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História A hipótese da recombinação - Um


Escrita por: sanafancy

Notas do Autor


oi

Capítulo 1 - Um


Fanfic / Fanfiction A hipótese da recombinação - Um

Mark

Eu não sabia em que momento minha vida tinha tomado esse rumo tão humilhante, mas resolvi não me afundar na vergonha e seguir de cabeça firme rumo ao meu palco de palhaço. Aquilo não iria dar certo, nunca.

Meu pai tinha me ligado a poucos dias, dizendo que estaria na cidade hoje para me visitar. Nos víamos poucas vezes e sempre que ele aparecia eu sentia como se fosse natal, e eu tivesse cinco anos.

Acontece que a última vez que ele esteve aqui foi há pouco mais de dois anos, e nessa época eu estava namorando Jackson Wang, um alfa chinês gatinho que eu conheci na faculdade. Ele é formado em Harvard e trabalha como pesquisador na Universidade Nacional de Seoul, meu superior na época, e talvez um tanto muito mais velho.

Poucas semanas depois daquela visita do meu pai, eu larguei os estudos.

E a Jackson também.

O problema é que ele amava muito aquele alfa idiota, e odiava qualquer outro com que eu já me envolvi, estou envolvido ou vou me envolver. E, sabendo que ele só queria o meu bem e sabendo de sua sabedoria, mesmo depois de ter terminado com Jackson, eu continuei dizendo a ele que estávamos juntos.

Eu não tive escolha! Toda vez que me ligava a sua primeira pergunta era "como Jackson está?" e continuava o elogiando, sempre, repetidamente, e eu nunca soube como dizer que não estávamos mais juntos. Não queria decepcioná-lo.

Agora eu estava dirigindo por aquele lado certinho e entediante da cidade pela primeira vez depois de dois anos, sabendo o endereço de cor, rezando para Jackson não bater a porta na minha cara.

Eu não podia simplesmente desmentir tudo ao meu pai assim que ele pusesse os pés em casa, então tinha que levar aquilo a outro nível. Estava indo pedir a Jackson para fingir ainda ser meu namorado durante a visita do meu velho.

Eu sei, aquilo era ridículo, forçado, humilhante e, de novo, ridículo, mas eu não viu mais nenhuma luz no fim do túnel, e eu poderia aguentar o deboche do alfa, mas não podia aguentar o olhar chateado do meu pai.

Estacionei na rua calma, andando até o prédio de arquitetura antiga e passando pela portaria vazia. O vigia era um senhor beta de meia idade, que com certeza deveria estar assistindo algum jogo na salinha de limpeza. Algumas coisas não mudavam.

O elevador estava quebrado, o que me fez perguntar se valia a pena subir 5 lances de escada e no fim acabar recebendo um sonoro "não". Pelo meu pai, pensei, posso fazer isso pelo meu pai.

Estava ofegante quando cheguei a porta de Jackson, tocando a campainha e desejando que ele não fingisse não estar em casa quando sentisse meu cheiro. Por sorte, o cheiro forte dele chegou ao meu alcance rápido, e eu aspirei o ar quando ouvi a chave girando, ele a apenas uma porta de mim.

— Que surpresa. — as sobrancelhas grossas se franziram em confusão por me ver ali, e depois de dar uma boa olhada nele todo, eu me senti muito envergonhado.

Jackson tinha se tornado um grande gostoso. Quer dizer, ele já era quando nos envolvemos, mas agora parecia que uma aura dominante e sedutora tinha se apossado dele e seu alfa esbanjava cada partícula disso em cada coisa que fazia. Sua pose encostada na batente da porta aberta, os braços cruzados, a expressão viril de dúvida... porcaria.

De aparência ele não tinha mudado muito, talvez estivesse mais musculoso, e não usava mais os óculos de grau. Talvez só não naquele momento, eu duvidava que ele pudesse viver sem eles.

— Oi Jackson. — cumprimentei sem graça, percebendo que já fazia um tempo que estava parado lhe olhando. Ele não tinha me chamado para entrar, o que já foi meu primeiro sinal, mas eu suspirei e resolvi persistir. Pelo meu pai.

— A quê devo a honra de sua visita? — a voz grossa me pegou de surpresa. Tinha esquecido como ele era. Bobinho, ingênuo, talvez um pouco infantil, mas por trás de tudo aquilo tinha um homem de pegada forte e voz arrastada que fazia você molhar tudo se dissesse as coisas certas.

— Eu preciso de um favor... — comecei tímido, vendo-o erguer uma sobrancelha em dúvida. Ele me cortou antes que eu continuasse.

— Espera aí. — deu uma risada baixa. — Você termina comigo por mensagem, manda minha coisas de volta por correio e aparece na minha porta dois anos depois 'pra me pedir um favor?

Eu senti meu rosto esquentar. Sabia desde o começo o quanto aquilo era feio de se fazer, mas não era como se não me arrependesse.

— Eu sei que eu fiz besteira mas será que você poderia pelo menos me ouvir? — Me surpreendendo, ele assentiu e eu tive que me esforçar para organizar meus pensamentos e não deixar nenhuma merda sair. — Bom, meu pai está chegando na cidade hoje e eu-

— Você quer que eu finja ser seu namorado enquanto ele estiver por aqui. — sentenciou, completando minha frase, me deixando chocado. Que parte da história eu tinha perdido? Murmurei alguma coisa em dúvida, e ele deu um sorriso de lado. — Me diz você.

— Poxa! — bati o pé como uma criança birrenta, mas não podia evitar. A presença de Jackson era muito forte e ele sempre trouxe esse meu lado para fora. Agora então, não queria nem imaginar o que essa sua aura era capaz de controlar. — Toda vez que fala comigo ele fica dizendo que "o Jackson é tão legal, o Jackson é tão inteligente, o Jackson não mora em um trailer, o Jackson nunca abusou de uma vaca enquanto ela dormia". —  revirei os olhos, deixando toda a minha frustração sair.

— Com que tipo de alfas você saia Mark? — a sua pergunta era meio risonha, meio espantada. Eu nunca tive dedo bom para homem, isso era fato, pelo menos até Jackson. E eu joguei ele fora, como eu sempre fazia com tudo de bom que aparecia na minha vida.

— Ah, você sabe... alfas. — engoli em seco, respirando fundo para me recompor. — Como sabia o que eu pedir?

— Seu pai me ligou.

Meu mundo parou de girar.

Como diabos isso tinha acontecido? Meu pai mal sabia atender minhas ligações, como ele conseguiu o número de Jackson e falou com ele? Minha cabeça estava girando e eu comecei a pensar em como deveria estar branco, porque o alfa se desencostou da porta e perguntou se eu estava bem.

— C-como... Como assim? Jackson, o que você disse? — eu esbanjava desespero e vi como o maior perdeu a pose debochada com meu pânico.

— Ele me chamou de "genro querido" assim que eu atendi o telefone, e eu saquei de cara sua mentirinha. Relaxa, não contei nada pra ele.

Foi como se eu estivesse me afogando e no último segundo alguém me puxasse para fora da piscina. Todo o ar voltou aos meus pulmões e eu senti o alívio me preencher.

— Então você vai me ajudar? — perguntei esperançoso, me recuperando rápido.

— Eu não disse isso. — um sorrisinho maroto e perverso enfeitou o rosto lindo daquele maldito, e eu choraminguei, fazendo o biquinho que eu lembrava que afetava tanto ele quando namorávamos.

— Por favor... — alonguei as palavras, disposto a chorar e espernear como um menino mimado no chão do mercado. Jackson pareceu pensar, mas eu tinha a impressão de que ele já tinha previsto cada segundo do que estava acontecendo ali e sabia exatamente sua resposta, mas estava fingindo.

— Tudo bem. — meu sorriso não durou muito. — O que você vai me dar em troca?

— Como assim?

— Não acha mesmo que eu vou fazer isso de graça, né? — riu. — Fazer favor 'pra ex? Isso não existe.

— Por que será? — resmunguei. — aposto que você já sabe exatamente o que quer.

— Sei. — seu sorriso se alargou, e ele entrou na casa por breves instantes, e quando voltou, saiu e fechou a porta. — E só vou te contar quando meu sogro querido for embora. — Ele colocou suas chaves no bolso, e me estendeu a mão, o sorriso presunçoso estava me fazendo ter raiva do seu rosto bonito. E eu não gosto de não gostar de coisas bonitas, parece errado. — Vamos, meu docinho de goiaba?

Fiz uma careta, e dei um tapa na sua mão, passando por ele e descendo as escadas na frente, questionando todas as minhas escolhas de vida, com a voz grossa e profunda soando atrás de mim. O que deveria ser gostoso de ouvir parecia agora o zumbido irritante de um mosquito no seu ouvido.

— Se vamos fazer isso, você não pode tratar seu benzinho assim, amor, o que seu pai iria achar desse relacionamento?











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