-NÃO! – gritei com toda a força que eu podia.
Foi o suficiente para interromper ambos de fazerem qualquer coisa. Eles olharam para mim e ficaram me encarando.
Corri na direção dos dois. Minhas pernas e mãos tremiam e eu senti meus olhos enxerem de lagrimas só de pensar no que poderia ter acontecido.
Assim que alcancei os dois, me ajoelhei perno de Newt e o abracei.
-O que vocês estavam fazendo? – eu perguntei com a voz rouca, desesperada.
Thomas me encarava com a boca aberta. Eu não saberia dizer o que estava passando em sua cabeça. Ele abaixou a arma e encarou o chão, mordendo os lábios com o dente.
Não consegui olhar para Newt. O mesmo ainda estava em meus braços e eu não tinha coragem de tira-lo dali.
-Emily... – Thomas começou a murmurar, balançando a cabeça.
-Chega! – eu interrompi – Eu dou um jeito nisso.
-Mas...
-Thomas! – eu gritei já irritada – Teresa precisa de você.
Thomas pareceu finalmente cair na realidade e me olhou preocupado.
-Eu preciso que você confie em mim – eu disse tentando me acalmar – Ela é nossa amiga! Ela te ama! E ela nos salvou! E agora ela precisa de ajuda.
Thomas se levantou em um salto, ainda atordoado.
-Vá até o penúltimo andar no prédio do CRUEL – eu continuei – Ela precisa de ajuda.
Thomas encarou o prédio que estava um pouco distante da gente.
-Vai logo! – eu disse um tanto desesperada – E toma cuidado.
Thomas não disse uma só palavra. Mas seu instinto protetor era visível em seu olhar. Ele encarou Newt em meus braços por um tempo e depois voltou a olhar para o prédio.
E então ele saiu correndo.
Respirei fundo e apertei Newt mais forte em meus braços. Sua cabeça estava encostada em meio peito e eu sentia sua respiração pesada.
-Newt – eu sussurrei me afastando dele e segurando seu rosto com minhas mãos – Eu estou aqui.
Meus olhos voltaram a encher de lagrimas quando eu lembrei do que poderia ter acontecido há um tempo atrás. Olhei para cima tentando evitar que elas caíssem.
-Eu não aguento mais – ele disse e aquilo partiu meu coração.
-Você não pode desistir – eu disse finalmente o encarando.
E aquilo me assustou. Newt tinha piorado muito em um intervalo de algumas horas. Seus olhos estavam quase pretos, suas veias estavam roxas e saltadas para fora, havia hematomas pelo seu rosto e seu olhar era uma mistura de pânico e loucura.
-Me mata Emily – ele disse balançando a cabeça de um lado para o outro – Não me deixa virar um deles.
-Eu não vou...
-Eu não posso te machucar – ele continuou falando – Não aguento mais...
Ele respirava fundo, concentrado em sua respiração. Ele estava tentando se controlar. Seus braços tentaram me afastar e suas mãos apertavam meus pulsos com força.
-Newt – eu disse puxando seu rosto com dificuldades e o forçando a olhar para mim – Você confia em mim?
Newt ficou quieto, seus olhos balançavam de um lado para o outro, em uma expressão de loucura.
-Newt! – eu gritei chamando sua atenção.
-Sim... – ele murmurou baixinho.
Peguei o frasco que eu tinha guardado em meu bolso.
-Eu dei uma carta minha para o Tommy – ele voltou a falar – Eu quero que você leia.
Ignorei suas palavras e comecei a abrir o frasco.
-Emily – ele disse – Por favor, me deixa ir.
Tentei não me concentrar em suas palavras, que estavam me machucando demais. Newt começou a se debater em meus braços, tornando a situação muito mais difícil. Ele estava tentando sair e era mais forte que eu.
-Newt – eu disse voltando minha atenção para ele – Eu preciso que você tome isso.
-Emily, eu não posso... Não dá mais! – ele dizia de olhos fechados.
-Newt! Por mim – eu pedi aproximando o frasco de sua boca. Ele começou a murmurar palavras sem sentidos.
Cada vez mais ele se afastava. Cada vez mais o meu Newt ia embora.
Coloquei minha outra mão em seu rosto, sendo suficiente para acalma-lo um pouco.
-Eu estou aqui – eu sussurrei enquanto derrubava o liquido em sua boca.
E ele tomou.
Eu não sabia como aquilo funcionava. Ou melhor, eu não sabia se aquilo funcionava. Olhei para cima, pedindo para seja lá quem for, me ajudar e fazer aquilo funcionar.
Puxei Newt para mais perto de mim e voltei a encostar a cabeça dele em meu peito. Sentei no chão e apoiei o corpo inteiro dele no meu. Encostei meu queixo em sua cabeça e fiquei fazendo carinho em seu cabelo.
Agora só me restava esperar e ver no que aquilo ia dar.
Não sei quanto tempo eu fiquei ali. A única coisa que eu pedia era para aquilo dar certo. Um tempo depois senti passos atrás de mim e me virei rápido, me deparando com Minho e Gally.
Ambos olharam para Newt em meu colo com olhares tristes.
-Não... – eu sussurrei mais para mim mesma e olhei para seu rosto.
Newt estava com os olhos fechados. Senti meu coração falhar uma batida.
Mas depois do que pareceram minutos, percebi seu peito subir e descer com dificuldades.
-E..ele está vivo – eu disse sentindo um sorriso se formar em meus lábios.
Minho e Gally se aproximaram e conferiram sua respiração.
-Precisamos tirar vocês daqui – Minho disse passando os braços ao redor de Newt.
Confesso que odiei aquela separação. Uma parte de mim queria ter ele em meus braços para sempre e nunca mais deixa-lo sair. Eu acreditava que talvez minha presença estivesse deixando ele vivo, como ele sempre disse para mim.
Mas deixei que Gally e Minho o carregassem.
-O Berg está estacionado aqui do lado – Minho disse apressando os passos – Precisamos sair daqui logo, a cidade vai cair.
Parei de andar assim que notei algo.
-Thomas! – eu gritei chamando a atenção dos dois – Ele está no prédio do CRUEL!
Gally também parou de andar e me encarou com ódio.
-Aquele prédio está caindo! – ele gritou e eu senti uma sensação horrível com suas palavras, como se não pudesse respirar.
Aquele pesadelo não acabava.
E eu tinha acabado de mandar meu irmão para a morte.
-Emily – Minho disse me olhando preocupado – Você está bem? Calma! Nós vamos dar um jeito.
Me virei e comecei a correr na direção oposta.
-Emily! – Minho gritou e um tempo depois apareceu na minha frente, me impedindo de continuar – Vamos para o Berg! É mais seguro de lá.
Encarei o prédio do CRUEL pegando fogo na minha frente. Meu irmão e minha melhor amiga estavam lá. Olhei para trás, Newt ainda estava desmaiado e eu não sabia se daria certo.
Ajoelhei mais uma vez e senti um soluço escapar de minha garganta.
-Hey trolha – Minho se ajoelhou na minha frente – Não se desespere. Vamos lá.
Senti Minho passar seus braços ao redor de minha cintura e me ajudar a levantar.
Começamos a andar um pouco mais rápido até o Berg. Gally carregava Newt em seus braços.
Assim que avistei Jorge e o Berg consegui ter forças para andar sozinha. Entramos nele e Jorge começou a decolar.
-Precisamos ir até o topo do prédio do CRUEL – Gally gritou – Vamos dar um jeito.
Respirei fundo e observei Newt se colocado deitado no chão do Berg. Fui ao seu lado e passei a mão em seus cabelos.
-Vai ficar tudo bem... – eu murmurei ainda com lagrimas nos olhos.
Mas nem eu sabia se aquilo era verdade.
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