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História A Garota das Visitas Noturnas - Não Vire Seu Rosto, Olhe para Mim!


Escrita por: Anonymous-san

Notas do Autor


NA FOTO: "O amor não tem gênero"

BITCHES, HELLOOOOO

Preparadas para sofrer? Chorar, bate a cabeça no computador e mandar a sociedade ir se fuder? Por que esse cap tá fodasticamente lacrador de corações, destruidor de esperanças, assassino de autoras (kkkkkkkk não me matem ._.)
BORA LÁ BANDO DE DOIDO:

Capítulo 22 - Não Vire Seu Rosto, Olhe para Mim!


Fanfic / Fanfiction A Garota das Visitas Noturnas - Não Vire Seu Rosto, Olhe para Mim!

Linkin Park - Heavy

(Pesado)

A casa do Hajime sempre lhe parecia mais aconchegante do que qualquer outro lugar. Não sabia o que naquele quarto lhe fazia se sentir em casa, no lar que nunca pareceu ter. Talvez fosse a cumplicidade que compartilhavam com suas conversas e planos.

I don't like my mind right know
Eu não gosto de minha mente neste instante

Estavam passando a tarde, jogando conversa fora, imaginando como suas vidas seriam em alguns anos. Afinal, estariam no último ano da escola dali a alguns meses. Mas, em meio as palavras trocadas, havia muito mais perambulando nos pensamentos do Oikawa.

Lembrava de ter dito, pela manhã, no corredor da escola, que iria contar aos pais sobre...tudo. Recordou ter feito a decisão em sua cabeça, mas a determinação não parecia facilitar o que estava prestes a fazer.

Eram tantas possibilidades. Tantas reações que seus pais podiam ou não ter. Tantos medos, tantas dúvidas que invadiam sua cabeça, que não parecia ser capaz de se concentrar na conversa.

- Tooru? - o Hajime indagou, olhando para o namorado subitamente silencioso - Tooru! - chamou, conseguindo a atenção do outro. - Está preocupado com alguma coisa?

Stacking up problems that are so unnecessary
Acumulando problemas que são tão desnecessários

- Ah - Passou a mão pelos cabelos desgrenhado devido ao tempo que passara deitado, falhando em não parecer nervoso. - Eu marquei um jantar com meus pais.

O moreno demorou um pouco para entender o que se passava, até que lembrou da conversa que tiveram anteriormente, no colégio. Ir mais que soubesse que, uma hora ou outra Tooru teria que enfrentar os pais, não podia imaginar como estava sendo difícil para o maior.

Sabia que, apesar de todas as ofensas e do internato em Londres, o capitão do time era incapaz de odiar os pais. Mesmo com a sua presença quase fantasma, ele amava a família nos pequenos detalhes. Nas memórias felizes, no calor do abraço da mãe, ou em um comentário sutilmente orgulhoso do pai. Por isso, sabia que este seria um momento delicado para o outro, mas não podia deixar que ele vivesse se escondendo às sombras de uma mentira, não sendo capaz de viver uma felicidade mais livre.

- Quando? - Se ajeitou na cama, puxando a cabeça de Oikawa para seu colo, estudando as pernas para que suas coxas servissem de travesseiro - Deixa que eu arrumo isso...

Iwaizumi começou a passar os dedos pelos fios emaranhados do outro, recebendo um agradecimento. Momentos como aquele faziam com que o maior tivesse certeza de que aquilo era certo. E não havia ninguém com o direito de contradizer os dois.

I wish that I could slow things down
Eu queria poder desacelerar as coisas

- Hoje à noite - Finalmente respondeu, suspirando. Sentiu uma mudança no Hajime, que passou a afagar seus cabelos. - Vamos à um restaurante...

Pensou milhares de vezes nisso, antes de cogitar a possibilidade de falar algo aos pais. Mesmo que sofresse se escondendo, ainda tinha o namorado ao seu lado, e podiam ir contra o mundo em anonimato. O pânico era tão reconfortante, que tinha medo de se expor aos preconceitos de seus progenitores.

I wanna let go but there's comfort in the panic
Eu quero estar livre, mas há conforto no pânico

O medo de que as coisas que aconteceram no passado voltassem a se repetir, e fosse separado forçadamente da pessoa que amava, tentavam levar a melhor à cada debate mental que tinha sobre contar ou não. Mas decidiu fazer isso pelo Hajime, por eles. Por si mesmo.

Yeah, I find myself crazy
Cause I can't escape the gravity

Sim, eu enlouqueço 
Por que não posso escapar da gravidade

Sentia que seu mundo ficaria sem chão se o namorado não estivesse nela, ainda mais quando ele passava as mãos por seu cabelo e sussurrava palavras doces e sem sentindo, assegurando-lhe de que as coisas iriam se ajeitar no final.

- Você quer que eu vá? - Não tinha certeza se era o certo, mas faria tudo pelo moreno aos alto. - Posso ir se quiser.

- Não seria bom, não é? - Segurou a mão que serpenteava por seus cabelos rebeldes, entrelaçando seus dedos longos aos do outro. - Acho que preciso resolver isso com eles primeiro. Quero te apresentar em um dia melhor, eles precisam ter uma boa impressão da pessoa que eu amo.

O Hajime sorriu com a consideração, se sentindo um bobo ao ser afetado por coisas tão bobas. Simples frases tinham um grande impacto quando eram ditas pelo capitão do time da Aoba Jousai.

- Eu preciso ir, tenho que me arrumar - Tooru falou, após alguns minutos em que apenas ficaram se olhando nos olhos. - Eles vão me encontrar no restaurante, então ainda tenho um tempo 'pra me preparar mentalmente.

-- // --

Enquanto estava colocando o blazer acinzentado por cima da camisa branca, olhou-se no espelho.

Não viu nada além de um ser humano , normal em aparência, um garoto perto de se transformar em homem. Cabelos castanhos, pernas longas, óculos elegantes. Os mesmos órgãos que todos possuíam estavam em seu interior, as mesmas proteínas, os mesmos músculos, os mesmos tecidos.

Por que, então, se sentia tão diferente?

Por que, então, se sentia tão errado?

Por que, então, se sentia tão julgado?

Era difícil entender por que as pessoas não eram simplesmente capazes de aceitar o direito dos outros de sentirem o que sentem. Pessoas eram reprimidas por amar, por não considerem com o corpo em que habitavam, por não se sentirem atraídas por outros. Eram julgadas e rotuladas por tudo, menos pelo caráter.

I'm holding on
Why is everything so heavy?

Estou aguentando
Por.que tudo é tão pesado?

Sentiu uma lágrima quente se esgueirando por sua bochecha, é puxou-a de volta, passando as costas das mãos pelos olhos. Fungou, tentando respirar fundo em seguida, para manter o controle. Precisava ser forte. Precisava continuar segurando as pontas por mais um pouquinho.

Holding on
There's so much more than I can carry

Aguentando
Há muito mais do que do que consigo carregar

Levou um tempo para que seus olhos deixassem o tom avermelhado para trás, é assim que se normalizou, chamou o motorista. Entrou no carro pensando em como começaria a conversa, e chegou no local sem conseguir encontrar uma resposta que lhe assegurasse da decisão tomada. Ainda assim, parecia a hora certa de fazer aquilo.

Foi guiado até a recepção do restaurante, e logo confirmou seu nome na lista de reserva, indo em direção à mesa. Passou por famílias, casais, amigos e conhecidos, todos muito ocupados com a própria vida para se importarem com um mero garoto visivelmente deprimido que passava por suas mesas.

Sentou-se na cadeira, grato por poder ficar em paz para pensar mais um pouco. Seus pais não tinham chegado, entoa aproveitou para se perder em seus pensamentos.

I keep dragging around what's bringing me down
If I just let go I'll be set free

Continuo arrastando comigo as coisas que me derrubam
Se as deixasse ir, iria me libertar

Avistou o casal andando na direção de sua mesa, sendo guiados por uma das garçonetes. A garota sorriu para si quando todos chegaram a mesa, e respondeu com um sorriso educado, chamando a atenção de seus pais.

- Ela está completamente na sua - a mãe falou. Continuava tentando se integrar com as 'gírias da nova geração'. - Tenho certeza.

- Menos, Sasha, - o homem a repreendeu, s emperrando inflexível como sempre - nosso filho está envergonhado.

Não diria envergonhado, talvez irritado, ou indignado. Sua mãe continuava tentando aproximar-se, talvez pela culpa de não ter impedido o marido de mandá-lo para longe, mas acabava dando uma bola fora na maioria das vezes.

- Oh, me desculpe, amor.

- Tudo bem - respondeu, enquanto Satoru, seu pai, colocava seus óculos de grau para enxergar os nomes no cardápio estupidamente caro.

Brincou com os dedos por debaixo da mesa, se lembrando que ainda tinha dezessete anos, e seu emocional não era exatamente forte ou estável. Não poderia enrolar a noite toda, pois acabaria explodindo e jogando a informação de maneira descuidada, ou perdendo a coragem de falar algo.

You say that I'm paranoid
But I'm pretty sure the world is out to get me

Você diz que sou paranóico
Mas tenho certeza de que o mundo está contra mim

Respirou fundo, ouvindo o pai lhe perguntar se preferia refrigerante ou um dos coquetéis sem álcool. Preferiu a última opção, distraído pela imagem sedutora de um drink com morango e outras frutas vermelhas, além de ingredientes que deixavam sua boca ainda mais salivando. Com o pedido feito, e o prato de entrada tendo sido escolhido, a atenção dos progenitores - pelo menos uma vez na vida - se concentraram completamente em si.

- Então filho, como está? - Para sua surpresa, foi o homem quem começou a conversa, enquanto segurava na mão da esposa. - Algum problema?

- Ficamos preocupados quando sua ligação chegou no escritório. Seu pai me ligou assim que terminou de falar contigo.

Nada menos justo.

- Eu precisava conversar com vocês. - Era a hora. O momento de jogar todas suas preocupações na mesa, e mostrar sua identidade sem vergonha. - algo que me incomoda desde Londres.

A última palavra pareceu lhes chamar a atenção, mas viu em seus semblantes ainda tranquilos que não haviam feito a conexão que esperava. Teria de falar sem enigmas. Eles precisavam entender claramente o que tinha de lhes contar.

- E o que preocupou você por tanto tempo, meu filho? - Filho? Será que ainda lhe chamariam daquele jeito quando soubessem de sua "depravação"?

- Está tudo bem? - Satoru questionou.

Só entendeu a pergunta depois de sentir algo molhando seu rosto. Estava chorando, ótimo. Melhor ainda foi o olhar da garota que lhes entregou a bebida. Seus pais, sempre educados demais, agradeceram e logo voltaram para o filho. As lágrimas desciam por seu rosto, mas ele não expressava nenhuma emoção. Estava estático.

O choque o atingiu quando sua mãe esticou os dedos repletos de anéis brilhantes e segurou sua mão com afeto, beijando-a. O pai apenas olhou em seus olhos, acenando como se o incentivasse a continuar. Era a impressionante que o patriarca da família Oikawa deixou passar e ignorou sua demonstração de fraqueza.

It's not like I made the choice
To let my mind stay so fucking messy

Não é como se eu tivesse escolhido
Deixar minha mente tão bagunçada

- Eu...não sei como falar isso...

- Apenas fale, meu filho - o mais velho disse, encorajando-o mais uma vez. A mãe assentiu às palavras do marido.

Rezou, mesmo que não fosse um crente fiel, para que continuassem olhando-o da mesma maneira. Que continuassem o considerando parte da família, e que não o mandassem para um hospício para ser curado. Queria ser aceito. Era tão impensável assim?

Era pedir demais ser amado pela própria família, após se mostrar como realmente era? Por que achava justo que eles o amassem, sendo que ainda os considerava com todo o coração mesmo depois do episódio de Londres. Podia ter guardado rancor, mas achou impossível odiar os pais. Talvez eles achassem que estavam fazendo o melhor para seu querido filho, mas não estavam. Estavam apenas machucando-o mais.

Respirou fundo outra vez, se concentrando na imagem do namorado, com seu sorriso gentil e seus olhos calorosos.

- Pai, mãe... - Era a hora. O último chamado. - Eu sou, e-eu sou...gay.

Era a reação que esperava do pai, mas nem por isso doeu menos do que havia imaginado. Suas lágrimas correram soltas e suas palavras morreram em um fio de voz, enquanto sua mão - solta pela mãe - apertava o tecido da calça social. Satoru levara a mão à boca, olhando-o com surpresa, tristeza e desapontamento. Os olhos do homem se anuviaram teimosos, contra sua vontade, enquanto ele tentava negar.

Seu filho, deturpado pela juventude e pelos desejos depravados que deveriam se manter escondidos. Não queria aceitar que seu sonho de família perfeita - de netos - estava acabada. A mulher, pelo outro lado, apenas chorava com as mãos em frente ao rosto. Temia pelo filho. Temia pelo que ele poderia enfrentar. E, até certo ponto, compartilhava das preocupações do marido.

- Eu, eu..me - As palavras teimavam a deixarem sua boca, enquanto lutava contra os soluços que queriam acometê-lo. - Me...

- Não, - o mais velho interferiu. Não precisava ouvir aquilo. Não queria mais uma evidência de que aquilo era real - não fale mais nada. Não preciso ouvir isso.

- Pai, por favor! - Exclamou, implorando que lhe desse atenção. Ainda era parte dauqela família, não? - Mãe?

A mulher não respondeu, concentrada demais em sua própria tristeza para ver o sofrimento do filho. O rapaz levou a mão ao peito, sentindo uma dor aguda. Chorou, com toda a força, com todos os músculos. Doía, doía demais. Deus - se ele existia - estava sendo cruel, achando que Oikawa era capaz de aguentar aquela rejeição.

Só precisava que passassem a mão por sua cabeça e dissessem que tudo ficaria bem. Já não era demais ter que enfrentar o desprezo da sociedade, ainda teria de fazê-lo sozinho?

Pelo menos tinha o Hajime ao seu lado.

- Não virem seus rostos, eu estou aqui! - pediu, chamando a atenção dos outros no restaurante, que encaravam a cena com estranheza. - Olhem para mim! Eu sou o filho de vocês, não sou?

A falta de resposta cavou um buraco ainda maior em seu coração. Estava sendo abandonado por amar alguém, apenas por que não ia de acordo com o que alguns consideravam 'certo'. Chegou a se perguntar se havia pecado em sua vida anterior, e se aquela não seria sua punição. Ainda assim, ninguém merecia aquele tipo de dor.

- Não sou? - Sua voz estava fraca, e o pai ainda insistia em fechar os punhos e não dizer nada, enquanto a mulher continuava com seu choro. - Eu apenas amo o Iwaizumi, e vocês decidem me deserdar...

- Eu não preciso disso! - Seu pai bateu com a mão na mesa, sobressaltando Sasha, que saiu de seu devaneio com um pulinho na cadeira. - Você me envergonha, moleque! Ainda mais com aquele lá?

- Ele não é qualquer um! - Podiam dizer o que fosse, mas não do Hajime. Ele não tinha nada a ver com sua família preconceituosa. Era seu namorado, e devia ser defendido. - Você não pode falar dele assim.

- Eu faço o que eu quiser! - Gritou, enquanto a esposa se agarrava a seu braço, tentando impedí-lo de fazer algo, e pedindo que parasse. - Eu vou mandar você de volta para Londres, não curaram sua doença direito.

- Eu não sou doente, vocês são, com toda essa ignorân...

O tempo congelou, e Tooru pode perceber as reações de surpresa pelos inúmeros rostos que ocupavam as mesas do restaurante antes mesmo de sentir o impacto. Um, dois três. Contou os três anéis do legado da família de encontro à sua bochecha. A ardência foi acompanhada pelo cessar temporário das lágrimas. Levou a mão à superfície avermelhada, para ter certeza de que era verdade.

- Satoru! - Gritou Sasha, incrédula, mas sem fazer menção de sair dali para ir até o filho.

- Eu tinha esperanças de que vocês iriam me perdoar. De que continuaríamos sendo uma família...

- Cale a boca! - esbravejou o patriarca dos Oikawa.

- Eu espero que sejam felizes sem essa imundície - colocou a mão no próprio peito - por perto.

Sentiu o corpo fraquejar, mas manteve o tom de voz, se virando e caminhando em direção à saída do restaurante, tentando não olhar para trás. Passou pela entrada, esquecendo-se de pegar o sobretudo, enfrentando a noite fria sem nenhuma proteção.

Ele e sua dor, de mãos dadas, noite afora. Sozinhos contra o mundo. Sem família, apenas um sorriso caloroso o esperando em uma casa que mal era sua. Era assim, nunca teria sua família de volta. Mesmo imperfeita, cheia de problemas e divergências, tinha sido sua.

Agora nem isso possuía.


Notas Finais


WOWOWOWOWOWOWOWWOWOWOWOWOOWOOWWOOWOWOWOW

Acho que vou começar a escrever meu testamento, vai que alguém tenta me matar, né @KageyamaTobio ?

Adeus mundo, amo vocês meus leitores lindos <3


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