História A Hashira do Gelo - Encrenca

Os dois hashiras já estavam para chegar ao distrito onde os desaparecimentos foram relatados. Criaram uma estratégia durante o caminho e, por fim, decidiram optar por uma formação orbital em caso de um combate frontal: ele realizaria os ataques diretos, enquanto ela faria uso de sua velocidade de reação e o cobriria de ataques vindos de pontos cegos. Eles discutiam os últimos detalhes no final da viagem, antes de saírem para o reconhecimento.

- Você disse que sente onis, não é? De qual distância você consegue sentir um? - Uzui perguntou.

- Não sinto onis, sinto o calor. Sinto qualquer coisa, desde que seja mais quente do que eu. E sem usar a Primeira Forma, dá pra perceber um oni a uns 80 metros.

- Já dá para ter uma reação rápida. E usando?

- Bom… Eu consigo cobrir mais de um terço da área de nossa base. Por isso preciso me movimentar durante as vigias.

- QUÊ?! ISSO É MUITA COISA! - Uzui assustou a moça com o grito repentino. - Que habilidade extravagante! 

- Diferentes tipos de seres têm diferentes formas de calor. - Ela tentou continuar explicando, com uma das mãos na cabeça, incomodada com o barulho da voz alta do homem. - E os onis são mais quentes que qualquer outro ser. É fácil percebê-los entre os demais, embora eu não possa medir o nível de poder... Mas dá ao menos para saber se é forte ou não.

- Como diabos isso funciona?! É como se fosse uma cobra???

- Não… Eu… não sei…! É como se fosse um tipo de tato… - Ela se confundia ao explicar, e gaguejava com o nervosismo causado pelo interrogatório. - Você sabe que está quente quando chega perto de uma fogueira, não é? É dessa forma, só que com mais detalhes. 

- Sim, mas isso é… Uma fogueira estaria a menos de dez metros, você faz isso a centenas! - Ele berrava indignado.

- Não fale como se fosse fácil. Já disse que isso gasta muita energia. Tem noção de quanta comida preciso comer?! Tenho que levar uma bolsa de mantimentos enorme em todos os turnos de vigia! - E os dois entraram numa discussão.

- Parece que eu sei, afinal você está carregando uma agora! E já comeu tudo! Você come mais do que eu! E olha o seu tamanho, você é enorme pra uma mulher! Monstrenga!

Yukiko ficou visivelmente irritada. Queria partir para cima do companheiro, mas ela respirou fundo e se conteve.

- Não vou responder às provocações de um shinobi que brilha feito um vagalume… - Ela encontrou o ponto fraco do homem, apesar de não ter sido intencional um insulto tão grave. 

Apesar de não parecer, a famosa extravagância de Uzui tem motivos. Cansado de viver sob o regime shinobi que causou-lhe tanto sofrimento, com regras rígidas que desvalorizam a vida humana, ele se revoltou contra o sistema que ele considera ter tirado a vida de seus irmãos, e tantas outras pessoas, desnecessariamente. Ele sempre coloca vidas em primeiro lugar, e seu estilo era a forma mais clara de se declarar contra àquela ideologia. Era natural que ficasse irado se alguém zombasse disso.

- Ei, maldita… Eu tenho plena consciência de que não podemos resolver isso na espada, então que tal-

Yukiko pôs a mão esquerda na bainha da própria espada, e empurrou o guarda-mão com o polegar, fazendo com que a katana se abrisse levemente. Uzui não tirou os olhos dela por um instante sequer. Ela levou a mão direita a empunhadura, pronta para um saque rápido.

- O que pensa que está faz-

- Estou sentindo um oni.