História A Ilha do Lobo. - Problemas em dose dupla.

-Eu não gosto de agulhas Susu. Disse Owen fechando os olhos bem apertados ao ver a agulha que o cunhado tentava colocar em sua veia no braço direito.

-Não use esse apelido bobo, sabe que eu não gosto e nem adianta fazer essa carinha de cachorro que caiu da mudança, você está muito fraco e eu preciso usar um soro para hidrata-lo melhor.

-Eu juro que tomo todos os chás que me der, mesmo os mais amargos. Choramingou o beta e isso amoleceu o coração de Sunan.

Eloim achou que podia ajudar e por isso se adiantou, até porque ver aquele homem lobo sendo fofo era algo que ele nunca pensou ser possível e isso o encantou ainda mais.

-Susu? Eu posso ajudar?

Se fosse qualquer outro Sunan ficaria muito irritado, tirando Allan ninguém o chamava por esse apelido de adolescente, que ele nunca gostou nem mesmo quando era adolescente, mas esse elfo era fofo demais para ser repreendido, logicamente que a culpa era toda de Owen.

-Viu o que fez bebê chorão? Agora até Eloim tá me chamando de Susu. Resmungou Sunan, mas guardou o soro e parou para ver o que um elfo podia fazer por um homem lobo que passou meses como marionete de um demônio.

-O que pode fazer Lolô?

Owen riu ouvindo a ironia na voz do cunhado, mas a verdade é que Lolô parecia um bom jeitinho de chamar o pequenino elfo e ele não se incomodou.

E o elfo olhou para os dois meio sem graça, mas achou que podia tentar, afinal todos eles o protegeram e acolheram quando ele mais precisou.

-Eu posso doar minha força vital para ele, posso fazer isso sem problemas.

Owen se preocupou e Sunan também.

-Espera aí, isso pode te machucar? Os dois perguntaram juntos.

Eloim negou tímido.

-Não, só vou ficar cansado e dormir um pouco, não dói e nem me machuca, mas...Eu nunca fiz isso e estou meio que com vergonha, você pode esperar do lado de fora Susu?

Sunan estava cansado, precisava do seu marido para um longo e gostoso abraço e sentia que podia confiar em Eloim.

-Tá bom, eu vou lá para a sala de reuniões junto com os outros, vamos conversar para definir um plano e vou deixa-los a sós...Se comportem meninos!!

Owen revirou os olhos e Eloim corou muito.

Sunan saiu e fechou a porta sorrindo e então Eloim se aproximou sem graça.

-E-eu...Eu vou transferir minha força vital e acho que isso pode deixa-lo totalmente bem de novo...Só que, pode fechar os olhos por favorzinho?

Owen riu e fechou os olhos esperando...Ele não sabia o que esperar, afinal como isso podia ser? Mas sentiu os lábios mais macios do mundo tocando os seus num beijo casto e inocente e seus braços envolveram o corpo pequeno que estava apoiado sobre seu corpo, sem dúvida alguma esse pequeno elfo era a criatura mais inocente que ele já viu na vida, a maneira insegura de tocar os lábios e o leve roçar das mãos em seus ombros, tudo demonstrava que ele nunca havia feito nada parecido.

Talvez isso tenha acendido o calor do beta e por isso ele levou os braços a segurar na cintura fina do pequeno elfo ainda mais apertado e responder ao beijo com vontade e desejo genuíno.

O beijo ficou mais intenso, seus corpos se colaram e o beta sentiu uma energia nova envolve-lo como um abraço, fragmentos de pura adrenalina percorreram seu corpo humano e sobrenatural como filamentos de luz da manhã, como raios de sol quentes e vibrantes e ele sentiu o doce desejo arder na palma de suas mãos, no toque dos lábios e no calor da pele e o gemido suave que escapou dos lábios do menor quando eles se separaram rasgou algo dentro do beta e o fez sentir como se tudo nesta vida fizesse total sentido, até mesmo o que passou antes.

E num instante tudo acabou.

E Owen se viu olhando nos olhos negros mais lindos do mundo, olhos que pareciam conter pequenas luzes em sua escuridão como milhares de estrelas no infinito e ele sentiu naquele breve momento que tinha se apaixonado perdidamente.

-Eloim...Disse acariciando os cabelos dele.

-Hum...Eloim tá com sono...

E o pequenino adormeceu em seus braços deixando o beta totalmente encantado.

Depois que deixou o elfo tranquilo na grande cama o beta saiu e desceu a sala de reuniões, ele estava totalmente recuperado e totalmente mudado, para sempre.

No entanto ele não sabia se isso era bom ou muito ruim, porque Eloim pertencia a outro mundo...E os lobos só amam uma vez na vida.

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E como prometido as mulheres se empenhavam em manter a ordem na cidade, manter as aparências como se nenhum mal estivesse ameaçando a ilha toda e talvez o mundo todo.

-Um café com creme quentinho e dois pães de batata saindo! Disse Molly ao entregar o pedido a um senhor sorridente e sua acompanhante na mesa ao lado da janela o que lhe permitiu ver sua amada pela rua que vinha em direção a cafeteria.

Ela sorriu e ajeitou seu avental verde oliva antes de ir até a entrada a tempo de ouvir o sininho de fadas da porta.

-Hey, como está indo minha delegada preferida?

Dana sorriu.

-Bom ouvir que sou sua preferida, mas eu gostaria de ouvir algo mais. Piscou Dana e Molly pulou em seus braços ignorando todos os clientes da cafeteria e beijando a outra na boca, lógico que todos os clientes bateram palmas, porque esperavam isso a tempos.

Alguns gritos foram ouvidos “Até que enfim !” e “Já era hora!” ou então “Demorou!!”

Wendy riu e Lana revirou os olhos, porque essa história era antiga demais para seu gosto, se fosse ela já tinha desenrolado na adolescência, mas sua irmã era mais lenta, mas como dizem antes tarde do que nunca!!

-Como andam as coisas na pensão e no Pub?

Dana se recuperou do beijo e ajudou a namorada a servir mais algumas mesas enquanto conversavam.

-A reforma ainda está em andamento na pousada, mas agora acho que teremos progresso porque coloquei todo mundo na linha e o Pub está ótimo como sempre, afinal quem não toma cerveja nesta ilha?

Wendy levantou a mão e Molly lhe mostrou a língua.

-Só quando fizer dezoito mocinha!!

Ela se resignou a pegar mais café para os clientes.

-Bem, nada ainda dos meninos? Perguntou Lana se aproximando.

Dana negou e ouviram o sininho da porta, um homem alto e muito bem arrumado entrou, tirando o próprio Gael ninguém na cidade andava tão bem vestido, no entanto apesar de elegante esse homem era de certo modo desagradável de se olhar, como se uma energia escura estivesse o cercando.

O homem se adiantou e passou sem nem mesmo prestar atenção em Wendy, parando na frente de Dana que era a pessoa que lhe chamou a atenção, por usar o típico uniforme de delegada.

-A senhora é a delegada desta ilha?

Dana concordou tendo um mal pressentimento sobre isso.

-Ótimo, eu quero que traga meu tutelado de volta, ele é um garoto com graves problemas mentais e esteve desaparecido por muito tempo, mas tenho razões para acreditar que ele está nesta ilha.

O papel em si era um documento oficial da justiça realmente ordenando que Louis fosse devolvido a tutela de Kaleb.

Dana o olhou espantada e ele continuou.

-Também quero fazer uma denúncia...

-Olhe senhor acho que prefiro leva-lo a delegacia e conversamos por lá. Ela disse.

-Por mim tudo bem, mas quero denunciar o senhor Gael por sequestro e abuso de incapaz, entre outras coisas...

Toda a cafeteria ficou em silêncio e Dana achou melhor tirar o homem dali antes que algum morador se tornasse um lobo e arrancasse a cabeça dele, afinal ele não estava sozinho e tinha documentos verdadeiros, para a segurança e tranquilidade de todos que viviam no anonimato na ilha era preciso seguir a lei, mas claro que ela não pretendia entregar Louis assim.

Um olhar de Molly fez Wendy largar o avental e correr para os fundos, a velha bicicleta estava lá e ela a pegou, dali ao castelo era mais ou menos meia hora, lógico que ela precisava avisar Gael e todos os outros...Isso seria bem ruim.

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Mas como nenhum problema vem sozinho o demônio que possuía o corpo de Catrina caminhava tranquilo em direção ao castelo, seus passos macios matando as plantas pelo caminho, ele cantava enquanto apreciava todas as coisas que mataria em pouquíssimo tempo...

Continua...