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História A Ilha de Greco - Ano de eleição


Escrita por: KingRivers

Notas do Autor


Após o Natal e o fim de ano, estamos de volta do hiatus para a segunda parte da fanfic.
Espero que gostem, porque agora conheceremos um pouco sobre o Brasil no futuro.

Teremos os novos personagens.
Então, sejam bem-vindos a uma nova fase de A Ilha de Greco.

Beijos do King! E boa leitura.

Capítulo 27 - Ano de eleição


Fanfic / Fanfiction A Ilha de Greco - Ano de eleição

POV Henry

 

A história deste país mostra que vivemos sob a lei do mais forte e o esquecimento de uma população cansada. Esses fatores contribuíram para que a Ilha de Greco fosse planejada após os ataques terroristas em Brasília.

As pessoas gostam de resumir ou ignorar fatores históricos, mas sempre fui um estudioso, que me importava em saber do passado para garantir um futuro melhor. Mesmo no ensino médio, quando detestava meus professores, buscava o conhecimento por conta própria.

Assim descobri que a Quinta República foi instaurada pela primeira vez no Brasil em 1º de abril de 1964. A maioria dos livros pararam de mencioná-la no primeiro ano de 2023, após a reformulação do Ministério da Educação. Anos depois, ela retornou para fortalecer o governo e prometer – finalmente – tirar o país do subdesenvolvimento.

Então aqui vai uma pequena aula de história: As pessoas foram ensinadas a odiarem o regime de Greco, mas foi o retorno da Quinta República que causou a formação do grupo. Pessoas que defendiam a democracia desapareciam, mais de mil novas prisões foram construídas no primeiro ano do novo governo e a população mais pobre passou por uma espécie de extermínio silencioso. A criminalidade aumentou e a solução encontrada foi enrijecer as leis até que a prisão perpétua fosse aprovada e os índices diminuíssem. Após isso, mais manifestantes apareceram e aos poucos ataques de civis armados contra a polícia. Na faculdade de jornalismo, vi o papel da imprensa em ajudar o governo a acalmar a população e, apesar de a maioria bater palmas para o que fizemos, sempre critiquei a falta de éticas dos profissionais daquele período.

O ápice disso tudo foi quando os pais de Greco Rezende foram fuzilados por policiais armados. O garoto, que até então era um líder calmo, tomou força e fez com que a capital fosse atacada.

O resto todos sabem. O Regime de Greco perdeu e ele foi aprisionado o mais longe possível da civilização. Hoje não existe mais distinções entre direita e esquerda, agora as pessoas se classificam como a favor ou contra a Ilha de Greco.

— Ano de eleição e uma candidata contra a Ilha consegue 30% dos votos em uma pesquisa eleitoral – disse Carina Smyth, minha colega de trabalho. Ela parecia extasiada e lia meu texto com um sorriso no rosto. – Isso é histórico, Henry!

— Mais do que isso – acrescentei, também contente. – Se Shad Riskis vencer a eleição ela pode mesmo mudar as coisas. Os planos da campanha dela são muito sólidos.

— Não vamos criar expectativas – Carina devolveu meu texto. – Mesmo 30% sendo um número alto para quem não apoia a Quinta República, ainda é pouco. Deodato Escobar tem 63% de aprovação. Mais que o dobro!

— Tenha esperança. Se as pessoas lerem isso, talvez finalmente tomem consciência e entendam que aquela prisão é algo desumano.

Carina duvidava disso, mas algo dentro de mim dizia que aqueles números significavam algo.

Quando minha colega se afastou, o telefone na minha mesa tocou. Olhei em volta, todos na redação estavam trabalhando arduamente para fechar a edição on-line do jornal. Tive que fazer plantão até às 2h para conseguir concluir meu texto. Detestava horas extras, mas mesmo assim atendi o telefone.

— Aqui é Henry, boa noite – atendi, tentando não transparecer a exaustão.

— Boa noite – respondeu o garoto de voz grossa do outro lado da linha – Aqui é Jonathan.

Peguei meu bloco de anotações e minha caneta, às pressas. As ligações da minha fonte oculta, ligada diretamente ao que restava do regime de Greco, eram raras. Jonathan costumava me ligar sempre de um celular descartável e, em todas as vezes, me contava assuntos bombásticos que me rendiam visitas frequentes de policiais. Até então eu havia conseguido guardar sigilo sobre ele.

— Jonathan Morgan – falei, lendo uma outra anotação minha. – Pesquisei sobre você. Descobri que o nome é de um jovem que foi morto há alguns anos. Ele levou 18 facadas do melhor amigo, Adam, e foi dado como morto. Então porque não me diz seu verdadeiro nome?

Silêncio do outro lado da linha. Ele suspirou.

— Não estou aqui para falar sobre mim – respondeu. – O que precisa saber é que parte do Regime conseguiu entrar na Ilha e queremos que divulgue algo para nos ajudar.

Anotei aquilo tão rápido que minha letra virou um garrancho.

— Não quero ajudar regime ou governo algum. Sou jornalista. Trabalho com fatos e com a verdade, apenas exponho acontecimentos numa tela digital. Então me diga algo que posso publicar que em seguida digo se isso vale ou não a primeira aba do site. E, veja bem, é melhor ser bom porque tenho outra notícias fresquinhas aqui comigo.

Me referia aos 30% de aceitação de Shad. Mesmo assim, ele não se intimidou e continuou o diálogo:

— Abra seu e-mail, acabo de te enviar um link por uma conta que não pode ser rastreada. – me apressei em seguir suas ordens -  Você encontrará dois vídeos feitos por drones na Ilha de Greco.

— Pode me adiantar sobre o que se trata o vídeo?

— Há 3 meses, mais ou menos, houve uma pequena revolta entre os prisioneiros. Grupos se confrontaram: As amazonas, os sulistas, alguns desagarrados e...

— Quê? Amazonas? Sulistas? Do que raios está falando?

— Não é importantes. Tudo o que precisa saber é que houve, mais uma vez, um massacre dentro daquela prisão e nenhum carcereiro sequer se mobilizou para impedir que jovens matassem uns aos outros. Perdi alguém que eu me importava e... – ele pareceu emotivo quando concluiu. – Veja por si mesmo. Adeus.

Ele desligou a ligação e me deixou com os olhos vidrados na tela. Joguei o telefone no gancho e voltei minha atenção para as imagens do drone, que adentrava a floresta a uma altura baixa – provavelmente para não ser pego pelos carcereiros. Ele ergueu voo para mostrar uma espécie de muro feita de pedras e fiquei admirado pela extensão daquilo.

— Carina! – gritei, apressando o vídeo com o mouse para ver o que mais encontrava aqui. – Carina!

— Estou indo, caralho. Para de gritar – reclamou minha colega.

— Vem logo, abestada! Não quer perder isso.

Passei a imagem e vi corpos jogados em um campo aberto. Um garoto estava caído próximo ao portão de entrada do lugar e tinha um buraco de bala no peito.

— Cruzes! – disse Carina, quando se aproximou e viu a imagem. – Por que me chamou para ver isso? Eca.

— É a Ilha de Greco.

Assim que ouviu isso ela se apressou e pegou uma cadeira para assistir o vídeo ao meu lado. Sua boca se abriu em um O completo, sentindo gastura das cenas.

— Viu aquilo ali? São armas! – ela quase gritou para a redação inteira. – Como assim eles conseguiram armas lá dentro???

— Tem mais – acelerei um pouco mais o vídeo.

Lá estavam mais mortes: pessoas sendo cercadas, uma menina com uma katana decepando cabeças de outros jovens, garotos lutando como se fossem espécies de samurais de filmes de ação. Nunca vi algo parecido. O que me deixava perplexo, além das mortes, era o fato de que todo mundo ali parecia armado. E não eram estacas improvidas e flechas: eles usavam revólveres, facas, espadas, pedaços de ferro. Nem em rebeliões de prisões de adultos encontrávamos tantas coisas.

— Meu Deus – Carina tirou o mouse da minha mão e voltou o vídeo.

Na imagem, uma garota de cabelo platinado era atingida por uma flecha.

— Muito grotesco, não acha? – falei, sem acreditar. – E viu a distância de onde a flecha veio?

— Não é isso – disse Carina, acessando a internet em seguida. – Lembra do primeiro discurso de Shad Riskis, em que ela revelou que a irmã dela era uma criminosa conhecida?

— Lembro, sim. Você fez uma matéria sobre isso. Ficou muito, boa por sinal.

— Obrigada – ela encontrou a matéria e rolou a página. – Lembro de ter colocado uma foto da irmã dela aqui, conseguimos a partir do arquivo da escola onde as duas estudavam. Não foi uma forma “legal” de conseguir algo, fiquei com a consciência pesada na época e por isso me lembrei.

— Lembrou do quê?

— Disso.

Ela rolou a matéria até nos depararmos com a foto da irmã mais nova da candidata à presidência do Brasil: Estéfani Riskis. A mesma menina que aparecia levando uma flecha no peito, sendo morta instantaneamente.

Por um momento foi como se tivessem jogado uma bomba em meu colo, mas depois imaginei a proporção que aquilo podia tomar.

— Isso pode incentivar as pessoas a votarem em Shad – constatei. – A irmã dela foi uma vítima da estrutura mal planejada da Ilha de Greco. Imagine o quanto esse vídeo pode mudar tudo!

— Não dá para saber se terá o efeito que imaginamos, mas... Sim. É como uma caixa de pandora que estou louca para abrir.

Sorrimos um para o outro. Carina me deu um tapinha nas costas e disse que queria ser a primeira a ler quando eu terminasse de escrever.

Animado, eu respirei fundo. Estalei os dedos e me preparei para fazer hora extra.



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