seu lado.
- Que música você quer? – Ele perguntou, ainda batucando a mesinha.
- A sua preferida.
- Eu não tenho. – Ele revirou os olhos – Você já sabe disso.
- Pense em uma. – Luíza resmungou – Não é possível que você não goste de nenhuma de suas músicas.
Henrique riu e continuou ditando o ritmo através da mesa de centro, concentrando-se em procurar uma música. Depois de algum tempo, ele começou a cantarolar, com o ritmo levinho e deliciosamente acompanhado pelo batuque das suas mãos:
- A gente perde tempo curtindo besteiras, escrevendo asneiras no computador, esquece da hora, passa a noite inteira...
A voz dele flutuava até os seus ouvidos e Luíza sorriu sem perceber. Pegou o celular num instante.
- Posso filmar?
Henrique assentiu com a cabeça e prosseguiu com a canção.
- A gente perde tempo mandando mensagem, falando bobagens pelo celular... Essa é pra você, nesse exato momento – Ele brincou enquanto olhava para o celular direcionado a ele e ela riu – E da nossa vida quem que vai cuidar... Quem é que vai lembrar, se der blackout, se a luz faltar. Quem é que vai contar as coisas simples que ficaram pra lá.
Ele finalizou a música enquanto observava Luíza dançar atrás da tela do celular, divertindo-se.
- E a próxima... – Henrique apresentou, olhando diretamente para o celular novamente – É para você, Luíza, lembrar do nosso quebra pau ontem...
Luíza gargalhou.
- Cala a boca, Henrique, está estragando o vídeo! – Disse, rindo do outro lado e ele também ria abertamente.
- Você vai assistir a esse vídeo toda vez que estiver com raiva de mim, tá? – Ele perguntou, agora levantando o olhar para encará-la.
Ela também o fitou e concordou com a cabeça.
- Diga em voz alta. – Ele pediu – Você tem que se ouvir falando.
Luíza gargalhou.
- Vou fazer isso.
- Isso o que? – Ele arqueou a sobrancelha – Diz logo!
- Sempre que estiver com raiva de você vou assistir a esse vídeo. – Ela bufou.
Henrique riu e voltou a olhar para o celular, com um meio sorriso, voltando a cantar:
- Quer saber qual seria o meu pesadelo, sem nenhuma dúvida seria o medo, seria acordar, não estar com você...
Luíza sorria.
- Chega a dar tremedeira, um nó na barriga. Quem ama demais, não suporta uma briga, ciúme demais faz a gente sofrer...
Henrique também sorriu e lançou-lhe uma piscadela.
- Mudando de assunto, cê tá tão bonita... Que cheiro gostoso que vem de você... E vem mesmo, viu? – Ele brincou – E se eu te contar você nem acredita... Se eu tava brigando eu nem lembro o porquê...
A voz dele era potente e bonita, mas Luíza encantava-se mesmo era pelo seu coração. Porque ele colocava o coração nas palavras. E o jeito como a encarava. Como se ela fosse para ela, de fato, tudo que cantava. Ela embalava o braço que estava livre no ritmo da música e ele sorria com satisfação. Ao final da música, esquivou-se para depositar um beijinho estalado nos seus lábios. Logo, posicionando-se á frente do celular novamente e, outra vez, falando diretamente ao vídeo.
- Agora, você, Luíza que está assistindo a esse vídeo, me desculpe... – Ele deu de ombros – Mas, a Luíza real, essa que está aqui ao meu lado, vai precisar desligar o celular, porque eu vou cantar para ela. E só para ela. E eu quero ela me olhe nos olhos. Infelizmente, ela só vai conseguir guardar na memória. Mas, acho que é o mais importante.
Luíza riu fitando-o com curiosidade. Henrique levantou o olhar para encará-la de frente e assentiu com a cabeça. Luíza finalizou o vídeo, travou o celular e o pôs no chão, ao seu lado.
- É a minha vez de ser bonitinho. – Ele disse, fazendo-a rir – Essa música é uma das minhas preferidas e, não por acaso, eu quero dedica-la para você.
- Ah! – Luíza derreteu-se, depositando vários beijos estalados na sua bochecha.
- Luíza! É o meu momento! – Ele brincou e ela riu.
Ela afastou-se dele e ajeitou a postura, fitando-o no fundo dos olhos.
Henrique respirou e, então, sua voz suave começou a flutuar até ela.
- Essa é uma bela história de uma flor e um beija flor... – Ele sorriu entre a frase quando viu que ela sorria – Que conheceram o amor, numa noite fria de outono... E a folhas caídas no chão, na estação que não tem cor...
Henrique cantava com a voz calma, encarando-a. Como se recitasse um poema. Como se falasse a ela. Como se declarasse a música.
- E a flor conhece o beija flor... E ele lhe apresenta o amor... E diz que o frio é uma fase ruim – Ele sorria e ela assentiu com a cabeça – Que ela era a flor mais linda do jardim e a única que suportou... – Ela também sorria – Merece conhecer o amor e todo o seu calor...
Luíza sentia que o momento era sublime.
- Ai, que saudade de um beija flor... Que me beijou depois voou... – Henrique parecia desnudar a sua alma com aquele olhar penetrante – Pra longe demais, pra longe de nós... Saudade de um beija flor, lembrança de um antigo amor... O dia amanheceu tão lindo. Eu durmo e acordo sorrindo.
Só então, Luíza percebeu que os pelos do corpo estavam todos arrepiados em resposta ao efeito que a voz de Henrique lhe causava. Seu sorriso ia de uma orelha à outra e Henrique retribuiu com o mesmo sorriso. Ela não sabia o que dizer. Apenas aproximou-se dele e o abraçou forte. Henrique afundou o rosto no pescoço dela e ela fechou os olhos, sentindo o toque dele tão perto.
Por Deus, estava perdidamente apaixonada por aquele homem.
- Quando me ouvir cantando essa música por aí, saiba que é de você que eu estou lembrando. – Ele disse tão perto do seu ouvido que a fez arrepiar.
- Eu sou a primeira para quem você diz isso? – Ela brincou e os dois riram.
- A oitava.
- Idiota. – Ela soltou-se dele e lhe mostrou a língua.
- É claro que você é a primeira, Luíza. Que pergunta! Estragou meu momento bonitinho! – Ele revirou os olhos e ela riu.
- Ah, não! Nada estragaria o seu momento bonitinho. – Ela lhe apertou as bochechas e deu um beijo estalado nos seus lábios – Eu amei. Obrigada.
Henrique sorriu e puxou-a para um beijo terno.
- Eu queria ter filmado. – Ela resmungou, assim que descolaram suas bocas.
- Ah, você não queria. – Ele confirmou com um sorriso – Porque tem coisas que eu quero fazer com você que não podem ser filmadas.
- Henrique! – Ela o repreendeu rindo enquanto ele a puxava para outro beijo.
Ficaram por mais algum tempo namorando no sofá, mas as horas voaram e, logo, o sol já começava a sair no Rio de Janeiro.
Luíza e Henrique decidiram que ela o levaria até o aeródromo. Para isso, teria que acordar Júlia, afinal, a menina não poderia ficar sozinha em casa.
Mas, faria esse esforço para conseguir adiar a despedida de Henrique.
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