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História A Força do Amor - Sobreviventes do Massacre


Escrita por: Indis_Imladris

Notas do Autor


Como vão, queridos! Mais um capítulo cheio de novidades.
Boa leitura!

Capítulo 10 - Sobreviventes do Massacre


Logo que amanheceu, levantaram acampamento e cavalgaram em completo silêncio por quase meio dia sem paradas. Esperavam chegar ao vilarejo da Encruzilhada para um rápido descanso, cuidado dos cavalos e reposição das provisões.

- Depois daquela colina está o vilarejo. Combinamos de fazer uma parada rápida, mas, se preferir podemos passar a noite lá. Terá a chance de dormir em uma cama de verdade e se banhar com água aquecida.

- Não estou reclamando de nada.

- Não disse que está. Apenas será a oportunidade para um pouco de conforto... Saborear uma comida caseira, sem que precisemos caçar ou cozinhar nada.

Ela sorriu... – Acho que você está desesperado por esse conforto mais do que eu... Pensando bem seria ótimo. Dormiríamos sem a preocupação do perigo, principalmente você.

- O vilarejo foi construído no vau raso, bem no sopé da montanha. A partir dali uma estrada larga segue para o ocidente até as planícies de Pellagir e depois Minas Tirith. Em dois dias chegaremos ao nosso destino.

Kyara ouviu aquela informação e seu coração se inquietou. Tanto desejou chegar a essa cidade e agora que estavam próximos, uma angústia lhe pesou o coração. Não sabia como seria recebida e o que mais estaria por vir. Como se não bastasse, chegar a Minas Tirith significava concluir parte da sua missão e muito em breve voltaria para casa, dando adeus aquela terra e a Legolas.

Distante com seus pensamentos, ela não percebeu que há uma légua de distância do vilarejo a estrada mostrava vestígios de cavalaria, passando por ali há uns dois dias atrás. No entanto, entre as marcas de cascos de cavalo, Legolas também identificou pegadas mais antigas de Orcs e Wargs.

Ele sentiu um gosto ruim na boca e sem dizer nada, apertou o passo dos cavalos. Kyara o acompanhou.

Quando alcançaram o topo da colina os dois se chocaram com a visão que se apresentou. O que deveria ser uma terra coberta de plantações de milho e trigo, casas e celeiros feitos de madeira e pedras toscas, com telhados de palha onde chaminés anunciariam a hora do almoço, acabou transformando-se em devastação.

O fogo havia devorado os campos e as casas e o pouco que não se queimou ficou arruinado.

Numa disparada louca, Legolas e Kyara desceram a colina e entraram naquele pesadelo.

Um silêncio assustador imperava e nem mesmo o crocitar das aves era ouvido. O odor de carne queimada ainda era forte, embora a aparência de tudo ao redor denunciasse que o ataque tinha ocorrido há dias. Muitos corpos estavam espalhados pelo lugar e tinham ali seus túmulos a céu aberto, pois muitos foram atingidos ou atirados ao fogo, e o cheiro de morte ainda impregnaria o ar por algum tempo.

Por todo o lugar via-se marcas de sangue.

Em uma das casas, que grande parte fora construída com pedras e por conta disso, muito havia ficado de pé, tinha na sua entrada uma boneca de pano pisoteada. Kyara a apanhou do chão e assim que olhou para dentro viu que a casa abrigava muitos corpos carbonizados, aos quais vários eram de crianças.

Horrorizada com tamanha crueldade, ela deixou escapar um grito de revolta. Imediatamente, Legolas correu até ela, que ficou estatelada no batente da porta agarrada a boneca. Diante daquela imagem grotesca, sem dizer uma só palavra, ele a arrastou para fora da casa e a levou para os cavalos.

- Foi aquele demônio, Legolas. Ele mandou aqueles nojentos destruírem a vila e matar todos... Kyara disse entre dentes, tentando controlar a onda de ódio que a invadia... – Demônio! Maldito! Eu não sossegarei enquanto não tiver o coração dele nas mãos.

Ainda em silêncio, Legolas a abraçou forte e ela manteve-se endurecida pelo ódio, mas envolvida pelo amparo que ele lhe dava, ela deixou-se levar pelas lágrimas e desabafou.

- Sou culpada por essa tragédia. Se eu tivesse chegado à casa de Gahya a tempo de impedi-lo roubar a pedra ele não teria vindo para cá... E agora aquelas crianças estariam vivas.

Kyara olhou para Legolas deixando transparecer toda a sua agonia, enquanto as lágrimas lavavam seu rosto e ele se compadeceu do seu sofrimento.

- Você não é culpada de nada... Disse secando o rosto dela com as mãos... – Fique tranquila. Chegará o momento de o verdadeiro culpado pagar por sua crueldade. Agora, vamos sair daqui. Nada podemos fazer... Pelas marcas de cavalos, alguma patrulha de Gondor já tomou ciência do que aconteceu e deverão retornar para o enterro dos corpos. Vamos para a floresta. Encontraremos um lugar onde poderemos acampar e dar descanso aos cavalos.

Cavalgaram por duas horas até chegarem ao riacho. Sentiam-se derrotados pela angústia do que presenciaram no vilarejo. Enquanto davam água aos cavalos, perceberam que não estavam sozinhos.

Numa troca de olhares viram que tinham o mesmo pensamento: não era Orc. A forma como se movia, poderia ser um animal ou alguém fugido do vilarejo.

Kyara espantou os cavalos, para chamar a atenção de quem estava escondido nos arbustos, enquanto Legolas dava a volta, para surpreendê-lo por trás. Ao fazê-lo, agarrou quem estava à espreita.

Era um menino que parecia ter uns oito anos. Estava sujo, maltrapilho e amedrontado. Legolas o suspendeu pelo colarinho da camisa, que ficou se sacudindo com uma faca na mão, tentando atingi-lo.

Legolas colocou o menino no chão, que de imediato correu para fugir, mas foi impedido por Kyara. Ela o agarrou e o jogou no chão prendendo-o com um dos pés em seu peito.

- Você é uma mulher!

- Sim e não pense que não posso feri-lo só porque sou uma mulher. Quem é você e o que está fazendo escondido no mato desse jeito? Onde estão seus pais?

- Meus pais morreram.

Legolas percebeu que ele mentia. Então, levantou-o do chão como se fosse uma pena e o colocou de pé.

- Está mentindo. Por que não nos conta o que está fazendo aqui sozinho? Não somos inimigos... Você é do vilarejo?... Inquiriu, Legolas.

O menino abaixou a cabeça e os dois perceberam que ele não falaria nada, provavelmente pensando que desta forma protegeria quem quer que fosse. Então, Kyara chamou os cavalos e retirou da bolsa os peixes que não comeram na noite anterior os oferecendo. Por um instante, o menino ficou olhando a comida, deixando evidente que estava faminto, mas não fez menção de aceitá-la.

- Pegue! Estão frescos. Estou dando a você porque sei que está com fome.

O menino olhou para Kyara desconfiado, que devolveu o olhar com um belo sorriso no rosto. Ele apanhou os peixes com delicadeza, mas devorou um deles sem a menor cerimônia e guardou os outros dentro da camisa. Legolas ficou preocupado com aquela novidade e começou a olhar ao redor. Kyara percebeu a preocupação de Legolas e tentou se aproximar do menino, para arrancar-lhe alguma informação.

- Venha e sente-se comigo. Conte-nos o que aconteceu.

- Não aconteceu nada. Já disse que meus pais morreram.

- Você é do vilarejo? Acabamos de passar por lá e sabemos que foram atacados.

O menino não disse mais nada, permanecendo de cabeça baixa. Kyara se levantou e apanhou nas suas coisas um pedaço de pano. Foi ao riacho e o molhou, sentando-se ao lado do menino novamente para limpar o seu rosto, carinhosamente.

- Olha! Quem diria que por trás daquela sujeira toda se escondia um belo rapazinho, muito valente por sinal.

Ele abaixou os olhos, envergonhado e Legolas permaneceu de pé, observando o jeito como ela o cativava.

- Eu sou do vilarejo da Encruzilhada. Fomos atacados por Orcs e tudo foi destruído. Umas pessoas foram capturadas e os outros morreram. Só conseguimos escapar porque meu pai nos escondeu no porão do celeiro, que ele usa para guardar a colheita.

Legolas agachou-se ao lado dos dois dando toda atenção a história do menino e resolveu se meter na conversa. Kyara permaneceu em silêncio deixando Legolas fazer suas perguntas.

- Onde está sua família agora?

- Minha família está escondida numa caverna perto daqui.

- Alguém em Gondor foi avisado do que aconteceu?

- Eu não sei.

- E por que não voltaram para Gondor?

- Minha mãe está esperando um bebê e meu pai ficou com medo de viajar com a gente.

- Legolas é melhor irmos até essa gente para ajudá-los.

- Tem razão. Leve-nos até sua família.

O menino indicou o caminho, levando-os para uma caverna próxima ao rio, escondida pela vegetação. Ao entrarem viram que o lugar estava mal iluminado e encontraram duas crianças menores: um menino com uns cinco anos e uma menininha de dois anos, no máximo. A mãe estava deitada em uma cama feita de palhas e não percebeu quando chegaram.

Kyara se aproximou e sentou ao lado da moça, colocando a mão em sua testa. Ela abriu os olhos e, assustada, fez menção de se levantar, mas Kyara não permitiu. Não deveria ter mais que vinte e poucos anos e estava com a aparência muito pálida e inchada.

- Quem é você?

- Me chamo Kyara e ele se chama Legolas.

- Legolas?... Parou um instante tentando se lembrar de alguma coisa... – O príncipe élfico da batalha de Pelennor?

- Sim. Sou amigo do rei Aragorn e estamos aqui para ajudá-los.

Nesse momento um homem alto e corpulento entrou na caverna ouvindo Legolas se apresentar... – Não acredito que alguém nos encontrou... Majestade! Somos imensamente gratos pela ajuda.

O homem disse essas palavras fazendo uma reverência para Legolas. Aparentava ter uns trinta anos, era bastante forte, tinha os cabelos castanhos claros e usava barba. Kyara olhou ao redor e viu que estavam mal instalados. A mulher segurou a sua mão e agradeceu a ajuda, também. As crianças menores correram e se agarraram nas pernas do pai, observando tudo muito assustadas.

- Me chamo Demétrio, a minha mulher se chama Melissa e esses são meus filhos: Gael, o mais velho, meu filho do meio Galen e a pequena Marisla. Há cinco dias fomos atacados por Orcs. Não sei como se deu isso. Estava na plantação de milho com meu filho Gael e de repente ouvimos muitos gritos e uma fumaça começou a subir entre as árvores, então corremos para nossa casa. Chegando lá o vilarejo estava sendo atacado. Não perdi tempo, agarrei as crianças, tirei todos de casa e os levei para o galpão que usava para armazenar a colheita e os escondi no porão. Depois corri para a floresta e subi na primeira árvore que encontrei. Sei que não foi muito heroico da minha parte não ter enfrentado aqueles monstros e nem ter ajudado ninguém, mas não tive tempo para nada e só consegui pensar na minha família. Quando eles foram embora, a vila toda havia sido destruída e todos foram mortos. Os que não morreram foram levados: homens e mulheres. Nossa casa e o galpão haviam sido incendiados e os animais mortos. A sorte é que grande parte da casa e o celeiro são feitos de pedra com um porão profundo e não queimaram totalmente.

- E ninguém de Gondor veio saber o que aconteceu?... Perguntou Legolas.

- Não sabemos. Com medo que eles voltassem retirei minha família de lá sem sequer olhar para trás e desde então nos escondemos aqui. Também não poderia fazer muito mais porque minha mulher está para ter um filho e achei muito arriscado sair daqui com ela nesse estado e as crianças... O medo de sermos surpreendidos por aqueles animais também me impediu de seguir para Gondor.

- Você fez bem em não se arriscar. E não se sinta envergonhado por socorrer sua família. Diante dos acontecimentos não poderia mesmo ter feito muito mais... Comentou Kyara.

- Milorde, vejo que estão sozinhos e se pergunta por Gondor é porque não estão vindo de lá. Então, como poderão nos ajudar?

- Tirando vocês daqui.

- Mas como? Minha mulher está muito debilitada e as crianças são pequenas.

- Fique calmo. Encontraremos um jeito... Precisaremos retornar ao vilarejo. Você disse que o celeiro e a casa não haviam queimado totalmente. Vamos até lá e ver o que poderemos conseguir para melhorar nossas condições de instalação e encontrar uma forma de transportá-los. Kyara, você pode ficar com a senhora e as crianças aqui enquanto saímos?

- Claro! Ajude-me a descarregar as coisas.

Foram até os cavalos e retiraram as bagagens. Enquanto Demétrio levava as coisas para a caverna, Legolas e Kyara conversaram.

- Tentarei encontrar alguma coisa inteira que sirva para transportá-los e o que pudermos aproveitar. No caminho caçarei lebres ou o que aparecer. Você ficará bem com eles?

- Cuidarei deles enquanto espero vocês voltarem.

- Deixarei Athos com você. Fique com as crianças dentro da caverna. Não sabemos ainda se estamos seguros aqui.

- Vá tranquilo e se for possível não demore muito.

- Voltarei logo.

Por um instante esqueceram-se da tensão de antes e puderam conversar, demonstrando, com naturalidade a cumplicidade que existia entre eles. Combinaram as medidas que deveriam tomar com esse imprevisto e as novas preocupações que teriam. A proximidade e intimidade dos dois conversando ao lado do cavalo de Legolas fizeram com que Demétrio, ao chegar, pensasse que os dois fossem casados.

- Milorde, sua esposa ficará bem com minha família? Não queremos abusar da generosidade que tiveram em nos socorrer.

Para surpresa de Legolas, Kyara simplesmente respondeu que ficaria muito bem e que não se preocupassem e entrou na caverna deixando o elfo sem ação. O homem montou no cavalo e ficou esperando Legolas se mexer. Como ele estava ali de pé parado chamou-lhe a atenção.

- Milorde, se estiver preocupado com sua senhora poderemos ficar.

Legolas deu um leve sorriso e, apesar dos últimos acontecimentos e da tristeza que os dominava, se sentiu cheio de esperança, imaginando o que poderia ter mudado.

- Será que meu amor terá alguma chance, afinal? Havia desafiado o destino, mas não imaginava que a resposta viesse tão rápida... Pensou ele animado.


Notas Finais


Essa imagem do vilarejo devastado me arrepia. Gorlock deixando sua marca no mundo.
Ao que parece as coisas começam a se encaixar entre esses dois... Será?
Agora essa novidade ao encontrarem essa família desamparada precisando de muita ajuda. Eles terão trabalho pela frente... e o que mais?
Legolas está esperançoso de que a Kyara tenha se tocado que não é indiferente ao elfo. Quem sabe ela se rende? O que Legolas fará para atrair a atenção dela?
Não nos esqueçamos que para a Kyara romance é sempre complicado...
Ok, queridos! Nos falamos nos comentários.
Beijocas!


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