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História A Fúria de um homem gentil. - HIATO - O pior melhor aniversário da minha vida.


Escrita por: T_Corbyn

Notas do Autor


Mais uma fic pra vocês me cobrarem capítulo. Yay! (ノ◕ヮ◕)ノ*:・゚✧

Ok, antes de começar, algumas coisas importantes:

1 - Todo o conceito que eu vou colocar na história sobre lobisomens é inspirado em "Lobisomem: O Apocalipse", um universo de RPG de mesa, mas com algumas mudanças feitas por mim.
2 - Como aparece nas tags, a história ainda não tem um ship, por isso estou aberto a sugestões. Mas já aviso que NÃO pretendo fazer harem.

É isso. Boa leitura. =)

Capítulo 1 - O pior melhor aniversário da minha vida.


=== ===

 

Mais uma vez, acordei com o sol batendo na minha cara.

Me levantei do meu colchão velho, me encurvando por causa do cômodo ser baixo. Por eu ter nascido homem, eu “não merecia” um quarto, e por isso era obrigado a dormir no sótão.

Peguei minha roupa da escola e desci até o banheiro, tomando um banho rápido, para não reclamarem que gastei muita água. Fiz o resto da minha higiene básica e subi novamente para o meu “quarto”, apenas para pegar minha velha mochila e descer novamente.

Passei em frente à sala, apenas para encontrar as minhas duas pessoas menos favoritas.

Minha “mãe”, Inko. Heroína profissional. Sei lá em qual rank ela está, só sei que é no Top 10. Quando percebeu a minha presença, apenas me lançou um olhar de nojo, voltando a olhar afetuosamente para a minha irmã gêmea, Naomi.

De “agradável”, Naomi só tem o nome, mesmo. Pra variar, ela é o “orgulho” da linhagem Midoriya, tudo por causa da maldita individualidade de Telecinese que ela herdou. Ela sorria calmamente, enquanto comia um pedaço de bolo. Quando me viu, abriu um sorriso debochado.

 - Quer um pedaço? - Ela zombou. - Hoje é meu aniversário. Não vai me dar os parabéns?

Simplesmente revirei os olhos, avançando a passos largos até a porta de saída.

 - Hoje eu vou sair com algumas colegas, depois do meu turno. - Inko disse, me fazendo parar. - Já sabe o que fazer depois da escola. Quero a casa limpa quando voltar.

 - Sim. - Suspirei.

 - Sim o quê? - Ela questionou.

 - Sim, Senhora. - Respondi.

 - Ótimo.

Abri a porta e fui embora, seguindo meu caminho até a escola.

 

=== Quebra de Tempo ===

 

As aulas do primeiro período foram extremamente tediosas, para variar. Sempre busquei compensar a minha ausência de poder, o que me fez avançar vários anos de ensino, atingindo até o nível de alguém com mestrado. Nesse mundo, os homens são ensinados desde cedo - obviamente de forma subliminar, através da mídia - que não passam de meros objetos, seja para trabalho doméstico ou reprodução, e que se quiserem dinheiro, precisam encontrar uma mulher para sustentá-lo. 

Eu vou ser a exceção.

Eu estava no pátio, comendo meu lanche - que era pago, mas por algum motivo nunca me cobraram nada - tranquilamente. Como sempre, estava sozinho. Os garotos da escola geralmente são mais unidos, talvez por entenderem sua situação como homens nessa sociedade. Mas, por algum motivo, eles mantêm distância de mim, dizem que me acham “frio demais”.

Enquanto comia, percebi um grupo de garotas espancando um menino de outra turma.

E, novamente… aquilo voltou.

Eu chamo de Vazio. Não sei o que causa, nem o que é, mas é algo que me acompanha desde sempre, eu acho. É uma vontade, como se eu devesse fazer algo, mas nunca sei o que é que eu deveria fazer. Já conversei com a equipe de psicólogas da escola, mas todas elas dizem que é apenas “ansiedade”.

Respirei fundo, reprimindo o Vazio mais uma vez. Terminei meu lanche, juntei os restos e me levantei do banco onde estava sentado, seguindo até a lixeira mais próxima. 

 - Oi, Deku. - Uma voz feminina cantarolou.

Não me virei de imediato. Coloquei os restos do meu lanche na lixeira antes, respirei fundo e virei para trás lentamente, ficando cara a cara com ela.

Katsumi Bakugou. Cabelos loiros, lisos e compridos. Olhos escarlates, corpo bem desenvolvido, uma poderosa individualidade de explosões e muita babaquice.

A conheço desde criança, infelizmente. Na infância, eu era o boneco de testes dela e da minha irmã. Quando entramos na adolescência, ela simplesmente me “escolheu” como seu futuro marido, e como nossas mães são amigas, assim foi determinado. As agressões físicas pararam, agora ela usa a minha auto-estima como alvo.

 - Oi. - Respondi.

 - Nossa… - Ela colocou a mão sobre o peito, fingindo estar ofendida. - Que jeito de tratar sua futura esposa. 

 - Prefiro morrer, do que ser seu marido. - Rebati, mais uma vez sentindo o Vazio tomando a minha mente.

Me virei de costas, na tentativa de ignorá-la. Mas ela se aproximou, grudando-se em mim e colocando as mãos nos meus ombros.

 - Sua função vai ser me dar muitos filhos, Deku. - Ela sussurrou. - Você vai me dar uma linhagem de heroínas. E, se eu tiver um filho homem… vou me livrar dele.

A cada palavra que ela dizia, eu podia sentir o Vazio tomando conta de mim. Me deixava deprimido. O que eu fiz de errado?

Respirei fundo, tentando me acalmar. O sinal tocou, e segui para a sala de aula, com Katsumi me seguindo logo atrás, enquanto ria com suas “comparsas”, entre elas Naomi.

Respirei fundo mais uma vez antes de entrar na sala, já me preparando para mais uma aula tediosa, mas fui interrompido pelo professor quando entrei.

 - Izuku, eu preciso que vá para a diretoria. - O professor disse, com a voz pesada. - Já pegue suas coisas e leve junto.

Uma série de murmúrios começou a se levantar na sala. Obedeci, guardando meu material na minha velha porém confiável mochila.

 - Eu fiz algo de errado, Sensei? - Perguntei, antes de sair.

 - Não, Izuku. - Ele suspirou, desanimado. - Mas não vai gostar do que vai ouvir.

 - Ok… - Respondi, já me retirando.

Segui a passos largos, até a sala da diretora. Tive um pequeno calafrio, ao lembrar sobre os boatos a respeito dela. Relutante, bati na porta lentamente, e me surpreendi ao escutar um “entre”, aparentemente de um homem.

Agora curioso, abri a porta e me deparei com um homem, sentado na cadeira da diretora. Era jovem, provavelmente abaixo dos trinta. Se vestia de forma elegante, mas ao mesmo tempo passava certa casualidade.Um conjunto de terno cinza escuro, uma camisa branca e sapatos lustrosos, todos impecáveis e aparentando ser de marca. Seu cabelo castanho era raspado nas laterais, mas era relativamente volumoso na parte de cima, formando um pequeno coque-samurai. Tinha barba espessa, mas aparentemente bem cuidada. Suas feições deixavam implícita uma aparência meio nórdica. Ele era alto, e seus músculos se destacavam entre as roupas. Apesar da aparência um tanto imponente e ameaçadora, o estranho exibia um sorriso simpático e acolhedor.

 - Sente-se, Izuku. - Ele disse calmamente, e assim o fiz.

 - Você queria falar comigo? - Perguntei, um pouco relutante.

 - Permita que eu me apresente. Me chamo Erick Lee. Eu era advogado e amigo pessoal de Hisashi Midoriya.

 - Meu pai? - Indaguei, confuso. - Mas meu pai foi embora de casa quando eu tinha cinco anos. Ele está no exército, e…

 - Hisashi omitiu alguns fatos, para evitar possíveis desavenças. - Erick interveio. - Ele realmente serviu ao exército, mas apenas por pouco mais de um ano. Após isso, ele retornou a cidade, e passou a tomar conta de você.

 - Ele… cuidava de mim?

 - Sim. - Erick respondeu, com um sorriso. - Ele pagava à escola pelo seu lanche, e te protegia de longe quando você ia para casa. Tudo isso… por dez anos.

Fiquei em estado de choque. Durante todo esse tempo, ele estava aqui…

 - Mas, infelizmente… as notícias que trago não são exclusivamente boas. - O moreno suspirou. - Hisashi faleceu, dois dias atrás.

Tudo que pude fazer era ficar parado, enquanto algumas lágrimas surgiam.

 - Deixo também as minhas condolências, Izuku. - Erick se pronunciou. - Hisashi foi um grande amigo para mim, e muito do que conquistei devo a ele.

 - Obrigado. - Respondi, limpando o rosto.

 - Mas agora, preciso recorrer a algumas formalidades. - Erick comentou, colocando uma maleta sobre a mesa e a abrindo. - Depois de servir o exército, seu pai fez alguns investimentos lucrativos, conseguindo assim juntar uma fortuna considerável. Ele também obteve um apartamento de luxo, no centro da cidade. 

Ele colocou um papel na minha frente, e uma caneta ao lado.

 - E agora… é tudo seu. - Ele sorriu para mim. - Apenas que preciso que assine, para oficializar a posse dos bens. Sinta-se à vontade para ler antes.

Peguei o documento e o li com calma, ou pelo menos tentei. Era tudo legítimo, e eu quase desmaiei quando vi o valor aproximado do tal apartamento. Mesmo com as mãos trêmulas, consegui assinar o papel, ainda incrédulo diante do que estava acontecendo.

 - Mas e o resto da minha família? - Questionei. - A Naomi não devia ter sido chamada também? E a minha mãe?

 - Você é o único filho de Hisashi Midoriya, pelo menos em termos jurídicos. - Ele explicou. - Eu tenho conhecimento da existência da sua irmã gêmea, mas estranhamente a filiação dela com o Hisashi praticamente não existe, em nenhum registro civil dela. Isso faz de você…

 - ...O único herdeiro legítimo. - Completei.

 - Exato. - Erick sorriu.

Eu fiquei em silêncio, ainda tentando absorver os fatos, enquanto Erick remexia sua maleta, aparentemente à procura de algo.

 - Aqui. - Ele disse, me entregando uma chave feita de um metal escuro. - Esta é a chave do apartamento, o endereço está na tag. E isso…

Erick colocou na mesa um pequeno envelope preto.

O abri sem dificuldades, encontrando um cartão dourado, com o meu nome completo escrito.

 - De acordo com o testamento, seu pai deixou a senha no seu apartamento.

 - Obrigado. - Eu sorri fracamente. - Mais alguma coisa?

 - Isso é tudo. - Ele tirou algo do bolso do terno e me entregou. - Caso precise, este é o meu contato. Até breve, Izuku.

Erick ajeitou suas coisas calmamente, se levantou e saiu.

Respirei fundo, e me levantei. Peguei minhas coisas, coloquei a chave e o cartão no meu bolso, e saí da sala. Segui lentamente pelos corredores e, olhando ao redor, vi que não havia mais ninguém. Fui até o bebedouro mais próximo, e me sentei em um dos bancos que haviam por perto. Peguei um copo d’água e respirei fundo enquanto dava pequenos goles.

Após alguns minutos, ouvi algo ecoar pelos corredores. Uma série de gritos, aparentemente de um homem. Ele parecia furioso. 

Me curvei um pouco para a frente, dando uma breve olhada no fundo do corredor. Lgo vi uma porta se abrindo, justamente a da minha sala. O professor saiu de lá e avançou até o bebedouro, dando passos pesados. Ele serviu um copo para si, bebendo tudo em apenas um gole. Depois de ter se acalmado, aparentemente percebeu a minha presença.

 - Oh. Izuku, você está aí. 

 - Tinha razão, Sensei. - Bufei. - Eu não gostei nem um pouco do que ouvi.

 - Meus pêsames.

 - Valeu. - Eu sorri fracamente. - Acho melhor eu voltar para a sala. Só espero não ter perdido muito conteúdo.

 - Izuku, vai pra casa. - O professor suspirou. - Suas notas já são impecáveis, todo mundo sabe disso. E você acabou de receber uma péssima notícia.

 - Aí, eu tô bem. - Disse, agora mais tranquilo. - Além do mais, não tenho pressa nenhuma de ir para casa.

 - Se você acha que consegue… - Ele disse, enquanto nós já seguíamos de volta para a sala.

Chegando na entrada da sala, dava para ouvir uma bagunça enorme vindo de dentro. O professor respirou fundo e, de uma vez só, abriu a porta com força, fazendo o silêncio se instaurar novamente.

 - Espero que todo aquele barulho seja fruto de discussões sobre o trecho do livro que deixei para vocês lerem. - Ele bufou. - Muito bem, Izuku. Pode voltar para o seu lugar. Se sentir que não consegue ficar, sinta-se livre para sair.

 - Obrigado, Sensei. - Respondi, voltando calmamente ao meu lugar.

O resto das aulas da tarde seguiu surpreendentemente bem. Por algum milagre, ninguém me incomodou, e até mesmo a Katsumi me deixou em paz. Percebi que Naomi me observava constantemente, mas sempre desviava o olhar quando eu olhava de volta.

Quando o último sinal tocou, organizei minhas coisas calmamente e segui o fluxo de alunos pelo corredor, até a saída.

Encontrei Katsumi e Naomi conversando na frente do portão da escola. Quando percebeu a minha presença, Naomi sorriu maldosamente, e a loira fez o mesmo.

 - E então, Deku… - Katsumi se aproximou. - Sabia que hoje é o aniversário da sua irmã?

Apenas a encarei, sem demonstrar interesse.

 - Nós vamos tomar sorvete agora, para comemorar. - A esverdeada sorriu. - Quer vir junto? Se eu fosse você, eu aproveitaria. Não é sempre que eu sou boazinha.

 - Tenho que limpar a casa… antes que ela chegue. - Rebati, já voltando a caminhar.

 - Nesse caso, então eu deixo que você coma os restos do bolo que a mamãe fez. - Ela zombou. - Afinal, é seu aniversário também. Seria ruim se você não ganhasse algo, não é mesmo?

As duas começaram a rir, e eu parei. Respirei fundo, usando toda a minha força para não desabar.

 - Já é ruim. - Suspirei. - Se fosse mais um aniversário onde a Naomi é o centro das atenções e eu não recebo nada, eu nem me importaria. Mas este…

Encarei as duas, me esforçando ao máximo para não chorar.

 - Este foi o pior aniversário da minha vida. - Completei, com o olhar frio. - Porque o pouco que eu ainda tinha de valor… foi tirado de mim.

Não esperei a reação das duas. Simplesmente atravessei a rua, chegando ao outro lado exatamente no último momento.

Andei por mais algumas quadras e me sentei em um banco próximo para me acalmar um pouco. Olhei para o lado, e encontrei um pequeno quiosque de bebidas.

 - Que sede… - Suspirei, já me levantando. - Se eu tivesse dinheiro, eu…

Eu não pude completar. Por instinto, coloquei as mãos nos bolsos da calça, e escutei algo metálico. Retirei a chave que havia recebido de Erick, e não pude deixar de sorrir ao lembrar.

 - Hora de ir pra casa.

 

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