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História A história de nós dois - Sobre a nossa relação


Escrita por: UranoZanette

Notas do Autor


Você sabe que se atrasou quando as pessoas que demoram pra comentar já comentaram há dias (sim eu conheço a carinha de cada um de vocês) e tem gente já relendo o bagulho kkkkkk

Eu tive uns problemas com a mudança aqui... Nunca é fácil né? E também um cadinho de bloqueio criativo, daí.
Talvez eu demore entre postagens, mas vou apreciar muito se continuarem me incentivando!

Capítulo 50 - Sobre a nossa relação


"Tem algo que preciso te dizer". Aquelas palavras martelavam na cabeça de Izuku constantemente durante o jantar. Além disso, também tinha algo que ele precisava dizer ao garoto, algo grande, mas mesmo agora eles estando lado a lado no refeitório precisariam esperar até mais tarde para conversar. Quando percebeu, a comida em seu prato já tinha acabado primeiro que a de todo mundo em volta e usou isso como desculpa para pular para fora dali mais cedo e ir buscar as coisas para o banho. Talvez se adiantar em tudo não ajudasse a hora a passar mais rápido, mas seu corpo já estava uma pilha de nervos com o novo turbilhão de pensamentos que a conversa com All Might tinha deixado.

Colocou a toalha sobre o ombro e resolveu pegar o caderno de anotações antes de descer, para transcrever o conteúdo do pedaço de papel em seu bolso. Letras ocidentais eram estranhas de escrever casualmente. Olhou uma última vez o nome "Ember Smith", com endereço e telefone, antes de fechar o diário e suspirar, incerto. Pegou o resto das coisas, pôs em sua bolsa, calçou os chinelos e desceu. 

Talvez ele tivesse ficado tempo demais no quarto ou se atrapalhado com outra coisa e deixou de conferir a hora marcada, porque assim que chegou ao chuveiro, Shoto estava jogando água por cima do ombro. Por um breve momento, o olhar dos dois se cruzou e Izuku logo o evitou, mirando no azulejo da parede ao se molhar também. Pensando bem, não era a primeira vez que tinha sido pego por esse tipo de situação e mesmo assim não havia notado nenhuma melhora, pelo contrário, dessa vez seu cérebro sabia exatamente do que estava com vontade e isso era ainda mais assustador. Obviamente os dois não estavam sozinhos. Engoliu em seco, imaginando se um dia se acostumaria a fazer esse tipo de coisa junto com o outro sem ser super estranho e sem o risco de ficar excitado no meio dos meninos da turma. 

Quer dizer, se fosse um caso normal, eles poderiam sair dali direto para o quarto do rapaz e isso lhes pouparia tempo. Então encontrá-lo deveria ser uma coincidência positiva, certo? Respirou fundo para se convencer de que sim, só precisaria resistir à tentação de olhar fixamente para a bunda dele pelas próximas meia hora. Era possível.

Quando Shoto saiu do chuveiro, Izuku já tinha contado todas as lajotas do chão e da parede mais de duas vezes. Sentindo-se derrotado por si próprio, esperou um pouco de tempo, que usou para terminar de passar creme de pentear no cabelo, até que o outro estivesse pelo menos um pouco vestido e então se enrolou na toalha e foi até os armários pedir para que o garoto o esperasse. Desta forma, os dois subiram em um silêncio constrangedor, com o cabelo ainda pingando. 

Além de tudo o que tinha acabado de acontecer lá embaixo, a ansiedade sobre o porvir fazia seu coração parecer estar batendo dentro da cabeça, atrapalhando-o a treinar mentalmente as várias possibilidades de começar o assunto. Shoto precisou colocar a mão em seu ombro para, com um pequeno susto, avisá-lo que o elevador já tinha parado.

Para falar a verdade, assim que chegaram ao cômodo, Izuku queria poder apenas sentar no chão e casualmente namorar um pouco para aliviar a tensão, mas sabia que o assunto iminente era mais importante, por isso deixou que o rapaz apenas deitasse com a cabeça em suas pernas, como o de costume, para começar:

— Eu contei para All Might sobre o nomu que nos atacou aquele dia lá perto de casa e também sobre nossos treinos e tudo mais. — disse, bagunçando o esquema de cores do cabelo do outro propositalmente com os dedos. Um instante de silêncio se seguiu, enquanto tentava pensar na melhor maneira de dizer as próximas palavras. — Ele m-m-me propôs, para o ano que vem, u-um intercâmbio intensivo de seis meses no mesmo p-programa de heróis americano que ele frequentou… P-para treinar com uma professora que sabe sobre o One for All…

Shoto levantou as sobrancelhas, mas provavelmente achou que o gesto não foi suficiente, pois se pôs sentado para encarar o outro no mesmo nível. Izuku não sabia como se sentir e nem podia dizer o que ele estava pensando, por isso apenas abaixou a cabeça, inquieto até que a voz grave do rapaz preencheu o quarto.

— E você não está completamente eufórico agora, por quê...?

— B-bem… — Izuku desviou o olhar e coçou o próprio ombro. — é que t-tem você aqui e…

— Nem pensa nisso. — Shoto repreendeu, ao se inclinar um pouco para trás em um gesto que chamou a atenção do outro — Nosso relacionamento não vai acabar por causa de seis meses de distância. Além do mais, estudar lá vai ser ótimo para você, principalmente por poder focar no seu próprio desenvolvimento sem se preocupar em ser morto por nomus. Não é como se não fosse ter ninguém aqui para defender o Japão enquanto isso.

— All Might me disse quase a mesma coisa… — Por um segundo, Izuku se admirou com quão maduro o outro menino soou. Mesmo assim, suspirou ao concluir a lista de motivos do porque não estava eufórico — M-mas eu fico me perguntando se não estou trapaceando… sabe? Com toda essa coisa do One for All e as oportunidades que me trouxe.

— Izuku, — Shoto se inclinou para frente e pegou o as bochechas do menino com ambas as mãos, forçando-o a encará-lo, enquanto aproximava o rosto. Ignorou o quanto o outro ficou meio vermelho ao lhe dirigir o par de olhos bem redondos. — se tem alguém que não está trapaceando é você. Quando entrou para a U.A. tinha uma enorme desvantagem sob todo mundo e mesmo assim olhe só para si mesmo agora. Inclusive, eu estava falando sobre isso com All Might mais cedo.

— Estava? — A reação de surpresa do rapaz foi limitada pelo fato de que seu rosto era restringido pelo toque do outro.

— Sim, — Shoto molhou os lábios e soltou-o para apoiar o corpo com os braços, antes de continuar. — eu ainda não tenho certeza do que pensar sobre esse One for All e isso me coloca em uma posição meio estranha como seu rival pelo primeiro lugar… A verdade também é que tem alguma coisa nessa história que eu absolutamente não gosto e não consigo dizer o que é. Tentei tirar essa dúvida com All Might mais cedo, mas não funcionou. Enfim, eu tenho estado te orbitando bastante nos últimos anos, mas existem coisas que preciso entender por mim mesmo antes de tudo. Talvez treinar um tempo sozinhos seja beneficial para nós dois.

— Tem razão… — Izuku abaixou os olhos ao admitir. Ao se colocar no lugar de Shoto, sabia o quão difícil esse relacionamento poderia ser para ele. Talvez passar um tempo longe fosse realmente uma alternativa interessante, mas… — Mas eu vou sentir saudade… Da sua presença.

Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, os dois braços de Shoto o envolveram, cheios de carinho, e Izuku deixou-se ser puxado para entre as pernas dele de forma que ficou de lado com ambas as próprias pernas por cima, quase como um bebê aninhado com a cabeça no ombro do outro. 

Já fazia um tempo que tinha notado como Shoto havia se tornado uma espécie de porto seguro e a ideia de não tê-lo por perto era estranha. Se encararam em silêncio. Sem pensar muito, levantou a mão e pegou a ponta da franja dele, colocando-a para trás da orelha, então correu os dedos pela linha do maxilar, até o queixo, até que o rapaz fechou os olhos em resposta ao carinho. Izuku não soube o que deu em si mesmo nessa hora, apenas que seus dedos se esticaram para tocar a bochecha do outro, bem no meio da cicatriz. 

Imediatamente Shoto se pôs em alerta e afastou a cabeça. Por instinto, Izuku puxou o braço, querendo dar um soco em si mesmo.

— P-perdão! — Aquela palavra saiu tão fina que sua voz quase falhou, mesmo assim terminou de se explicar. — E-eu acabei me empolgando e… n-não foi a intenção te deixar desconfortável...

— Tudo bem… — Shoto abaixou os olhos, como se estivesse considerando algo, então disse com certa convicção: — Eu me assustei, porque foi de repente. Pode tocar, se quiser.

— T-tem certeza?

Izuku sentiu a necessidade de confirmar, considerando tido que aquela marca significava para o outro. Não sabia dizer o motivo, mas sempre teve vontade de tocá-la, talvez até por um pouco de curiosidade mórbida, mas também por sentir uma espécie de ímpeto estranho por acariciar aquela ferida para sarar ou algo do tipo. Normalmente, era óbvio que se continha, porém. Quem era ele para se meter em algo tão pessoal? Só que quando Shoto confirmou com a cabeça e fechou os olhos, confiando completamente no namorado, Izuku se viu automaticamente outra vez levantando o próprio braço em sua direção. 

Principalmente na maçã do rosto, a pele não era lisa como do outro lado e era possível sentir a forma como havia derretido junto com a água, os cílios e sobrancelha também eram um pouco mais ralos, mas existiam. Afastou o cabelo dele completamente e, pela primeira vez, viu de perto a cicatriz inteira. Ia desde a bochecha até a linha do cabelo, que falhava um pouco em um pedaço pequeno. Izuku sentiu um aperto no coração que antes não imaginava que sentiria, junto com a impressão de estar sendo invasivo demais, por isso recuou a mão devagar e esperou que Shoto o encarasse.

— Ouvi dizer que cicatrizes de queimaduras são doloridas… — Izuku quis saber, sentindo-se mal por não ter perguntado isso antes. — Dói quando encosta?

— Não dói, mas alguns pontos eu quase não sinto nada, só a pressão. — Shoto explicou para Izuku enquanto tocava o próprio rosto. O rapaz assentiu um pouco aliviado, então o outro continuou: — É só que essa parte da minha cara é desagradável de ver e sentir…

— Eu gosto de cada parte de você.

Soltou a frase sem querer e Shoto levantou as sobrancelhas em resposta. Mal podia acreditar que tinha falado aquilo em voz alta. Sentiu o sangue ir todo para o rosto e uma grande vontade de se esconder, mas antes disso, foi envolvido em um abraço em que a cabeça do outro se deitou em seu ombro, deixando Izuku imóvel.

— Obrigado… — Ouviu a voz rouca, enquanto ele se esfregava, devagar, na lateral de seu rosto. — Por gostar de mim, obrigado.

Lágrimas vieram aos olhos de Izuku, sem querer, enquanto retribuiu o abraço. É claro que ele gostava, todo mundo gostava do Shoto. Na verdade, era ele mesmo que poderia dizer aquelas exatas palavras. Ficaram parados naquela posição por bastante tempo, ouvindo o coração batendo um do outro, até que Shoto se mexeu, fazendo menção de se ajeitar, e assim os dois se entreolharam inexpressivos. No fim das contas, as cicatrizes que tinham eram também parte de quem eram e ele não podia nem mesmo imaginar o namorado sem elas. Suspirou e esfregou os olhos, ainda um pouco tímido pelo que dissera há alguns minutos, e resolveu mudar de assunto.

— Dá para acreditar que ano que vem eu vou para outro país? Eu nem sei falar inglês direito… — izuku coçou a cabeça e esboçou um sorriso sem jeito. — Se parar para pensar, é um pouco incrível…

— Você é incrível.

Dessa vez foi Izuku que levantou as sobrancelhas pelo que foi dito, mas não teve tempo de ter mais nenhuma reação antes dos lábios do rapaz tocarem nos seus. O primeiro beijo foi vagaroso e o segundo um pouco mais rápido, seguido por um pequeno sorriso de ambos. A respiração de Shoto era quente. Izuku fechou os olhos e se deixou sentir o calor de mais beijos, espalhados por seu rosto, e também de toques cheios de carinho a renovar suas energias.



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