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História A guy like me - Capítulo 19


Escrita por: quedesprestigio

Notas do Autor


#1AnoDeAGLM

Faz exatamente 1 ano hoje que eu comecei a postar AGLM e, então, aqui estou com o último capítulo para vocês. Vou deixar o texto de despedida para o epílogo (vocês sabem que apesar de ser o último, a história tem uma pequena conclusão no próximo), mas gostaria de dizer umas poucas palavras.

Quando eu comecei a escrever não imaginei que essa história me traria tantos presentes. Com AGLM eu fiz meus melhores amigos, conheci pessoas incríveis e li os reviews mais emocionantes, lindos e realizadores que uma autora pode querer ler. É por isso que eu quero dizer OBRIGADA a cada um que favoritou isso aqui, cada palavrinha escrita para mim, cada apoio, cada estímulo. Cada um que fez de AGLM sua fic favorita. (Não vou citar nomes, vocês sabem bem quem são)

"A Guy Like Me" não seria nada sem vocês e é por isso que eu digo que ela é não é minha. Ela é nossa. Obrigada por serem os melhores leitores que alguém pode ter. <3

Espero que possamos nos encontrar novamente em outra história. <3

Capítulo 21 - Capítulo 19


O vento gelado veio de surpresa assim que o grande portão cinza deslizou, abrindo passagem para que seguisse; Gerard cruzou os braços friccionando as mãos contra o tecido para conseguir algum calor. As roupas de quase três anos atrás ainda serviam apesar de largas em alguns pontos; isso não o incomodava, mas contribuía para a sensação de que elas não lhe pertenciam. Era como se estivesse finalmente se encontrando com a pessoa que havia sido, as diferenças agora tão gritantes contrapostas sobre seu eu atual; aqueles tecidos lhe fazendo resgatar certas particularidades de sua história que havia deixado de lado.

- Refaça sua vida. Boa sorte – Disse o policial parado ao lado do portão aberto. Gerard sorriu minimamente e deixou que o oxigênio entrasse em seus pulmões algumas poucas vezes antes de dar o primeiro passo em direção à liberdade.

Assim que seus dois pés tocaram a calçada, ouviu o portão deslizar pesado atrás de si fechando-o para fora. Estranho, mas era assim que se sentia, um adolescente sendo expulso de casa. Estático, deixou que seus olhos vagassem minuciosos por toda a rua, permitindo-se o pequeno prazer de admirar os tantos detalhes dos quais havia sido privado. Permaneceu um bom tempo observando as folhas balançando nas árvores, os carros, o grafite nos muros – sentia uma falta desconcertante de desenhar –, olhou para seus dois lados e suspirou.

Não havia ninguém o esperando.

 

*

 

O som agudo ecoou pelo hall assim que chegou ao nono andar; hesitante, Way demorou um pouco mais do que deveria para descer do elevador e dar os últimos passos em direção ao número 901. Sua respiração estava irregular, parou e permaneceu ali alguns segundos fitando a porta pela qual saiu e entrou por tantas vezes no passado e, agora ali, bem na sua frente, era como se separasse dois mundos distintos.

Não tinha certeza se queria entrar, mas no fim das contas não se tratava de uma escolha; não tinha como fugir do confronto com sua antiga realidade. As mãos trêmulas tatearam os bolsos da calça folgada e o tilintar das chaves em um deles se fez presente no ambiente; com o objeto entre as mãos deu mais um passo incerto e assim pôde alcançar a maçaneta.

Nunca achou que pudesse ser tão difícil. Aliás, nunca sequer considerou que haveria qualquer resistência de sua parte em relação à liberdade. Costumava ser tudo o que mais ansiava assim que entrou em confinamento, um sonho distante, uma meta, um motivo pelo qual valia a pena viver. Por que agora sentia-se tão vazio? Seu indivíduo desabitado de boas ou más sensações, desguarnecido, desocupado, limpo, livre, vago (era disso que se tratava a tal liberdade, então?).

Apático, entrou no apartamento. O cheiro que invadiu suas narinas lhe parecia outro, irreconhecível. Passou os olhos pelo local procurando desesperadamente se agarrar à algo que parecesse lhe pertencer de fato. Mas, como as roupas que cobriam seu corpo, todas aquelas coisas lhe eram estranhas; não que não as reconhecesse, mas era como se não lhe coubessem mais.

Não conseguia dar nome àquela sensação, mas não se sentia em casa. Tudo tão bem arrumado, em seu devido lugar, o fazendo lembrar-se de cada objeto que, com sua particularidade, lhe contava coisas das quais havia se esquecido. As lembranças lentamente foram emergindo de sua mente e, junto com elas, sentimentos conflituosos; lhe assombrava pensar que havia renunciado a si próprio.

Estava sozinho. Irremediavelmente sozinho e rodeado de memórias, sem saber o quanto isso de fato era bom ou ruim. Em um primeiro momento havia se sentido abandonado – aliás, todo o tempo na prisão foi assim –, mas agora, diante da nova situação, até se sentia grato por não ter ninguém à sua volta. Finalmente sozinho. Por quanto tempo não soube o que era isso? Podia ouvir o som de seus próprios passos, de sua respiração, batimentos cardíacos e, se prestasse atenção o suficiente, podia escutar também a voz de seus próprios pensamentos.

Por quantas e quantas vezes em sua cela não sonhou em estar exatamente na mesma situação? Seu lar parecendo de longe tão mais doce, a falta desconcertante de ter algo que fosse somente seu, o luxo de poder fazer o que quisesse incluindo não fazer nada. Costumava fechar os olhos e imaginar-se sem mais nenhuma obrigação com a justiça, pena cumprida, alma lavada. Quantas noites mal dormidas passou ansiando pelo dia em que sairia dali? Quase enlouqueceu antes que o bendito dia chegasse.

Inspirou profundamente algumas vezes concentrando-se no ar que entrava e saía dos pulmões. A pior parte. Não era como se sua vida o tivesse esperado; não bastava simplesmente voltar para continuar do ponto em que havia parado. Não era assim porque não era mais a mesma pessoa.

Sozinho. Começou a andar por seu apartamento, as paredes o engoliam fitando-o em retorno às íris esverdeadas; os retratos pendurados e os bibelôs na estante talvez se perguntando quem seria aquele desconhecido. Sabia porque se perguntava o mesmo.

Um desconhecido. Um qualquer.

Sentiu a boca seca, entrou na cozinha e caminhou até o filtro. Estava funcionando. Logo o barulho da água preenchendo o copo de vidro tomou o ambiente; perpassou os olhos pelo local, deslizou uma das mãos sob o armário acima de sua cabeça; o abriu. Estava abastecido. Haviam cuidado de sua casa para si. Por que fariam isso? Ninguém, com exceção de Lindsey uma única vez, o havia visitado, então, por que ainda se dariam ao trabalho?

Talvez simplesmente não quisessem vê-lo. Porque sabiam quem ele era.

 Talvez fosse esse o principal motivo pelo qual se sentia um completo estranho. Diferente de seu antigo eu agora ele estava certo de quem era.

O copo transbordava enquanto Gerard abaixava lentamente, a expressão dilacerante tomando conta de suas feições. Deixou que os joelhos tocassem o chão frio e um som gutural tomou conta do ambiente. Entre soluços permaneceu na companhia de sua própria dor que ecoava assombrosamente pelo ambiente.

Não seria capaz de aguentar, não seria... Capaz...

 

*

 

Franziu o cenho antes de abrir os olhos e perceber que estava deitado no chão. O telefone tocava, mas não fez menção alguma em atendê-lo. Remexeu-se; as costas doíam, então levantou-se lentamente com o auxílio de uma das mãos que se apoiava sobre a pia. O chão estava encharcado, assim como suas roupas, mas só se retirou do ambiente caminhando em direção ao quarto.

Foi desabotoando a velha camisa enquanto observava o aposento; os orbes se demoraram sobre a cama de casal e seus quatro travesseiros, convergindo em seguida para a mesa em um dos cantos sendo adornada por papéis e lápis de todas as cores. Deixou que o ar escapasse de seus lábios trêmulos enquanto contemplava cada objeto que compunha o ambiente e, então desviou o olhar piscando algumas vezes incomodado finalmente livrando-se da peça de roupa.

Enquanto despia-se por completo imaginava o que estaria fazendo naquele momento se ainda estivesse encarcerado. Pensava em Frank tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe vindo ao seu encontro eventualmente quando seu maço de cigarros chegava ao fim. Tinha certeza que somente lhe procurava quando o vício assim lhe obrigava; sabia que a frequência do menor não condizia com a rapidez com que fumava.

Talvez a pior parte fosse olhar ao seu redor e se deparar com tanto conforto. Sua consciência agora estava certa que podia viver muito bem sem tudo aquilo; não que fosse inútil, mas sabia que muito ali era dispensável. Nunca antes havia refletido sobre isso e, sendo a nova pessoa que havia se descoberto, não achava justo ficar com tudo aquilo. E, embora não quisesse admitir para si mesmo a pouca nobreza, sentia-se assim porque pensava em Iero.

 

“As íris coloridas se encontraram e permaneceram fitando uma a outra até que os lábios do menor renderam-se esboçando um sorriso ligeiro no rosto bonito. Não pôde evitar por mais que quisesse, é que gostava de como Gerard nunca desviava o olhar, encarando-o como se o desafiasse a aguentar mais um dia. A sorte é que Frank adorava desafios ainda que esse em especial não fosse dos mais empolgantes.

Way então fez um sinal pendendo a cabeça para o lado no qual ficava a saída do local. O menor negou um tanto divertido, não iria falar com ele. Havia se passado praticamente dois anos e ainda não tinha aprendido? Tudo bem que às vezes cedia em algo – era humano, afinal – mas, no momento, estava em sã consciência; quanto mais longe ficassem, melhor. Gerard revirou os olhos para a atitude do outro repetindo o sinal sem retribuir o sorriso, então Frank desviou os olhos para o prato intocado do outro levantando o queixo ligeiramente antes de voltar a encará-lo.

O maior suspirou deixando que os orbes vagassem pelo local, cansado, em seguida perpassou as mãos por cima do prato cruzando-as uma vez enquanto meneava a cabeça negativamente. Estava sem fome. Iero passou os dedos pelo cabelo e levantou vencido.

Quando Way saiu do refeitório o encontrou encostado em uma das paredes.

- Virou a porra do meu pai agora, Iero? – Disse sem esboçar reação alguma; a fala fez o menor soltar um riso breve.

- Não sou, graças a Deus. Se fosse, você levaria uma surra por tratar seu pai assim – Riu mais uma vez.

- Pro Diabo, Frank! – Franziu o cenho, nervoso – Preciso falar com você.

- Você sempre precisa, Gerard – Levantou as mãos em um gesto de obviedade – Já sabe o que penso, falamos diversas vezes sobre isso. Inclusive, isso aqui – apontou para si mesmo e depois para Way – não podia estar acontecendo.

- Não faz mais diferença – Disse quase em um sussurro.

- Faz, Gerard – Retrucou, exausto.

- Não... Não faz, Frank.

- Por quê? – Levantou uma das sobrancelhas esperando ouvir alguma nova teoria.

- Porque hoje é meu último dia aqui.”

 

A primeira gota de água quente que chegou à sua pele, seguida por todas as outras, fez Gerard gemer em surpresa fechando as pálpebras lentamente em uma expressão de prazer. Logo estava rendido ao súbito conforto permitindo que todo o corpo fosse tocado pelo calor enquanto inclinava levemente o pescoço massageando a nuca com os dedos esguios. Desejou que a água lavasse de uma vez toda e qualquer sensação ruim, purificando-o de todo o peso, sujeira e negatividade preso a si pelos últimos anos.

Mas quanto mais sentia-se reconfortado, mais pensamentos repressores o rodeavam.

 

“A expressão gracejada desapareceu tão rápido quanto a frase foi dita pelo maior. Frank engoliu em seco levando a mão à nuca enquanto focava-se nos pés agitados de Gerard.

- Último? – Indagou por que, de repente, não tinha nada a dizer.”

 

Poucos segundos desfrutando do luxo de um banho decente bastaram para que despontasse novamente um incômodo criado por sua mente. Como podia aproveitar o que quer que fosse? Sem Frank? Sabendo que ele ainda estava lá? Suspirou pesadamente agachando-se até o chão, estava fraco, cada novo pensamento dominando-o, sugando todas as energias.

Abriu os olhos, o vapor já tomava todo o box embaçando o vidro de que era feito. Deslizou a ponta do dedo sobre a superfície lisa marcando-a devagar e com precisão.

 

“- Sabe o que tem que fazer.

- Não sei, me diz.

A agonia presente na voz fez Iero hesitar por um instante antes de responder ao maior. Não queria fazê-lo, mas sabia que era o único caminho.

- Você tem que me esquecer.”

 

Não demorou para que pudesse ler com facilidade o que havia escrito e, assim que o fez, sentiu que não aguentaria. Por que havia lhe dito aquilo? Um repentino enjoo lhe subiu pela garganta, as lágrimas que se formavam confundiam-se com a água que caía. Não queria que fosse assim.

Não queria.

Não podia ser assim.  

 

“Olhou o rosto de Gerard pela última vez, prestou atenção nos mais mínimos detalhes ainda que, estivesse certo, sua mente já os havia decorado. Precisava ser forte e sair dali. Urgente. Não sabia quanto tempo mais aguentaria. Os olhos ardiam, o peito queimava.

Somente uma palavra conseguiu proferir antes de virar-se.”

 

Way focou a visão mais uma vez no vidro passando os dedos bruscamente sobre as letras desenhadas que juntas formavam “Adeus”.

 

*

 

Sobre a cama, em meio a lençóis e cobertores amontoados, contorcia-se em agonia; a respiração descompassada feita através dos lábios semiabertos era audível junto com os gemidos que escapavam sofridos. Tinha o cenho franzido, úmido de suor, os dedos agarrados firmemente ao tecido rente ao colchão macio.

“Por quê?” A voz abatida se fez presente pela primeira vez propagando-se pelo local silencioso enquanto dormia. “Eu não quero isso!” Continuou, revelando suas feições agressivas enquanto revirava-se mais uma vez aproximando-se da beirada da cama. Rangeu os dentes, o corpo fraco lutando contra uma força intangível, abstrata porém diversas vezes experimentada; lhe corroía as entranhas, lhe crucificava a cada dia longe de...

“Frank!”. Gritou o mais alto que seus pulmões lhe permitiram e seu corpo foi ao chão com um baque seco amortecido pelo carpete escuro; automaticamente as pálpebras revelaram as íris esverdeadas que vagaram pelo local assimilando onde estava. Sua casa, mais uma vez. Suspirou pesaroso, em seis meses já deveria ter se acostumado. “Mas como?” Indagou em um sussurro a si próprio tomado pelas sensações ainda tão presentes deixadas pelo pesadelo recente. Decepção. A mente lhe obrigava a vivenciar incessantemente as cenas que já deveria ter superado e, por mais que cada lembrança lhe causasse um novo dano irreparável, quando acordava sentia como se precisasse de mais uma dose.

Mais uma dose. Os olhos focaram-se na garrafa de uísque vazia tombada a aproximadamente um metro de si, havia uma trilha de papéis espalhados pelo chão junto com alguns lápis de cor. Esticou o braço para alcançar um deles e poder admirar o rosto desenhado. “Você tem que me esquecer”. Repetiu a frase dita pelo menor meses atrás. “Não posso”. Sussurrou para si; cada traço do rosto tão convidativo que era impossível não o desenhar e, enquanto pudesse fazê-lo, jamais se esqueceria.

O telefone começou a tocar. Gerard fechou os olhos em irritação; já havia avisado Lindsey mais de um milhão de vezes que não receberia seus pais em casa. Não queria vê-los e, acima de tudo, não queria satisfazer qualquer necessidade que tivessem. Sabia que só insistiam em visitá-lo porque sentiam-se em dívida por tê-lo deixado abandonado durante os três anos que permaneceu em cárcere; pois se dependesse de Way, levariam a culpa para o túmulo. Não gostavam verdadeiramente de si, só queriam se aliviar do peso que vinham carregando nas costas.  Se a campainha tocasse, se fingiria de morto. Mais uma vez. E assim, os esqueceria de vez.

Assim que o som perturbador deu lugar novamente ao silêncio, os orbes coloridos voltaram a vagar pelo local. Se não os visse, os esqueceria. Levantou-se do chão de repente com o pensamento que teve, a visão perpassando por todos as linhas desenhadas que em conjunto lhe devolviam o olhar instigante. Fitou bem o rosto desafiante antes de dizer:

“Não pode me esquecer”.

 

*

 

O estômago contorceu-se em ansiedade assim que hesitou dar o primeiro passo para dentro do salão; o ar carregado já podia ser sentido de onde estava e embrenhava-se com facilidade em seus pulmões agitados que faziam seu peito subir e descer visivelmente. Havia acontecido. Depois de meses policiando-se, evitando correr para vê-lo na primeira fraqueza como um alcóolatra foge à bebida, havia fracassado. E não podia negar que estava assombrado, a pressão do ato impensado sendo intensificada pela frieza que emanava das paredes causando em si uma tristeza arrebatadora.

Estava ali. Um cachorro sem dono clamando por segurança. Estava ali e não havia como voltar atrás.  Por mais que o corpo protestasse pela mudança de cenário, sabia que precisava vê-lo. E Junto esse entendimento os pés começaram a se mover ainda trêmulos em direção à bancada; a mesma composição dos móveis facilitando para que se visse entrando ali, naquele mesmo lugar, há três anos, inocente, desamparado e com o peso do mundo nas costas.

Culpado. Ainda hoje era difícil admitir o que fizera.

Mas o título que logo começou a fazer parte de si e dominar todas as situações que se sucederam, também o fez enxergar coisas que antes jamais havia percebido. Tornou-se outro, graças ao local, às pessoas que conhecera, à vida que passou a levar e, se isso visto por alguém de fora parecia terrível (algum dia também foi para si), naquele momento sentia-se agradecido.

O cárcere como um rito de passagem. Sem ele, nada haveria mudado.

E, com o desafio vencido, logo vieram as dúvidas. Desprazer, solidão. Por um momento acreditou que a cegueira de antes era mais simples – e de fato era –, as mudanças somente servindo para reforçar sua infelicidade também ante a liberdade. Nunca havia sido feliz. Mas, logo via, da insatisfação desprendia-se algo novo, um desejo de recomeço, uma chama de esperança. Era por isso que estava ali. Havia finalmente aprendido a se apoiar no que tinha de bom e estava pronto para admiti-lo.

Respirou fundo aproximando-se do policial presente, ao qual disse algumas poucas palavras; o mesmo, antes de se retirar, pediu que aguardasse. Esperou de pé mesmo, desistindo de controlar as mãos inquietas que tremelicavam na frente do corpo magro e não demorou para que a mesma autoridade retornasse, a feição séria no rosto.

Não lhe foi dito nada, apenas segurava um papel amassado que logo tocou os dedos pálidos de Way. Piscou algumas vezes tentando convencer-se de que estava errado e em um movimento rápido leu. Duas palavras; as mesmas que assombravam suas noites e piores lembranças. Gerard deu um passo para trás institivamente, engolindo em seco, os olhos vagando pelo local. Não seria levado ao salão de visitas. Não o veria. O ar voltou a entrar descompassado nos pulmões, tinha medo de fracassar mais uma vez, medo de fazer o que era errado.

Mas por que por isso havia de parar?

Esticou o braço até uma caneta em cima do balcão e escreveu bem embaixo do pedido de Iero. Cada traço que fazia era em nome do que havia passado, de quem havia conhecido e de que havia se tornado. Devolveu o pequeno bilhete ao policial que aceitou de bom grado e, tendo em mente que havia feito o que deveria, logo virou-se de costas para deixar o local.

Ao contrário de decepção, sentia uma leveza pura tomar conta de si, pela primeira vez sentindo-se verdadeiramente livre. Era simplesmente quem queria ser e, até começava a sentir um certo orgulho de si. Imaginou como o detento reagiria à sua desobediência, isso o fez sorrir minimamente. O sol já voltava a tocar sua pele e sentia-se finalmente grato e aliviado por isso, sem culpa e sem motivos para pensar em problemas porque, agora, tinha certeza de que um dia voltariam a se encontrar.


Notas Finais


#1AnoDeAGLM<3


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