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História A Hashira do Magma - Invasão


Escrita por: Yasu_Ito

Notas do Autor


Oi pessoal, tudo bem com vocês?
Peço desculpa pelo leve atraso, mas trago um capítulo um pouco mais leve, em que vocês conhecerão um pouquinho mais da personalidade da Yasu.

No mais, aproveitem a história. ❀

Capítulo 3 - Invasão


-Yasu! - A voz masculina ecoou pelo templo. - Estou de saída, voltarei só a noite. Comporte-se. 

-Claro, Himejima-sama.  

Yasu fez uma reverência e escutou a porta fechando em um baque abafado. Ela esperou, levantando novamente o corpo, e abriu a porta em uma pequena fresta, observando as costas de seu mestre, já um tanto distantes. Um suspiro alto foi escutado e então a garota riu, cruzando os dedos por detrás das costas; afinal, aquela era a primeira vez que seu mestre saia para uma reunião e a deixava sozinha.

Era conhecimento geral que, a menina - que já apresentava traços de sua adolescência - era curiosa, e sempre quis saber aonde ia e o que fazia seu mestre nessas tais reuniões, mas sempre era impedida de ir atrás dele pelas irmãs Kocho. 

A porta foi aberta devagar, como se a garota estivesse com medo de ser pega por alguém, e logo a fechou detrás de si. Yasu olhou para o caminho que o monge seguiu e correu rápido, descendo a montanha e seguindo na mesma direção que o homem. 

Seguiu os rastros do hashira até chegar em uma região mais movimentada, com casas e um comércio local, mas o que lhe chamou mais a atenção foi a mansão mais afastada, exatamente onde os grandes passos de seu mestre acabavam.  

A ruiva olhou as árvores e os muros altos e sorriu, afinal suas pernas eram fortes e a ajudavam em seus grandes saltos, enfrentando sem muita dificuldade aquele obstáculo. Yasu encarou o local ao redor, a procura de alguém por perto e quando percebeu que estava sozinha, subiu a árvore mais próxima do longo paredão e saltou, equilibrando-se em cima do muro e pulando para o grande gramado. 

Encarou admirada o grande jardim, com árvores robustas e arbustos encorpados; observou os longos corredores de madeira cobertos – perfeitos para correr – e a gigantesca casa ao centro do local. Yasu sorriu observando aquele local tão bonito, até sentir algo se arrastar perto dos pés. Olhou para baixo e viu a pequena cobra branca que a encarava, e ela riu baixinho, já se abaixando e deixando a pequena serpente se enroscar na mão direita dela. 

-Olá! – Falou baixinho, fazendo um pequeno carinho na cabeça do animal com um dedo. - O que você tá fazendo por aqui? 

-Kaburamaru! – A garota escutou os passos rápidos e viu a criança ofegante, aparecendo próximo a ela. -Achei você! Mas quem é você? 

Encarou tensa o menino a sua frente, já sabendo que tinha sido descoberta e que provavelmente iria ter problemas por invadir aquela casa. Voltou a atenção para a pequena cobra, sentindo-a apertar levemente o braço e olhar para o garoto, passando a esticar o corpo na direção dele. A ruiva o viu se aproximar hesitante, colocando a mão próxima a dela, deixando finalmente o animal se arrastar, aninhando-se sobre o braço magro. 

Yasu encarava a criança. Os longos cabelos negros, a faixa amarrada no rosto fino e principalmente os olhos de cores diferentes, observando-os profundamente, como se perdesse neles. 

-O que foi? – Perguntou o menino, um tanto raivoso. –Como você entrou aqui, e o que você quer? 

-Seus olhos. – Yasu falou ainda encarando os orbes masculinos e sorriu. –Eu gostei da cor deles, são muito bonitos; e gostei da pequena cobrinha, ela é muito fofa. Meu nome é Yasu, eu estava procurando meu mestre, mas ele não sabe disso. 

A garota coçou a nuca, visivelmente desconfortável, e voltou a atenção para o pequeno animal pendurado já no pescoço alheio, tentando não encarar mais o menino, claramente incomodado e sem reação pelo que havia escutado. Afinal, o moreno sempre havia sido rejeitado, era apenas um sacrifício que nunca recebeu qualquer tipo de atenção ou palavra carinhosa até pouco tempo. 

-Bem... – Ela falou hesitante. -Me desculpe por invadir sua casa, eu apenas queria saber onde Himejima-sama ia nessas reuniões dele... 

-Você conhece o pilar da pedra? É treinada por ele? – O garoto falou alto, arregalando os olhos. -Você é uma caçadora de demônios? Por que não entrou pela porta, ao invés de parecer um invasor? 

-Não! - Yasu falou mais alto balançando as mãos em frente o corpo. -Não sou uma caçadora, bem... Pelo menos não por enquanto, já que vou fazer a prova ainda este ano. E eu tive que entrar assim porque eu estava seguindo o Himejima-sama, mas ele não sabe disso, até porque ele pediu para que não saísse do templo.  

Falou mais baixo a última sentença e então levantou o rosto de maneira rápida, parando sua divagação; o garoto a viu ficar pálida e começar a mexer descontroladamente no rosário preso no pulso feminino, notando que – finalmente – a ruiva havia percebido o que fez.

-Ahhh, Kami-sama! Se ele me pegar aqui eu vou tá muito encrencada, ele irá me fazer treinar o dia todo na cachoeira, e eu quase desmaiei da última vez. - Ela parou, colocando as mãos em frente a boca e olhou – angustiada – o menino por um curto instante, levando as palmas para trás e retirando o cabelo em frente ao rosto. - Ahhhhhh! Eu tô muito ferrada!

Tanto o menino, quanto a pequena cobra ficaram observando a ruiva que ia de um lado para o outro, murmurando o quanto que sua situação estava complicada e uma série de coisas já incompreensíveis por eles. O moreno apenas riu do desespero da ruiva, ficando confuso em seguida ao notar que ela parou, passando a encara-lo de soslaio com um olhar esperançoso. Yasu pulou para perto dele e segurou as mãos do menino – um pouco mais baixo – enquanto que ele apenas se assustou com ato tão repentino.

-Qual o seu nome? – Yasu perguntou rápido, encarando-o nos olhos com ansiedade e expectativa. 

-Ahn? – O garoto balançou a cabeça, logo entendendo o que ela falou. - Iguro... 

-Ahh, Iguro-kun! - Ela exclamou alto. -Você promete não contar para ninguém que eu fiz isso? Por favor. 

O garoto ficou encarando-a atônito, processando o pedido de cumplicidade para com o que a ruiva fez. Afinal, Yasu ainda havia invadido aquele local. Iguro ergueu uma das sobrancelhas e sentiu ela apertar levemente os dedos nos seus, com um olhar um tanto quanto desesperado. Yasu mordeu o lábio, e então o moreno sentiu as mãos dela tremendo levemente. 

-Você é maluca! – Ele falou encarando os olhos avermelhados. -Mas eu vou te ajudar... 

O sorriso da ruiva se abriu quase que instantaneamente, e logo ela soltou as mãos dele, puxando o braço do garoto, o abraçando forte em seguida.

-Oh Iguro-kun! - Yasu falou apertando os braços sobre os ombros do garoto. -Muito obrigada! Eu nunca vou me esquecer disso. 

-Vejo que estão se divertindo. – Uma voz mansa se fez presente. – E Obanai, fico feliz por ter arranjado uma amiga. 

A ruiva sentiu um calafrio nas costas ao escutar a voz masculina, seguido de um empurrão forte do garoto em seus braços, que apenas segurou seu pulso, ajoelhando-se e a puxando, para que imitasse seu gesto.

-Oyakata-sama! - Iguro falou sério, fazendo a atenção da ruiva focar-se no homem a sua frente. -Perdão pela bagunça, prometo que não irá se repetir. 

-Não se preocupe, minha criança. Fico feliz em ver você recuperado, e até encontrado uma amiga. 

Yasu ficou encarando aquele homem a sua frente de maneira abobada, notando o quanto que ele tinha uma aura boa e a sensação de calmaria e paz que ele passava, apesar de parte de seu rosto ser tomado por uma doença estranha que o cegava em um dos olhos. 

-E você criança, qual o seu nome? 

-Oh! – A ruiva assustou-se, notando que o homem a encarava. -Meu nome é Ito Yasu, senhor. Perdão por invadir a sua casa, não era a minha intenção causar tantos problemas.

Ubuyashiki apenas sorriu, vendo a menina ajoelhar-se ainda mais, em uma imensa mesura. O homem desceu a pequena varanda e parou diante da garota, que levantou a cabeça o encarando, mas que logo fechou os olhos ao sentir a mão leve acariciar os cabelos ruivos, sorrindo e sentindo uma enorme paz lhe encher o peito. 

-Você deve ser a tsuguko de Himejima. Ele já me falou de você, criança. Espero ansioso o seu sucesso, igualmente a você, Obanai. 

-Obrigada senhor. É muito gentil da sua parte isso. – A ruiva sorriu encarando o homem a sua frente, que apenas sorria de maneira singela. 

-Conte-me um pouco de você, Yasu. – O homem falou, seguindo em direção a varanda e se sentando ali perto. –Eu gosto de conhecer as minhas crianças. 

Ubuyashiki sorriu enquanto observava as crianças, encarando-as de uma maneira quase que paternal. Confusa e sem saber o que fazer, Yasu olhou para o moreno que apenas se aproximou do homem, sentando-se no gramado amplo, e corou, ao notar que ambos passaram a observa-la. Ela aproximou-se e sentou ao lado de Iguro.

Apesar de ver o monge como o seu mais novo porto seguro, Yasu ainda não gostava de relembrar ou falar o quão trágico haviam sido os últimos anos de sua vida. A garota olhou para o chão – tristonha – e remexeu o rosário no pulso enquanto suspirava de maneira ruidosa, decidindo contar a peça que a vida lhe havia pregado. Afinal, não viu motivos em esconder aquilo para alguém que exalava tanta tranquilidade e paz. 

-Bem... – Ela se aproximou, ainda hesitando em começar sua fala. –Minha vida não foi das melhores. Nunca conheci meu pai, mas minha mãe costumava nos contar histórias sobre dele, de que era um grande caçador de demônios, e que algum dia iria voltar... 

A ruiva olhou para o homem a sua frente, encarando o sorriso pacífico, e voltou sua atenção para Iguro, olhando brevemente para a pequena cobra que enroscava no pescoço alvo. A garota ergueu a mão, tocando na cabeça da serpente que apenas esticou o rosto, encostando-se na ponta do dedo dela. 

-Já minha mãe morreu na minha frente, tentando me salvar de um oni... – Ela puxou o rosário preso no pulso e passou a apertar as contas vermelhas com força. – E meu irmão... - Yasu segurou um pequeno soluço choroso. – Ele se transformou em um oni quando voltava pra casa. Foi ele quem matou nossa mãe. 

-Como você fugiu? 

A pergunta veio rápida do moreno ao seu lado. Yasu o encarou triste, olhando no fundo dos olhos bicolores e sorrindo de maneira apática, ao mesmo tempo que estendia ainda mais a mãos na direção da serpente, na expectativa que ela se entrelaçasse em seu antebraço. A garota abaixou o olhar, deixando que a franja lhe cobrisse os olhos, mas ambos perceberam a pequena lágrima que escorria pelo rosto fino. A serpente, como se recebesse uma confirmação silenciosa de seu “dono”, apenas rastejou para a mão feminina; e a garota secou a lágrima silenciosa, antes de levar o animal para perto de seu rosto.

-Meu irmão está morto agora. É triste pensar assim, mas ao menos nossa mãe foi a única vítima que ele fez. – A ruiva fez um pequeno carinho na serpente, esfregando seu rosto na cabeça do animal. – Hoje em dia eu penso... Que talvez, lá no fundo, ele tivesse recobrado a consciência, como se de alguma maneira resistisse a transformação. – Suspirou profundamente, falando com a voz embargada. – Mas ainda é muito difícil, sempre relembrar do rosto tristonho dele me chamando, pouco tempo antes de eu lhe cortar a cabeça.  

O animal se remexeu no antebraço feminino, fazendo com que a ruiva estendesse a mão em direção ao garoto; e viu o animal voltar rastejando para seu dono, enroscando-se novamente no pescoço de Iguro. Chamando a atenção dos dois, Yasu levantou-se de maneira devagar e fez uma longa mesura para o mais velho.

-Muito obrigada Oyakata-sama, por me abrigar e não reclamar sobre essa pequena invasão. Perdoe-me por qualquer imprevisto que eu tenha causado. – Ela ergueu o corpo, fixando os pés no chão. –E obrigada novamente. A conversa foi breve, mas me sinto um pouco melhor agora; e imagino que eu deveria ir embora também. Adeus Iguro-kun. 

Yasu deu dois passos para trás, ainda encarando os rapazes, e se virou andando até a maior árvore, próxima ao muro. A garota olhou uma última vez para o homem e seu novo amigo e sorriu, acenando para ambos, e saltando logo em seguida, indo de um galho alto até o muro, logo sumindo da visão deles. O garoto de olhos bicolores encarava o local confuso, estranhando por onde ela seguiu – intrigado com o quão facilmente ela subia nas árvores – enquanto que Ubuyashiki apenas sorria, encarando o mesmo local.

-Até logo, minha criança. Boa sorte em seu caminho.


Notas Finais


Hey pessoal! Espero que tenham gostado do capítulo, até o próximo!


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