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História A história de nós dois - Nós do passado ao futuro


Escrita por: UranoZanette

Notas do Autor


Capítulo de presente de natal~

Capítulo 47 - Nós do passado ao futuro


— Eu… nasci com defeito.

Shoto ficou completamente imóvel depois daquelas palavras. Em partes porque o jeito como o outro garoto as disse fazia seu coração se apertar, deixando-o sem conseguir nem mesmo pensar no que responder. Mas também porque a conversa estava indo por um caminho curioso. Izuku já tinha feito alguma coisa de menção à pessoas sem individualidade vez ou outra, mas aquele assunto sempre pareceu algo tão distante à Shoto, como uma curiosidade aleatória, que ele nunca realmente se preocupou em prestar atenção. Contudo, dessa vez soava diferente. Engoliu em seco, antes que o rapaz continuasse contando a própria história:

— Sabe quando você tem uns quatro ou cinco anos e a individualidade de todo mundo da escola começa a aparecer? — Shoto levantou os olhos para concordar com a cabeça. Tinha nítida a memória do dia em que começaram os treinamentos pesados, desde bem pequeno, por ter manifestado um poder considerado adequado pelo pai. Estava começando a reviver mentalmente esses dias, quando o outro interrompeu seus pensamentos. — Bom, para mim nunca aconteceu. Nós achamos que fosse algo tardio, mas quando todos os meus colegas já tinham e eu não, minha mãe me levou ao médico e ele me explicou essa coisa do dedinho. Eu… bem, eu nunca vou ter uma individualidade própria.

Shoto encarou as próprias pernas, confuso sobre aquela informação. Claramente o menino tinha uma individualidade, por isso o que ele estava dizendo não condizia com o que o outro conhecera desde o primeiro ano da U.A.. Um monte de perguntas começou a se formar em sua cabeça, mas preferiu continuar a escutá-lo e, desta forma, pediu para que prosseguisse.

— B-bem… eu sempre sonhei em ser um herói, desde bem pequeno, e talvez tenha entrado um pouquinho em negação sobre os meus limites. — Izuku coçou a nuca e levantou as sobrancelhas, visivelmente pensando no que dizer. — Eu estava convencido de que poderia fazer alguma coisa, talvez usando a inteligência, por isso comecei a escrever tudo que podia sobre heróis nos cadernos, até que isso acabou virando um hobby… Você sabe. É claro que as outras pessoas me d-desencorajavam…

Shoto apertou o lençol sob suas mãos. Sabia exatamente o que "desencorajar" queria dizer. Também conseguiu entender da onde vinha toda aquela atitude de Bakugou e isso mais uma vez o encheu com uma espécie de raiva com a qual não sabia bem como lidar, ao ver o menino à frente morder o lábio. Contudo, ainda havia a questão da super força a ser explicada, por isso tomou as rédeas para direcionar a conversa.

— E sua individualidade? Se desenvolveu tardiamente mesmo?

— N-não… — Izuku gesticulou para que ele esperasse e Shoto concordou, para ouvir o resto da história. — No último ano do fundamental eu já tinha chegado um pouco ao meu limite, mas mesmo assim reuni o resto da coragem que tinha e me inscrevi na prova da U.A.. Você consegue imaginar o fiasco que me esperava? N-não é como se eu não soubesse que não tinha chance, mas foi como uma última gota de esperança, ou talvez o que eu precisava para realmente desistir desse sonho… até que, alguns meses antes da prova, eu conheci o All Might por acaso. É claro que ele também tentou me desencorajar a princípio, mas aí um vilão atacou o Kacchan e quando eu dei por mim, já tinha me jogado para salvá-lo. Foi uma confusão e nós quase morremos, mas os profissionais resolveram tudo. — Izuku suspirou depois de falar tudo aquilo de uma maneira apressada, que o outro se esforçou para acompanhar, então assumiu um tom mais sério. — No fim do dia, All Might me disse que eu poderia ser um herói e ofereceu a individualidade dele. Daí eu aceitei.

— Como assim? — Shoto interrompeu sem querer, mais pela surpresa que aquelas palavras lhe causaram. Contudo, toda aquela conversa era, de alguma forma, tão fora da realidade, que se conteve. — Perdão. Prossiga.

Izuku ficou um tempo olhando para as próprias pernas, deixando um silêncio pesado no ar, mas depois engatou em uma história sobre um homem que manipulava individualidades e outro homem capaz de passar individualidades adiante. Sobre como a rivalidade entre os dois estava relacionada ao domínio do mundo, ao símbolo de heroísmo e à liga de vilões, indo parar nas mãos do All Might a responsabilidade de deter um vilão extremamente poderoso, e depois nas mãos de Izuku. 

Sinceramente, era muito para digerir em uma única tarde. 

Puxou o ar devagar, enquanto sua mente processava a informação. Basicamente, o que tinha entendido era que o garoto a sua frente não apenas desejava ser o número um, era obrigação acordada dele se tornar algo além do extraordinário pelo bem de todas as pessoas na sociedade. Desde o primeiro ano até aquele momento, toda a dificuldade que enfrentaram, ele estava carregando uma responsabilidade absurda nos ombros sozinho durante todo esse tempo… De repente, a admiração de Shoto tomou o lugar mais alto de seus sentimentos, fazendo-o soltar, antes de pensar:

— Você é muito forte. — Izuku o encarou com olhos redondos, então ele se explicou. — Não digo sobre esse One for All ou qualquer coisa física, mas em mentalidade… Da onde saiu para onde chegou em menos de três anos, isso que esperam que você seja ou faça é... surreal…

— Mas eu não vou conseguir… — Surpreso, Shoto olhou para a figura à frente, que franzia o cenho de um jeito tão triste que fez seu coração doer também. — Nós já vamos nos formar em breve e eu não vou dominar completamente a individualidade até lá. Agora o All Might está no hospital e eu não sei o que fazer… Eu fui a escolha errada e as pessoas estavam certas em me dizer isso…

— Não! — Cortou-o, quando seu coração disparou. Deu um suspiro curto, com vontade de bater no próprio rosto. Essas últimas palavras explicavam o motivo do menino não ir contra o bullying de Bakugou. Em algum ponto, Izuku acreditava que seria incapaz, depois de tanto escutar isso, e Shoto mal podia acreditar que havia praticamente posto a culpa nele por essa situação. Sentiu o estômago se contorcer, incapaz de aceitar que ele se diminuisse daquela forma. — Vamos treinar mais então. Vamos aumentar o ritmo de treinos e a frequência. Eu tenho certeza que é possível. Você é a pessoa mais incrível que eu conheço e…

Sem que tivesse terminado a frase, Izuku simplesmente se jogou em seus braços e enterrou o rosto em seus ombros. Shoto travou por um momento, mas então afagou os cachos verdes, enquanto ele chorava baixinho. Profissionalmente, a história que acabara de ouvir poderia significar tantas coisas para os dois em termos de rivalidade e carreira, mas nesse exato momento, aquilo era sobre uma pessoa querida em momento de fragilidade. Deitou a cabeça sobre a dele, sem saber o que fazer além de esperá-lo se afastar por vontade própria e limpar o rosto com os pulsos.

— Desculpa por nunca ter te dito. — Izuku completou ao se recompor.

— Você não me deve isso. — Shoto tirou um pouco do próprio cabelo da boca e pôs o que conseguiu atrás da orelha para esfregar os olhos também marejados. Finalmente a expressão que o rapaz o tinha mostrado dois dias atrás fazia sentido. — Perdão sobre o que disse anteontem, eu te culpei por algo tão imbecil, eu me meti no seu passado sem saber e… eu… eu acho que provavelmente também não teria te ajudado naquela época… Talvez realmente nem tivesse olhado para você...

— Não tem como te cobrar por essa época, considerando tudo que você estava passando em casa também! — Viu-o abanar os braços na frente do corpo, inquieto. — E eu até te empurrei por causa disso. Que vergonha…

Izuku tapou a boca com as costas dos dedos por um tempo e Shoto quis dizer que havia merecido aquele empurrão pelo erro que cometeu, mas preferiu se conter e, no lugar, fazer uma observação:

— Nós somos tão diferentes...

— Talvez nossas origens sejam diferentes sim, — Izuku colocou a mão no queixo, antes de levantar um dedo no ar, perto da boca. — mas acho a gente bem parecido, de forma geral. P-p-pelo menos eu quero acreditar nisso, já que me inspiro bastante em você desde o primeiro ano…

— Em mim? — Shoto ficou surpreso por um instante, mas o rapaz sacudiu a cabeça afirmativamente de um jeito um pouco robótico, que combinava com as bochechas rosadas. Mesmo assim, era difícil não argumentar contra aquele elogio. — Eu sinto que… é como se tivesse algo de essencial em você que em mim está faltando, e que eu preciso descobrir o que é antes de terminar a escola… Mas, por mais que me esforce, eu não sei dizer o que é...

— Então Shoto-kun também tem esse tipo de insegurança. — Ele observou, sem malícia. A última palavra reverberou na cabeça de Shoto por um tempo. Colocado assim, "insegurança" era um termo que explicava sua confusão até certo ponto, mesmo ainda não sabendo em relação a que, exatamente. Mas poder botar isso para fora com o outro rapaz e receber um sorriso meigo de volta fez o sentimento de frustração dos últimos meses diminuir bastante, o que era curioso. Izuku esticou o braço para retirar um pouco de cabelo do rosto do namorado, dizendo de forma séria. — Eu aceito treinar pesado contigo. Quem sabe assim nós dois não podemos nos ajudar a estar prontos para ser adultos?

Shoto fez que sim, reflexivo. Aquela frase em específico poderia querer dizer tantas coisas… Puxou-o mais uma vez contra si em um abraço e fechou os olhos por alguns minutos em que só se podia ouvir a respiração dos dois. Pensar na vida adulta também era pensar na seriedade de seu relacionamento com ele. Nunca antes havia imaginado que esse aspecto da vida um dia lhe seria importante, afinal aquela era sua primeira experiência com se sentir atraído por alguém de qualquer maneira. 

Passou um tempo considerando esse fato, junto com tudo que acabara de ouvir e chegou à conclusão de que "estar com Izuku", e tudo o que viria disso, já era uma parte sólida de suas considerações futuras. E tinha a ver com poder contar um com o outro também, o que demandava um estreitamento de laços e confiança, considerando essa briga anterior. Havia ainda coisas a entender, claro, mas Shoto resolveu se deixar contagiar pela confiança do garoto à frente e, por isso, arriscou:

— Sábado agora, eu marquei de visitar a minha mãe. Quer ir comigo?

— E-eu posso?

Izuku levantou a cabeça para olhá-lo, sem se afastar do abraço. Assim que o outro concordou, esboçou um pequeno sorriso com olhos brilhantes e voltou a se aninhar em seu colo, dessa vez entrelaçando os dedos nos seus.


Notas Finais


Não sei como vai ficar pra mim sobre escrever esses dias de fim de ano... Então estou desejando boas festas a vocês de antemão!

Que ano que vem nos traga tododeku canon no mangá
Shaushaushsauhhau um sonho a mais não faz mal, né?

Leu até aqui comenta um emoji natalino


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