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História A Ilha do Lobo. - Um lar.


Escrita por: akirasam946

Notas do Autor


Fiquei feliz com tantos comentários e resolvi presentear com um novo capítulo hoje mesmo, espero que gostem bastante.
Em um lar Louis descobre que pode ser feliz ali, recomeçar como sonhou.

Capítulo 8 - Um lar.


Fanfic / Fanfiction A Ilha do Lobo. - Um lar.

Louis sorriu divertido ao ver Sunan pendurando uma lanterna chinesa do lado de fora da pousada em reformas, na verdade ele já tinha conseguido colocar várias outras e isso dava ao ambiente um aspecto muito bonito e acolhedor.

-O chefe Sunan também gosta de decorar, na verdade eu preciso dizer que ele adora se superar em tudo que faz, por isso se prepare pois o jantar será um acontecimento e tanto.

-Ele me explicou que adora cozinhar e que as vezes faz pequenos jantares a pedidos, eu nem imaginava que um dia poderia saborear um, se for tudo tão perfeito como as sobremesas que ele preparou no jantar na casa da Molly sinto que será mesmo um acontecimento. Disse Louis ainda sorrindo, seus olhos brilhavam ao notar a decoração simples e tão bela, em toda a sua vida nunca tinha visto algo tão belo, na verdade Gael estava proporcionando a ele muitas primeiras vezes, o primeiro abraço e a primeira atenção verdadeira e agora o primeiro jantar, era inacreditável.

Gael saiu e deu a volta no carro, abriu a porta e estendeu a mão ao pequeno de olhos faiscantes que o observava com uma mistura de incredulidade e receio, tudo isso o mais velho podia ler em seus olhos muito claros e tudo isso o fazia desejar cuidar dele ainda mais.

-Obrigado.

Gael sorriu e o puxou delicadamente para dentro, parando apenas para que pudessem observar as lanternas mais de perto.

-É lindo...Preciso agradecer Sunan por isso.

-Não precisa. Disse Sunan aparecendo na porta e a abrindo para os dois.

-Mais está tão lindo!

O outro lhe sorriu e se adiantou tocando o ombro de Louis de modo muito suave.

-O ambiente precisa estar tão agradável como a comida, eu apenas quis dar um pequeno toque pessoal e estou feliz que tenha gostado.

Gael colocou a mão nas costas de Louis e o guiou para dentro, foram a uma mesa colocada perto de uma janela, dali se viu as lanternas lá fora e o movimento minimo da rua, sobre a mesa um belo arranjo de flores e uma toalha bonita e branca, os pratos e talheres e as taças, tudo estava agradável e os dois se sentaram frente a frente.

-Não estou acostumado a tudo isso, talvez eu precise lhe dizer que sou um pouco ignorante quanto a etiqueta a mesa, eu não sei para que servem todos estes talheres. Explicou Louis meio envergonhado.

-Isso realmente não importa, sinta-se a vontade, só isso. Respondeu Gael e pegou apenas o garfo e a faca e estendeu em sua direção afastando todos os outros talheres.

Louis sorriu de modo pequeno e meio tímido, ainda não acreditava que um homem tão bonito e elegante pudesse querer com ele mais do que uma noite, sempre acreditou que isso não poderia ser possível, não com ele, não depois de tudo.

-Está pensativo, algo ainda o incomoda? Perguntou Gael notando o modo como o outro olhava para as mãos colocadas no colo, ele parecia tão pequeno ali a sua frente e as marcas dos seus dedos pareciam ainda arder sob a palma do homem lobo, mesmo que agora estivessem distantes dele.

-Desculpe, mas eu posso ser sincero?

Gael afirmou que sim, esperou que o outro suspirasse e bebesse um grande gole de água de uma taça fina ao seu lado antes que ele conseguisse criar coragem para dizer o que realmente pensava.

-Porque está sendo tão gentil comigo? Perguntou Louis o encarando, os profundos olhos verdes realçados pelo brilho suave das velas sobre a mesa.

Gael também suspirou, não podia ser tão verdadeiro ou o assustaria, precisa ir devagar e se aproximar com cautela, sabia que existiam muitas marcas naquele coração e ele não pretendia de modo algum feri-lo.

-Gosto de você, existe algo demais nisso?

Louis ficou um pouco confuso, queria poder se explicar bem, ser eloquente e inteligente, mas na verdade era uma pessoa simples, toda a sua vida teve uma educação informal muito pouco estruturada, aprendeu praticamente sozinho tudo que sabia, estudou muito pouco e viveu num mundo pequeno e violento demais para sua pouca idade, em resumo sentia que era impossível se fazer entender, mas tinha que tentar.

-Olha...Eu sou seu empregado, um simples atendente de sua cafeteria, não sou ninguém e você é um homem inteligente, rico e não vejo porque iria se interessar por alguém como eu...Não tenho nada a oferecer.

Sunan se aproximou com os primeiros pratos e os serviu alegremente, o cheiro era delicioso e eles se olharam um pouco perdidos, mas assim que os pratos foram deixados na mesa e o homem saiu de perto deles puderam continuar.

-Você pensa muito pouco de si mesmo. Disse Gael servindo Louis com uma sopa que estava fumegando e tinha uma aroma delicioso.

-Desculpe...Eu nem sei me expressar direito, por favor não fique zangado, sei que não tenho o direito de lhe pedir nada e nem de lhe dizer como agir comigo, na verdade eu estou muito grato por me convidar para jantar, eu só não entendo tudo isso. Falou Louis realmente sendo sincero, mas mesmo assim sentindo que fez algo de errado, foi educado para não reagir dessa forma, não dizer o que pensava, nem reclamar quando algo lhe era oferecido, sentiu que não tinha o direito de expressar seus medos aquele homem, era algo imprudente de se fazer, ele devia ser um bom garoto e aceitar o momento, devia ser obediente como sempre foi. Mas esse pensamento foi logo jogado de lado por ele, afinal sabia que isso não era verdade, uma pessoa não deve se anular por outra, é preciso ter opinião própria, é só que ele não sabia como fazer isso, ou tinha medo de fazer.

O silencio de Gael fez Louis abaixar os olhos, temendo ter realmente cometido um erro grave, ele nem mesmo conseguia tomar a sopa, seus dedos tremiam e ele os escondeu no colo pensando em como podia se desculpar por sua falta de inteligência.

De fato os anos de confronto que passou com Kaleb e o modo como aprendeu a sobreviver enquanto estava sob seus cuidados e sua visão louca de como educar e punir alguém deixou marcas nele de modo que mesmo inconsciente se sentia culpado, diminuído e aflito ao expressar seus pensamentos, sabia disso, mas não conseguia se controlar.

-Eu vi em você um homem que apesar de ser jovem é muito corajoso e determinado, capaz de acordar as três da manhã e caminhar no escuro e no frio para preparar coisas deliciosas em minha cafeteria e ainda me receber com um sorriso, confesso que eu me surpreendi com tudo em você, eu vi talento, determinação e criatividade, eu vi uma pessoa alegre e sofrida, mas com grande vontade de viver. -Tudo isso e muito mais me fez ficar interessado e me fez gostar de você um pouquinho mais a cada dia, até hoje.

Louis o olhou confuso, nunca imaginou ouvir tais palavras sobre ele, tudo que ouviu até então foram reclamações e xingamentos, Kaleb nunca se sentiu satisfeito com nada e sempre fez questão mais que absoluta de reclamar de tudo sobre Louis, cada pequena coisa e agora alguém falava o contrário, era tão inacreditável que fez o rapaz levar os dedos ainda trêmulos ao peito, apertando levemente o ponto onde deveria estar seu coração para ter certeza de que ele não parou de bater.

Gael levou a mão sobre a mesa e pegou os dedos de Louis entre os seus, novamente sentiu os leves cortes cicatrizados na pele fina dos dedos, sentiu os calos na palma que trabalhava tanto e sentiu o calor desta pele única.

-Você transformou minha cafeteria com sua gentileza para com todos, seus cafés deliciosos e seus sorrisos espontâneos, conquistou a amizade sincera de todos que se aproximaram, mudou completamente o ambiente do chalé, criou um lindo jardim em apenas duas semanas e ainda conquistou meu gato completamente, saiba que ele prefere agora a sua companhia a minha! Se isso não é motivo suficiente eu não sei o que pode ser...

Os olhos claros cintilaram por um momento na luz difusa das velas e o homem a sua frente viu um brilho de lágrimas que se esconderam nos cílios grossos e bonitos rapidamente.

-Obrigado Gael...Quando chegamos eu pensei em como me deu tantas coisas que eu nunca pensei que poderia ver ou sentir, eu estava assustado com isso porque nunca tive isso antes.

O homem sorriu e lhe afagou a mão suavemente.

-Então agora vamos aproveitar nosso jantar, ainda nem tocou em sua sopa.

Louis rapidamente concordou.

Após a sopa leve de legumes, veio um belo prato de Yakissoba e uma salada oriental colorida e bonita de ser vista e saboreada, Chop Suey que tinha pedaços de carne muito macios com legumes salteados e um molho delicioso, tofu recheado com carne e legumes e frango xadrez. Parecia um banquete e Louis estava encantado, na verdade não tinha provado nada destes pratos em sua vida e cada mordida era uma nova e deliciosa experiência.

-Este macarrão é muito gostoso, não sei nem explicar.

-Yakissoba, nesta receita de Sunan o macarrão é frito e os legumes tem essa aparência crocante pois são feitos a parte e somente depois acrescentados a massa, a carne de boi é muito macia também, gostou deste?

Gael serviu a Louis uma pequena porção de Chop Suey e ele aceitou alegre, na verdade era uma delícia.

-É impossível dizer o que é mais gostoso.

Sunan veio com mais um prato e sorriu para os dois.

-Lembrem-se de deixar espaço para uma sobremesa leve e saborosa.

Louis confirmou com a cabeça já que sua boca estava cheia e isso fez o chefe de cozinha rir divertido e se afastar muito satisfeito.

-Seu irmão é um homem de sorte. Afirmou Louis sorrindo.

Gael sorriu junto.

-Tem razão, acho que é coisa de família.

Louis o olhou divertido.

-Eu só sei fazer pãezinhos e coisas simples, isso aqui é um banquete! Apontou para os pratos finamente decorados a sua frente.

Gael riu e se serviu de mais frango xadrez com entusiasmo.

Eles conversaram enquanto comiam, falavam de coisas simples, os antigos trabalhos que Louis teve, nas muitas cidades por onde passou, que sem perceber dava ao homem um mapa de por onde passou nos últimos três anos, as cafeterias e bares, lanchonetes de beira de estrada e até boates onde aprendeu a servir bebidas e fazer coqueteis, muito embora nestes locais fizesse apenas uns bicos, geralmente sua aparência acabava deixando os donos com receio de contrata-lo pois sempre achavam que ele mentia a idade, o que geralmente era verdade.

-E o que fez a seguir? Perguntou Gael enquanto colocava uma bebida na taça, o Maotai, uma bebida típica chinesa, muito famosa e sempre presente nos jantares deste tipo.

-Bem, eu estava em uma pousada muito ruim, a chuva estava molhando a cama em uma goteira bem sobre ela, fui pedir outro quarto a velha senhora que cuidava do local e ela me mandou embora naquele tempo! Ou me conformar com o quarto mesmo, arrastei a cama e juro que nunca imaginei que pudesse ser tão pesada!

Gael se contorcia por dentro, embora estivesse rindo junto com Louis que parecia achar essa experiência de certo modo divertida.

-Que mulher maldosa! Quem colocaria uma pessoa na chuva em pleno inverno?

Louis deu de ombros.

-Bem, não acho que chegaria a tanto...Mas eu sai no dia seguinte e graças a deus eu achei um local melhor, mas eu morei em muitos locais, o mais estranho de todos foi um motor home que obviamente não andava mais, mas servia como pousada, havia duzias deles, todos muito velhos, mas era bom mesmo assim, melhor que a pousada da qual falei.

-Porque viajou tanto? Perguntou Gael oferendo a bebida que Louis recusou delicadamente.

-Eu...Procurava um local para viver, uma casa, um lar.

-E achou? Perguntou Gael lhe sorrindo.

Louis engoliu em seco, abaixou a cabeça e respondeu bem baixinho...

-Eu achei meu lar.

Depois disso ninguém seria capaz de tirar o sorriso que surgiu no rosto bonito de Gael, saborearam seus pratos conversando ou ficando em silencio por alguns momentos, apenas sentindo a companhia um do outro, sem nenhuma cobrança.

E quando eles já estavam satisfeitos Sunan veio com uma bandeja onde a sobremesa estava aguardando para ser servida, era o encerramento de um jantar absolutamente magnífico.

-Pérolas de tapioca pandan, é uma sobremesa muito antiga tailandesa, nesta versão com leite de coco fica ainda mais cremosa e leve e tem um aroma suave. Disse Sunan ao dispor as duas lindas taças na mesa e sair de fininho como entrou, sem esperar a aprovação dos dois.

Louis suspirou ao sentir o doce e leve aroma que vinha da taça a sua frente, lembrava a ele a primavera e o sabor ele já podia adivinhar que seria realmente gostoso, por isso com satisfação pegou uma colher e colheu a iguaria a provando e o som de aprovação que fez chegou a arrepiar a pele do homem lobo sentado a sua frente, francamente deliciado com as reações naturais e adoráveis de sua outra metade.

-Isso é o paraíso, tenho certeza...Falou Louis de olhos fechados saboreando o gosto e o aroma ao mesmo tempo, sentindo a maciez que tocava sua língua junto ao doce que inundava seus sentidos.

-Você aprecia a comida de um modo que nunca vi antes.

Louis abriu os olhos e se sentiu um pouco envergonhado com sua reação natural a algo tão gostoso, mas ele tinha que admitir que era algo novo, nunca em sua vida saboreou um jantar tão bom, se bem que podia também ser por causa da companhia e o carinho que sentia o tempo todo.

-Não fique envergonhado, eu gosto disso, são poucas as pessoas que sabem apreciar os sentidos desse modo e em minha opinião isso é um dom raro no ser humano, os animais são mais afinados com os sentidos do que os seres humanos, talvez em você as duas características estejam fundidas e isso é algo muito bom.

Louis torceu o nariz.

-Como um gato?

Gael pensou um pouquinho.

-Como uma raposinha seria mais correto.

Louis riu com a comparação, certamente tinha a ver com seus cabelos ruivos.

-Obrigado...é que tudo está tão perfeito, seria uma pena não apreciar tudo, não acha?

Gael riu e comeu seu doce tendo praticamente a mesma reação, como um homem lobo seus sentidos eram naturalmente mais afinados e realmente a doce sobremesa era deliciosa.

Depois disso conversaram mais um pouco e enfim se levantaram para sair, a partir de agora Gael tinha um mapa na cabeça que o levaria a cidade de onde Louis saiu, era só seguir os passos inversos que ele fez para chegar ali e ele contou tudo de modo espontâneo e simples, sem perceber o que fazia, essa confiança não seria quebrada pois o homem lobo não pretendia ofende-lo dessa maneira, mas precisava saber mais dele.

-Vou leva-lo para casa, sei que está cansado. Disse Gael mexendo em uma mecha do cabelo ruivo que estava solta tocando na rosto bonito e levemente corado pelo calor das velas e a satisfação da comida.

-Preciso preparar muitos pãezinhos para amanhã, mas eu tenho tudo que preciso em casa, creio que até as duas da manhã tudo estará pronto.

Gael parou no mesmo instante e se virou para Louis.

-Se fizer isso dormirá muito pouco! Temos mais do que o suficiente na cafeteria, não precisa se sobrecarregar.

Louis iria protestar mais Sunan surgiu com uma caixa e entregou a ele.

-Estas são as sobremesas extras que eu fiz, seria uma pena perde-las e tem aí também um pouco de frango xadrez e arroz branco.

Gael sorriu e Louis agradeceu.

-Eu vou leva-lo também, não quero meu irmão brigando comigo depois se souber que o deixei andar sozinho a está hora da noite pela ilha.

Sunan revirou os olhos.

-Eu moro na ilha há muito tempo, esqueceu? Disse indignado.

-Não ligo para isso, pegue seu casaco e vamos embora! Finalizou Gael e foi empurrando o cunhado para a porta.

Louis riu e ele também os seguiu, era adorável o jeito que eles se davam bem, devia ser muito bom ter uma família assim para cuidar um do outro, esse pensamento o fez desejar ser parte disso um dia.

-Gael! Resmungou Sunan.

-Preciso cuidar de você, sabe como Allan é com isso, ele vai arrancar minha cabeça se souber que foi embora sozinho.

Sunan colocou as duas mãos na cintura enquanto Gael fechava a pousada e recolhia as lanternas.

-Ele é tão teimoso quanto o irmão, sabia? Reclamou Sunan olhando para Louis, os dois eram definitivamente do mesmo tamanho e estavam lado a lado esperando o outro em seu trabalho.

-Eu não vejo como pode haver perigo aqui. Explicou Louis.

-Viu! Alguém com juízo finalmente!! Falou Sunan e viu o sorrizinho de Gael ao vir em sua direção e bagunçar seu cabelo com a mão grande antes de concordar.

-Só estou te protegendo do lobo mal. Disse rindo.

-Ora essa!! O único lobo mal é você, me forçando a ir agora, eu podia muito bem ir sozinho!! Sou um adulto responsável.

-Certo, certo...Então vamos meninos. Ditou Gael e Louis o seguiu e Sunan após ajeitar os cabelos seguiu os dois, ainda indignado.

Louis se virou para Gael e o analisou, ele não tinha cara de lobo mal, nem um pouquinho...

-Que foi? Perguntou Gael rindo ao ver como Louis o analisava.

-Você é um lobo mal??

Gael soltou uma sonora gargalhada antes de responder.

-Fique calmo, eu sou bonzinho. Disse ainda rindo, mas não usou a palavra lobo em sua frase só por segurança.

Somente quando o pequeno chefe estava são e salvo em casa foi que Gael seguiu para o chalé na colina, dentro do carro o silencio tranquilo até estar na frente da casa e do jardim florido iluminado pela lua e as estrelas.

-Obrigado pelo jantar. Disse Louis de modo suave.

-De nada gracinha.

Louis arqueou uma sobrancelha.

-Do que me chamou mesmo??

Gael riu e abriu a porta dando a volta e sendo novamente gentil e abrindo a porta para um indignado Louis sair.

O homem o abraçou assim que o viu fora do carro, prendeu seu corpo pequeno contra o carro e o beijou de modo apaixonado, suas mãos segurando a cintura fina e sentindo o calor que emanava da pele suave, depois soltou seus lábios e arrastou a boca no pescoço sentindo seu cheiro de primavera a flor da pele.

-Eu realmente te acho uma gracinha, sinto muito por isso, mas é verdade, também te acho muito fofo quando fica envergonhado e absolutamente deslumbrante quando me olha diretamente nos olhos e é por isso que eu preciso saber de uma coisa, pode me responder agora mesmo?

Louis ainda estava tentando respirar após o beijo quando tentou ser coerente com as palavras.

-Acho que posso.

Gael tocou sua testa na testa de Louis e sussurrou as palavas bem devagar fazendo os pelinhos do corpo de ambos se arrepiarem como se entre eles uma corrente elétrica estivesse passando naquele mesmo instante.

-Quer ser meu namorado?

O susto e o choque tomaram Louis de assalto, ele se sentiu derreter ali mesmo, teria sorte de se manter em pé, provavelmente isso só acontecia porque o outro o segurava bem firme nos braços, mas mesmo assim, apesar de todos os seus medos, de todos os seus traumas e de tudo que viveu ele desejava ser feliz, desejava sair da escuridão por onde andou por tanto tempo e viver na luz e essa luz parecia ser esse homem a sua frente.

-Eu sou complicado...Disse Louis meio trêmulo.

-E eu quero te entender. Respondeu Gael brincando com os cabelos dele que voavam no vento se espalhando no rosto bonito.

-Eu tenho medo. Continuou Louis com a voz quase num sussurro.

-Eu juro que serei seu porto seguro, nunca mais sentirá medo. Disse Gael beijando as lágrimas que começavam a escorrer no rosto iluminado pela luz da lua.

Gael lhe sorriu e o abraçou de modo terno, acariciando suas costas para conter os soluços que vieram e o deixou chorar toda a sua mágoa em seu peito.

-Eu prometo que vou te amar Louis...Sei que tem muita coisa que esconde de mim e de todos, mas eu não me importo com o passado, quero um presente com você e o futuro também.

Louis chorava porque podia sentir que essas palavras eram verdadeiras, mas ele tinha medo de que se contasse tudo pelo que passou o homem pudesse mudar de ideia, afinal como alguém pode amar outra pessoa que por tanto tempo foi apenas um brinquedo para um louco? Como amar alguém que viveu em uma prisão forçada dentro de sua própria casa e que precisou fugir para ser livre?? Alguém que não tinha nem mesmo um sobrenome verdadeiro?

-Jura que mesmo que meu passado seja muito ruim vai me amar? Disse soluçando.

Gael sorriu e beijou os lábios que ainda tremiam.

-Juro.

Louis o apertou em seus braços bem apertado e falou tão baixo que se o homem não fosse realmente um alfa seria impossível ouvir.

-Sim, vou ser seu namorado...

Com a palavra confirmando isso Gael queria uivar para a lua, mas ainda não podia, afinal ele tinha um segredo tão grande quanto o de Louis e teria que revelar este segredo quando o seu pequeno namorado já tivesse confiança suficiente nele ou estivesse tão apaixonado quanto ele mesmo estava.

-Vou te levar a porta, tome um chá quentinho e durma, te pego amanhã cedo para irmos a cafeteria.

Louis teria concordado com tudo naquele momento, mas ficou feliz que o homem não tenha se aproveitado desse fato, o caso era que se sentia vulnerável ainda e queria começar de modo calmo esse seu primeiro relacionamento, nunca tinha namorado ninguém, nunca conheceu o amor, nem mesmo as paixões adolescentes, o que viveu não era nada disso, o sexo que conheceu não era agradável e nunca foi feito para satisfaze-lo, não sabia nada disso, apenas teve submissão e humilhações, podia sentir que era como se tudo fosse a primeira vez e queria que a sua com Gael fosse especial.

-Tá bom, chá quentinho e cama, eu prometo. Disse enxugando as lágrimas e indo para casa, parou uma vez na porta e olhou para Gael, podia jurar que seus olhos faiscavam, mas achou que era a luz da lua, depois entrou e realmente fez o chá e depois dormiu profundamente, não ouviu os uivos mais tarde da noite e nem imaginou que longe dali numa colina um grupo de lobos se reunia.

A matilha ficou sabendo que seu líder tinha encontrado sua outra metade, todos ali presentes partilharam dessa alegria e uivaram juntos para a lua clara no céu estrelado.

 


Notas Finais


As coisas estão ficando boas minha gente, o próximo promete!!
Chop Suey é uma receita chinesa com carne bovina picadinha e legumes, realmente deliciosa e tradicional, a bebida também é verdadeira e muito apreciada nos jantares chineses, a sobremesa é tailandesa e é leve tem mesmo um cheirinho de primavera, na minha opinião é claro. Beijos de luz.


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