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História A força do destino - Um café, um recomeço


Escrita por: SrtaJuhBarbosa

Notas do Autor


Oii gentennn...
Quem me conhece de outras bandas olha eu aqui de novo! Quem não me conhece, prazer Juh Barbosa. Adoro os personagens Germano e Lili!
Tive essa ideia pra fanfic algumas semanas e não saia da cabeça. Resolvi escrever! Espero que gostem... Iria postar depois que acabasse aquela, mas aí não teria muita motivação e vocês me animam muito pra escrever. Tomara que com essa nova história aconteça, vocês me animem!
E sobre a minha outra, não se preocupem que daqui uns dias eu posto! 😄
A Letícia é a mãe das crianças... Imagem quando ler.
Uma fanfic totalmente diferente, inspirada na novela mexicana "Mi corazon és tuyo" amo demais ela haha
Boa leitura!
- Germano de Alcântara Monteiro 40 anos
- Liliane de Bocaiuva 38 anos
- Maria Luíza Martins de Alcântara Monteiro (Malu) 12 anos
- Fábio Henrique Martins de Alcântara Monteiro (Fabinho) 9 anos
- Ana Sofia Martins de Alcântara Monteiro (Aninha ou Sofia) 4 anos
- Ana Laura Martins Monteiro Morreu aos 35.
- Isabella Ferrão Lopez 32 anos

Capítulo 1 - Um café, um recomeço


Fanfic / Fanfiction A força do destino - Um café, um recomeço

  
  "Hoje fazem dois anos que você se foi meu amor. Dois anos que minha vida não faz mais sentido... Eu não sei se um dia conseguirei cumprir a promessa que me fez fazer antes de partir. Ainda te amo tanto!" - pensa admirando a foto da esposa nas mãos em sua mesa de escritório. 
  Uma batida na porta interrompe seus pensamentos. Uma senhora entra junto com uma prancheta em mãos. 
- com licença doutor Germano, as candidatas a secretária estão aqui. Posso mandar entrar? 
- pode sim dona Lurdes! - coloca o porta retrato no lugar e se volta para a senhora - Uma por uma para poder fazer a entrevista. São muitas? 
- entorno de 8! - exclama com certeza. 
- tudo bem! Hoje não saio daqui enquanto não encontrar uma, preciso achar antes que você saia do cargo. 
- não se preocupe doutor, hoje o senhor encontra! - sorri dócil. - com licença! - pede e vai se retirar quando lembra de algo - doutor Germano, meu pêsames, sei como esse dia é difícil para o senhor! - lamenta. 
- obrigado Lurdes! Mas nada que o trabalho não me ajude a esquecer pelo menos um momento. - Suspira melancólico. A secretária apenas acena a cabeça e sai fechando a porta. 
- nota mental: levar um buquê de flores ao túmulo junto às crianças. 
  Na recepção, a senhora caminha até algumas mulheres que se encontram sentadas. Algumas estão passando batom, outras se olhando no espelho, arrumando a roupa ou até mesmo conferindo o currículo. 
- Com licença! O doutor Germano vai entrevistar uma por uma, na ordem de chegada. Pode vir a primeira, Letícia Santos! - uma mulher sexy e bonita se levanta, de batom vermelho, vestido curto e decotado, segurando uma pasta na mão. Seguem para a sala do diretor e dono. 
- está tudo bem? - uma mulher pergunta a outra. 
- está, está sim! - exclama batendo as pernas e conferindo a roupa simples de novo claramente nervosa - obrigada! 
- não a de que! Prazer, Cecília. 
- prazer, Liliane! - sorri amigável. 
- você é qual na ordem? - Cecilia questiona. 
- penúltima! - lamenta. 
- ah sim... Eu sou a próxima! - sorri ansiosa - vish... Acho que ela não conseguiu! - pronúncia olhando a bela mulher sair da sala de cabeça baixa e seguindo para saída do local. 
- Cecília Belmonte! - a secretária chama.
- minha vez! - murmura levantando. 
- tchau! Foi um prazer. - Lili cumprimenta. A outra segue de caminho. 
     "Por favor senhor, eu preciso dessa oportunidade. Me ajuda, eu preciso de um serviço, de um trabalho. Não está nada fácil. Eu deixo minha vida em suas mãos, faça o que o senhor achar melhor! Apenas espero que isso seja o melhor pra mim. Pai nosso que estás no céu..." - Lili ora em pensamento de olhos fechados, com coração acelerado e respiração agitada. Após terminar, abre os olhos e percebe que mais um participante entrou, dando a entender que Cecília não conseguiu o emprego. Suspira animada.
     "Foram duas, faltam apenas 4! Se não fosse aquele idiota do Fernando me demitir, não estaria aqui. Você também foi burra, burra e burra Liliane! Como se envolve com um cara desses, aquele canalha, filha da mãe, gostoso, forte, de peitoral definido e pau grosso... Aiii que ódio. Sabia que ele não queria uma família comigo, poderíamos ter filhos e casar, formar uma família. Só que a trouxa aqui acreditou que ele ia querer algo a mais... Lili sua trouxa! Ele só queria seu corpo, sexo descompromissado, nada sério. É uma otária acreditando em suas promessas e palavras de amor. Mais otária ainda em se apaixonar e acreditar. Poderia tá com seu empreguinho, pagando sua contas, sua casa... Não precisava ter se envolvido com esse filho da puta! Aaaah... Por que tinha que gostar tanto dele em Liliane de Bocaiuva."
- droga! - resmunga irritada. A jovem do seu lado fecha a cara e a olha estranhando. Ela sorri constrangida. Volta-se pra frente e se arruma na cadeira ao ver a secretária se aproximar sozinha. 
- doutor Germano mandou pedir desculpas as candidatas e avisar que já contratou alguém! Obrigada a todas e podem ir. - sorri amarelo, ficando séria novamente e voltando para a sala do patrão. 
- merda! Mais um emprego perdido. - reclama. - espero que o senhor tenha algo muito bom para mim Deus, porque estou sofrendo aqui! - exclama seguindo para o elevador junto às outras mulheres e indo em direção ao seu lugar preferido na tentativa de esfriar a cabeça. 
  Na sala de Germano ele conversa com uma senhora de meia idade, na faixa de dona Lurdes. 
- bom dona Mirtes... A dona Lurdes irá te explicar direitinho sobre como funciona aqui e assim que ela for embora, você fica fixamente em seu lugar. Agora dona Lurdes, mostre a empresa pra ela! 
- sim doutor Germano! Com licença.
- obrigada doutor Germano! Não irá se arrepender de sua escolha.
- eu espero dona Mirtes! 
- com licença! - a nova secretária pede e junto a outra mulher saem. 
  Germano observa as duas saírem, se volta para mesa e inevitavelmente mira o olhar na foto da esposa, lembrando do fatídico incidente a dois anos atrás e ficando deprimido novamente. 
  Enquanto isso na mansão Alcântara Monteiro. 
- EU ME DEMITO! ME DEMITO! - uma senhora de uniforme grita descendo as escadas toda suja de tinta azul e uma mala nas mãos. 
  Três crianças escondidas observam e riem da cena trocando cumprimentos de felicitações com as mãos. 
- calma dona Generosa... 
- calma é o ca... - engole seco, arruma a postura e olha séria pra ele - calma é uma ova! Essas crianças são umas pestes, desobedientes e mal educadas. Eles não precisam de uma babá não, precisam de uma escola militar! - exclama raivosa, parecendo louca - Espero meu último salário em casa, porque se ficar mais um segundo aqui eu aperto o pescoço de cada uma delas! - pega a bolsa e vai embora irritada. 
- mas... Mas... - a empregada fica de boca aberta olhando a mulher ir embora. 
  As três crianças saem gargalhando do esconderijo. 
- "Eles não precisam de uma babá não, precisam de uma escola militar!" - a mais velha das crianças imita com um voz mais grossa, arrancando mais gargalhadas das outras duas. 
- Maria Luíza de Alcântara Monteiro! Você conseguiu mais uma vez, tanto fez que conseguiu fazer ela se demitir. Assim não vai ter ninguém pra trabalhar aqui... 
- essa é a lógica da coisa dona Eusébia!- a pré-adolescente responde ironicamente revirando os olhos. 
- gostou da brincadeira dona Eusébia? A ideia foi da Malu! - exclama o único menino divertido. 
- essa é nova Fabinho! Porém, se sabe que seu pai não vai gostar nada disso né?! - o repreende firme, todavia, em um tom amoroso. 
  Eusébia é uma senhora de idade, atua na mansão como uma "mordomo", praticamente uma faz tudo. Foi contratada pela patroa uns meses antes da tragédia e tem estado presente em todos os momentos no lugar. 
- eu não gostava muito dela mesmo! - a senhora sussurra baixinho apenas para Malu ouvir. 
- e quem gostava? - revira os olhos e da um leve risada - Pode deixar que com o meu pai eu me viro depois! - exclama confiante. 
- Maria Luíza, Maria Luíza! - a senhora pronúncia preocupada. Conhece o chefe que tem e sabe que a bronca por ter perdido mais uma babá não será pequena. A menina pisca para ela e se volta para os irmãos atenciosa. 
- porque não vão lá na cozinha e pedem para a Antônia preparar aquele bolo de chocolate com prestígio que a gente gosta? 
- eba! - o menino vibra e a mais nova apenas comemora silenciosamente como faz desde a morte da mãe. Os dois saem correndo em direção a cozinha e Malu se ergue com uma expressão triste e suspira. 
- eles sabem que dia é hoje? - a senhora questiona. 
- sabem sim! Ana ainda não entende muito bem, mas Fabinho já tem noção. Papai falou que vamos levar flores para ela como ano passado. - pronúncia abalada - estou tentando fazer parecer como um dia qualquer, mas tá difícil para mim. - sua voz sai embargada e no mesmo instante seus olhos enchem d'água. 
- o minha menina! Tão forte! - a empregada se aproxima com os braços abertos, sem pestanejar Malu a abraça depositando sua cabeça no peito dela, fechando os olhos e derrubando algumas lágrimas. 
- sinto tanta falta dela dona Eusébia, tanta... - levanta a cabeça e olha o grande quadro na parede da sala com a imagem da mãe. 
- eu sei princesa! Você se parece tanto com ela e é forte tanto quanto. Amadureceu tão rápido por seus irmãos, és uma menina muita especial. 
- obrigada! - murmura olhando para a ela. - preciso ser forte por aqueles dois e até mesmo para o papai. Principalmente pra Aninha... Estou tão preocupada que ela não fala, já faz dois anos, desde que a mamãe... - engasga não terminando a frase. 
- é só uma fase meu amor! Já já passa e ela volta a tagarelar como antes. 
- eu espero! - lamenta. 
- Malu, Malu! - ouve o menino chamar. Agradecendo por estar de costas, rapidamente limpa as lágrimas e os vestígios delas. 
- oi Fabinho?! - tenta disfarçar o choro. 
- aonde o papai foi? - interroga com seus grandes olhos curiosos. 
- ele foi trabalhar, mas já já volta!
- e por que ele está trabalhando no sábado de novo? 
- teve alguns assuntos bem importantes para resolver e não podia faltar! - responde com paciência, sabendo que o pai está trabalhando para esquecer do dia. 
- ele podia sair pra passear com a gente. Agora só fica lá na empresa ou trancado no escritório. - expõe chateado. - Sinto saudades da mamãe! - abaixa a cabeça melancólico. Ana assim como o irmão tem o semblante triste. Malu se agacha na frente deles, pois estão lado lado. 
- eu também sinto saudades da mamãe... Da onde estiver, ela está cuidando da gente e sempre vai nos  amar! - abraça os irmãos os consolando e sentindo-se consolada também. 
    Na Bastille...
  Germano assina algumas papeladas, mas totalmente desconcentrado, a mente viaja longe em diversas lembranças do passado. Quando conheceu a mulher, o primeiro encontro na cafeteria preferida de ambos, o primeiro beijo, o pedido de namoro e logo depois de casamento, a revelação da gravidez, a primeira filha e o nascimento de cada um deles. Os olhos já estão lacrimejando e o coração apertado.
- Germano? Germano está aí? - uma mulher o chama tirando-o de seu transe. 
- ah! - exclama voltando a realidade - Oi Isabella, bom dia! - cumprimenta a mulher a sua frente.
- bom dia Germano! Está tudo bem? - questiona a diretora de marketing. 
- está, está sim! Tudo ótimo. - responde sem muita questão voltando a olhar para os papéis a mesa. - precisa de algo? - pergunta disfarçando. 
- eu trouxe algumas ideias de frases, que tem gerado algumas dúvidas, para nosso novo produto. Pode ajudar a escolher? - pergunta sentando na cadeira de frente pra ele. 
- pode escolher a que achar melhor! - o homem responde sem olha-la, com desdém. Ela fecha o semblante o observando sem entender. 
- tem certeza que está tudo bem? Não está acontecendo nada? Se quiser pode se abrir comigo. - tenta novamente. 
- está tudo bem Isabella! Não tem nada acontecendo. - foi firme na resposta. Até um pouco rude na opinião dela. 
- tá, tudo bem! Não está mais aqui quem falou. - levanta fingindo estar ofendida. 
- Isabella... - pronúncia arrependido, tendo a atenção dela - me desculpe! É que estou com alguns problemas e não deveria ter sido grosso com você, só está tentando ajudar, realmente me perdoe. 
- está tudo bem Germano! Não foi nada. - sorri forçado, sem que ele perceber. Se aproxima em um andar malicioso, com pura sedução sentando na beirada da mesa, o olhando sexy e expondo suas belas pernas cheias de má intenção - Eu estava pensando... Que tal fazermos igual semana passada?! Pedimos uma comida em meu apartamento, tomamos algumas taças de vinho, relaxamos... Eu comprei uma lingerie nova e quero estreia-la! - passa o dedo indicador na coxa o vendo seguir o movimento com os olhos atentamente. Sua voz expressa excitação. Ele olha momentaneamente, mas se toca e abaixa a cabeça sério. 
- hoje realmente não tem como. Deixa para um outro dia! - afirma, deixando-a sem graça. Essa desce da mesa frustrada e o olha um pouco irritada. 
- então está bem! Marcamos para um dia que você puder, estou com saudades. - pronúncia carente, lançando um último olhar de desejo e saindo da sala rebolando descaradamente. 
- tchau Isabella! - se despede e a acompanha sair apenas com os olhos, sem saber que a mulher já de costas para ele, faz uma cara de nojo e revira os olhos.
  Isabella Ferrão Lopez, diretora de marketing da Bastille a quase um ano. Corpo escultural, cabelo castanho longo, roupas que valorizam sua silhueta e seduzem qualquer homem. Divertida e sexy, faz qualquer um deliciar-se de sua companhia sem conhecer a verdadeira personalidade dela. Uma pessoa arrogante, nada humilde, fria, maléfica e extremamente interesseira, capaz de fazer tudo por dinheiro. Usa da beleza para conseguir o que quer, um homem rico capaz de sustentar sua vida de luxos sem que ela trabalhe. Odeia crianças e tudo relacionado a elas, porém disfarça muito bem. A poucos meses está conseguindo o que quer, seduzir e levar para cama o dono de uma das mais ricas empresas do país. Só tem um problema em tudo isso: ele tem filhos. Nada é perfeito, mas ela já tem em mente o que fazer. 
  Germano se perde por alguns instantes em pensamentos sobre ser certo ou não estar se encontrando com uma funcionária/peguete gostosa. Quando volta a realidade, nota já ter passado horas desde sua chegada a Bastille e decide voltar para casa, pois está perto do horário de almoço e não consegue se concentrar em mais nada. Pega sua maleta e segue rumo ao estacionamento do lugar. 
  Lili se encontra sentada em uma mesa sozinha de dois lugares ao lado da vidraça com o emblema da cafeteria Le Petit, sua favorita. Distraída, observa o movimento da avenida pensando no que fazer da vida, enquanto segura uma xícara fumegante de chocolate quente com chantilly.
- ainda tenho uma grana do seguro desemprego, dá pra mais alguns dias! - fala sozinha pensando alto - amanhã é um novo dia Lili! - exclama firme e depois assoprando a fumaça bebendo o líquido. 
  Germano dirige em direção a casa, entretanto nesse dia faz um caminho diferente para mesma. Quando está na rua desejada, diminui a velocidade do veículo e passa vagarosamente a frente de um local muito conhecido por ele. Um lugar que não entra a dois anos. A sua cafeteria preferida da cidade, onde conheceu a esposa por ambos frequentarem regularmente e o lugar que a pediu em namoro. Local que a levava para ficarem sozinhos, para esfriar a cabeça ou até mesmo conversar e lembrar do passado. Não apenas "uma", mas "a" cafeteria. O prédio que marcou e marcará sua vida eternamente. 
  Passando na frente, mira uma mulher sentada na vidraça segurando uma xícara nas mãos e olhando para o nada completamente distraída. Seu corpo arrepia no mesmo instante deixando-o  sem entender a sensação. Ainda andando, seu olhar não cruza mais com o prédio e volta a prestar atenção na rua, retomando seu rumo para casa e questionando-se o que acabou de acontecer. Tenta em vão lembrar do rosto da mulher na vidraça, porém nada. 
  No prédio da cafeteria... 
- Uii! - Lili se contorce ao sentir um arrepio do nada e uma sensação de alguém a observando. Olha ao redor, mas não encontra ninguém fazendo tal ato, volta o olhar para a xícara em sua mão - que estranho! - murmura levando o objeto de porcelana a boca. 
  Germano chega a mansão ainda desconfiado do sentimento a minutos atrás. Porém logo esquece ao ver sua filha caçula correr ao seu encontro. 
- oi meu amor! - pronúncia a pegando no colo e abraçando fortemente a menina que apenas o olha sem dizer nada com um largo e bonito sorriso. Um sorriso que na opinião de Germano lembra muito a esposa. - tudo bem? - a criança acena positivamente - não quer falar para o papai? Sinto tantas saudades de ouvir sua voz! - exclama melancólico e pidão. A menina não faz nenhum movimento, apenas abaixa o olhar para a mão e Germano entende isso como um não. - então tudo bem! Vamos ver se achamos um outro especialista para resolver esse problema. 
- PAPAI! - o único menino corre ao seu encontro animado. 
- e aí garotão, como passou a manhã? - desce a filha no chão e levanta a mão em direção ao filho trocando um tapa em cumprimento. 
- foi tudo bem! A babá se demitiu. - pronúncia sabendo que vinha bomba por aí. 
- O QUE? - interroga surpreso. - outra? Mas como? - pergunta sem entender. 
- a gente jogou tinta azul nela! - fala maldoso. 
- vocês fizeram o que? MARIA LUÍZA! - grita pela filha irritado, sabendo ser obra da mais velha. Ele acompanha a menina vir em sua direção tranquilamente. 
- me chamou papai? - fala dócil. 
- Maria Luíza! Você tem quase treze anos e tem atitudes de uma criança! - pronúncia enfurecido. - qual o problema em ter uma babá? 
- o senhor mesmo disse, eu tenho quase treze anos, não preciso de babá nenhuma me dando ordens! - exclama cheia de si. 
- seus irmãos precisam e você ainda não é maior de idade pra ficar escolhendo o que é ou não é melhor pra você! Eu digo que o melhor é ter uma babá e você aceita. 
- mas eu não aceito! - responde rude. 
- Maria Luíza não me tira do sério logo de manhã! - expõe controlando o nervosismo - eu vou contratar mais uma babá e se você fizer algo ou influenciar seus irmãos a fazer eu... Eu... 
- o senhor o que? Vai me dar uma surra? Pois pode me dar. Eu não quero babá nenhuma mandando em mim, pessoa que nem me conhece. Se o senhor parasse mais com gente, não ia precisar de uma mulher dessa! - fala elevando o tom de voz. 
- eu trabalho para te dar todo esse conforto todo! - também levantando a voz. Fábio e Ana observam a cena um pouco afastado. 
- não! O senhor trabalha para tentar esquecer do que fez. - fala ríspida - Se for pra ter tudo isso e não ter você aqui para aproveitar com a gente, eu não quero! - foi firme. - Eu quero o senhor aqui, o carinho do senhor... - sua voz já está embargada - eu quero que o senhor brinque com nós como fazia antes da mamãe... - não consegue completar a frase, mas continua - quero que o senhor almoce, leve pra passear... Quero minha vida como era antes da mamãe morrer, EU QUERO MINHA MÃE! - exclama alto já chorando. Ele olha a filha com pena, depois de toda raiva que sentia. A menina encara o pai e sobe correndo a escada para o quarto sem dizer mais nada. Germano suspira olhando para o chão, passa a mão no rosto se recuperando e depois enfim percebe os filhos menores o observando atônitos.
- está tudo bem meus filhos! Vão lá brincar, eu vou... Eu vou para o escritório! - vê os filhos correrem porta a fora - e dona Eusébia... - nota a senhora um pouco escondida vendo tudo, mas que depois de chamada aparece - por favor, não quero que me incomode por nada. E ligue hoje mesmo para a agência de emprego e contrate uma babá. Se ainda tiver alguém disponível para trabalhar aqui! Já perdi as contas de quantas passaram nessa casa. - bufa esfregando os olhos com as mãos em sinal de cansaço - procure a menos pior e que tenha no currículo o que já discutimos ou pelo menos o mínimo dele. Agora com licença! E arrume as crianças perto das 15h:00m para irmos ao túmulo da Laura. Não precise arrumar nada para mim comer, estou sem fome! - se retira para o escritório fechando a porta e se servindo de um copo de whisky. 
  Lili sai da cafeteria e volta para casa desanimada. Sem nada para fazer, liga um samba no sonzinho antigo e começa a fazer faxina e lavar roupa aproveitando o sol forte, enquanto dança e canta animada um de seus gêneros musicais preferidos. 
- As vezes a felicidade demora a chegar, aí é que a gente não pode deixar de sonhar, guerreiro não foge da luta, não pode correr... - a desempregada canta alto segurando um cabo de vassoura, fingindo ser um microfone -...Erga essa cabeça mete o pé e vai na fé, manda essa tristeza embora, basta acreditar que um novo dia vai raiar, SUA HORA VAI CHEGAR!...-canta alto empurrando o objeto para lá e pra cá entregando o chão do banheiro. 
  São 15h00m da tarde. Germano e as crianças estão em um cemitério, quase parecido com um parque. A grama verde e podada, as árvores ao redor e um caminho de terra entre as covas sinalizando por onde andar. Os quatro estão parados em uma em especial para eles. O homem segura um buquê de lírios brancos, os preferidos da esposa, já Malu segura uma única rosa da mesma tonalidade. Os mais novos seguram papéis nas mãos. Ana com seu ursinho inseparável e um desenho feito por ela e Fábio uma carta com sua letra e palavras. O homem abaixa e deixa as flores no túmulo da esposa. 
- Fábio? Quer ler sua carta? - pergunta o homem que tem os braços entrelaçados na pequena. O menino assente e começa. 
- oi mamãe! Malu disse que aonde a senhora está agora é um lugar bonito e bom, mas que eu não posso ir visitar. Espero que esteja se divertindo e dando muitas risadas igual fazia aqui. Malu também disse que está cuidando de nós e sempre que quiser eu posso falar com a senhora em pensamentos. Estou com saudades e te amo muito! Nunca vou esquecer de você! - beija a carta e coloca sobre a mármore fria onde contém a foto da mãe. 
  Ouvem uma fungada de choro vindo da filha mais velha. Ela não se move, apenas continua a olhar para o chão com seus óculos escuros no rosto e a flor na mão sem se importar se está chorando. 
- e você pequenina, o que tem aí? - o homem pergunta para Ana. Essa abre a carta e Germano começa a descrever o desenho olhando de cima. - tem um bonequinho em cima de... Isso é uma nuvem? - tenta decifrar os traços da criança de quatro anos que acena um sim com a cabeça - um bonequinho em uma nuvem... O céu azul... É a sua mãe no céu? - questiona finalmente entendo o desenho e Ana confirma. - hum... Ficou lindo, aposto que ela acha isso também. Porque não coloca junto ao de seu irmão?! - a menina agacha meio desajeitada e obedece o pai, voltando ao mesmo lugar e abraçando o urso depois. - Malu? - chama olhando pra filha ainda calada. Essa suspira e se agacha na lápide. 
- sinto saudades! Principalmente do seu cafuné e quando me fazia cócegas quando não obedecia. - sorri levemente, mas logo voltando a ficar séria novamente - obrigada por estar cuidando de mim. Espero que esteja bem aonde quer que esteja! Não sabe a falta que me faz. - as lágrimas já escorrem de seu rosto - estou cuidando dos meus irmãos como sei que gostaria que fizesse. Continue cuidando da gente! Eu te amo! - beija a rosa branca e deposita sobre a lápide. Uma brisa leve sopra e Malu fecha os olhos sentindo a presença da mãe em resposta de suas palavras. - obrigada! - murmura apenas pra ela mesma ouvir. Levanta e percebe os olhos do pai sobre si. 
- será que você pode levar eles para o carro? Eu já vou! - Germano pede para a filha próximo de seu ouvido. A menina entende que o pai quer ficar sozinho e cumpre o pedido. Já só, o homem olha para a foto da esposa e fica admirando por uns instantes. Uma linda imagem de rosto, seus cabelos loiros e longos ao ar e um lindo sorriso igual ao de Ana. 
  Na pedra escrito: "Aqui jaz uma filha responsável, uma mãe amorosa, uma esposa dedicada e uma mulher muito amada. O carrossel nunca para de girar!", frase a qual citava regularmente sobre sua série favorita Grey's Anatomy. 
- Malu está cada vez mais parecida com você! - começa a falar sem tirar os olhos da imagem - acho que é por isso que não sei lidar com ela. Tem todo o seu temperamento e eu não consigo olhar para ela sem me lembrar de ti! Na verdade não consigo olhar para nenhum dos três sem me lembrar de você. A Malu tem seu temperamento, porque fisicamente ela puxou a mim. Tadinha! - ri levemente - o Fábio tem seus olhos e sua inocência, se acha o homenzinho da casa e quer proteger as irmãs, já Ana... Ana tem seu sorriso e sua doçura. É uma amor de pessoa. Ela ainda não está falando, não sei mais o que fazer, desde que você se foi ela não fala uma única palavra, será que vai ser assim até quando? - lamenta - eu sou um péssimo pai! Me desculpe por tudo, era eu que deveria estar aí. - murmura melancólico - mas aquele motorista filho da... - suspira procurando se acalmar - ele já está preso! - revela - se não fosse ele, você ainda estaria aqui. Me perdoe meu amor! Não consigo nem ir mais ao Le Petit, tudo me lembra você. Sinto saudades! Vou sempre vir te visitar e sobre a promessa... Eu tô tentando seguir em frente, me envolvendo com alguém, mas casar? Eu não sei se consigo. Não sei se consigo cumprir essa promessa! Me perdoe. Eu te amo! Cuida de nós. - beija a palma da mão e deposita sobre a foto logo depois. Levanta, dá uma última olhada sobre a lápide e segue para o carro, onde as crianças já estão arrumadas em seus lugares. 
   Retornam a mansão em silêncio. Malu sentada na frente, observa o exterior ainda de óculos quieta e pensativa, já Fábio mexe no celular e Ana joga um jogo no aparelho da irmã. Germano segue o caminho revezando o olhar entre a estrada e a filha pelo canto do olho. Assim que chegam, Malu apenas dá uma ordem ao irmãos de tomar banho e entra no quarto fechando a porta. Eusébia cuida dos menores e Germano adentra o escritório sem vontade de sair, afundando-se em seu mundo com as lembranças da esposa e chorando copiosamente. 
  Lili acaba de terminar a faxina, jogando-se no sofá esgotada de cansaço. Mexe no celular por alguns instantes esperando o corpo relaxar um pouco, logo que se recupera levanta tirando a roupa ali mesmo (um dos benefícios de morar sozinha), pega a toalha e segue pelada para o banheiro. Depois longos minutos, sai do mesmo de cabelo molhado e enrolada na toalha, coloca um pijama sem nada por baixo, pega uma cerveja de latinha na geladeira ligando a TV e sentando no sofá mudando de canal. 
- não tem nada de bom nessa televisão! Aff! - bufa em reclamação. 
  Fica assim por uma hora até que o celular toca e ela reconhece o número. Abaixo o volume da TV e se arruma atendendo. 
              ~ chamada on ~
- alô? - Lili pronúncia angustiada. 
- boa tarde! É com Liliane de Bocaiuva que converso? 
- é sim! 
- aqui é da Agência de emprego a qual você procurou. Temos uma vaga de babá para uma mansão, posso confirmar que você irá na entrevista nessa segunda-feira de manhã? 
- pode, pode sim! - responde animada. - só me passar o endereço que irei sim. Obrigada, muito obrigada. 
  A mulher explica as informações necessárias enquanto Lili anota tudo entusiasmada
- obrigada moça, eu vou sim! Muito obrigada! - agradece, logo depois desligando a chamada. 
                ~ chamada off ~
- Aí meu senhor! Obrigada pai... Obrigada, obrigada! - bate palmas comemorando. - eu preciso me dar muito bem nessa entrevista agora. Segunda de manhã! Como será essa casa? Quantas crianças devem ter? Uma, duas ou três? - conversa sozinha animada. 
   O resto do sábado passa sem mais emoções. O domingo chega e as crianças dormem até mais tarde, pois Germano permite. Malu acorda preguiçosa e melancólica, Fabinho e Ana um pouco mais felizes. Almoçam em silêncio junto ao pai e depois vão fazer atividades de lazer, o homem entra no escritório e não sai a tarde inteira, deixando os pequenos tristonhos. A noite também chega e os três irmãos sentam-se na sala para assistir filmes juntos até o horário de dormir e eles irem deitar. 
  Para Lili o dia é monótono, mas cheio de ansiedade e excitação quanto a entrevista do dia seguinte. 
  O domingo passa e a segunda amanhece. Lili mal dorme e já cedo está pronta, coloca um vestido preto colado ao corpo até o joelho, um salto agulha da mesma corpo nos pés, passa uma leve maquiagem e deixa os cabelos soltos. Passa seu perfume favorito e se olha no espelho uma última vez. Sai de casa, tranca a porta e pega alguns ônibus até o local do endereço, desce em uma rua e fica surpresa de tantas mansões belas e grandes. 
- 1956... 1956... - sai andando e procurando o número - 195... Oh! - exclama ao encontrar a numeração e a construção desejada. Bestificada, para em frente a um grande e largo portão analisando seu detalhes. Aperta o interfone e fala o nome, ouvindo a voz dizendo que já vai abrir. Ela se arruma no meio do portão e engole em seco ao ver o objeto se mover, vê uma longo caminho pavimentado até a porta da mansão e o seu redor grandes árvores e flores. Respira fundo e mira o olhar até a casa. - deixo essa decisão em suas mãos meu pai! 
 


Notas Finais


Como fui? Gostaram do primeiro capítulo?
Viram que coloquei minha Aninha aí de novo né?!
Adoro ela kkk
Espero muitos comentários e opiniões!
Devo mudar algo? Adicionar? Não sei... Falem aí.
Obrigada por lerem!
Até o próximo!


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