Reino da Pérsia
Na sala do trono do palácio em Pasárgada, o rei Ciro e o General Dário, conversavam...
— Recebi excelentes notíexplicou a rainhmeu segundo pai, o tesoureiro Mitridates, as províncias de todo o império estão prosperando.
— Isso é ótimo, mas acho que está na hora de iniciar mais uma campanha militar.
Ciro já sabia o que se passava na mente de Dário. — Mesopotâmia?
— Sim, já adiamos tempo demais, conquistando a Babilônia, o soberano será rei de toda Mesopotâmia. Assíria, Caldeia, Acade, os reinos fenícios...
— E minha terra, Judá. — completou a Rainha Joaquina.
Ciro olhou para a amada, e se recordou da promessa que a fez a ela e Selatiel há tantos anos.
Dário continuou com seu argumento. — A capital está sendo governada pelo príncipe regente Belsazar. O rei Nabonido não mora na Babilônia, ele vive num Oásis em Taiman, e construiu um palacete para si, lá. É sumo sacerdote de um deus lunar.
— Nabonido não é caldeu, é assírio, e sua crença é em deuses lunares, certamente não se sentia a vontade em ter que adorar deuses babilônicos. — explicou a rainha Joaquina. — Mas o fato de ele ter deixado Belsazar na regência é preocupante.
— E desde da aliança que fizeram com os lídios, sabemos que a Babilônia não é uma aliada.
— Podemos começar conquistando cidades menores, como Uruk, Ur, Nippur, entre outras, depois a capital.
— Uma boa estratégia, soberano.
— Se conquistarmos a Mesopotâmia, eu o nomearei Sátrapa da Babilônia, Dário. — anunciou Ciro
— Será um grande presente, ter a honra de governar a Babilônia, já anexada ao império persa.
— Tudo o que tenho ouvido sobre a Babilônia ultimamente são más notícias. Belsazar é soberano fútil e egoísta. É lamentável. Estaremos fazendo um bem aos caldeus conquistando essa terra. — reconheceu Ciro.
***
Reino da Babilônia
— Não consegui nada fixo, só uma moça babilônica que me pediu para podar umas plantas. E me pagou na hora. Está aqui. — a jovem estendeu o sacinho, com o pagamento.
Jacob logo negou. — Fica para você, vai na rua do comércio comprar algo pra você. Mas nada de comprar amuletos pagãos, é o que mais vendem na rua do comércio.
— Que isso, tio. Não sou idolatra não.
— Você não vai voltar no palácio mais não, não é?
— Não, eu quero poder me casar, tio. Se eu perder minha pureza com o rei, ainda que contra a minha vontade, quem vai me desposar?
— Entende agora porque quando você chegou eu disse "Vasti"? Sua beleza, encantou até mesmo o rei.
— Ah, entendi.
— A beleza às vezes pode ser perigosa, Elisabete. É uma pena sabe, uma camponesa como você, ia se dar bem lá na Pérsia, a terra das flores, jardins... Sabe que a rainha da Pérsia é filha do rei Joaquim de Judá?
— É mesmo?
— É a princesa de Judá, Joaquina, conheci ela, conheço a família real de Judá, são pessoas muito boas. Por falar na realeza, olha quem chegou.
Era Zorobabel, que chegou com um sorriso, como sempre.
— Shalom, príncipe Zorobabel. Essa é minha sobrinha que falei que viria para cá; Elisabete.
O casal sorriu para outro, encantados um com o outro.
***
Nidama, não conseguia esquecer de Elisabete, afinal a jovem esteve no momento mais importante de sua vida, o nascimento de Vasti. Por ela, a camponesa continuava trabalhando no palácio. E era exatamente o que a princesa dizia a jovem.
— Meu tio disse que eu não preciso me preocupar, ele é um excelente marceneiro. Mas eu faço questão de ajudar, encontrarei um emprego.
O rei Belsazar entrou no aposentos, e até gostou de ver que a jovem que tanto desejava ainda estava por ali, não ia demorar muito, e ele a possuiria.
— O que essa judia faz aqui?
— Ela foi essencial o parto de Vasti, eu gosto dela, ela veio a meu convite.
Belsazar meneou a cabeça. — Depois não reclame do que acontecer. Sabe que se eu desejo uma mulher, eu a tenho.
O rei saiu do quarto, e Elisabete se levantou, para ir embora. — Vai escurecer, é melhor eu ir embora, ou meu tio, ficará preocupado.
— Já percebi que não se sente a vontade vindo aqui, tudo bem, quando eu for visitar Ashira e sua família farei questão de vê-la.
— Nunca pensei que eu ia ser próxima de uma princesa, a senhora tem sido muito boa comigo.
A princesa da Babilônia, sorriu: — Sabe que gosto demais de você, Elisabete. Sou muito grata por você ter me ajudado a trazer minha filha ao mundo.
***
Ainda nervosa por ter encontrado Belsazar, Elisabete foi até a oficina da casa do tio. Encontrou Zorobabel lá.
— Shalom Elisabete.
— Shalom, príncipe. Ainda está aqui?— perguntou, pois já havia escurecido.
— Eu gosto, aprendi a fazer muita coisa com madeira, graças ao seu tio marceneiro. Eu estava lendo umas escrituras antigas, e descobri como o Templo de Salomão, era... Meu avô Joaquim, também me falou como era. Então, eu fiz uma maquete do Templo.
O príncipe retirou o pano que cobria de cima, deixado Elisabete impressionada. — Zorobabel, ficou lindo! Meus parabéns!
— Meu avô e Daniel disseram que ficou muito parecido.
— Uma pena que o Templo tenha sido destruído... — lamentou ela. — Não imaginava que fosse tão bonito assim!
— Também ele foi construído pelo rei Salomão, filho de Davi, um dos Reis mais ricos que Israel já teve. Rico e sábio.
— É mesmo muito triste o que aconteceu com nosso povo, ser exilado... Isso faz com que a gente se esqueça de quem realmente somos. Num lugar de culturas tão diferentes, em meio aos pagãos.
— Não fique triste, Judá vai voltar a ser habitada. O exílio terá fim! O ungido do senhor irá nos libertar.
— E quem será esse libertador, um judeu?
— Não, será um estrangeiro, um homem muito poderoso, o rei Ciro da Pérsia.
— Como pode ter tanta certeza disso, príncipe Zorobabel? A Babilônia parece invencível com essas grandes muralhas.
Zorobabel riu. — As de Jericó também diziam que eram invencíveis. Conhece essa história?
— Sim, conheço. Meus pais, principalmente minha mãe contava as histórias de nosso povo. — confirmou a jovem. — A conquista de Josué e os hebreus, pela terra prometida, era uma das quais ela contava.
— Então sabe que Ele é capaz de derrubar qualquer muralha, por maior que seja. Uma profecia do profeta Isaías, já falava sobre Ciro. Um profeta que viveu na época do exílio de Israel.
— Mais de cem anos atrás?
— Sim, Deus está no comando de tudo. Tudo o que acontece, e para os desígnios de Deus.
— Você tem muita confiança em Deus. E eu tenho que melhorar isso, fortalecer minha fé. — reconheceu Elisabete.
— Muitos estão fracos em sua fé, já estavam mesmo vivendo em Judá, Jerusalém estava mergulhada na idolatria, por isso foi preciso que o exílio acontecesse. Eu, meu amigo levita Josué, e meu tio Nedabias, conversando sobre isso, tivemos uma ideia. Faz muito tempo que não fazemos uma festa hebraica. Na época do rei Nabucodonosor fazíamos.
— Eu mesmo nunca participei da uma. Seria maravilhoso.
***
Algumas luas depois...
Elisabete e Zorobabel se tornaram grandes amigos, ao lado dele, e de Nedabias e Josué, a moça passou a crer mais em Deus.
— Hoje eu vou fazer o pedido ao rei. — comentou o príncipe com Elisabete, caminhando na rua do comércio. — Para fazermos uma festa.
— Não sei, não... Rei Belsazar é severo... Será que ele vai permitir?
— A gente só vai saber se tentar. — respondeu. Zorobabel estava confiante. — Vou agora mesmo.
Nedabias e Josué se aproximaram de ambos.
— Se vocês vão falar com aquele tirano, eu vou também. — começou Nebabias.
— Não, Nedabias.— negou. — Você fica.
— Está bem, mas vou esperar na porta do palácio, e se demorarem muito, e vou entrar. Não confio em Belsazar.
— Vou esperar por eles, com você Nedabias. — Elisabete falou tão decidida, que eles nem argumentaram com ela.
***
— Não acho uma boa ideia. — falou Belsazar, entediado.
Para ele, governar era entediante, na maior parte do tempo, ele gostava mesmo era de condenar a morte, e muita vezes aplicar a pena, ele mesmo. Ignorava o código de Hamurabi, muitas vezes, e o gostava mesmo era de ostentar, dar grandes banquetes.
— Porque não? — perguntou Zorobabel.
— Meu pai, está há anos sem aparecer na Babilônia, todos estão revoltados, não podemos fazer as festividades a Marduk, e outros deuses babilônicos, por causa da ausência do rei Nabonido. O que os sacerdotes não vou achar se ver os cativos festejando a sua divindade, enquanto nós caldeus não podemos festejar aos nossos deuses?
— Então a resposta é não, entendi. Tem mais uma coisa...
— Fale.
— Os impostos, soberano, estão altos demais para os cativos, praticamente impossível de pagar.
— Príncipe de Judá, sua família até onde sei, desde o tempo de Evil-Merodaque recebe pensão vitalícia, Nabonido renovou essa lei, vivem praticamente num palacete aqui do lado, como pode reclamar de impostos, se não os paga?
— Sou príncipe de Judá, e me preocupo com o meu povo. Os cativos...
— Como se chama? — o regente perguntou ao jovem levita, interrompendo Zorobabel.
— Sou Josué, levita Josué. Serei sumo sacerdote, como meu pai Josadaque.
— Entendi tudo, é você que coloca essas ideias na cabeça de Zorobabel.
— Não, Josué não tem nada haver com isso. — Zorobabel falou, rapidamente. — Eu apenas reconheço que o povo está distante de Deus. Já estamos distantes de nossa terra, se permanecemos distantes do nosso Deus, o que será de nós? Um povo não pode perder sua identidade nem mesmo no exílio.
— Um belo discurso, mas não gosto que digam o que tenho que fazer. Prendam os dois!
— Isso é uma injustiça. — indignou-se o príncipe.
— Me acha injusto, principezinho sem reino? Pois ainda não viu nada! Levem-nos para as masmorras. — ordenou Belsazar aos soldados, que obedeceram imediatamente prendendo o príncipe Zorobabel e o levita Josué.
***
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.