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História A garota do porão - Camren - O segredo de Camila


Escrita por: m-issbrightside

Notas do Autor


Ei, meus bolinhos! Como estão?

Antes de começarem a ler esse capítulo, tenho um pedido realmente importante para vocês. Conforme havia comentado, comecei a escrever minha nova fanfic Camren essa semana e gostaria mesmo que dessem uma chance ao primeiro capítulo e me deixassem saber, caso estejam gostando. O Spirit não permite a postagem de links aqui, então eu vou pedir que vocês acessem minhas histórias e selecionem a nova fic, se chama December. Obrigada mesmo!

Bem, todo o desenrolar desse capítulo terá uma explicação no próximo, então espero que se sintam tão animados quanto eu para continuar.

Boa leitura, amores! <3

Capítulo 18 - O segredo de Camila


Fanfic / Fanfiction A garota do porão - Camren - O segredo de Camila

Quando a segunda-feira chegou, Lauren sentiu que estava sendo arrancada de seu paraíso particular e obrigada a encarar a dura realidade, que consistia no fato de que ela teria que aguentar as próximas seis horas sem sinal de Camila pela casa, e encontrar qualquer coisa para fazer no quarto da garota que garantisse uma passagem rápida do tempo até lá. Lauren adorava a família Cabello, ela gostava do humor hospitaleiro de Sinu, sempre gentil e pronta para ajudar, da abordagem divertida de Alejandro e da doce existência de Sofi, mas não podia evitar sentir-se levemente deslocada sem a presença de Camila. Por isso, quando o dia amanheceu e o despertador tocou próximo ao local onde estava repousando a cabeça da garota ao seu lado, ela preguiçosamente puxou os cobertores para perto do pescoço e se lamentou, com um grunhido impossível de traduzir. 

- Bom dia, Lolo. - Camila desejou, com o rosto ainda amassado pela noite de sono e os olhos abertos apenas em frestas.

- Camz, é muito cedo...- Lauren argumentou, sem empolgação. - Você pode ficar mais um pouquinho. 

- Eu não posso faltar a escola, Lo. - Camila rebateu, docemente. - Preciso anotar tudo para você - ela bocejou. - Eu prometi, prometi ao tio Mike. 

- Certo, nena. Acho que eu perdi essa. - Lauren sentou-se na cama, esfregando os próprios olhos. - Bem, então vamos lá, acho que é melhor eu começar a procurar seus óculos.

- Ah não, fique na cama! - Camila insistiu, começando a se colocar para fora. - Você pode dormir mais um pouco, papa vai ao trabalho, Sofi para a escola e mama sempre está fora pela manhã. - ela se inclinou para a testa de Lauren, plantando um beijo. - Fique aí. 

- Não mesmo, eu vou descer com você e arrumar qualquer coisa para fazer até que esteja de volta, vai passar muito mais rápido assim. - a garota se levantou rapidamente, como que em um único movimento, esticou as costas e manteve os olhos semicerrados, observando o modo como Camila observava seu corpo surgir debaixo do pijama conforme ela jogava os ombros para trás. 

- Eu vou sentir sua falta. - Camila afirmou, caminhando para perto da outra. 

- Me prometa que vai se cuidar e ficar perto de Dinah. 

- Dinah está aborrecida, Lolo. - Camila virou os olhos e encostou a lateral do rosto no ombro livre de Lauren. - Ela nem sequer respondeu minha mensagem. 

- Eu tenho certeza de que vocês vão resolver isso rapidamente e talvez você deva começar a pensar em contar a ela. - Lauren opinou, cuidadosamente, enquanto acariciava o rosto de Camila apoiado em seu ombro. 

- Sobre o quê? - a menor questionou, parecendo realmente confusa. 

- Sobre você não se lembrar completamente a respeito da amizade de vocês, Camz. Eu não quero parecer invasiva sobre isso, mas acho que o que está bloqueando seus pensamentos em tantos sentidos, talvez seja o medo de deixar isso escapar. - Lauren passou os braços ao redor da cintura da garota, garantindo que iria mantê-la por perto. 

- Não...- Camila sussurrou, enquanto buscava suas palavras. - Você prometeu, Lolo. - ela direcionou o rosto para os olhos da garota. - Que não iria contar, é um segredo.

- Sim, nena, está tudo bem, é um segredo. - Lauren beijou a lateral do rosto de Camila. - Eu só estava te aconselhando, tudo bem? 

- Eu não sei como dizer a ela. - Camila confessou, abaixando os próprios olhos.

- Você vai saber quando chegar a hora. - Lauren deu um sorriso alegre, tentando motivar a menina. - Afinal, é apenas o começo da semana.

Repentinamente, ambas as garotas se lembraram de que o início da semana significava alguma coisa. Na verdade, significava algo extremamente desagradável na opinião de Camila e empolgante, na visão de Lauren. Era o dia da aula de Educação Física, a única coisa que Camila detestava mais do que seminários. De forma instantânea, a mesma insegurança que Camila sentiu em sua primeira aula no ginásio apoderou-se de sua consciência sem que pudesse reagir, ela sabia, com toda certeza, que a única razão para que pudesse enfrentar os jogos com as outras garotas, era o fato de que Lauren estava ao seu lado, sempre se adiantando para ajudá-la e garantindo que a deixassem em paz até o fim do tempo. Seria realmente difícil fazer aquilo sozinha. 

- Hoje...hoje é segunda-feira. - Camila balbuciou, deixando o abraço de Lauren e parecendo decepcionada.

- Eu sei, Camz. - Lauren voltou a se aproximar, correndo os dedos pela expressão perdida da garota. - Hoje é dia de Educação Física. - ela levantou levemente o queixo de Camila com a ponta de seu dedo. - E está tudo bem, sabia?

- Não...- Camila respondeu, naturalmente. - Eu não posso fazer isso sozinha.

- Ah, você pode sim, amor. - Lauren disse, propositalmente. - Você pode porque é uma garota incrível, capaz de enfrentar coisas muito maiores do que uma simples aula de Educação Física, e além do mais, Ally vai estar lá para qualquer imprevisto. Faça como eu te ensinei, se mantenha o mais afastada possível do lugar onde a coisa realmente pega fogo, você sabe que as garotas tem tendência a se amontoarem em alguma parte do campo, e se chegar até você, apenas passe para quem estiver com o colete da mesma cor que o seu. Ok?

- Eu não sei, Lolo. - Camila passou as mãos no próprio rosto. - Eu quero ficar aqui com você.

- Sei que quer, nena. - Lauren admitiu. - Mas você precisa ir, certo? Porque assim vai estar me ajudando também, eu preciso das matérias e principalmente, que ninguém perceba que estamos juntas, aqui na sua casa. Você pode fazer isso, eu sei que sim.

- É, eu posso fazer isso. - Camila repetiu, como se quisesse convencer a si mesma, e Lauren soube que havia usado o seu melhor argumento, Camila não negaria nada que a pudesse ajudar de alguma forma. 

Todos os instantes até o momento em que Camila cruzou a porta para fazer seu caminho até o colégio, passaram de forma melancólica. Pela primeira vez desde que Lauren chegara, ela não insistiu para que a garota comesse cereais e até se esqueceu de separar os amarelos em sua tigela, o que significava que a ideia da Educação Física ainda estava consumindo sua mente. Lauren havia dado a ela seu antigo casaco azul marinho, para que levasse algo com seu cheiro, ela tinha certeza de que ninguém no colégio o reconheceria porque ela uma peça que costumava usar apenas nas férias - já que não combinava com seu estilo quando capitã das Ninfas - e era realmente antigo, uma peça da oitava série, que já não servia bem na largura das suas costas, por sorte, Camila era menor e mais franzina. 

- Lauren ainda vai estar aqui quando você voltar, querida. - Sinu garantiu, tentando consolar a filha. - E afinal, por que é que Dinah não veio para acompanhá-la? Justo hoje, um dia importante. 

Camila não teve tempo de se afundar nos seus pensamentos e revirar cada detalhe do último momento com Dinah, nem de se sentir triste pela ausência da garota, antes que pudesse sequer digerir o que a mãe havia dito, a campainha da casa soou alarmante. 

- Eu sabia! Aposto como ela não iria me decepcionar. - Sinu se colocou a dizer, caminhando para a porta, agitada. 

Dinah estava parada do outro lado, com seu gloss labial exagerado e os cachos perfeitamente redondos em seu cabelo. Ela vestia uma roupa bonita mesmo, como se tivesse a quem impressionar, e de algum modo, parecia levemente insegura, como se não tivesse certeza do que estava fazendo ali mas precisasse estar mesmo assim. 

- Bom dia, Sinu. - Dinah cumprimentou a mulher, falando mais baixo do que o de costume. - Eu...eu vim ver se Camila quer companhia. - ela parou por um instante, como se estivesse tentando soar justificável. - Você sabe, para ir até a escola.

- Ah, sim, querida, claro! - a mulher afirmou, prontamente. - Estava agora mesmo falando sobre o fato de você ainda não ter aparecido, é muito bom que tenha vindo, muito mesmo! Eu estava receando por Mila ter de ir sozinha até o colégio, ela está meio tristinha sabe...- a mulher abaixou o tom de voz. - Por Lauren ter de ficar aqui. 

- Ah, é, eu entendo. - Dinah disse, desajeitada, parecendo conter as próprias reações. - Bem, então, ela está pronta?

- Ah, claro! Mas você não quer tomar um chocolate quente antes de ir? Ou levar algumas torradas? Estão fresquinhas! Coloquei gergelim, como vocês gostam. - a mulher ofereceu, bondosamente. 

- Eu aceito um chocolate. - Dinah sorriu, depois de checar as horas no visor do celular. 

Dinah nunca havia realmente brigado por Camila ou se desentendido a ponto de sentir vergonha de si mesma após a situação, a noite de Halloween foi o mais próximo que chegou de magoar a garota, e ela sabia disso. Sabia que deveria conter seu desespero para protegê-la, porque ele estava machucando-a, e sabia que teria de achar algum jeito de aceitar sua relação com Lauren, mesmo que fosse incapaz de entender completamente. Mas algo dentro de seu coração continuava pulsando de maneira latente sempre que pensava sobre aquilo, sempre que questionava a si mesma sobre a maneira como Camila passou a agir gentil demais, amorosa demais, aberta demais, todas as vezes em que Lauren se aproximava, e principalmente, sobre o quão rápida fora a aproximação. De repente, a garota de olhos verdes, a capitã do time de futebol, o mesmo time de futebol que atormentou Camila durante toda a vida escolar, estava vivendo debaixo do teto dos Cabello, e a melhor amiga de Dinah parecia mais do que satisfeita com isso, radiante. 

 - Chechee? - Camila questionou, mais para si mesma do que para qualquer outra pessoa, assim que Dinah atravessou a soleira da pota. - Você...você veio. - um sorriso espontâneo abriu-se em seu rosto. 

- Sim, Chancho, eu tinha de vir, não é? Não queria deixar você chorando de saudades e tudo mais. - Dinah brincou, adiantando-se para a amiga e cumprimentando-a com um abraço. - Eu ia esperar lá fora mas sua mãe me ofereceu um chocolate, e você sabe, não se nega um chocolate a ninguém. - ela riu, fazendo com que todas repetissem o gesto. - E ah, oi, Lauren.

- Lauren? - a garota de olhos esmeralda pronunciou. - Parece que estamos fazendo algum progresso. 

Mas Dinah não respondeu, ela não gostava de ter suas ações pontuadas e mesmo que estivesse claramente tentando agir melhor com a garota, muito mais em uma tentativa de se reaproximar de Normani do que qualquer outra coisa, ela preferia que agissem naturalmente sobre isso. Depois que Dinah tomou seu chocolate, as garotas foram até o portão para despedirem-se, Camila e Lauren passaram um longo tempo abraçadas, sussurrando coisas particulares e muito provavelmente melosas - como pensara Dinah - e em seguida, Lauren se aproximou para dizer qualquer coisa a garota mais alta. 

- Hoje é dia de Educação Física. - disse em voz baixa, enquanto Camila ajeitava as alças da própria mochila, tentando fazê-las parecer simétricas. - E bem, ela está com medo, sabe? Se você puder, checar isso de vez em quando...seria bacana. 

- Essa não é nenhuma novidade, Lauren. - Dinah afirmou, como se quisesse esclarecer o fato de que chegara ali primeiro. - Mas é claro que eu vou checar. E eu juro que se alguma das suas jogadoras triscar um dedo na Camila, vocês vão estar em falta para o próximo jogo. 

- Apoiada. - Lauren garantiu, sorrindo suavemente. - Bom, então, boa aula. 

- Bom..ah..descanso para você. - Dinah desejou, sem jeito mas honestamente.

- Tenha uma boa manhã, Lolo. - Camila respondeu, segurando levemente os dedos de Dinah entre as mãos. - Você pode ler meus quadrinhos, sabe onde estão. 

- Claro, nena. É o que farei. - Lauren garantiu, jogando um beijo com as mãos.

- E você também pode comer meus cereais. - Camila continuou, enquanto Dinah a arrastava calmamente rua acima. 

- Eu com certeza vou! - Lauren respondeu, um pouco mais alto para que a garota ouvisse de onde estava.

- E você pode ouvir meus CDs! - Camila gritou, há alguns metros de distância. - Eu tenho City and Colour!

- Camila, olha para a frente, por favor. - Dinah implicou. - Você vai tropeçar.

- Faça o que Dinah diz, Camz! - Lauren aconselhou. - Mesmo que eu não faça ideia do que seja. - sussurrou em voz baixa. 

O tempo passou mais rápido do que Camila gostaria até que a aula de Educação Física chegasse, ela não teve muitas oportunidades de realmente conversar com Dinah depois que chegaram na escola, mas o pequeno diálogo durante o caminho foi o suficiente para que esclarecessem as coisas, era isso o que Camila mais gostava sobre Dinah, ela era honesta o bastante para não precisar de meias palavras, para poupar o tempo e as emoções, simplesmente dizendo o que realmente estava em seu coração. E por outro lado, era exatamente isso o que fazia com que Camila sentisse tanto por não estar sendo totalmente verdadeira com a garota. Ela precisava admitir que suas esperanças estavam falhando, o único motivo pelo qual preferiu poupar Dinah de saber que não estava em suas memórias, era o fato de que esperava que pudesse recuperá-la com o tempo, mas isso estava demorando muito para acontecer.

De todo modo, Camila ainda não se sentia segura o bastante sobre si mesma, sobre o modo como empregava suas palavras, para finalmente deixar Dinah saber que não se lembrava sobre ela, embora o conselho de Lauren não saísse de sua cabeça. Isso não importa de verdade, ela é sua amiga agora repetia para si mesma mentalmente, e falhava em seguida ao tentar se convencer. Apesar da agonia em seus pensamentos, a garota tentou concentrar-se nas palavras da amiga enquanto faziam o trajeto, Dinah contou a ela que ainda não estava totalmente bem com Normani, dizendo que haviam caminhado até a casa da garota no dia seguinte ao Halloween, quando o desentendimento aconteceu, mas que Normani parecia realmente chateada com o modo com que ela havia se expressado, afirmando que estava cansada de ouvir as pessoas gritando ao seu redor, dando ordens umas às outras e nunca conseguindo agir civilizadamente. Então, por um milagre, Dinah simplesmente deixou a menina entrar em sua casa e pegou o caminho até o seu próprio lar em seguida, cansada demais para continuar a conversa, e na verdade, constrangida demais para conseguir dizer qualquer coisa. Dinah não estava acostumada a ter pessoas puxando a sua orelha, era autossuficiente e confiante o bastante para não se importar com o que pensavam do seu comportamento, por mais rústico que pudesse ser em alguns momentos, mas bem, Normani parecia, enfim, conseguir despertar aquela sensação desconfortável em Dinah de que deveria rever suas ações e o modo como lidava com as pessoas em geral, especialmente quando qualquer coisa chegava até Camila.

No fim das contas, Camila tentou voltar seus pensamentos o máximo possível para a situação entre Dinah e Normani, assim poderia esquecer um pouco dos próprios problemas e tentar encontrar uma solução para a amiga. A última coisa que ela disse, antes de se despedir de Dinah, foi que a amiga deveria procurar por Normani e se desculpar de uma vez por todas, além de tentar maneirar um pouco em seu temperamento exasperado. Dinah não concordou e também não se opôs, estava ocupada demais lembrando Camila de que ela deveria chama-la caso qualquer coisa acontecesse durante a aula e que independente disso, iria checar como as coisas estavam indo em algum momento, quando conseguisse licença para ir ao banheiro.

Quando o sinal tocou, lembrando Camila de que ela deveria ir até o ginásio, vestir suas roupas de jogo e se juntar às outras meninas, ela não sabia que a situação poderia piorar, mas foi informada disso assim que pisou na grande quadra coberta do colégio.

- Camila! Ainda bem que chegou, estávamos mesmo esperando por você. – a treinadora Mitchell se adiantou a dizer, no minuto em que os pés de Camila cruzaram a grande porta. - Eu disse para a Srta. Juno que você chegaria antes das outras garotas, sempre adiantada!

Camila estava decididamente confusa, seus olhos amendoados fitavam a bonita garota de pele negra, olhos castanhos e dreads no cabelo, dentro de um uniforme de enfermeira como o de Ally, que aguardava sorridente ao lado da professora.

- Ah, claro, deixe-me apresenta-las! – a professora tornou a dizer. – Essa é Ashlee Juno, Ashlee, como disse a você anteriormente, essa é Camila Cabello, uma das alunas exemplares do nosso colégio.

- É um prazer conhece-la pessoalmente, Camila. – Ashlee esticou a mão, cumprimentando Camila. – Ouvi falar muito bem de você.

- Eu...prazer em conhecer você, Ashlee. – Camila se limitou a dizer, evitando ser rude de alguma forma mas querendo fazer perguntas.

- Camila, conforme informamos seus pais há pouco, Ally teve um imprevisto pessoal esta manhã, algum problema com a saúde de sua mãe. Por isso, Ashlee será a pessoa responsável por oferecer qualquer cuidado que você precise durante a aula de hoje. – a mulher mexeu no apito abaixo de seu peito. – Mas é claro que faremos um treino leve.

- Professora, está tudo bem com a mãe de Ally? – Camila percebeu rapidamente a ingenuidade de sua pergunta. – Quer dizer, é algo grave?

- Bem, acho que Allyson não se importaria que eu contasse a você, ela realmente tem um grande carinho por toda a sua família. – a mulher fez uma pausa, como se estivesse pensando no que exatamente iria dizer. – A Sra. Hernandez sofre de sérios problemas com a escoliose, uma doença que afeta sua coluna vertebral, e sua última crise foi realmente séria. O pai de Allyson não pôde deixar a cervejaria para socorrer a esposa e por sorte, Ally é uma garota muito responsável e passou o domingo em casa, prontamente ajudando a mãe. O caso, Camila, é que Patrícia foi internada às pressas e não há previsão para que retorne, Ally terá de ficar com a mãe pelos próximos...dias. Esperamos que dias.

- Isso é...isso é horrível. – foi só o que Camila conseguiu dizer. – Eu gostaria de ajudar Ally. Se algo acontecesse com mama...eu estaria tão triste. – a professora viu uma lágrima se formar no canto do olho da garota.

- Tenho certeza de que você poderá conseguir uma visita no hospital em breve e Allyson ficará muito feliz em vê-la. – a Srta. Michel sorriu gentilmente. – Aí vem as meninas, é melhor começarmos a aula de uma vez. – E ah, Camila, eu sinto muito por Lauren Jauregui.

Camila não respondeu a frase da professora, simplesmente porque era ruim demais em parecer convincente quando estava mentindo e sentiu que qualquer coisa que dissesse soaria pouco verdadeira, ela não podia realmente falar sobre Lauren sem sorrir. As garotas logo compuseram uma roda, Camila ficou ao lado da professora, se sentindo mais insegura do que nunca, sem o olhar cuidadoso de Ally, embora a Srta. Juno parecesse uma pessoa bondosa, e principalmente, sem a proteção a qualquer custo de Lauren. E para piorar a situação, as garotas, especialmente as Ninfas, agrupadas em um só lado da roda, pareciam olhar para ela como caçadoras fariam com suas presas.

- Bem, a aula de hoje será bastante simples, acredito que o evento de Halloween tenha cansado vocês o bastante para precisarem de um descanso. – mentiu a Srta. Mitchell, que claramente estava preocupada com Camila e tentando fazer com que a garota sobrevivesse até o toque do sinal. – Vamos nos dividir em dois times para uma partida rápida de futebol, certo? Da forma que vocês já estão acostumadas, sem grosserias, serei uma juíza rigorosa hoje, portanto, respeitem umas às outras. – a mulher pareceu escutar as risadinhas maldosas que soavam atrás de sua cabeça. – Srta. Jordan, algum problema?

- Nenhum, professora. Eu só estou...empolgada. – A Ninfa Britney Jordan, uma das que faria qualquer coisa para ter a atenção de Lauren e portanto, qualquer coisa também para derrubar Camila, respondeu ironicamente.

- Vamos começar de uma vez, dividam-se em dois grupos a partir da minha posição. – ela apontou para a garota na outra extremidade do círculo, indicando como deveriam se separar.

Camila estava no time oposto ao de Britney e consequentemente, na equipe que possuía menos Ninfas, já que as garotas se agrupavam o suficiente para garantir que estariam juntas qualquer que fosse a situação. Seu estômago começava a revirar, ela estava ajeitando o óculos a cada cinco segundos, tentando garantir que permanecesse em seu rosto, e no minuto em que a treinadora apitou, indicando o início do jogo, seu começou a soar frio e suas mãos estavam mais trêmulas do que nunca. Camila evitava olhar para Ashlee porque não queria, mais uma vez, alertar seus pais e fazer com que achassem que era incapaz de lidar com as coisas, então, apenas tentou manter a voz suave de Lauren em sua cabeça se mantenha o mais afastada possível do lugar onde a coisa realmente pega fogo... e se chegar até você, apenas passe para quem estiver com o colete da mesma cor que o seu.

Ela tinha o colete vermelho então caso a bola viesse em sua direção, tudo o que teria de fazer era chutar para uma das garotas vestindo a mesma cor, não poderia ser tão difícil. Camila estava nos limites do que a quadra determinava, tão perto da linha que indicava escanteio que quase não eram capaz de nota-la, as coisas foram realmente bem nos primeiros dez minutos, era como se seu time estivesse jogando com um membro a menos mas elas não pareciam se importar, não até que ela fosse a responsável por uma cobrança para o time adversário. Camila não viu quando a bola correu em sua direção, esbarrou em suas coxas e foi pelo fundo da quadra. A treinadora apitou escanteio para o time verde e a capitã do seu próprio time, Alicia Sanz, caminhou furiosamente para ela.

- Se não vai ajudar, ao menos não atrapalhe, Cabello. – Alicia não era uma das garotas mais cruéis, nada perto de Amanda e Britney, mas o suficiente para dizer frases rudes quando algo a irritava. Camila balançou nervosamente a cabeça, como se quisesse expulsar a sensação de insegurança, ela sentia sua língua enrolar quando tentava pronunciar um simples pedido de desculpas.

- Qual o seu grau de autismo? – ela escutou Britney sussurrar quando se aproximou para fazer a cobrança.

- Eu não...- Camila se esforçou para responder.

- Você não o quê? – Britney provocou, fingindo ajeitar a bola, enquanto a Srta. Mitchell se aproximava de Ashlee para comentar alguma coisa, distraindo-se o suficiente para não perceber o início de um problema. – Você é uma aberração, Cabello. Eu não sei o que Lauren viu em você, ah sim, eu provavelmente sei, na verdade...deve ser a caridade do ano. Lauren é bondosa, sabia? Ela faz alguns projetos para ajudar as pessoas, às vezes, você deve ser a bola da vez.

Britney finalmente cobrou, deixando Camila paralisada, com lágrimas em seus olhos. A garota retirou os óculos para limpa-los em sua blusa, já que as lentes estavam suficientemente embaçadas para que não enxergasse a majestosa figura de Dinah Jane espionando através de uma fresta na porta.

- Ei, Amanda, você se lembra daquele jogo? – Britney gritou, sem motivo algum, enquanto Amanda corria com a bola em direção ao campo de Camila.

- Você está falando...- a menina tomou fôlego. – Daquele jogo que os garotos faziam?

- Dez pontos para quem acertar a cabeça...- Britney zombou, no mesmo instante em que Amanda fez o passe, colocando a bola em seus pés. A garota simplesmente chutou na direção exata do rosto de Camila, acertando a garota em cheio no maxilar.

A correria foi instantânea, Ashlee e a treinadora Mitchell se encaminharam para Camila, Britney e as Ninfas comemoraram como se tivessem vencido o Nacional Interclubes, e mais devastadora do que qualquer outra coisa, Dinah Jane entrou causando um estardalhaço ao afastar a grande porta, e seguiu com seus passos de quem estava disposta a derrubar a Terra, fazendo o exato caminho até o local no qual Britney ria abertamente.

- Você está achando engraçado, sua desgraçada sem cérebro? – Dinah questionou, com o rosto tão quente que parecia um vulcão prestes a explodir. – Você sabe o que eu vou fazer com você? – ela simplesmente levou uma das mãos até o pescoço da garota e começou a levantá-la. – Eu vou quebrar você, eu vou fazer você voar tão longe que as pessoas vão realmente acreditar que as galinhas podem voar com as suas próprias asas.

- Srta. Jane, coloque ela no chão. – A treinadora Mitchell ordenou. – Eu disse, coloque ela no chão! Srta. Jane! – a professora percebeu que sua técnica não estava adiantando, Britney se debatia há alguns centímetros do solo da quadra, enquanto as outras Ninfas pareciam entretidas demais com o espetáculo para interrompê-lo. – Dinah, isso não vai ajudar Camila, venha até aqui, por favor, e coloque a Srta. Jordan no chão, ela já está encrencada o bastante, eu garanto.

- Bem, você é quem manda, professora. – Dinah deu um sorriso realmente maldoso e arremessou Britney há alguns metros, a garota estatelou as costas no chão, sem parecer realmente machucada, mas afetada o bastante para gemer de dor. – Não me deixe achar você de novo, sua gazela imunda.

Dinah estava virando as costas e caminhando na direção de Camila, que continuava segurando o próprio maxilar, que não parecia deslocado, apenas dolorido. O desastre que estava por vir não foi previsto por ninguém, apenas aconteceu, como se fosse inevitável e ruim o suficiente para fazer Camila lamentar por não ter se adiantando. Britney estava secando o sangue de seu joelho, quando um brilho maléfico tomou conta de seus grandes olhos da cor do mar.

- Você quer saber o que torna tudo isso mais interessante, Jane? – a garota provocou, assistindo Dinah se virar furiosa em seguida.

- Porque você não me conta? – Dinah levantou uma das sobrancelhas. – Sabe, até as maiores escórias desse mundo tem o direito a deixar uma última frase, não é? – ela colocou as mãos na própria cintura, preparando-se para o próximo movimento.

- Bem, o seu chaveiro especial. – Britney gesticulou a cabeça, indicando Camila. - Ela não se lembra de quem você é.

Foi como se um objeto cortante houvesse rasgado o peito de Dinah tão fundo, que ela mal podia sentir sua respiração. Quando o seu maior medo se torna realidade e todas as suas desconfianças se confirmam, você não pode acreditar na solidez do próprio chão em que pisa e por isso, Dinah estava caindo. Ela não escutava os risos debochados das Ninfas, nem a voz de Camila balbuciando qualquer coisa desesperadamente ao fundo, ela estava apenas quebrada, apenas derrotada. O sentimento de traição e mentira era tão profundo que estava se espalhando por todo o seu corpo, Camila era uma das pessoas que Dinah mais amava no mundo e por tanto tempo, por tantos dias, ela havia suspeitado da nova versão da garota, mas nunca quis acreditar que Camila realmente não se lembrasse. Agora, Dinah tinha a resposta para a aproximação tão rápida entre a garota e Lauren, para o esquecimento dos apelidos pelos quais costumavam se chamar e para o fato de que Camila nunca havia dito “eu te amo”. Ás vezes, era uma benção continuar leigo.

Há pouca distância, tentando forçar seus pés a caminharem até a melhor amiga, Camila encontrava tanta dificuldade em respirar e manter-se consciente que mal podia diferenciar a realidade de sua imaginação, seus pensamentos estavam simplesmente misturados, dissolvidos entre si. Ela queria desaparecer e ao mesmo tempo, queria ficar ali até que pudesse tornar justificável todo o seu erro. Ela nunca devia ter escondido de Dinah, sabia o quanto a garota odiava mentiras. Mas se fez aquilo foi apenas para poupa-la, para dar a ela a felicidade que merecia. Mas muito além de Dinah, o que estava realmente girando em letras garrafais por todo o seu cérebro era um único pensamento quase incontestável. Se Britney sabia, se uma das principais jogadoras das Ninfas sabia, se uma das seguidoras mais assíduas de Lauren tinha aquela informação e Lauren era a única pessoa com quem Camila a havia compartilhado...então, os pontos estavam se ligando formando um bordado realmente desastroso. Camila não podia acreditar. Não podia acreditar que Lauren, a sua Lauren, houvesse tornado o seu segredo uma grande piada. Lauren passou muito tempo no celular ontem a noite tentou convencer a si mesma dentro de sua cabeça.

E como se estivesse refletindo alto demais, Britney, se levantando lentamente para ir até a enfermaria e passando, de propósito, pelo exato local onde Camila se encontrava imóvel, reforçou suas afirmações internas.

- Você realmente achou que ela gostava de você? – a garota de olhos claros revirou-os. – Sim, esquisita, Lauren fez isso.

                                                               


Notas Finais


A Dinah ficou sabendo de uma forma realmente complicada, não é? Mas continuem acompanhando porque os próximos capítulos prometem ainda mais acontecimentos.
Mais uma vez, sintam-se livres para comentar e me dizer o que estão achando. <3


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