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História A Fúria dos Quatro - Lar


Escrita por: Guard

Notas do Autor


Espero que gostem :)

Capítulo 4 - Lar


Futuro

 

            Embora a nave fosse grande o suficiente para que nós pudéssemos andar sozinhos sem ficar correndo o risco de esbarrar uns com os outros com a quantidade de pessoas que temos a bordo, eu acabo saindo da nave. Mesmo com o frio polar que estamos enfrentando aqui.

            Não é que eu esteja triste com o fato do meu melhor amigo ser pai, ou ele ter escondido isso de mim até agora. É que isso começa a mudar as coisas, estou começando a repensar se tudo que estamos planejando fazer é o certo mesmo.

            Quando olho para cima eu consigo enxergar o Sol se levantar por entre duas montanhas de gelo enorme. Enquanto ele bate nela eu percebo o gelo começa a rachar e derreter aos poucos. Sempre soube que a Terra apresentava problemas de fenômenos climáticos por causa de poluição e outras coisas, agora me pergunto se nossa batalha contra os mogadorianos de alguma forma influenciou para acelerar esse processo.

            Pode ser pior que isso. Talvez a Entidade Lórica fosse quem estava impedindo o planeta de morrer esse tempo todo, agora que eu a destruí por completo aqui. Não restou muita coisa, afinal metade do planeta foi consumido pelo Apófis e a outra metade está sendo esgotada em guerras intermináveis.

            São essas coisas que me fazem pensar que é o certo tentarmos tudo ou nada em irmos para Lorien. Só que ai eu lembro do sorriso da filha de Sam, e meu coração começa a rachar. Eu posso estar condenando essa vida a nunca existir caso façamos isso, se conseguirmos mudar o mundo, talvez ela nunca nasça. Há a possibilidade dos seus pais nunca se encontrarem.

            Será que se eu soubesse disso ante eu iria por meu plano todo em prática?

            Nós chegamos longe demais e agora eu estou pensando em desistir. Novamente eu ouço as últimas palavras de Ella na minha mente, sobre as minhas escolhas como líder e em como algumas iriam acabar me gerando sofrimento caso eu não soubesse aceita-las. Mesmo assim eu teria que permanecer bondoso.

            - Ela é linda demais! – ouço a voz de Marina vindo logo atrás de mim.

            Eu olho para ela. Marina só trocou de casaco, mas ainda está com a mesma calça da nossa batalha anterior e as botas. Mal posso acreditar que depois de tantos anos de guerra eu estou falando com uma garota sobre a filha do meu amigo. Como se eu fosse um cara normal.

            - Quem diria, logo o Sam sendo pai tão cedo. – digo rindo, isso está voltando a ser algo normal para mim.  De repente o peso das guerras está começando a sumir, mesmo com as mortes em meu coração. – Acho que alguém foi muito afoito no meio de uma das batalhas.

            Marina ri de forma constrangida, mas parece não discordar. É engraçado ter esse tipo de conversa com ela, sempre me imaginei no final de tudo caso eu sobrevivesse com Sarah, as vezes, com Seis. Sarah provavelmente iria querer que voltássemos lá para dentro e tirar um monte de fotos para comemorar o nascimento da pequena Ella, já Seis, provavelmente iria olhar a garota como se fosse uma coisa estranha e não saberia o que fazer, iria me olhar meio confusa pedindo alguma dica de como agir nessa situação.

            - Deixa ele John, é tão bom vermos um bebê depois daquilo tudo. – Marina fala alegre se aproximando um pouco de mim.

            - A nova geração da Garde aqui na Terra já está nascendo. – digo.

            - Pois é, estamos ficando velhos não é? – Marina fala e começa a rir de si mesma. – Credo estou parecendo até minha Cêpan com essas frases.

            Esse pensamento de Marina me faz ver em como isso tudo que aconteceu conosco acabou roubando muito mais que amores e amizades de nós. Nos roubou nossas vidas, agora eu não consigo pensar em mim como alguém novo, mas como um cara já adulto que viveu muitas dores na vida.

            - Às vezes eu me sinto como Henry também. – comento. – Responsável e resmungão, ele ficaria orgulhoso.

            Nós dois começamos a rir agora.

            - Nós somos os últimos John, de uma raça inteira. – Marina comenta infeliz. – Claro que temos a Lexa, mas ela não tem Legados. Estou me referindo a Garde Lórica, só restou a gente.

            - Sim, somos tudo que restou do nosso povo. – concordo de maneira soturna. – E achávamos que sermos nove antes era algo ruim.

            Marina parece começar a voltar a ficar triste, não éramos nove Gardes, mas sim dez. Ella sempre foi uma de nós, mesmo que não tenha vindo na nave conosco. Se pararmos para ver, com a sua presença no nosso grupo nós sempre fomos mais do que deveríamos ser. Os dois sobreviventes que eram três por causa dela, agora somos realmente dois.

            Eu a abraço dessa vez. Sinto Marina ceder e a envolvo com meus braços, ela aninha seu rosto em meu ombro e percebo o seu cansaço. Não é a primeira vez que fazemos isso, só que a primeira vez que podemos fazer com um sentimento de agora as coisas estão calmas. Agora ninguém mais tem o risco de morrer por nossa causa.

             - O que a gente faz John? – Marina me pergunta. – Eu não sei o que fazer, me sinto perdida. Preciso que me guie, por favor John eu não sei onde é mais o meu lar.

            Lembro da conversa que tive com o espírito de Oito sobre Marina. Ela é uma pessoa boa e gentil, de certo uma das últimas pessoas que merecia sofrer isso tudo.

            - Nós vamos para o nosso lar Marina, vamos para Lorien. – digo sussurrando em seu ouvindo. – Vamos para casa finalmente, reconstruí-la. Não sei como, não sei se será possível, mas iremos fazer Lorien voltar de alguma maneira.

            Ela se afasta para me encarar nos olhos. Posso ver a luta em seu coração para tentar crer no que estou falando, sei que devo estar parecendo louco. Lorien foi destruído, mas foi a última missão que Ella nos deu. De alguma forma é a nossa última pista, temos que acreditar que mesmo que tudo esteja destruído lá, ainda haja alguma esperança. Mesmo que o plano de alterar o passado fracasse.

            - Eu temo que ao chegar lá só encontre destruição John. – Marina fala mordendo o lábio. – E cadáveres, de todas as pessoas que foram mortas pelos mogs, talvez seja só isso que restou em Lorien.

            Lembro da esfera cinzenta do macrocosmos que representava os dias atuais de Lorien flutuando no ar que Henry me mostrava e depois que ele morreu eu o observava. Então eu lembrei de algo, meu Lúmen começa a iluminar sozinha na minha mão direita de modo fraco.

            Eu o direciono para o rosto de Marina, fazendo com que ela estreite um pouco os olhos. Com o brilho novo em seu rosto posso ver mais detalhadamente sua expressão cansada, mas também seus traços bonitos em seu rosto, a tonalidade castanha do se cabelo que a maioria das vezes parece mais preto. Ela é bonita.

            - Por que está fazendo isso John? – Marina pergunta colocando a mão na frente do rosto para impedir que meu Lúmen o atinja.

            - Esperança. – eu digo. – Ella queria que tivéssemos isso Marina, precisamos acreditar na luz. Quando os primeiros Anciões restauraram Lorien ela estava à beira da extinção e agora não será diferente, nós iremos encontrar um meio de despertar o planeta de novo.

            Marina finalmente começa a tentar esboçar um sorriso.

            - Você acredita mesmo nisso John Smith?

            - Se chegamos até aqui, iremos conseguir ir até o fim. Só que irei precisar da sua ajuda para conseguir isso, está comigo?

            Falo estendendo a mão para Marina, ela na mesma hora segura a minha mão e ficamos por alguns minutos desse jeito até que finalmente nos aproximamos de novo e nos beijamos mais uma vez.

            Só que dessa vez não estávamos no meio de um fogo cruzado, nem lutando contra um dos seres mais poderosos do Universo ou assistindo a morte de uma das nossas melhores amigas. Eu sinto dessa vez a esperança de Marina em mim, a vontade que ela tem de acreditar que as coisas vão continuar, ao contrário de antes. Esse não é um beijo de solidão, é um beijo de recomeço.

            Eu a envolvo em meus braços e aperto para perto de mim e ficamos no beijando mais um pouco. Marina coloca as mãos sobre o meu pescoço para ficar mais próximos e eu a seguro pela cintura.

            - John... – ela fala envergonhada quando paramos nosso beijo. – Não devíamos nos beijar, seu plano é de alterar as coisas.

            Eu sei o que ela quer dizer. Marina nunca falou abertamente, mas estou dando uma oportunidade para ela de ter Oito de volta em sua vida. E sei que Marina assim como eu acredita que os lorienos só amam uma vez só.

            - Mari, eu sei que jamais poderá me amar como Oito te amou. – digo segurando sua mão. – Jamais irei querer o lugar dele, mas eu sinto que só você consegue entender o que eu sinto.

            - Eu sinto o mesmo quando estou com você John, e sei que jamais ocuparei o lugar de Sarah. – ouvir Marina falar de Sarah me faz me autoquestionar, atualmente eu não sei mais se era mesmo ela quem eu amava ou a Seis. Depois de ver o espírito dela naquela visão e o quando uso o Legado de manipular os elementos. – Você acha que isso é certo? Nós dois?

            Antes que pudesse formular algo inteligente para dizer nós ouvimos a rampa da nave ser aberta mais uma vez e Malcolm grita para nos avisar que Rex e Lexa querem falar conosco. Na mesma hora o drama romântico que eu e Marina estamos tendo parece perder a força, nós vamos na mesma hora na direção da nave.

            Chegando no cockpit eu encontro Lexa e Rex debatendo fervorosamente sobre alguma coisa. Receio que eles tenham chegado há um plano para conseguirmos sair do planeta e irmos para Lorien. Não que isso tenha deixado qualquer um dos outros felizes, mas eu vou deixar o nosso novo aliado mog ir conosco, já que teremos que usar tecnologia mog para isso.

            - Até que enfim o casal chegou. – Lexa murmura passando a mão no moicano.

            Eu procuro não fazer contato visual com Marina nesse momento e manter minha expressão séria. Não tenho tempo e nem idade para ficar tímido com esses comentários.

            - Conseguiram achar uma solução? – pergunto. – Que não envolta a gente embarcar na Anúbis e ir para Lorien.

            A ideia de usar a nave mogadoriana para fazermos essa viagem foi sugerida logo de início por Rex. Só que quando ele disse a quantidade de combustível que ela utiliza e o tipo de combustível que utiliza para viagens intergalácticas, nós desistimos na hora. Seria praticamente como destruir um país para recarregar a nave.

            A porta se abre atrás de nós e vemos Sam se aproximar também. Ele parece estar bastante cansado, provavelmente estava brincando com sua filha até agora e pelo jeito a garota o sugou mais que um dia de luta com mogs.

            - Falem baixo por favor. – ele fala em tom de súplica. – A Dani e a pequena Ella estão dormindo, as duas não tem um temperamento muito bom se são acordadas bruscamente.

            Malcolm parece sentir vontade de rir do filho por causa do comentário e nós obedecemos o pedido de Sam. Continuamos a falar através de sussurros para não correr o risco de acordarmos Daniela e Ella do sono.

            - Não há para que usarmos uma nave tão grande como a Anúbis para uma viagem até Lorien com pouca gente. – Lexa explica. – Só que eu não consegui arranjar nenhum tipo de combustível tão potente quanto os cristais lóricos aqui na Terra para fazermos essa viagem, mas o nosso amigo mogadoriano deu uma ideia.

            Nós voltamos as atenções para Rex agora, ele demora a entender que Lexa lhe deu a deixa para explicar a situação. O mog dá um pigarro meio sem graça quando vê que estamos esperando e se prepara para falar.

            - Eu sugeri para Lexa que substituíssemos os cristais lóricos por um tanque de combustível da Anúbis. Como ela tem vários deles, nós podemos instalar um aqui na nave, acredito que assim ele poderá nos dar a energia extra para viajarmos até o nosso destino.

            - Você acredita? – Marina pergunta cética. – Nós não podemos ir para Lorien só com uma suposição, isso tem que ter uma certeza de funcionamento.

            Rex a encara mal-humorado e depois volta a me olhar com a intenção de querer minha opinião nesse assunto.

            - Podemos fazer alguma espécie de teste para saber se a nave irá funcionar com o tanque de combustível da Anúbis antes de irmos para Lorien? – pergunto para Lexa e Rex.

            Os dois se olham tentando definir um parâmetro de raciocínio mútuo.

            - Claro que sim John. – Lexa responde por fim e olha para o painel da nave, provavelmente imaginando como irá realizar o que pedi. – Posso desligar os cristais para usarmos só o combustível da Anúbis num voo até a Lua quem sabe e então voltamos se quiser.

            Olho para os outros com o intuito de ver se desse modo eles iriam se sentir mais tranquilos em confiarem suas vidas no nosso plano. Tem o lado positivo que vai se destruir a nave de Setrákus Ra para conseguirmos acessar os tanques de combustível.

            Como ninguém parece protestar mais contra o plano de Lexa e Rex eu decido perguntar uma última coisa.

            - Em quanto tempo vocês conseguem fazer essa nave ir para o espaço? – pergunto.

            - Seis meses, acho que com esse tempo de manobra e as ferramentas certas que com certeza teremos na Anúbis a gente consegue por essa nave no espaço, chefe. – Rex é quem responde.

            - Perfeito, esse é o tempo que preciso.

            - Precisa para que? – Sam me pergunta.

            - A nós vencemos a guerra, mas ainda existem conflitos Sam. – digo me lembrando das batalhas contra outras naves mogadorianas que estão ocorrendo por toda a Terra. – Enquanto vocês ficam aqui eu vou com a Sekhmet e os outros para destruirmos o restante dos mogs.

            - Vou com você. – Marina fala segurando no meu braço.

            Quero protestar, mas sei que será difícil impedi-la de vir comigo. Ainda mais agora que só temos um ao outro. Sam parece querer protestar dizendo que irá também, só que depois lembra da filha e isso o desanima a se oferecer na missão de terminar os conflitos.

            Agora que já temos tudo definido eu só posso esperar que os outros consigam de alguma forma ir para Lorien também. É a nossa única chance. De alguma forma quando meu Lúmen ascendeu lá fora quando Marina queria um sinal de esperança, aquilo não só lhe deu esperança para ela, também me mostrou que as coisas podem mesmo darem certo. Nós temos uma chance de verdade agora.


Notas Finais


Gostaram?
Desculpem a demora e o capítulo pequeno, estou com um pouco de bloqueio criativo :/ está complicado a situação aqui.


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