Depois de ajudar Naomi a levantar afastei a mão da mesma.
Meu braço ainda não tinha voltado ao normal. Vai saber se Yako ainda podia controlar.
Naomi segurou seu braço atrás das costas, me seguindo.
-Não é nada com relação a você..- Esclareci, antes que ela achasse que estava me afastando de novo.- .. É só que...- Olhei para meu braço.-.. Não me sinto muito bem com você tocando...nisso..
Yako estava sentada em seu “trono” batendo os dedos no apoio de braço, com a cara nada boa.
Sabia que teria consequências terríveis mais tarde. Estava adiando e piorando o meu castigo.
-Ah... Entendo...- Naomi olhou meio preocupada para meu braço e depois de alguns segundos desviou o olhar, observando ao redor.- Pra onde vamos?
-Pra outro quarto... Acho que vai gostar.- Sorri, tentando afastar o medo do que me aguarda. Não podia arriscar que Yako tomasse o controle de novo.
- .. É bem bonito.. Mais que esse.- Falei olhando em volta, vendo peixes nadando, recifes de corais e muitas outras coisas.
-Sabe quantos tem?
-Não.- Respondi imaginando que ela se referia aos quartos.- Contei uns 20 e gravei a passagem pros que mais gosto... Deve ter mais. Vai saber o que se passa na casa inteira da Suzume.- Ri.- Estamos chegando.- Avisei.- Ai meu...- Puxei Naomi pra trás de alguns corais.
Passou um tubarão perto de onde estávamos.
-...Cristo...- Naomi sussurrou olhando o peixe.
Me encolhi, pondo a mão no ouvido.
Yako rosnou baixinho e Zenko se encolheu.
-D-desculpa...- Na pediu, sem jeito.
-Tudo bem..- Passei a mão na cabeça.
☆Yako: Olha por onde anda.☆
Arregalei os olhos e empurrei Naomi pra um lado e pulei pro lado oposto.
O mesmo tubarão de antes veio e deu o bote em nós duas, mas graças ao aviso de Yako acabou dando de cara nos corais. Acho que a intenção dela era apenas me salvar, já que ela morre, se eu morrer.
Passei por baixo do tubarão atordoado e peguei a mão de Naomi, puxando a mesma. Saí correndo pra uma caverna que tinha visto mais a frente e entrei com ela.
O tubarão passou em frente a entrada na caverna.
-..Algo me diz que vamos ficar presas por um tempo.- Naomi desse e logo após soltou um suspiro.
Revirei os olhos.- Cavernas.. O que cavernas têm contra nós?
Ela deu de ombros, fazendo aquele gesto de "sei lá".
Soltei mão de Naomi "bruscamente" ao notar que ainda a segurava. Não era minha intenção, mas no susto deu nisso.
Fui andando até a entrada na caverna e olhei em volta.- .... Acho que tá tudo bem..
Naomi me seguiu e olhou discretamente.- Tem certeza? Seria bem chato duas raposas virarem lanche de peixe.
-Eu não posso ficar aqui pra sempre.. Suzume não gosta que eu entre de baixo do sofá...- Saí da caverna.
Naomi olhou em volta de novo, rapidamente, contendo um gritinho. Acho que pretendia me chamar mas desistiu da ideia e logo passou a me seguir a passos rápidos.
Vi uma enorme sombra no chão, se movendo e olhei para cima.
Passava uma baleia. Bem ali. Em cima da gente.
-Wow....- Soltei, encantada com o animal.
Os olhos de Naomi estavam brilhando com a visão. Olhei para ela por um tempo, com um sorriso bobo e senti uma dor aguda em minha cabeça, mas ignorei.- Vamos, antes que o peixão volte.
-Ok.- Ela concordou voltando a andar.
-Por ali.- Passei pela rachadura na parede.
Naomi vinha logo atrás.
Saímos num quarto azul escuro todo estrelado, como se estivéssemos a "deriva" no espaço, podendo ver um monte de estrelas e até alguns planetas do sistema Solar.
Olhei para Naomi, que mais uma vez tinha seus olhos brilhando.
-Bonito né?- Desviei meu olhar dela, para prestar atenção na paisagem em volta.- As três marias!- Apontei.
-Wow.- Naomi exclamou encantada.
-Mas vir aqui nem tem mais graça.- Olhei Naomi.- Eu posso ver esse céu perto de mim todo dia.
-Ahn?.- Ela me olhou em dúvida.
-É que eu posso vê-lo todo dia nos seus olhos.- Pisquei, fazendo charminho.
Zenko deu um tapa em sua testa.
Yako revirou os olhos.
Naomi levantou uma sobrancelha.- Tá me cantando?
Tirei o sorriso do rosto, corando.-.... F-fo-foi só uma brincadeira, N-não tem que levar a sério.. puff.. nun tô te cantando não.. e-eu... nun tô.- Desviei o olhar, vermelha como um tomate.
Naomi soltou uma risadinha.- Foi fofo.
Ri sem graça, pelo elogio.- .. O-obrigada. Conhece alguma constelação?.- Mudei de assunto, envergonhada.
-hum....- Ela olhou pro céu procurando algo.- Ali.- apontou.- é a constelação de Órion.
-É cada nome que inventam né?.- Olhei pra constelação.- .. Eu só conheço o cruzeiro do Sul e as três marias.
-Órion era o nome de um gigante caçador.- Explicou, sorrindo.- Dá pra ver o corpo, o braço e o arco.- Apontou cada uma das partes.-...Dá pra imaginar porque eu gosto dessa.
-O arco e flecha.- Deduzi.
-Exato.
-Eu acho que nunca usei nenhuma arma em si, pra dizer que gosto de alguma, sacas?
Comecei a olhar em volta meio inquieta.
Um silêncio incômodo se instalou entre nós.
Naomi estava coçando as próprias mãos e olhando em volta pensando no que dizer.- ...Ah, olha!- Apontou a estrela do Norte.
-O quê?- Olhei a estrela.
-Essa é a Polaris. Ou Estrela do Norte. Ela indica o Norte. Meu pa- humm... Uma pessoa me ensinou.
-Por que sempre hesita quando vai falar dessa pessoa?
-...Eu não sei bem. Nunca cheguei a chamá-lo de pai. Eu era... Meio teimosa.
-"Era" ?- Brinquei.
Ela me olhou emburrada, fazendo um biquinho.
Quase adotei a técnica de Lin, de morder biquinhos.
Ri dela.- Brincadeira ... com um fundinho de verdade.- Sussurrei a última parte.
-Uhum.- Me olhou brincalhona.- Não é a única com audição de raposa aqui.
Soltei uma risada baixa.
-Mas eu acho que tinha um pouco de raiva por ele não falar muito dos meus pais...- Explicou posteriormente.
-Eu entendo... Suzume não fala dos meus pais.. Nenhuma vez ela falou... Nem quando eu perguntei, ela geralmente ignora... Deixou escapar só uma vez que eu era muito parecida com a minha mãe.
-Ele também... Acho... Que somos mais parecidas do que achamos.- Ela deu uma risadinha.
-É... acho que sim..- Sorriso.
Ouvimos uma voz ecoar pelo quarto.
Hinami Suzuki, sugiro que saia imediatamente de baixo desse sofá.
-... Fodeu....
Naomi me olhou.
-.. temos que voltar...
-...vai dar muita merda pra você?- Ela perguntou, preocupada.
-Não... mas ela vai querer ver isso.- Apontei meu braço “Possuído”.
Voltei com Naomi por todas as fendas que passamos até agora.
Chegamos no quarto onde tudo é gigante.
-.... Você.. lembra por qual fenda viemos?...
-Eu... Não faço ideia... Eu só te segui.
-Ok vamos lá.
Parei pra pensar olhando pras quatro fendas lado a lado.
☆Yako: Vai pela do meio-direito.☆
-Saímos por aquela.- Apontei a da direita.- Yako mandou irmos pela da esquerda e saímos num quarto que parece o inferno... Voltamos pra cá.. e agora ela tá me mandando ir pela fenda meio-direito ... Então vamos pela do Meio-esquerdo!
-Entendi mas não compreendi.
-Então vamos!- Ignorei o comentário de Naomi e entrei na fenda do “Meio-direito”
Naomi veio logo atrás.
Acabamos saindo num quarto onde tinham vários caras mascarados torturando outras pessoas.
-Filha da puta fez de propósito..- Me referi ao fato de Yako saber que eu duvidaria da escolha dela de novo.
Mordi meu braço.
☆Yako: Ai!☆
Ya fez um gesto e minha mão me deu um tapa na cara.
-Ai!
-Ah, normal.- Naomi comentou.
Os Caras mascarados se aproximaram.
Empurrei Naomi de volta.- Por aqui.- fui pra passagem restante, empurrando Naomi.
Saímos de baixo do sofá e demos de cara com os pés de Sume.-.. Suzume! ...- Olhei pra ela, sorrindo amarelo.
Suzume me olhava séria.- Cadê ?
-O quê?- Estava com o braço escondido atrás das costas.
-Seu braço.
De vez em quando odiava a onisciência dela.
-Ele tá coberto por gesso.- Mostrei o braço engessado.
Suzume respirou fundo e se virou para Naomi.- Bem vinda! Quer alguma coisa ?
Aproveitei a distração e saí de fininho.
-Ah não, obrigada, ‘tô bem...
-Tem certeza ? Deve ter sido um inferno ficar lá em baixo com.. ela.
Naomi parou raciocinando se Suzume estava falando de Yako ou de mim mesmo.- ‘Tô bem, não preciso de nada..- O estômago dela entregou tudo, roncando alto.
-Vou fazer o almoço. Ficar sem comer três dias não é muito bom pra Hina... e viver de frutas também não é bom pra você. Dark, pega a Hina pra mim?
Suzume foi pra cozinha.
Quando saí de casa dei de cara com Darkness.
Naomi arregalou os olhos.
Dark me pegou pelo colarinho, puxando pra dentro de casa.
-Darkness! Me solta!
Dark me soltou e eu caí de cara no chão.
-Huum ... Ai.- Me Levantei.- Seu bobão!
Darkness latiu pra mim pondo as orelhas pra trás.
-É sim!
Deu dois latidos, rosnando baixinho.
Me virei para Naomi, ignorando o resmungão do Dark.- ... cadê a Suzume?...- Perguntei sussurrando.
-...na cozinha...- Naomi olhava o Dark levemente encolhida.
Ela deu alguns passos pra trás, sutilmente.- Hum...- Se encolheu um pouco mais.
-Ele não vai te machucar, Naomi .. Confia em mi..- Desviei o olhar, notando o que ia dizer. Não tenho o direito de pedir que ela confie em mim, não depois de tudo que fiz pra ela.
- .. ele.. Só ataca quem eu mando ou me defende.. Você não está fazendo nada comigo..
-Uhhhh..- Ela olhou pro Darkness.
Dark estava tentando comer uma mosca.
Ouvi o barulho de quando alguém se teletransporta atrás de mim e gelei.
Ah não.
☆Yako: Já era...☆
☆Zenko: Nãããããoo!!!!☆
-Já estou acabando.- Suzume avisou, se referindo ao almoço e segurou meu braço, pingando algumas gotas de Água benta.- Podem a pôr mesa pra mim?
Pediu educadamente como se não tivesse acabado de jogar praticamente um ácido sulfúrico no meu braço.
Caí no chão tentando segurar meu braço e falhando miseravelmente, afinal, o outro estava engessado.
Rolei no chão algumas vezes, tentando conter lágrimas.- ... Aaahh... aaahai...A-ai..
-Arde um pouquinho pra tirar essa coisa do braço dela.- Suzume explicou e passou por cima de mim e voltando pra cozinha.
Enquanto eu agonizava no chão e Naomi me olhava assustada, Darkness abriu a gaveta com o focinho e pegou uma toalha de mesa, com a boca.
Foi até a mesa e pôs a toalha, dobrada mesmo, na mesa e ficou com uma carinha de "pronto! Forrei! Tô botando a mesa e cês tão fazendo nada!”
Naomi se abaixou ao meu lado.- Dói muito?- Me lançou um olhar preocupado.
Estava encolhida.- A-arde... É-é água benta...- Arranhei o chão de madeira, tentando descontar a dor em algo.
A casa iria reconstruir o chão de novo mesmo.
A substância esquisita ou a “possessão” de Yako sobre meu braço foi sumindo aos poucos com a intervenção da água benta.
Naomi me fez carinho.
Quando a parte demoníaca saiu totalmente do meu braço, olhei minha pele, com algumas queimaduras.
Eu estava ofegante. Aquilo doía de mais. Não só pra mim, pra Zenko e Yako também.
Não que me importasse com Yako, mas ver Zenko sofrendo parte o coração.
Ela estava encolhida num canto escuro da minha cabeça, chorando baixinho.
Passei as mãos nos olhos, limpando algumas lágrimas.- ... Eu tô bem.- Tranquilizei Naomi.-... Eu tô bem..
Repeti, tentando convencer a mim mesma disso.
Ela me olhou aliviada, porém ainda com preocupação.
Ouvimos o barulho de vidro quebrando e olhamos rápido de onde tinha vindo.
Darkness estava colocando pratos e copos de qualquer jeito na mesa, achando que estava fazendo tudo certo.
Alguns copos e pratos caíram no chão, ocasionando o barulho.
Agora Dark estava servindo suco pra todo mundo. Na verdade derramando o suco todo na mesa e no chão.
Mas em defesa do meu lindão, ele acertou algumas poucas gotas nos copos.
-Muito bem Dark!- Parabenizei.- Agora tá tudo arrumado!
Darkness latiu para mim, abanando a cauda e se agitando se um lado pro outro.
-Acho que é melhor ajuda-lo.- Naomi sugeriu, vendo a bagunça ao redor da mesa de jantar.
-Ah que nada! ele fez tudo perfeitamente, né lindão ?
Eis que o "brutamontes" pulou em cima de mim, me lambendo.
-Não Dark!- Soltei alguns grunhidos.- Para!
Suzume saiu da cozinha e parou na porta da mesma, com uma travessa de comida na mão. Suspirou e estalou os dedos.
A toalha se forrou na mesa sozinha, os pratos e copos se consertaram e cada um foi pro seu lugar na mesa, assim como o suco para os copos.
Não sei dizer se os sucos estavam cheios de sujeira por cair no chão, ou não, mas eu beberia de qualquer jeito, então tanto faz.
-Eita..- Naomi olhou tudo se consertando sozinho, admirada
-Naomi, se quiser lavar as mãos o banheiro é aqui no corredor, primeira porta a direita.- Suzume orientou.
-Ah, ok. Obrigada!
Naomi foi lavar as mãos.
-Hinami, vai botar o vira-latas pra fora e lavar as mãos.
- ... Vai lá Dark...- Pedi que Darkness saísse.- "Vira-latas", "Vira-latas".- Fui atrás de Naomi, resmungando.
Dark foi lá pra fora fazendo alguns barulhos de cachorro, como se resmungasse também.
Cheguei ao banheiro e pus a mão nos ombros de Naomi.- Há!!- Gritei no intuito de assusta-la.
Ela de fato se assustou, mas jogou água em mim, sem querer.
Ela começou a rir de mim.
-Naomi!- Limpei o rosto e fui lavar as mãos, ou tentar, assim que ela terminou.
Na foi parando a risada aos poucos e olhou pro meu braço.- Ainda dói?
-As queimaduras doem um pouco. Mas daqui a pouco se curam sozinhas.- Tranquilizei.
Terminamos de lavar as mãos e voltamos pra sala de jantar.
Eu estava morrendo de fome, seria bom finalmente comer algo.
CONTINUA!!
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.