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História A história de nós dois - Conversa de meninos


Escrita por: UranoZanette

Notas do Autor


O mais engraçado de estar escrevendo alguns capítulos à frente é que eu to numa vibe bastante diferente de vocês e tenho que dar uma relida geral pra postar hehehehe.

Boa leitura

Capítulo 14 - Conversa de meninos


Era realmente como no começo do primeiro ano, quando Todoroki o havia chamado para uma conversa durante o festival esportivo com uma voz dura e um pouco fria. Inclusive, mesmo que o teor do assunto fosse completamente diferente daquela vez, a sensação de apreensão e ansiedade, misturadas a uma certa curiosidade estranha, era bem parecida.

A despeito da nostalgia, porém, Izuku se perguntava se seria o fim de todo o progresso que conseguiram em sua amizade até ali enquanto seus passos ecoavam pelo corredor. Em instantes, estavam no mesmo lugar que havia usado para convidá-lo a se juntar ao escritório onde estagiaram juntos por um período que agora lhe parecia extremamente curto e distante.

Com os olhos pregados no chão, sentia o corpo pesado, o pensamento ia para todos os lugares. Seria realmente esse o fim de tudo? All Might tinha dito para deixar as coisas se resolverem sozinhas, mas que tipo de resolução exatamente queria? Durante três anos, tinham se tornado amigos, não havia um momento em que a presença do outro rapaz não o enchesse de motivação. O que poderia dizer ou fazer para não perder isso? Acima de tudo, o que esse sentimento significava de fato para si?

Seu coração pareceu parar por um instante junto com o som dos passos, quando o outro se virou em sua direção, próximos à porta de saída para o jardim de trás, onde mais ninguém frequentava durante o almoço. O silêncio se estendeu por segundos e finalmente Izuku teve coragem de encará-lo. Havia algo para além da feição inexpressiva de Todoroki quando os lábios dele se contorciam ligeiramente e algumas rugas se formavam entre suas sobrancelhas.

Naquele ponto, sentiu que precisava falar alguma coisa, ou sua cabeça iria implodir. Tomou fôlego, tirando a pouca coragem que lhe restava do receio de perder sua amizade. e começou, sem nem mesmo saber como continuar:

— T-Todorok...

— Midoriya…

Os dois pararam ao mesmo tempo e se encararam assustados. As bochechas de Izuku doíam e sua garganta parecia seca, mas ele tinha que tentar...

Todas as perguntas que gostaria de fazer, e havia tomado coragem para tal, se esvaíram de sua cabeça assim que Shoto se curvou diante de si, exibindo até a parte de trás da cabeça, onde os fios se dividiam perfeitamente em torno da nuca. A reverência inesperada deixou o outro rapaz completamente sem reação, fazendo com que apenas o assistisse se levantar tão de súbito quanto o ato anterior.

As rugas na testa de Todoroki se intensificaram um pouco mais e ele respirou fundo antes de começar a falar novamente.

— Me desculpa. Sobre o que eu fiz no hospital… — Estava falando em um tom normal, mas seu semblante era de alguém se esforçando para por as palavras para fora. — Você tem todo o direito de não querer mais ficar perto de mim, depois de tudo. Mas eu te asseguro que nunca mais vou fazer nada que você odeie assim de novo, então…

— Eu não odiei! — Izuku interrompeu-o sem se dar conta do que dizia. Suas mãos automaticamente se levantaram no intuito de acalmar o outro. Não tinha planejado uma continuação, mas os olhos confusos o mirando pareciam ansiosos por ela — E-eu não odiei… aquilo. Eu… eu só... N-não entendi… quer dizer, eu entendi o que foi, mas não o m-motivo. E aí você correu e…

— Não odiou...

Todoroki repetiu mais para si próprio em um tom de voz que condizia com o aspecto confuso. Parecia que ele não havia preparado nada para aquele tipo de resposta e estava tão perdido quanto o outro.

Izuku suspirou, sentindo o estômago dar voltas, mas decidido a resolver a situação de uma vez. Se haviam decidido se entender, era melhor que tudo ficasse claro.

— P-por que… você me b-b-beijou?

Finalmente a pergunta tinha sido feita e ele sentia um certo alívio por trás dos braços que escondiam seu rosto vermelho, dando espaço apenas para o par de olhos redondos que se recusavam a descolar do garoto à frente. Esperou naquela posição enquanto ele parecia matutar a resposta na cabeça, inexpressivo.

— Não sei. — O tom de voz calmo e reflexivo, de certa forma familiar, ajudou a acalmar o coração de Izuku. Não era exatamente o que esperava ouvir, mas não deixava de ser sincero o bastante para que aceitasse. Baixou as mãos e olhou para os próprios sapatos vermelhos ao ouvir a continuação. — Eu tenho pensado sobre isso todos os dias durante essa semana. Mas não sabia como te abordar e nem o que dizer...

— Eu também… tenho pensado no que fazer... — Izuku disse, dando-se conta de que estavam passando pelo mesmo problema e achando isso quase cômico. Levantou o rosto, expondo sua preocupação, porém — Então eu te vi almoçando sozinho no jardim e comecei a pensar que não seria justo. Digo, eu não queria te afastar das outras pessoas... e nem perder nossa amizade. M-mesmo enquanto a gente entende essa coisa toda, eu quero me esforçar para agir naturalmente… junto contigo…

No começo, Todoroki pareceu surpreso com a afirmação, mas depois acenou com a cabeça devagar. Era possível ouvir o barulho dos pássaros lá fora no pequeno silêncio que se seguiu. Izuku queria concluir a conversa e voltar para o almoço, mas não sabia como fazer isso.

— Sobre os nomes? — A voz de Todoroki pela primeira vez no dia tinha soado consideravelmente relaxada, indicando que ele estava se sentindo melhor. Provavelmente ao notar a confusão do outro, no entanto, repetiu-se com um pouco mais de explicação — Nós vamos voltar a usar os primeiros nomes?

— N-não vejo porque não — Izuku concordou pensativo, lembrando-se da sensação de terem se chamado daquela forma pela primeira vez. — Eu não desgosto, se você estiver de acordo...

Uma outra confirmação com a cabeça, dessa vez mais rápida, indicou a vontade do rapaz. “Shoto”. Izuku repetiu mentalmente, para se reacostumar com a ideia. Parecia que finalmente tudo tinha se resolvido entre eles. Mas então por que sentia que alguma coisa ainda estava fora do lugar? Como se ainda não estivesse satisfeito… Talvez, como All Might o tinha avisado, essas coisas se resolveriam sozinhas depois de um tempo. Ele não teria o que se preocupar.

— Izuku… — O chamado tirou-o de seus pensamentos com um pequeno susto. Viu-o segurar os próprios dedos e contrair o lábio de baixo enquanto o encarava. Aquela era uma expressão que nunca o tinha visto fazer. Começou a pensar que chegava a ser injusto o quão bonito ele podia ser. — Se você não odiou, eu posso… fazer de novo, aquilo?

— A-aquilo? — Izuku repetiu confuso, depois estremeceu quando entendeu o que ele queria dizer.

— Eu não sei porque tenho tanta vontade, quando te vejo. Queria tentar tirar isso da cabeça… — Shoto explicou em voz baixa, mas então apertou os olhos e virou o rosto para o corredor vazio. Seguindo o movimento com o corpo, começou a dar um passo na direção de onde tinham vindo com os punhos cerrados. — Esquece. Não quero te pressionar a fazer algo incômodo de nov…

Interrompido, o rapaz se voltou para o outro com uma expressão assustada. Izuku havia segurado a lateral da barra de sua jaqueta sem mesmo notar o que tinha acabado de fazer. Desde aquele momento específico no hospital, era como se a sensação ainda o estivesse perseguindo, de certo modo, mesmo que já nem conseguisse se lembrar direito. E esse pedido repentino o fez notar o quanto isso o intrigava acima de tudo.

Respirou fundo antes de aceitar mentalmente. “Para entender o que está acontecendo e tirar da cabeça” assegurou-se enquanto levantava o pescoço ligeiramente, apertando os olhos e projetando os lábios para frente sem jeito. Seu corpo passou a tremer inteiro no momento em que não sabia mais o que esperar no escuro.

O tempo que se seguiu pareceu uma eternidade antes das duas palmas das mãos de Shoto tocarem os lados de suas bochechas ao mesmo tempo, fazendo com que um calafrio lhe percorresse a espinha e acelerando seu coração. Antes que tivesse tempo de engolir em seco, porém, lábios macios encostaram nos seus com mais vontade do que ele estava esperando, paralisando-o inteiro.

Durou um certo tempo até que os ombros do garoto relaxassem. Quase desgrudaram-se, produzindo um estalo baixo, mas a respiração de Shoto ainda era quente em seu rosto ao abrir os olhos ofegante. Ele era bonito demais. O momento que se entregou ao próximo beijo foi como reaprender a respirar e ele não sabia onde pôr as mãos, sequer tinha ciência direito do que fazia e nem do motivo para ainda estar fazendo.

 

Foram interrompidos pelo sinal, anunciando o final do horário de almoço. No instante em que Shoto deu um passo para trás, nenhum dos dois sabia o que dizer e, por isso, ficaram se olhando calados. Pelo que estava entendido, o combinado de agir normalmente a partir daquele dia ainda estava valendo.

Ouviram passos e vozes conversando casualmente e então esperaram até que o grupo formado por Yuga, Koda, Jiro, Kaminari e Ashido virasse a esquina e se deparasse com os dois para então esboçarem uma surpresa curiosidade sobre o que faziam ali. Izuku piscou ao perceber que teriam que explicar o motivo de não aparecerem no refeitório, então disse exasperado.

— N-nós estávamos falando… sobre… eh...

— Uma revista. — Shoto o interrompeu com a voz mais sóbria que Izuku o ouvira produzir, ao ponto de que ele próprio encarou-o com o mesma expressão dos colegas. — Eu pedi uma revista emprestada na semana do estágio, mas deixei cair suco em cima. Depois que pedi desculpas, nós acabamos discutindo algumas coisas que me preocupam sobre a investigação da semana passada... e perdemos o almoço.

— É isso mesmo! — Izuku confirmou nervoso. — Uma revista…

Mesmo depois daquela desculpa ruim, nenhum questionamento a mais foi feito, parecendo indicar que tinha dado certo. Se juntaram, então, aos colegas para ir até os vestiários. Seu coração acelerava cada vez que trocava olhares com o rapaz e o cheiro dele ainda estava em sua camisa, mas a conversa fluia naturalmente apesar de tudo, como se estivesse vivendo em um universo paralelo ao que tinha acabado de fazer alguns minutos atrás.

A figura exasperada de Hakagure alcançou-os quase chegando ao destino e se dirigiu ao grupo com um tom divertido, mas que Izuku percebeu disfarçar alguma preocupação.

— Garotos, vocês sabem alguma coisa do Ojiro-kun? Fazem mais de três dias que ele não aparece na escola, então pensei que pode estar doente. Já que não temos mais estágio, que tal uma visita essa tarde?


Notas Finais


Me digam o que acharam, seja positivo ou negativo, que eu vou ficar feliz em saber onde melhorar <3


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