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História A Força do Amor - O Confronto entre o Bem e o Mal


Escrita por: Indis_Imladris

Notas do Autor


Como vão caríssimos? Novo capítulo e hoje quero que se preparem. Finalmente Legolas confrontará o bruxo e tudo pode acontecer.
Boa leitura!

Capítulo 26 - O Confronto entre o Bem e o Mal


Legolas chegou à beira da encosta e deparou-se com negros precipícios, que se abriam entre montanhas. Ali corpos incandescentes se expunham nas fogueiras e nas agonias do inferno. No centro, uma grande torre de pedra se erguia e em seu pico uma intensa luz vermelha surgiu. Seu coração lhe dizia que lá encontraria Kyara aprisionada.

Desceu às pressas as encostas da montanha, atravessando um mar de lava, pulando de pedra em pedra. Ferido e exausto pelo calor, ao chegar à base da torre, Legolas forçou sua disposição e começou a escalada, com muito cuidado.

A rocha era cravejada de espigões de aço afiado, como a lâmina de uma espada e, ao menor descuido, teria a mão arrancada ou, um mínimo escorregão, poderia perfurar uma parte do corpo. Ele galgou, espigão por espigão, com as mãos ensanguentadas pelos cortes que sofrera devido ao esforço da subida, e, já próximo ao topo, ouviu gritos de dor e sofrimento e soube que Kyara estava sendo torturada.

- Seu corpo desnudo, mesmo ferido, chega a ser uma agressão aos olhos de tão belo. Entretanto, minha cara, o chicote não cessará. Vou humilhá-la e mortificá-la e destruirei tanto sua carne quanto sua alma. Por fim pedirá pela morte e eu serei clemente e cessarei com seu sofrimento e curarei suas feridas. Nesse momento a possuirei e serás minha. Não terás prazer e sim dor.

Sua gargalhada ecoou por todo o vale como um poderoso estrondo. Despido até a cintura, o bruxo exibia as marcas do mal impressas no seu corpo e seus olhos incandescentes eram a expressão da completa loucura.

- Queime e sofra Kyara.

E, com essas palavras, marcou a ferro quente a forma de um dragão no ventre dela.

- Eu amaldiçoo seu ventre, que gerará meus filhos e servos e eu os oferecerei ao meu mestre.

Soltando um berro de puro ódio Legolas surgiu, surpreendendo Gorlock.

- Maldito!

Com Tellas em punho Legolas ergueu-se irreconhecível pelo sangue, suor e a sujeira que o cobria. Seu corpo estava marcado pelos ferimentos e da mão, que segurava fortemente a espada da Kyara, o sangue escorria pelo aço pingando no chão de terra batida. Sua força e desejo assassino faziam de Legolas uma criatura sinistra e feroz diante do bruxo, que sentiu nas entranhas a armadilha do destino.

- Então o príncipe ainda está vivo!... Deveria tê-lo recepcionado de forma mais calorosa... Ele riu com sarcasmo... – Kyara! Kyara! Não poderia ter subestimado seus poderes de cura... O que um coração apaixonado não é capaz de fazer? Sempre soube que seria um oponente valoroso. Enfrentou muitos obstáculos para chegar até aqui, provando o grande guerreiro que é Príncipe Legolas... No entanto, já deve ter percebido que em meu reino a força do aço não me derrotará.

Desta vez foi Legolas quem riu com sarcasmo.

- Você só é capaz de destruiu e manipular. E tudo isso por meio de feitiços.  Até mesmo para dominar minha terra precisou usar os poderes de uma pedra... Senhor de escravos!

O bruxo o fuzilou com o olhar e Legolas continuou a provocá-lo.

- Mas você é muito incompetente para obter êxito com qualquer coisa. Veja! Nem conseguiu me matar... Disse abrindo os braços... – Agora estou aqui e você vai ter que me enfrentar.

Gorlock gargalhou e, dos seus pés, labaredas de fogo se libertaram inflamando-o por inteiro.

- Criatura insignificante! O que pensa que conseguirá? Acha que uma espadinha irá me deter? Você não imagina com quem está lidando. Não sabe do que sou capaz... Veja sua amada.

Legolas viu Kyara nua pendurada por cordas, brutalmente ferida e desacordada.

- Kyara!... Legolas não escondeu todo seu horror com a figura destruída da sua mulher.

- Deliciei-me com a visão do seu corpo nu, que agora está sob o meu domínio. Mas preferi saborear seu sofrimento antes de possuí-la... O som do chicote rasgando a carne dela foi a minha tortura mais prazerosa. Ela mantinha a respiração suspensa enquanto seu coração batia descompassado, esperando pelo próximo golpe. A dor aguda queimando a carne, enquanto eu bebia seu sangue quente. Depois marquei seu ventre a ferro e conjurei uma maldição. Ela somente poderá gerar monstros... Ele dizia extasiado com as próprias palavras... – Eu a obrigaria a assistir a sua morte, mas mudei de planos. Manterei você vivo e cativo, para que seja testemunha do meu deleite com todo o prazer que ela me proporcionará e depois verá o ventre dela crescendo. Kyara me dará muitos filhos. Criaturas para oferecê-los ao meu mestre.

De repente o semblante enlouquecido do bruxo fechou-se numa máscara de crueldade e vingança.

- Quero ver por quanto tempo o amor de vocês resistirá aprisionado num buraco imundo e fétido, sobrevivendo de restos, cercados de criaturas. Esquecerão a luz do dia, o colorido das florestas, o frescor das águas dos rios. E quando não passarem de vermes rastejantes talvez lhes conceda o fim do sofrimento com a morte.

Possesso, Legolas avançou sobre o bruxo para atacá-lo, que imediatamente revidou lançando sobre ele labaredas de fogo. Isso fez com que Legolas se protegesse com as mãos sobre o rosto, mas o fogo não o atingia impedido por uma muralha invisível.

Um poder forte demais para a magia do bruxo e Gorlock encolerizou-se. Conjurou feitiços e invocou demônios fantasmagóricos, que o cercaram tentando agredi-lo, criaturas de lava e fogo e tudo mais que pudesse se erguer das trevas, mas nada atingiu o elfo.

- O que houve demônio? Não esperava por uma reação?... Perguntou Legolas... – Tenho uma surpresa para você. Não será com magia que me derrotará.

Gorlock arregalou seus olhos incandescentes e com um berro de ódio desapareceu numa fumaça negra levando Kyara consigo. Desesperado Legolas correu para a fumaça, mas não os alcançou.

- Covarde! Foge de mim como um cão sarnento. Sabe que eu vou esmagá-lo como se esmaga um inseto. Venha me enfrentar, parasita dos infernos.

Legolas gritou desaforos para que lhe fosse dada alguma indicação de onde poderiam estar ou mesmo atrair a presença de Gorlock. E funcionou. Diante dos seus olhos, uma passagem escura se abriu e sem perder tempo Legolas se lançou ao desconhecido.

Uma risada sombria ecoava em meio a um nada enegrecido, enevoado e sem fim. Aos seus pés cobertos de fumaça, Legolas via coisas rastejantes saídos de pântanos.

Mais criaturas... Pensou ele com impaciência.

No escuro, vozes estranhas pareciam arrepiantes. Algumas lembravam um pranto, uma chorosa ladainha. Outras eram sutis, insinuantes, assustadoras. Vozes, prantos e risadas, cada vez mais audíveis. De súbito, Legolas vislumbrou uma sombra evanescente destacando-se na fumaça, uma espécie de voluta que se mexia a sua frente.

- Que tipo de bicho é esse agora?

Acelerou o passo, decidido, com a espada fortemente em punho. O coração batia com força no seu peito. Então houve outra sombra, e mais outra, e mais outra ainda, até distinguir com clareza do que se tratava: rostos de homens e mulheres, imortalizados em expressões que pareciam máscaras trágicas.

Vinham se aproximando e se enrolavam em volta do seu corpo, fitando-o com olhos vidrados, sem vida. Eram vultos feitos de ar, parecidos com fantasmas. Um deles aproximou-se de Legolas e o trespassou, transmitindo-lhe uma sensação de gelo absoluto. Ele gritou, agitando a esmo a espada diante de si.

Inesperadamente, recebeu um golpe nas costas e voltou-se para se defender, mas nada atingiu. Outro vulto o acertou no rosto, depois no peito e mais um golpe no estômago. Legolas tentava revidar, mas não via o que o atacava e seu esforço perdia-se no ar.

Estava cercado. Começou a correr como possesso pela fumaça. Os rostos dos homens e mulheres perseguiam-no, não se separavam dele, prendiam-se nas suas pernas. Legolas tropeçou, perdeu o equilíbrio e caiu na água lamacenta do pântano.

Tentáculos o agarraram puxando-o para o fundo e ele lutou. Emergiu aos berros libertando-se daquelas garras e ele se arrastou para a margem coberta de fumaça. Os murmúrios transformaram-se em gritos agudos e os lamentos tornaram-se estrídulos e ensurdecedores e uma fera rugiu na escuridão.

- Maldito! Por que não me enfrenta de homem para homem. Somente sabe ser corajoso escondendo-se com sua magia ou torturando uma mulher indefesa... Seus truques não me assustam. Não vão me destruir.

Silêncio. Todo o ataque cessou, inesperadamente.

- O que estou dizendo? Estou perdendo tempo insultando um amaldiçoado covarde.

Então ouviu alguma coisa. Parou, aguçando os ouvidos.

Um grito de mulher ao longe... – Kyara!

Legolas começou a correr na direção do grito, que o afligia cada vez mais, com sua agonia incessante. A escuridão era agora quase total, a não ser por um rasgo de luz distante, surgindo não se sabe de onde, mas a luz era fraca demais. E só percebeu a presença de Gorlock em cima da hora. Seu rosto maquiavélico com olhos negros surgiu e repentinamente desapareceu.

Tornou-se um vulto escuro. Então um lampejo repentino.

Legolas brandiu a espada e, por um triz, conseguiu desviar o punhal, que caiu ao chão com um som abafado. Nem mesmo tinha chegado a completar o movimento e sentiu uma dor aguda no ombro. Mas isto não o deteve. Pulou adiante para cima da figura negra. Ela se esquivou com destreza, mas não o bastante para evitar a lâmina de Tellas que atingiu no seu flanco. E um rugido feroz de dor soou no escuro.

A sombra mexeu-se com fluidez. Rodopiou sobre si mesma, segurou Legolas por trás, agarrou seu pescoço com um braço enquanto o outro, armado, já procurava a garganta do elfo. Legolas confiou na sua força. Curvou-se até dobrar-se sobre si mesmo e conseguiu desvencilhar-se. Virou-se de novo dando um golpe lateral com a espada, mas o outro já se afastara, atingindo-o de raspão. Mais um punhal assoviou no ar e ele conseguiu evitá-lo.  Quando ficou novamente ereto, o vulto indistinto havia sido engolido pela escuridão.

Gorlock desaparecera. Nem dava para ouvir os seus passos. Legolas estava certo de que o havia atingido.

E agora?... Perguntou-se. Olhou em volta e somente viu escuridão. Novamente gritos de sofrimento e Legolas correu às cegas sem saber de onde partiam os gritos.

- Você a está matando... Kyara!... Berrou a plenos pulmões.

Um soco o jogou no chão e mais uma vez deparou-se com a face do bruxo. Legolas, num movimento rápido, segurou-o pelo tornozelo, rodou sobre si mesmo, se pôs de pé, derrubando o bruxo. Socos, pontapés, golpes e mais golpes. A fúria com que Legolas o agredia não dava oportunidade para o bruxo reagir.

No escuro outro lampejo diante dos seus olhos e uma faca de arremesso rasgava seu braço de raspão. Legolas não se importou com a dor. A adrenalina corria veloz pelo seu corpo. Avançou mais uma vez para o bruxo e, com um golpe mais forte, Gorlock foi arremessado.

Novamente silêncio. A escuridão desapareceu e novamente estava no topo da torre. Olhou ao redor e viu Kyara ainda pendurada. Estando momentaneamente livre do bruxo, Legolas correu para libertá-la. Enrolou-a com a capa de Lórien e desatou as cordas, deitando-a no chão com muito cuidado. Tentou despertá-la sem conseguir evitar as lágrimas, mortificado com o estado dela e com o quanto havia sofrido.

- Meleth-nin¹! Perdoe meu fracasso. Não fui capaz de encontrar a pedra e nem de livrá-la desse sofrimento.

Dizia Legolas embalando-a enquanto suas lágrimas corriam livres pelo rosto sujo e ferido.

- Legolas!... Ela sussurrou fraca com a perda de sangue... – Você me encontrou... Estou salva!

- Ainda tenho que derrotar o bruxo, meu amor. Mas ele é escorregadio, traiçoeiro.

- Você o derrotará. Use o Olho de Teferi para bloquear seus feitiços.

E ergueu a mão ferida para tocar a pedra de cristal pendurada no pescoço dele.

- Tellas fará o que é preciso.

Ele segurou sua mão estendida e a beijou.

- Preciso tirá-la daqui primeiro. Não vou permitir que esse maldito sequer chegue perto de você novamente.

Nesse momento um estrondo ecoou em todo o lugar e tudo desapareceu ao redor dos dois deixando-os envoltos por nuvens de tempestade no topo da torre. Raios e trovões surgiam e uma forte ventania os atingiu. Legolas não tinha onde abrigar Kyara. Ele ergueu-se e forçou sua visão para a sombra que se formava gigante a sua frente em meio à névoa, dispondo da proteção do Olho de Teferi, que seria seu escudo contra os feitiços do bruxo e da força do aço de Tellas.

Empunhando a espada acima da cabeça, Legolas invocou aos berros o poder de Valinor e de Tulkas, o Valar da Guerra. Inesperadamente, ele fulgurou como o sol, irradiando todo o seu poder élfico e o nevoeiro dissipou-se revelando, das sombras, um demônio flamejante, com garras e dentes afiados, orelhas pontudas e grandes chifres retorcidos saindo da base da cabeça.

O demônio postou-se diante de Legolas, como uma torre, tendo à mão um poderoso martelo. Ao ser descoberto, vomitou um ácido verde, que derretia o chão e fedia a enxofre. Legolas saltou para o lado, escapando do líquido fétido e o demônio desceu seu martelo sobre ele, como um raio. Um escudo de luz azul envolveu o elfo, protegendo-o. Em seguida, seu movimento foi rápido e inesperado com a espada, talhando o braço da criatura. Um sangue negro jorrou e a criatura urrou de dor e ódio.

Legolas não se intimidou com a criatura gigante a sua frente, investindo feroz sobre o demônio e a batalha deflagrou chamas cintilantes a cada choque, fazendo ecoar enormes estrondos. O bruxo transformado não acreditava que aquela criatura insignificante a sua frente pudesse trazer consigo tamanho poder capaz de neutralizá-lo e lutaram sem cessar num duelo de vida ou morte.

O martelo era mortífero, duro e violento, e afundava no chão com o peso da pancada, mas o braço que erguia a espada tinha uma estocada irresistível e quem a mantinha agora era puro furor de vingança pela dor do amor fragilizado e covardemente torturado.

Muitas vezes Gorlock tentou esmagá-lo e Legolas sempre escapava com um salto. Seis vezes ele salvou-se do martelo e seis vezes feriu o demônio e seu grito de agonia ecoava por aquelas terras infernais. Até que o bruxo o atingiu e Legolas ficou esmagado pelo martelo, que superou os poderes que o protegiam. Contudo sua proteção abrandou a força do golpe e o demônio o espremeu no chão, lentamente, como uma colina desmoronando, tamanho era o peso.

O bruxo ergueu novamente seu poderoso martelo com as duas mãos para o golpe final e Legolas viu sua chance nesse movimento. Ciente do poder de Tellas sobre o bruxo, ele, num último esforço desesperado, lançou certeiro a espada no peito do demônio, que deixou cair seu martelo e, também, precipitou-se desaparecendo na fumaça.

Diante dos olhos de Legolas a pedra negra surgiu flutuando gigantesca no céu. Ele olhou ao redor procurando algo que o impulsionasse e nada encontrou. Sem saber como faria para alcançá-la, caiu de joelhos, sentindo-se derrotado diante desse desafio.

Olhou para Kyara desacordada e foi até ela, abraçando-a.

De súbito, lembrou-se mais uma vez das suas palavras alertando-o sobre a ilusão que a magia poderia criar e seu coração encheu-se de esperança. De pé caminhou até a pedra e esticou-se o quanto pôde para tentar alcançá-la e tamanha foi sua surpresa quando a tocou e viu que ela estava ao alcance das mãos todo o tempo.

O brilho da pedra atravessou sua carne e sua mão parecia uma lamparina acesa, mas a pedra aceitava seu toque sem o ferir e sua cor negra desapareceu transformando-se num poderoso cristal. Os dragões derreteram com a intensidade da luz que a pedra irradiava e ela dominou o corpo de Legolas. Ele caminhou incandescente até Kyara e a pegou no colo, envolvendo-a.

 

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A noite cobriu os campos e os dragões, com suas labaredas de fogo, incendiavam o vale e seus bosques. Todos se assustaram, e, num primeiro momento, tentaram abrigar-se da forma que foi possível, enquanto o céu era dominado pelas feras aladas.

Em meio a esse desespero os Orcs fugiram, atravessando o rio Anduim desaparecendo na escuridão. Entretanto as criaturas horrendas formadas pela bruxaria de Gorlock resistiam, com seus espíritos de maldade, atacando tudo sem o medo do fogo.

Thranduil reuniu seus guerreiros, sob o comando de Narthan e junto com Haldir e Glorfindel formaram um paredão para enfrentar, com flechas e lanças, os dragões alados. Com o desaparecimento de Aragorn, Éomer, que havia assumido o comando do exército de Gondor, acompanhado de Imrahil e seus homens, passou a defender os flancos, com a ajuda dos anões.

Lutavam bravamente, mas o esgotamento tornava-se um obstáculo a mais. Os homens começavam a se abaterem por tanto esforço não surtir efeito algum. Nada estava decidido depois de tanta luta e muitas perdas em meio à escuridão da noite, que não ia embora como se o mal a dominasse impedindo que o dia viesse.

E os tormentos da batalha turvavam os pensamentos dos soldados os fazendo crer que, finalmente, havia chegado o fim dos povos livres da Terra Média. Gimli e os demais comandantes tentavam motivar as tropas com ânimo e coragem, para que não se entregassem ao cansaço e a derrota, mas eles mesmos começavam a duvidar.

Inesperadamente os campos foram invadidos pelos raios do sol, levando embora a escuridão da noite e as densas nuvens e a fumaça das montanhas dissiparam-se. Os elfos de Eryn Lasgalen começaram a gritar.

- Utúlie'n aurë! Aiya Eldalië ar Atanatári, utúlie'n aurë!².

Diante de um céu azul e límpido, Éomer repetiu, aos berros, as palavras de Aragorn.

- Ergam-se, homens... Vamos nos levantar unidos com a chama da esperança em nossos corações, porque a morte ainda não nos alcançou e, ainda que a vida nos seja tirada, que não percamos a coragem de morrermos em liberdade. Avancem! Avancem!

Essas palavras tomaram de assalto o coração de Thranduil, que se ergueu sobre um barranco, bradando com a espada em punho.

- Enfrentarei meu inimigo com a força dos meus braços e a coragem do meu coração e eu abraçarei a morte, lutando como um guerreiro que sou.

O gesto do rei fez com que Narthan, seu comandante, se erguesse e acompanhasse seu rei e os elfos uniram-se num único grito investindo contra o inimigo. Todos os outros foram impulsionados para a batalha e seus gritos ecoaram unidos num único desejo de lutar em liberdade e morrer por ela.

O que não imaginavam era que, a muito, uma força alada vigiava as ações do bruxo e a névoa negra, que tomou conta do vale todo o tempo, cegou essa força para a batalha. Dissipada a feitiçaria do bruxo, as águias comandadas por Gwaihir, descendente de Thorondor, vieram de seus ninhos em meio aos picos mais altos de Grissaegrim, as cordilheiras que cercavam o vale oculto de Tumladen da extinta Cidade de Gondolim, e combateram os dragões.

A batalha se estendeu por todo o dia e o céu inflamou-se até Gwaihir matar Graxor, o negro, o mais poderoso do exército dos dragões, lançando-o das alturas.

 

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Aragorn escalou as pedras e esgueirou-se pela caverna onde o bruxo havia entrado com Kyara. Mesmo atento com o que poderia encontrar pela frente, seguiu apressado por corredores infindáveis matando tudo que atravessou o seu caminho. No final, desceu as escadas em espiral e deparou-se com a entrada das masmorras. Correu para lá e quase vomitou com o cheiro fétido e a imagem de corpos mutilados e torturados. Procurou por Kyara em todas as câmaras, mas não a encontrou. Retornou pelo mesmo caminho e seguiu por outro corredor.

Inexplicavelmente, uma parede de pedra se abriu diante dele e um salão lutuoso e macabro surgiu. Viu um trono negro e uma lareira no chão no centro do salão, mas o que lhe chamou a atenção foi o anel de metal pendendo na parede em frente ao trono.

A passagem para o reino do bruxo estava aberta e Aragorn ficou assombrado com a visão de um mundo completamente em chamas. Ao longe, seguindo por uma trilha viu surgir uma sombra caminhando em direção ao portal.

Pouco a pouco a figura foi tomando forma e Aragorn preparou-se para mais um combate até um homem surgir e revelar-se o próprio Legolas, carregando Kyara nos braços. Do outro lado do anel Legolas via a figura de Aragorn, mas uma barreira invisível o impedia de atravessar e sair daquele horror. Kyara abriu os olhos vendo a situação em que se encontravam e pediu que ele desejasse ser transportado dali. Ao fazê-lo os dois se materializaram diante do rei de Gondor.

- Amigos! Por um momento temi não conseguir achá-los... Disse Aragorn sorrindo de felicidade e alívio... – Legolas! Você está péssimo.

Aragorn olhava espantado para um Legolas completamente sujo, desgrenhado e muito ferido. Legolas sorriu com o comentário do amigo, lembrando-se que havia dito o mesmo a ele por ocasião da batalha do Abismo de Helm em Rohan. Mas o semblante de Aragorn se fechou mesmo ao ver as pernas marcadas e ensanguentadas da Kyara.

- O que aconteceu?

- Ele a torturou covardemente e ela está muito ferida e fraca com a perda de sangue... Respondeu Legolas... – Ele a deixou nua.

- Não poderemos levá-la daqui enrolada apenas com a sua capa. Tome. Use a minha, que é maior.

Aragorn retirou da armadura sua capa e a estendeu para Legolas dando-lhe as costas para que ela pudesse se arrumar. Legolas passou o tecido por baixo de um dos braços dela, amarrando as pontas sobre o outro ombro, prendendo seu cinto na cintura dela para não abrir, cobrindo-a com sua capa, para proteger um pouco mais seus ferimentos.

- Onde está o bruxo?

- Ele se transformou num monstro e lutamos. Cravei em seu peito a espada da Kyara e ele tombou. Espero que o tenha matado. A boa notícia é que recuperei a pedra... Vamos sair daqui enquanto há tempo.

Mal essas palavras foram pronunciadas, Legolas foi atacado pelas costas, sentindo duas garras cravarem em seu pescoço. Ele imediatamente soltou Kyara, que foi sustentada por Aragorn e todos se assustaram com aquela criatura ensanguentada, atracada com Legolas, que sufocava tentando se desvencilhar.

Aragorn deixou Kyara apoiar-se na parede e lançou mão da Anduril para ajudá-lo, mas o bruxo, usando seus poderes, fixou o olhar nele e a espada pesou na sua mão ao ponto de não poder sustentá-la, deixando-a ir ao chão.

Legolas e o bruxo rolaram no chão passando pelas brasas da fogueira numa luta feroz.

O bruxo rosnava como um cão raivoso e Legolas golpeava suas costelas com o cotovelo fazendo-o encolher-se de dor, conseguindo, assim, libertar-se. Ele esmurrou o bruxo até suas mãos sangrarem deixando a face daquele ser maldito desfigurada e lavada de sangue. Contudo, o ódio o dominava e mais uma vez o bruxo se levantou e o atacou, entretanto, parou estatelado, com a lâmina da espada de Aragorn atravessada em seu ventre, sustentada com firmeza pela mão de Legolas.

- Disse que seria vencido pela força do aço. Agora morra como um porco... O inferno o espera... Disse Legolas com olhar frio e cruel diante da criatura que o segurava pelos braços.

Legolas puxou com violência a espada de Aragorn e as entranhas de Gorlock encheram-se de um fogo de agonia, fazendo-o derramar lágrimas negras e soltou um grito terrível que ecoou pelas montanhas, desde as profundezas de lugares esquecidos até os campos onde a batalha ocorria.

O bruxo deu um passo atrás e naquela hora toda a montanha sofrera um impacto com a sua morte, fazendo a terra tremer e as rochas se fenderem. Com a vibração, o teto desabou soterrando o salão, junto com Legolas e o bruxo.

Kyara gritou desesperada vendo que o salão estava soterrado e tudo ao redor começou a desabar. Aragorn arregalou os olhos chocado com o que presenciara, mas o perigo que corriam não permitiu que fizesse outra coisa que não fosse tentar arrastar Kyara para fora da montanha, que resistia aos berros querendo socorrer o seu amor.

- Acabou, Kyara. Não podemos fazer mais nada... Temos que sair daqui.

- Não! Não! Ele pode estar vivo. Preciso socorrê-lo.

- Se ficarmos morreremos também.

- Então me deixe morrer aqui.

- Você fez uma promessa a Arwen para retornar comigo vivo e inteiro. Se não sair daqui também não sairei e morreremos os dois.

- Aragorn, não!

Disse ela aos prantos caindo de joelhos com as mãos dele segurando seus braços.

- Eu não posso deixá-lo.

- Você não poderá fazer mais nada, Kyara. Mesmo sua magia não poderá ajudá-lo... Ele se foi.

Ela ainda relutou por um instante, mas o perigo que os cercavam a fez desistir de retornar. Agora tinha nas mãos outra vida, que de forma alguma poderia ser desperdiçada. Vendo que não havia jeito, ela se deixou erguer do chão e ser conduzida aos solavancos pelos corredores que desabavam. Fraca como estava quase não tinha condições de se mexer, mas Aragorn a erguia pela cintura com um dos braços em volta do seu pescoço arrastando-a até conseguirem sair da grande caverna e descerem as pedras apressados, deixando para trás o amor vencido pelo ódio e pela morte.


Notas Finais


Tradução das palavrás élficas:

1 - Meleth-nin - Meu amor
2 - Utúlie'n aurë! Aiya Eldalië ar Atanatári, utúlie'n aurë! - O dia chegou! Vejam povo dos Eldar e pais dos homens, o dia chegou!

Eu pedi que se preparassem para esse momento. Disse que a luta entre Legolas e o bruxo seria épica. Toda essa guerra foi feroz, sanguinária e destrutiva. Nossos heróis mereciam um vilão a altura do esplendor e valentia deles. Agora tudo está acabado!
O próximo capítulo promete ainda mais emoção... Falo com vocês nos comentários... Quem está gostando levanta a mão e comente. Beijocas!


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