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História A Garota do Traficante 2 - As máscaras começaram a cair


Escrita por: Mizzsyx

Notas do Autor


primeiramente berrem de amores por essa capa nova MARAVITHOOOOOOSAAA

Segundamente alô alô estamos de volta graças a Deus desisto do macho mas não desisto da fic

desculpa a demora beus abores, as minhas aulas começaram e eu ainda to tentando entrar no ritmo.
eu realmente não sei de quanto em quanto tempo vou atualizar, ainda mais agora que tô estudando pra valer e se Deus quiser futuramente começar a trabalhar, mas eu NÃO VOU abandonar a história. ok? espero que sim.

Boa leituraaaaaaa 💕

Capítulo 20 - As máscaras começaram a cair


Fanfic / Fanfiction A Garota do Traficante 2 - As máscaras começaram a cair

POV. Sienna


— Por favor, me fala.

— Deu certo? Engasgou?

— Deu. Não, não engasguei. Fala, agora.

— E onde vocês ficaram? Era bonitinho? Não confiei nas fotos da internet.

— Era lindo, um sonho de onde nunca queríamos sair. Fala, Jess, agora.

Ela suspirou. Olhou para mim e depois para a janela, ao me encarar novamente um bico tomava seus lábios pintados de rosa. As sobrancelhas estavam franzidas e os olhos brilhando em lágrimas.

Fazia duas horas desde que Justin e eu chegamos no nosso novo lar. O apartamento era espaçoso, de dois andares. Mais parecia a antiga mansão nos céus, só que "financeiramente mais confortável", segundo Justin. O segundo andar possuía um quarto para cada um de nós — tirando eu e ele, que iríamos dividir, claro — com direito a todo o conforto que ainda podíamos ter. Ele se trancou no novo escritório com os meninos e eu na nova suíte luxuosa da Jess.

O assunto que teríamos a tratar surgiu depois que ela soltou um "pelo menos, já me sinto melhor dos enjôos" e um "sabia que o Enzo veio atrás de mim?" depois dessa última parte eu fiquei desesperadamente curiosa para saber o que houve entre eles.

— É injustiça! — eu esbravejei. — Você não pode me instigar com uma fofoca e depois se recusar a falar. — ela riu, secando as lágrimas tomando cuidado com a maquiagem bem feita.

— É tão, tão difícil. — ela deitou a cabeça no meu colo e relaxou o corpo no restante da cama com dossel. Levei minha mão aos seus fios loiros e os acariciei.

— O quê é difícil? — insisti em ter uma resposta concreta.

— Tudo, Sie! — ela se sentou outra vez, e agora as lágrimas escorriam automaticamente. — Sabe quando uma coisa muito, muito séria acontece e você não sabe o que fazer? Não sabe como se proteger e nem proteger as outras partes porque, essa coisa que aconteceu, pode colocar em risco muitas coisas e muitas pessoas inclusive você e a outra pessoa que tem a ver com isso e ela é toda instável e confusa mas ela fode tão bem, tão gostoso e você fica com receio de como vai ser porque sexo não é o mais importante agora que tem essa nova coisa e...

— Jessica. — eu a interferi. — Eu já esqueci metade do que você disse. — ela abaixou a cabeça para enterrar o rosto nas mãos. — Amiga, por favor... — eu me aproximei dela e tirei suas mãos do seu rosto. — Deixa eu te ajudar. — os olhos tristes dela me fitavam em busca de algum socorro. — Somos melhores amigas, não somos? — ela assentiu. — Então. Confia em mim e me d...

— Eu tô grávida.





POV. Justin




— Não sei se confio em você. — Simon disse e o ruivo a sua frente rolou os olhos em tédio. — Você me deu um cuecão antes de ir embora.

— E jogou na privada metade dos meus cards raros de guerra nas estrelas. — Logan reclamou. — Tinha mais de vinte mil dólares naqueles cards, um deles eu mesmo fui buscar no Japão!

— Eu já me desculpei. — Kellan abriu os braços em redenção. — E prometi comprar de volta as coisas de virgem de vocês. E outra — ele ergueu um dedo. — eu nunca traí nenhum de vocês e estou de volta especialmente para ajudar a evitar que cada um de nós morra. — se defendeu. Ergui as sobrancelhas. É um bom argumento.

— Acredita nele? — Simon perguntou para mim, que enchia pela terceira vez o copo de whisky.

— Acredito.

— E se estiver mentindo? — Simon replicou.

— Eu arranco as bolas deles e penduro no pára-choque do meu carro. Fora que deixo ele tetraplégico. — dei um gole na minha bebida e coloquei o copo na mesa de carvalho escuro.

A casa nova não estava sendo ruim. Mudanças de ambiente poderiam ser boas para ajudar a mente. A única coisa que não poderia mudar é a presença dela. De resto, por mim tudo bem.

— Acho justo. — Logan cruzou os braços.

— Também acho. Vender os pedaços dele pode dar o que, uns três milhões? — Simon perguntou e Logan pareceu pensar seriamente.

— Não gosto do rumo dessa conversa. — Kellan disse eu contive a risada.

Ter os três idiotas juntos outra vez era bom, me fazia sentir com mais força a época dos velhos tempos. Contrabandos, corridas, assaltos de banco... assaltos de banco...

— Então, senhor agente duplo, qual a sua grande ideia?

Daria certo como muitas outras vezes deram. Ajudaria em muitos pontos e adiantaria um processo ao qual eu ainda não sei quanto tempo pode demorar.

— O Justin acabou de ter a mesma idéia que eu tive. — Kellan se virou para mim enquanto a minha mente explodia. — Precisamos mostrar que nada mudou.

— Todos sabem que mudou. — Simon rebateu. Eu fiquei de pé ainda tentando processar meus pensamentos. — Assim como sabiam que você havia saído.

— Mas eu voltei. — Kellan ficou entre Logan e Simon, com cada uma de suas mãos em seus ombros. — Como antes, como se nada tivesse mudado. Me digam uma coisa, vocês sofreram algum tipo de ataque fora Ahmar e Paollo desde que o dinheiro e posses foram levados?

— Não. — eu respondi, saindo de trás da minha mesa com a garrafa de whisky e o copo, o enchendo.

— Pois podem sofrer. Acreditem se quiserem, mas cada um deles... — Kellan soltou os outros dois garotos. — Cada um dos fodidos que irritamos, roubamos ou até mesmo matamos estão com o sangue nos olhos.

— Sempre estiveram, mas eram fracos demais pra tentar alguma coisa na posição em que estávamos. — Logan disse e Kellan concordou.

— Exatamente, pequeno gafanhoto. Eles eram fracos. — Kellan afirmou dando ênfase nas palavras e sorrindo. Estávamos enfim compreendendo sua mente perturbada.

— Eram até o Paollo vir pro Canadá... — Simon acrescentou entrando no raciocínio.

— EXATAMENTE! — o ruivo berrou e levou os braços ao ar, alegre.

— Esses arrombados vão tentar me matar. — não me limitei a me servir de uma dose ou duas, enchi logo o copo de uma vez. — Porém já vão estar mortos quando cruzarem o meu caminho. — tomei um gole e olhei para os três que me encaravam. — Vamos fazer o que o Kellan está sugerindo.

— Como? Estamos quebrados, não temos um só centavo pra bancar alguma operação. A mansão ainda não foi vendida, e o lucro da cocaína é quase todo pra recompor os gastos da produção da mesma. — Simon disse e eu nem precisei responder, Logan respondeu por mim.

— Nós não temos dinheiro... — o mais novo disse. — Mas os bancos sim.

Nesse momento, quatro garotos sorriram entre si como se voltassem cinco anos atrás.

— Espero que os carros de vocês esteja com a revisão em dia. — eu dei mais um gole no whisky. — Vamos precisar correr.




POV. Sienna



Não sei por quanto tempo fiquei sem respirar e sem piscar. Sentia como se a minha cabeça tivesse se soltado do meu corpo igual um balão. Quase não sentia meu coração bater, e, quando voltei à realidade, com os chacoalhões de Jessica, perguntei a mim mesma do porquê havia lágrimas escorrendo dos meus olhos. Jessica havia se comportado esse tempo todo como se toda essa situação fosse algo ruim, e sinceramente, não sei se devo agir como se isso fosse algo bom.

Grávida. Jessica está grávida do meu irmão mais velho.

Grávida. Jessica pode engravidar, e eu não.

— Sienna, por favor fala alguma coisa... — o choro dela era incontrolável. Meus olhos voltaram a piscar na medida em que meu corpo voltava a reagir. — Eu preciso da sua opinião sobre tudo isso.  — ela ficou ajoelhada e segurou as minhas mãos.

— Minha opinião?

Eu tenho que ter alguma opinião? Eu não tenho o que achar disso tudo. Tenho que ficar feliz, não tenho? Eu vou ser tia, afinal. Minha melhor amiga e o meu irmão. Um bebê.

Apertei os olhos com força na intenção de filtrar todas as coisas boas disso tudo, quando os abri, sorri no ritmo em que as lágrimas caíam.

— Jessica, isso é incrível! — as sobrancelhas dela se uniram como se fosse chorar. — Você não está feliz? 

— Eu... eu ainda não sei como me sentir. — ela olhou para algum ponto aleatório e depois me encarou novamente. — Você não está com raiva?

— Raiva? — indaguei secando o rosto. — Por quê eu...

— Esse bebê poderia ser seu, Sienna. — ela me olhou com tristeza. — Já tem uma mês, e nesse tempo eu pensei tanto que algumas coisas me fizeram perceber o quão vadia irresponsável eu fui. — eu contorci o rosto em horror com as suas palavras. — Sim! Uma vadia sim! — ela gritou. — Por mais que você esconda e finja estar tudo bem não está. Tá na cara que você quis ter o bebê assim que pensou que iria ter.

— Jessica...

— Você já parou pra pensar que se você tivesse engravidado estaria de três meses agora? Com a barriga aparecendo e na época certa de descobrir o sexo? — por favor, para. — Eu pensei, e você não faz idéia de como me senti mal com isso. Não faz idéia de quantas vezes pensei em aborto, não faz idéia de como eu me sinto culpada por deixar isso acontecer sendo que eu sempre me cuidei. Sempre abominei a idéia de ser mãe, e, ainda mais grávida do Enzo! Isso vai piorar tudo em proporções enor...

— Você quer ter esse bebê, Jessica? — eu disse proibindo minha mente de absorver essas palavras. Ela estava nervosa, com medo, assustada e em pânico. Não posso julgá-la, já pensei que estava em seu lugar.

Ela piscou algumas vezes olhando para os cantos antes de me olhar e voltar a lacrimejar. Ela quer. Ela assentiu, concordando.

— Então, Jessica... — eu sorri para ela verdadeiramente. — Eu não posso te dizer que tudo vai ficar bem até porque eu não sei se vai. — ela riu fraco entre as lágrimas, assim como eu. — Mas eu posso te dizer com toda a certeza do meu coração que independente do que aconteça eu vou estar do seu lado, Jess. Sempre. — foram essas as palavras que ela me disse no dia em que pensei estar grávida. E espero que elas tenham a acalmado tanto quanto me acalmaram naquele dia.

— Eu tenho tanto medo. — ela confessou, realmente caindo no choro. — Eu não sei o que fazer, não sei o que começar a fazer. Não sei como agir, não sei o que pensar e por onde começar a me organizar. Minhas roupas não me servem mais. Os meus saltos parecem ter encolhido e os meus peitos doem, muito, o tempo, todo! — ela disse fazendo uma cara de dor e eu tive que rir. 

Era uma graça vê-la assim, de certa forma. Ela sempre pareceu saber o que fazer.

— Você já fez algum exame? — ela negou. Apenas o de farmácia. — Já... contou pro Enzo? — ela ficou inquieta e negou. — Não pretende contar?

— Não sei. O quê você acha?

— O quê eu acho? - perguntei surpresa. — Eu não sei.

— Você contaria?

— Pro Enzo?

— Pro Justin.

— Claro que eu contaria. Ele é o meu namorado...noivo... marido. — suspirei. — Alguma coisa.

— Como assim? — ela perguntou em choque. — Vocês se casaram?

— Mais ou menos. — eu sorri abobada olhando para a aliança em minha mão.

— Ai, meu Deus! — ela puxou minha mão esquerda para olhar a pedra. — Vocês se casaram! 

— Não casamos. Trocamos alianças. — se fosse possível, eu estaria vomitando arco-íris agora mesmo. — A dele tem pequenas pedrinhas em volta. — ela tirou a minha para olhá-la com mais atenção.

— Awn, "para sempre seu". — ela disse olhando algo no anel. Me aproximei dela e vi que a frase estava gravada por dentro. Eu não havia visto, e não poderia ter achado mais fofo.

— Awwwnn. — fiz igual. — Conta pro Enzo. — olhei para o rosto dela, que bufou e me devolveu a aliança.

— Você entende o quanto isso vai agravar mais ainda as coisas, não entende? — ela me olhou com certo medo.

— Que coisas? — eu me sentei. — Do quê exatamente todos estão com medo? — ela suspirou e negou com a cabeça. Me deu um sorriso fraco e segurou a minha mão.

— Acha que eu devo contar pra ele?

— Eu contaria.

— Ele é perturbado, Sienna. — eu ri.

— E você engravidou desse perturbado. — joguei a cabeça de lado. — Quer um tempo pra tomar coragem? — ela assentiu, e eu respeitei essa decisão.

Ficamos o restante da tarde falando sobre aleatoriedades. Jess levou a sério que Justin e eu agora estávamos casados, e o que a fez ficar me mostrando vestidos de casamento caso algum dia a gente se casasse de verdade.

Perto do entardecer o meu pai me ligou, me causando um frio na espinha ao me lembrar da minha fuga dias atrás.

— Merda. — fiquei olhando o nome dele piscar na tela. — Eu tô fudida.

— Não acredito que você tá vivendo seus quinze anos aos vinte. — ela riu e eu também.

Receosa, eu atendi, e ele disse antes eu falasse.

— Victoria. — ele estava sério. — Está livre esta tarde?

— Estou. — eu quase não tinha voz.

— Te espero aqui em meia hora. — e ele desligou, sem dizer mais nada.

— Em que nível você diria estar encrencada? — Jess me perguntou.

— Sinceramente, não sei. — me levantei da cama e me despedi dela.

Assim que saí do quarto e fechei a porta mãos fortes e firmes me puxaram para trás, e me envolveram contra o corpo do sujeito, de modo que nós andassemos para trás até entrar em um quarto. O nosso quarto.

— A onde você vai? — ele beijava o meu pescoço e apertava o meu quadril. 

— Meu pai me chamou pra ir até em casa. — subi minha mão até os cabelos dele. Pode parecer ridículo, mas eu já estava sentindo saudade.

— Vai exibir a aliança que eu te dei? — a voz rouca abafada contra o meu pescoço me fez arrepiar. Ele segurou minha mão e a levantou, para ver o brilhante em meu dedo. — Espero que ele entenda.

— Entenda o quê? — perguntei e me virei para Justin, que me abraçou pela cintura.

— Que você é minha. — ele me deu um selinho. — Que você já escolheu o seu lado, e que não importa o que ele faça você não vai mais sair do meu lado. — ele me beijou mais uma vez.

— Por quê ele faria alguma coisa? — os lábios dele desceram para o meu pescoço outra vez, distribuindo arrepios por todo o meu corpo. 

— Porque ele quer me matar, linda. O tempo todo. — algo como cansaço ou impaciência pairou sobre os olhos dele, e eu me senti com uma certa raiva. Acho que de fato eu escolhi um lado, e teria que defendê-lo com unhas e dentes. — Você estar comigo o deixa mil vezes mais enfurecido.

— Ele não vai fazer nada. Eu o proibo. — disse convicta, o que o fez rir. — Você é o meu noivo e ele vai ter que lidar com isso.

— Noivo? — ele ergueu uma sobrancelha.

— Namorado.

— Marido. — ele me corrigiu e eu suspirei com impaciência. Éramos de fato alguma coisa um do outro e a aliança só servia para provar nosso comprometimento. — Dirige com cuidado. — ele me entregou a chave da minha lamborghini nova.

Animada em dirigir meu carro novo pela primeira vez, saltei em seu pescoço para um beijo breve, e saí da nossa suíte de luxo logo depois.

Terminei de fechar a minha jaqueta de couro. Amarrei com firmeza os cadarços do vans, e, até retoquei o meu gloss, enquanto o elevador me levava para o subsolo do prédio comercial, que servia de disfarce para a nossa nova casa nas alturas. Quando o cúbico parou, me deparei com as fileiras de carros esportivos que agora haviam se reduzido a um número realmente necessário. Um para cada.

A minha primeira ferrari, agora modificada por Logan, estava impecável anseando para ser usada logo ao lado do meu brinquedo novo roxo, que seria o escolhido de hoje. Procurei umas duas vezes para ter certeza, mas não, a lamborghini preta não estava na garagem. Na verdade, nenhum dos carros de Justin estava, a não ser a Range Rover. Entrei no carro ainda estranhando aquela falta, pois sei que ele não deixaria pra trazer depois justamente o carro que ele gostava mais.

Por muito pouco não arrebentei os carros dos meninos ao me empolgar com o acelerador. O mesmo parecia mais sensível do que o da ferrari, talvez por ser novo. Quando o mesmo tocou as ruas acelerava com calma, ao começar  a sair do centro da cidade eu ganhei mais confiança, e passei a dirigir como nunca antes. Eu mal conseguia ver por onde o carro passava, mal conseguia senti-lo tocar a rua. Era apenas a minha adrenalina, o tonco do motor altíssimo e a vontade de agradecer ao Justin mais uma vez por essa máquina. E eu irei, com toda certeza irei agradecer.

Diminui a velocidade quando entrei no condomínio fechado e não demorei muito em entrar no terreno da casa enorme.

Sinceramente, eu não quero ficar muito tempo aqui. Recentemente constatei que o clima ruim entre o meu pai e eu é algo "rotineiro", e a última coisa que eu quero é perder meu tempo com discussões. Mais discussões. Cansei delas.

Deixei então o meu carro parado em frente a porta para que a minha saída fosse rápida. Entrei na casa olhando para os lados à procura de alguém, e, infelizmente ou felizmente, só encontrei Enzo sentado no sofá da sala, bebendo alguma coisa e com uma aparência de que ou estava a noite toda na farra, ou acabara de sair de um porre. Com os últimos acontecimentos aposto na segunda alternativa. Ele olhou para mim parada perto da porta principal e fez uma cara de desgosto, que eu retribuí.

— O que quer aqui?

— Não é da sua conta.

— Então da o fora.

— Não. — cruzei os braços, indignada. Como ele ainda não morreu engasgado com a própria amargura? — Onde está o meu pai?

— Seu pai? — ele ergueu a sobrancelha e riu com deboche ao encarar minha expressão de tédio. — No jardim. — girei meus calcanhares para seguir pelo corredor, mas ele me chamou antes. — Coisa.

Eu só me virei para ele para ter certeza do que ouvi. Ele me chamou de coisa?

— Como a Jessica está? — se ele não fosse o próprio capiroto intocável e estéril de sentimentos diria que notei dor em sua pergunta. Uni as sobrancelhas e dei alguns passos para dentro da sala. 

— Pensei que tivesse ido atrás dela nesses dias em que eu estive fora.

— Ela falou pra você? — ele ficou surpreso, e eu assenti. Enzo suspirou e curvou o corpo para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos. — Ela não quis me ver. Finge que não me ouve toda vez que vou até aquela maldita mansão.

Eu ri, e ele me olhou com raiva. Fico imaginando ele gritando por ela em uma casa vazia.

— Nos mudamos da mansão vai fazer uma semana. — ele riu nasal de si mesmo e negou com a cabeça. — Estamos morando na cidade. — eu me sentei no sofá, em uma distância segura dele. Ficamos em silêncio, e eu me perguntei se deveria falar alguma coisa.

— A Jessica é... a mulher mais alucinante que eu já conheci. — ele começou, chamando a minha atenção. — Diferente do que todos acham eu não quero machucá-la. — me mantive em silêncio, aceitando o seu desabafo. Normalmente não trocávamos nem cinco palavras. A conversa que ouvi entre ele e o nosso pai me veio à mente. Acredito em suas palavras, de algum modo. — Eu me proibi de me envolver com alguém durante muito tempo, e acredite, se eu não tivesse nenhum interesse por trás no começo, eu não teria ido tão longe com ela. 

— E por quê foi? — tive que perguntar. Ele abriu um breve sorriso e continuou a olhar para o vidro em sua mão.

— Porquê ela é tão conturbada quanto eu, e bebe igual um carro velho, igual à mim. É a melhor parceira de copo que eu já tive. — eu tive que rir. — Eu gosto dela. — ele olhou para mim.

— Quanto? — eu precisei perguntar outra vez. Há um coisa implícita entre eles agora, uma coisa implícita muito importante. E como futura tia e atual melhor amiga eu me preocupo como se fosse comigo.

O bastante pra recomeçar. — ele se esticou para pegar a garrafa de bebida e serviu seu copo. — Você sabe o que o seu namorado me fez anos atrás, não sabe? 

— Eu tenho uma ideia. — admiti meio relutante. 

— Ele transou com a minha noiva no dia do nosso...

— Eu não preciso dos detalhes. — sorri agradeci pela informação extra que eu não pedi. Sei bem o tipo de pessoa que o Justin foi, e não quero lidar com o ele do passado. O ele do presente havia acabado de se estabilizar.

— Eu quero ficar com ela, coisa. — fiz cara de tédio ao ouvir esse apelido carinhoso outra vez.

— Não posso prometer que vou fazê-la ficar com você, até porque você é doido e instável. — foi a vez dele de me olhar com tédio. — Mas vejo sinceridade em você, e nela também. — ele pareceu surpreso ao ouvir isso. — Vou ver o que posso fazer. — fiquei de pé. Antes que saísse de vez, virei-me para ele. — Enzo. — ele me encarou. — Qual o seu problema comigo? 

Ele pareceu pensar. E quando respondeu preferi não ter perguntado nada.

— Você é feia. — fala sério. — E te acho ridiculamente ingênua, fora que está do lado errado. 

— Lado errado? — ergui uma das sobrancelhas.

— Sim. Seu namorado é o verdadeiro vilão de tudo isso. — ele pareceria convicto. — Em relação a Jessica não sei o que fazer, talvez eu não possa fazê-la mudar de lado. 

— Não, não pode. — rebati com certeza.

— Mas você ainda pode escolher. — Ele terminou de beber o que havia no copo e se levantou, passando a mão nos cabelos desgrenhados. — E está escolhendo errado.

— Já sou crescida pra lidar com as consequências das minhas escolhas. — comecei a andar de costas ao me retirar da sala. — E meio que ainda tem tempo.

— Tempo de que? — o ouvi perguntar quando saí pelo corredor.

— Das máscaras caírem. — falei assim que saí totalmente do mesmo ambiente que ele.

O sol que me atingiu quando pisei na grama do jardim me deu calor, me fazendo tirar minha jaqueta e levá-la pendurada no braço até o homem que falava com o jardinheiro nos fundos do ambiente aberto. 

No tempo em que me aproximava digitei uma mensagem para Jessica, que respondeu com rapidez. 


"Tudo bem?"

"Não. Kellan está aqui." — parei de andar assim que li essa frase. Estava prestes à ligar para Justin quando outra mensagem dela chegou. "Não é nada grave. Conversamos quando você voltar. ♡" 


— Victoria. — despertei do meu choque com a presença do meu pai logo à minha frente. — Algum problema? — ela tinha as mãos nos bolsos da calça enquanto me fitava. Neguei com a cabeça e o sorriso se abriu no rosto dele. — Fico feliz que tenha vindo. — ele colocou a mão no meu ombro para que andássemos até a área coberta do jardim. Uma mesa de café estava posta. 

— O que queria falar comigo? — perguntei assim que nos sentamos na mesam 

— Primeiramente eu gostaria de falar sobre o que aconteceu na última vez em que nos vimos. — ai, merda. — Quero pedir desculpa.

— Desculpa? — eu estava surpresa. 

— Sim. — ele fitou o pano branco da mesa por um tempo. — Eu não soube lidar com tudo o que você me disse e a minha reação foi de longe a pior. — ele me olhou e eu tentei encontrar a sinceridade em seus olhos. — Espero que isso fique no passado. 

— Tudo bem. — eu assenti. Foi então que eu me lembrei de uma pessoa. — Onde está a tia Margo? 

— Margo? — ele perguntou de um jeito estranho. — Viu como ela é, toda emvolvida naquele mundo de revista dela. Voltou pra Itália.

— Ah. — não neguei meu desapontamento. Eu gostei dela, e da proposta de fazermos algumas fotos juntas.

— Você a verá em breve quando formos pra lá, filha, eu garanto que... — ele parou de falar de repente e olhou em algum ponto fixo em mim enquanto eu colocava o cabelo atrás da orelha. — O que é isso, Victoria? 

— Isso o que? — desci a mão lentamente enquanto ele acompanhava o movimento. Olhei para os meus dedos e não havia nada além da minha aliança.

Ah...

A aliança.

A expressão dele se fechou em raiva. Os punhos se fecharam e a respiração pareceu ficar mais acelerada, assim como os meus batimentos cardíacos.

— O que foi que você fez? 

— Eu não fiz...

— Você se casou com aquele fedelho?! — ele gritou e eu me assustei, dando um pulo na cadeira.

— Eu não me...

— Como você pôde?! — ele bateu a mão na mesa e eu dei outro pulo. — Como teve coragem de me trair dessa forma, garota?! 

— Te trair? — eu estava completamente confusa. — Eu não traí ninguém! 

— Ah, não?! Você é burra por acaso? Não precisa responder, eu mesmo sei a resposta. — meus olhos se arregalaram e a minha boca de abriu em indignação. — Eu exijo que tire essa merda do dedo, agora! — ele avançou para agarrar meu anel e eu me afastei, ficando de pé. — Sienna! 

— Qual o seu problema?! — eu comecei a gritar. — O meu relacionamento com o Justin não interfere em nada! 

— Você não sabe do que está falando, sua inconsequente. — ele que se levantou dessa vez. — Você é a minha filha, e eu proibo à partir de hoje qualquer tipo de aproximação com aquele moleque! — ele estava vermelho de tanto gritar. — Tire essa coisa do dedo agora! 

— Eu já disse que não! — ele ficou mais irritado. — E daí se eu me casei com ele? É a minha vida. Eu tenho vinte anos e já sou muito ciente do que eu faço ou deixo de fazer. Já sou capaz de escolher sozinha com quem eu quero passar o resto da minha vida ou uma noite. — explodi toda a minha ira e, me surpreendendo, ele começou a rir.

— Acha que isso vai durar quanto tempo? — ele tomou uma expressão sádica, me causando arrepios assustadores. — Mais alguns meses? Uma semana? — ele riu em deboche. — Você nem ao menos é digna de dar uma família para ele.

Senti o ar me faltar por alguns segundos. Um nó se formou na minha garganta de modo que expulsasse as lágrimas para fora dos meus olhos, mas eu não as soltei. Não podia estar ouvindo mesmo isso, mesmo que fosse uma discussão. É crueldade demais.

— Essa ilusão momentânea de paraíso perfeito de carros, jóias, dinheiro, se é que ainda há algum, vai passar, Victoria, principalmente quando ele passar a querer uma coisa que você é incapaz de dar.

— Para... — eu queria parar de tremer e de me sentir assim tão atingida.

— Sabe, acho até bom agora, parando pra pensar. — ele começou a andar em círculos em volta de mim. — Uma hora ou outra ele vai se cansar. Vai se questionar se abandonar todas as outras valeu tanto à pena pra ficar com uma que nunca foi capaz de dar no mínimo um filho pra ele.

As lágrimas começaram a escorrer antes mesmo que eu me tocasse que tudo aquilo não era verdade. Antes que o nosso final de semana perfeito me viesse à mente e me fizesse lembrar de todas as promessas e planos que fizemos sem acrescentar tanto a parte de filhos.

Ou que pelo menos não pode mais. — a minha mágoa deu lugar à confusão. A seriedade maldosa dele deu lugar à um sorriso, também muito maldoso. — No começo eu achei muito preciptado, mas no fim foi o melhor a ser feito. Um filho não se volta atrás assim como um casamento.

— Do que é que...

— Eu mandei manipular os seus remédios, Sienna. — eu parei de respirar. — Esses remédios pra endometriose são na verdade altíssimas dosagens de anticoncepcionais. — eu só sentia o líquido saindo dos meus olhos a cada palavra. — Era óbvio desde o início que você voltaria correndo pra aquele moleque idiota, e eu não correria o mesmo risco da primeira vez de você misturar o sangue da minha família com o sangue daquele imbecil.

— Pai... — Giovanni parecia não parecia estar muito longe de nós, e também não parecia estar diferente de mim. — O que você fez...

— Eu não esperava que as pílulas causassem o estrago que causaram em você. Mas tudo bem, provavelmente se não esse verme seria qualquer outro zero à esquerda de quem você iria acabar...

A minha mão se fechou com força cravando minhas unhas na minha pele, no momento em que meu pulso fou segurado para que eu não descesse a mão na cara do meu pai. A minha possessão de ódio me impediu de raciocinar e que só me fizesse voltar a mim depois que Enzo e Giovanni estavam me segurando para que eu ficasse longe da figura que é responsável por todo o meu ódio.

Não existe câncer. Não existe nenhuma doença que me impedia de engravidar, pelo menos até agora. Apenas existe os interesses doentis de uma pessoa horrível e monstruosa, que pela primeira vez na vida, me atiçou a vontade de matar. Que pra completar toda a desgraça que é a minha vida é o homem que eu chamo de pai.

— Sienna! — um dos meus irmãos gritou comigo enquanto eu me debatia para me soltar e voasse na garganta do velho. O mesmo não se mostrou abalado ou tampouco com remorso pelo o que disse ter feito. Ele virava um copo de suco, com a naturalidade de um santo. 

— Pode parar com os remédios se quiser, mas acho muito difícil que seja possível algum tipo de gravidez que envolva o meu sangue. — ele me olhou com falsa modéstia e eu consegui me soltar dos dois que me seguravam.

Senti uma gigantesca vontade de jogar na cara dele que uma gravidez havia acabado de começar, mas eu jamais colocaria Jess em perigo. Isso só serviu para me fazer perceber o quanto tudo teria que ser cauteloso agora. O quanto muita coisa estava em minhas mãos e só cabia a mim protregê-las. 

Não sei como consegui me acalmar, muito menos como fiquei tão parecida com ele. Eu respirei fundo, sorri de canto e passei a mão no cabelo o tirando do meu rosto. Eu não irei me rebaixar.

— Eu não te disse, Enzo? — olhei para o meu irmão mais velho enquanto vestia minha jaqueta, para logo depois começar a andar para fora da casa. — As máscaras começaram a cair.

Os dois tentaram me impedir para que eu ficasse e conversasse, mas ru nunca mais colocaria os pés nesse lugar.

Atravessei toda a casa quase que correndo, e quando saí nem fechei a porta. Entrei no meu carro e fui colocando o cinto enquanto acelerava desesperadamente para longe dali. Minhas mãos tremiam quase que na mesma proporção do motor, mas não é com vontade de chorar, não, muito pelo contrário. Era pela raiva. Pela vontade de ter tido a chance de dar aquele tapa, pela dor que ele me fez sentir tomando todos aqueles remédios malditos que podem ter realmente estragado o meu corpo com coisas muito piores. 

Elas tremiam pela possibilidade de ele ter muitas outras coisas que eu não saiba só pela ganância e egoismodr beneficiar a si mesmo e os seus interesses.

Não percebi que havia atravessado toda cidade até o apartamento, muito menos que já havia largado a lamborghini roxa com os demais esportivos no estacionamento particular do prédio. Meu dedo bateu diversas vezes no botão da cabine para que as portas se fechassem logo e eu subisse para a cobertura. Nesse tempo, toda a minha ira se tranformou em uma fraqueza avassaladora, que me levou a chorar a cada andar que se subia diretamente para a casa nova.

Assim que as portas se abriram eu não prestei atenção nas pessoas que se encontram na sala imensa chdia de janelas, muito menos mas vozes que chamaram o meu nome. Eu subi as escadas correndo, senrindo o meu arder e doer ao mesmo tempo. Atravessei o breve corredor e entrei na suíte de casal ainda desorganizada da viagem e mudança repentina. Algumas bolsas estavam sobre a cama com alguns dos meus pertences, e uma delas em especial estava com todos os remédios que eu passei a tomar à um mês e meio, fora outras carrelas que estavam pelo cômodo, dos que eu já tomei assim que cheguei. Peguei todos os que minhas mãos e braços podiam carregar, e os levei até o banheiro. De início joguei um por um no vaso, depois, com a declaração de Paollo na cabeça os joguei de uma vez. À essa altura, explodindo em lágrimas e em soluços.

— Sienna? — a porta foi aberta no instante em que ele disse. Logo, eu podia senti-lo atrás de mim. — O que você... Sienna! — ele tentou tomar os frascos das pílulas da minha mão, mas eu o empurrei e voltei a jogar o veneno no vaso. — O que você tá fazendo?! Você precisa disso! 

— Não eu não preciso! — peguei a necessaire e a virei totalmente contra a pia dessa vez. — Eu não devia ter colocado nenhuma dessas na boca! Eu não devia ter acreditado em nada, em nenhuma palavra do que ele e aqueles médicos mentirosos me disseram! — larguei a bolsa preta no chão e tentei limpar o rosto das lágrimas que me impediam de enxergar com clareza.

— Do que você tá...

— É tudo mentira! 

— O que é mentira?!

— Tudo! Esse câncer nunca existiu, esse tratamento é um monte de anticoncepcional manipulado pra foder todo o meu útero! Foi tudo um plano doentio e psicótico daquele monstro boçal e imundo do meu pai! Foi tudo uma armação só que eu não engravidasse se você ou se qualquer outro que pudesse misturar esse sangue infeliz dele! — eu gritei e parei pela primeira vez pra prestar atenção no rosto dele. 

Completamente em choque, Justin tentava de alguma forma processar tudo o que eu disse. Ele piscou diversas vezes e abriu a boca mais vezes ainda na intenção de me dizer alguma coisa, mas não conseguiu, e eu não o culpava. Eu mesma tentava me dizer alguma coisa que pudesse me fazer acalmar, mas parecia ser impossível. 

Ele tentou mais algumas vezes, enquanto me assistia demoronar. Por fim, a expressão dele se fechou em uma mágoa tão profunda quanto a minha, como se pudesse sentir toda a minha dor. A mão dele segurou a minha na intenção de me puxar para si, e quando ele me abraçou, eu desejei poder sufocar em seus braços. Desejei nunca mais sair do conforto e da proteção dele. Um milhão de pensamentos e lembranças me vieram à mente, principalmente de quando ele tentou me manter longe do meu pai. Do quanto ele quis me privar de tudo isso.

Desejei ter sido mais grata pela mãe que eu tive, pois ela já me bastava, e o pai que eu tanto idolatrei nunca ter sido tão incômodo como eu fazia parecer. Eu desejei nunca ter mexido naquela gaveta maldita e ter visto tudo o que eu vi.

— Isso não vai ficar assim, linda. — ele me jurou ao me apertar mais contra si, onde meu rosto estava mergulhado em sua camisa vermelha. — Eu prometo, isso não vai ficar assim.



Notas Finais


LALQLQOQNQKANANAMMW
SEI NEM O QUE DIZER, MEU PAI ABENÇOE ESSES CAPS SUPER TENSOS QUE EU TANTO AMO

desculpa se eu parti alguns corações, espero que tenham outros, pq isso é só o começo de uma coisa que nem sei se tem fim rs
!se não for pra causar nois nem escreve bb¡
na vdd eu to me cagando de medo de escrever e não atingir a maioria das expectativas, daqui pra frente os role vai ficar delicado, e eu, bom, pensem em uma caminhoneira da BR bruta, então, essa sou, porém vida q segue.

perdoem os erros, minhas unhas estão imensas e ta osso no sal grosso viu, mas não vou cortar kkkkkkk berro

Espero que tenham gostado anjos! Amo muito vocês, viu?

voltem a comentar pra miiimmmmm, por favooooooorrrr 💔 sinto saudade de ver vocês dando suas opiniões ou até mesmo surtando 🙁

Até o próximo! Beijo 😚

essa foi a notas do autor mais aleatória que eu já escrevi kkkkkKKKKKKKK

Playlist de GDT: https://open.spotify.com/user/lialilih/playlist/3E2uAR8ndKEpmfGswJvaxx?si=qEFxjkOiQA2a5hnA1j5UMg

Grupo no WPP: https://chat.whatsapp.com/0A85GStPjA84wWeAnxYAHL

Xoxo, Ju! 💕


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