História A garota da clareira - Por que você atrapalhou?

No dia seguinte decidimos colocar nosso plano em pratica.

Eu queria poupar Newt de fazer qualquer coisa, mas ele insistia que estava bem e podia participar. Minha vontade era de ficar abraçada com ele o dia todo, mas eu também tinha um compromisso com Teresa e tinha que ajudar.

Thomas deixou bem claro que iriamos fazer de tudo para ajudar Newt e que eu não devia me preocupar. Minha última esperança era Teresa.

Então assim que anoiteceu, entramos na cidade em busca dela. Tivemos que ser bem cuidados e nos mantivemos escondidos o tempo todo. O trabalho pesado ficou com Thomas, que teria que entrar na multidão e não ser visto por ninguém, apenas por Teresa.

E ele conseguiu fazer muito bem. Atraiu ela até um lado da cidade abandonado, onde o resto de nós estávamos escondidos.

-Thomas? – ela perguntou perplexa assim que viu meu irmão. Sua voz estava com uma mistura de surpresa, felicidade e medo.

-Oi Teresa – ele respondeu com a voz fraca. Devia estar sendo bem difícil para ele fazer aquilo.

-Não deveria estar aqui.

-Eu não vou ficar. Eu só precisava te ver.

Meu irmão se aproximou dela. Poderia ser atuação para conseguir se aproximar, mas para mim ele estava sendo sincero.

-Preciso te perguntar uma coisa – ele continuou- Você se arrepende? Do que me fez passar? Emily? Seus amigos?

-Às vezes. Mas fiz o que pensei ser o certo, para proteger você e os outros. Eu faria de novo.

Foi o suficiente para abalar meu irmão, para fazer ele perceber que Teresa não ajudaria a gente tão facilmente.

Então Gally se aproximou dela e colocou um saco em sua cabeça, sequestrando ela como combinado.

Levamos ela até nossa sede. Eu estava um pouco inquieta com a presença dela, queria conversar com ela, entender o que estava acontecendo e quais eram seus planos. Ela pediu para eu confiar nela e era isso que eu estava fazendo. Mas eu estava receosa.

Assim que retiramos o saco de sua cabeça, seu olhar foi direto para o meu. Houve uma conexão que durou alguns segundos, mas foi o suficiente para que eu continuasse do lado dela.

-Gally? – ela perguntou espantada assim que viu nosso amigo.

Sim, foi surpresa para todo mundo.

-Vai funcionar assim – ele respondeu – Vamos fazer umas perguntas e você vai responder. Cadê o Minho?

Teresa olhou para mim e em seu olhar eu via um pedido de ajuda. Logo depois ela olhou para Thomas com o mesmo olhar.

-Não olha para eles! – Gally gritou bravo – Olha para mim.

Teresa se assustou na mesma hora.

-Está no prédio principal. Sub-nivel 3. Com os outros. – ela respondeu olhando para baixo.

-Outros quantos? – Newt perguntou ao meu lado, passando um braço dele ao redor do meu ombro.

-28. O acesso é restrito.

-É por isso que vai com a gente – Thomas disse.

-Vocês não vão conseguir, há sensores!

-Sabemos que somos marcados. Propriedade do CRUEL e blablabla. Vai nos ajudar com isso também.

Teresa aceitou em nos ajudar, mesmo estando um pouco insegura com tudo aquilo. Estava mais sendo obrigada a ajudar do que aceitando por vontade própria. Ela retirou os chips que tinha em nossa nuca um de cada vez.

Sentei em uma cadeira e ela se posicionou atrás de mim, tirando meu cabelo para retirar.

-Vai doer um pouco – ela disse e eu respirei fundo.

Olhei para a minha frente. O resto do pessoal estava conversando entre si.

-Preciso da sua ajuda – eu sussurrei para que só ela ouvisse.

Teresa começou a cortar e eu fechei os olhos com a dor.

-Eu pedi para que confiasse em mim – ela respondeu.

-E eu confio. É o Newt. Ele precisa de ajuda.

Senti o chip sair de minha nuca. Thomas se aproximou de mim na mesma hora, impedindo que nós conversássemos mais. Me levantei e olhei para ela, suplicando com o meu olhar para que ela entendesse e me ajudasse.

Ela pareceu entender.

-Partiremos daqui a pouco – Gally disse alto – Todos já sabem o que fazer. Se preparem.

Eu e Newt já havíamos nos trocado com roupas do CRUEL que Gally tinha conseguido. Estávamos esperando Thomas para prosseguirmos.

-Tem certeza que quer fazer isso? – eu perguntei entregando a máscara para ele.

-Eu já disse, Emily. Eu quero ajudar Minho. Não posso ficar fora disso.

Suspirei com aquilo. Nós podíamos ficar ali, evitar que ele se esforçasse e se colocasse em risco. Mas é óbvio que ele não iria aceitar. Newt é um pouco orgulhoso e pensa mais nos outros no que ele mesmo. Por isso é um líder perfeito. Mas as vezes isso se torna ruim para ele. Ele nunca deixaria Minho na mão.

-Não fique preocupada – ele disse se aproximando e segurando meu rosto com suas mãos – Vamos fazer isso juntos.

-Eu sei – eu disse – Eu te conheço muito bem.

Newt sorriu para mim e selou nossos lábios em um beijo simples e delicado. Como eu amava seus beijos.

Ouvi alguém tossindo e me separei dele, olhando para o lugar que o som tinha vindo. Thomas olhava para nós meio desconfortável.

-Por que você atrapalhou? – Caçarola disse bravo, dando um tapa no ombro de Thomas – Estava tão fofinho.

-Não somos obrigados a ver esses dois grudes – Gally disse e eu ri, com vergonha de todos eles estarem nos observando.

-Ela é minha irmã – Thomas disse dando de ombros – Ainda não me acostumei.

Ignorei eles e entrei no carro, seguido por Newt e os outros.

Assim que chegamos a sede do cruel, colocamos nosso plano em pratica. Como estávamos vestidos como os seguranças do CRUEL, e com mascaras, não seriamos reconhecidos. Estávamos ao lado de Teresa para conseguirmos passar e cada um de nós tinha uma função.

Senti Teresa tensa ao meu lado, olhando para os lados e respirando pesado. Thomas andava ao seu lado, Gally do outro e eu e Newt atrás.

Assim que entramos na sede, senti meu coração bater mais rápido, com medo de que algo desse errado. Eu queria segurar a mão de Newt, porém não podia e aquilo estava me matando.

Mas depois de um tempo conseguimos passar sem que ninguém nos reconhecesse.

Entramos em um andar qualquer, pelas escadas e, assim que percebemos que estávamos sozinhos, Gally conseguiu desativar as câmeras daquele lugar.

Tirei a máscara no mesmo instante, já que ela estava me sufocando.

-Eu vou ficar aqui – Gally disse – Vou desativar outras câmeras e tentar ter acesso ao sistema local. Vocês vão atrás de Minho com Teresa. Não se esqueçam dos outros garotos.

-Pode deixar – Thomas disse olhando para a garota ao nosso lado, que não tinha aberto a boca em nenhum segundo.

Virei para o outro lado e observei Newt encostado na parede, respirando fundo e com os olhos fechados. Ele estava piorando, era evidente. Sua testa estava um pouco suada e seu rosto estava mais pálido do que o normal. Ele parecia estar cansado e suas mão tremiam um pouco.

Olhei para Thomas. Ele me encarava e com o olhar eu sabia o que ele queria dizer: tínhamos que ser rápidos.

Depois olhei para Teresa. Ele encarava Newt um pouco assustada, como se finalmente estivesse entendido a real situação que estávamos passando. Seu olhar se direcionou para mim, assustada. Supliquei para que ela me ajudasse.

Me aproximei de Newt e passei meus braços ao redor dos ombros dele.

-Quer continuar? – eu sussurrei.

Ele me encarou um pouco bravo, como se não aguentasse mais eu falando aquilo.

-Já disse que sim – ele respondeu um pouco rude e se distanciou de mim, colocando a máscara e voltando a andar.

Suspirei com aquilo. Era muito difícil ver aquilo.

-Vamos – Thomas disse colocando a máscara e seguindo ele.

Fiz o mesmo e fiquei ao lado de Teresa, porém ela continuou quieta, sem falar nada.

Assim que entramos em um elevador, quando estava prestes a fechar, um homem entrou correndo no mesmo. Era o homem rato, o mesmo que tinha mandado a gente para o labirinto. O mesmo que perseguia todos nós.

Gelei na hora.

-Oi Teresa – Jason disse sorrindo. – Trabalhando nessa hora?

-Sim – ela disse sorrindo.

Fiquei rezando para que ela não dissesse nada. Teresa estava ao nosso lado, eu sentia aquilo.

-Preciso te falar uma coisa – ele disse – Thomas está aqui.

Senti meu coração parar na mesma hora.

Já segurei minha arma com mais força, pronta para a luta.

-Ele está na região – Jason completou – Provavelmente vai atrás de você.

-Bom saber – ela disse e eu notei nervosismo em sua mão.

Esse elevador não chega nunca?

-Bom, até mais – ele disse e saiu em um andar. Soltei minha respiração que eu nem reparei que estava prendendo.

-Isso foi tenso – Thomas sussurrou assim que Jason saiu.

Não aguentei e ri.