Chegamos a sala de DCAT e Remo não estava lá, todos sentamos, e o resto dos alunos tiraram o livro, penas e pergaminho das bolsas e começaram a conversar. Remo entrou na sala e piscou pra mim discretamente.
-Boa tarde – cumprimentou ele. – Por favor, guardem todos os livros de volta nas mochilas. Hoje teremos uma aula prática. Os senhores só vão precisar das varinhas.
Alguns alunos se entreolharam, preocupados.
-Certo, então – disse Remo quando todos se acalmaram. – Queiram me seguir.
Todos saímos da sala e seguimos em direção a sala dos professores, eu estava tão ansiosa para o Bicho Papão que estava quase saltitando de animação. Mal saímos de perto da sala e já encontramos o Pirraça flutuando de cabeça para baixo e entupindo a fechadura de alguma sala de chiclete.
Pirraça não ergueu os olhos até padrinho chegar a mais ou menos meio metro; então, agitou os dedos dos pés e começou a cantar:
-Louco, lobo, Lupin. Louco, lobo, Lupin...
Eu fiquei com vontade de azarar o Pirraça, mas sabia que Remo iria fazer isso.
Todos olharam para o padrinho para ver o que ele faria.
-Eu tiraria o chiclete do buraco da fechadura se fosse você, Pirraça – disse ele gentilmente. – O Sr. Filch não vai poder apanhar as vassouras dele.
O Pirraça não lhe deu atenção, eu dei um pequeno sorriso maroto. Remo deu um breve suspiro e tirou a varinha. Hora do Aluado, Eba!!
-Este é um feitiçozinho útil – disse à turma por cima do ombro. – Por favor observem com atenção.
Ele ergueu a varinha até a altura do ombro e disse:
-Uediuósi! – e apontou para Pirraça.
Com a força de uma bala, a pelota de chiclete disparou do buraco da fechadura e foi bater certeira na narina esquerda de Pirraça; o poltergeist virou de cabeça para cima e fugiu a grande velocidade, xingando. Eu comecei a rir baixinho.
-Maneiro, professor – exclamou Dino admirado.
-Obrigado, Dino – disse o padrinho tornando a guardar a varinha. – Vamos prosseguir?
Eles recomeçaram a caminhada, o resto da turma olhando Remo com crescente respeito. Remuxo nos conduziu por um segundo corredor e parou bem à porta da sala de professores.
-Entrem, por favor – disse ele, abrindo a porta e se afastando para os alunos passarem.
A sala dos professores. Uma sala comprida, revestida com painéis de madeira e mobiliada com cadeiras velhas e desaparelhadas, estava vazia, exceto por um ocupante. O Profº. Snape estava sentado em uma poltrona baixa e ergueu os olhos para os alunos que entravam. Seus olhos brilhavam e ele tinha um arzinho de desdém em volta da boca. Quando Remo entrou e fez menção de fechar a porta, Snape falou:
-Pode deixá-la aberta, Lupin. Eu prefiro não estar presente.
Ele se levantou e passou pela turma, suas vestes negras se enfurnando às suas costas. À porta, o professor girou nos calcanhares e disse ao colega:
-Provavelmente ninguém o alertou, Lupin, mas essa turma tem Neville Longbottom. Eu o aconselharia a não confiar a esse menino nada que apresente dificuldade. A não ser que a Srta, Garcia se encuba de assumir a tarefa por ele.
Neville ficou escarlate. Olhei chateada para o prof. Snape. Remo ergueu as sobrancelhas.
-Pois eu pretendia chamar Neville para me ajudar na primeira etapa da operação, e tenho certeza de que ele vai fazer isso admiravelmente.
Dei um sorriso debochado digno de James Potter, gostava do professor Snape por tudo que ele faz com o Harry coisa e tal, mas ainda sou filha de James Potter e detesto quando algum deles é humilhado e antes da aula de poções eu Neville já havíamos conversado, eu já o considerava um amigo.
A cara de Neville ficou, se isso fosse possível, ainda mais vermelha. Snape revirou os lábios num trejeito de desdém, mas se retirou, batendo de leve a porta.
-Agora, então – disse Remo, chamando, com um gesto, a turma para o fundo da sala, onde não havia nada exceto um velho armário em que os professores guardavam mudas limpas de vestes. Quando o professor se postou a um lado, o armário subitamente se sacudiu, batendo na parede. – Não se preocupem – disse ele calmamente porque alguns alunos tinham pulado para trás, assustados. – Há um bicho-papão ai dentro.
-Bichos-papões gostam de lugares escuros e fechados – informou padrinho. – Guarda-roupas, o vão embaixo das camas, os armários sob as pias... Eu já encontrei um alojado dentro de um relógio de parede antigo. – lembrava muito bem daquele dia, bicho-papão estúpido, descobri qual era meu maior medo aquele dia, nem sabia até aquele dia. – Este aí se mudou para cá ontem à tarde e perguntei ao diretor se os professores poderiam deixá-lo para eu dar uma aula prática aos meus alunos do terceiro ano. Então, a primeira pergunta que devemos nos fazer é o que é um bicho-papão?
Eu e Mione levantamos a mão.
-Srta. Granger – diz Remo
-É um transformista – respondeu ela. – É capaz de assumir a forma do que achar que pode nos assustar mais.
-Eu mesmo não poderia ter dado uma definição melhor – disse o Profº. Lupin, e o rosto de Hermione se iluminou de orgulho.
-Então o bicho-papão que está sentado no escuro aí dentro ainda não assumiu forma alguma. Ele ainda não sabe o que pode assustar a pessoa que está do lado de fora. Ninguém sabe qual é a aparência de um bicho-papão quando está sozinho.
Levantei a mão.
-Com licença, professor. Mas se alguém usar algum tipo de magia para ver através de paredes ou algo do tipo, esse bruxo não poderá ver o Bicho-papão sem que ele o veja?
-Um ótimo questionamento, não se tem certeza se alguém realmente sabe a verdadeira forma desta criatura, pois se realmente existir alguém, isto nunca foi divulgado. – Remo falou. Deu uma pausa e continuou – Muito bem quando eu o deixar sair, ele imediatamente se transformará naquilo que cada um de nós mais teme. Isto significa – continuou o Profº. Lupin, preferindo não dar atenção à breve exclamação de terror de Neville – que temos uma enorme vantagem sobre o bicho-papão para começar. Você já sabe qual é, Harry?
Hermione levantou a mão e eu olhei para ela, divertida.
-Hum... Porque somos muitos, ele não vai saber que forma tomar.
-Precisamente – concordou o professor e Hermione baixou a mão, parecendo um pouquinho desapontada. – É sempre melhor estarmos acompanhados quando enfrentamos um bicho-papão. Assim, ele se confunde. No que deverá se transformar, num corpo sem cabeça ou numa lesma carnívora? Uma vez vi um bicho-papão cometer exatamente este erro, tentou assustar duas pessoas e se transformou em meia lesma. O que, nem de longe, pode assustar alguém. O feitiço que repele um bicho-papão é simples, mas exige concentração. Vejam, a coisa que realmente acaba com um bicho-papão é o riso. Então o que precisam fazer é forçá-lo a assumir uma forma que vocês achem engraçada. Vamos praticar o feitiço sem as varinhas primeiro. Repitam comigo, por favor... Riddikulus!
-Riddikulus! – repetimos
-Ótimo – aprovou o Profº. Lupin. – Muito bem. Mas receio que esta seja a parte mais fácil. Sabem, a palavra sozinha não basta. E é aqui que você vai entrar Neville.
O guarda-roupa recomeçou a tremer, embora não tanto quanto Neville, que se dirigiu para o móvel como se estivesse indo para a câmara secreta.
-Certo, Neville – disse o professor – Vamos começar pelo começo:
Qual, você diria, que é a coisa que pode assustá-lo mais neste mundo?
Os lábios de Neville se mexeram, mas não emitiram som algum. Dei um sorriso sabendo o que ele disse.
-Não ouvi o que você disse, Neville, me desculpe – disse Remo animado.
Neville olhou para os lados meio desesperado, como que suplicando a alguém que o ajudasse, depois disse, num sussurro quase inaudível:
-O Profº. Snape.
Quase todo mundo riu. Eu estava gargalhando que nem Até Neville sorriu como se pedisse desculpas. Remo, porém, ficou pensativo.
-Profº. Snape... Hummm... Neville, eu creio que você mora com a sua avó?
-Sim... Moro — disse Neville, nervoso. – Mas também não quero que o bicho-papão se transforme na minha avó.
-Não, não, você não entendeu – disse padrinho, agora rindo e eu segurei a risada. – Será que você podia nos descrever que tipo de roupas a sua avó normalmente usa?
Neville fez cara de espanto, mas disse:
-Bem... Sempre o mesmo chapéu. Um bem alto com um urubu empalhado na ponta. E um vestido comprido... Verde, normalmente... E às vezes uma raposa.
-E uma bolsa?
-Vermelha e bem grande.
-Certo então – disse padrinho – Você é capaz de imaginar essas roupas com clareza, Neville? Você consegue vê-las mentalmente?
-Consigo – respondeu Neville, hesitante, obviamente imaginando o que viria a seguir.
-Quando o bicho-papão irromper daquele guarda-roupa, Neville, e vir você, ele vai assumir a forma do Profº. Snape. E você vai erguer a varinha... Assim... E gritar "Riddikulus"... E se concentrar com todas as suas forças nas roupas de sua avó. Se tudo correr bem, o Profº. Bicho-papão-Snape será forçado a vestir aquele chapéu com o urubu, aquele vestido verde e carregar aquela enorme bolsa vermelha.
Ninguém conseguiu segurar a risada e o guarda-roupa sacudiu com mais violência.
-Se Neville acertar, o bicho-papão provavelmente vai voltar a atenção para cada um de nós individualmente. Eu gostaria que todos gastassem algum tempo, agora, para pensar na coisa de que têm mais medo e imaginar como poderia fazê-la parecer cômica...
Todos fecharam os olhos e eu imitei. Remo não me chamaria, sabíamos qual era o meu bicho-papão e ninguém poderia saber qual era.
-Todos prontos? – perguntou Remo
-Neville, nós vamos recuar – disse o professor. – Assim você fica com o campo livre, está bem? Vou chamar o próximo a vir para frente... Todos para trás, agora, de modo que Neville tenha espaço para agitar a varinha...
Todos recuaram, encostaram-se nas paredes, deixando Neville sozinho ao lado do guarda-roupa. Ele parecia pálido e assustado, mas enrolara as mangas das vestes e segurava a varinha em posição.
-Quando eu contar três, Neville – avisou Remo, que apontava a própria varinha para o puxador do armário. – Um... Dois... Três... Agora!
Um jorro de faíscas saltou da ponta da varinha do professor e bateu no puxador. O guarda-roupa se abriu com violência. Com o nariz curvo e ameaçador, o Profº. Snape saiu, os olhos faiscando para Neville. Neville recuou, de varinha no ar, balbuciando silenciosamente. Snape avançou para ele, apanhando alguma coisa dentro das vestes.
-R... R.. Riddikulus! – esganiçou-se Neville.
Ouviu-se um ruído que lembrava o estalido de um chicote. Snape tropeçou; usava um vestido longo, enfeitado de rendas e um imenso chapéu de bruxo com um urubu carcomido de traças no alto, e sacudia uma enorme bolsa vermelho-vivo.
Houve uma explosão de risos; o bicho-papão parou, confuso, formamos apressadamente uma fila e eu fiquei atrás de Harry, de modo que eu não enfrentaria o bicho, e o Profº. Lupin gritou:
-Parvati! Avante!
Parvati transformou a criatura em uma múmia, depois foi Simas que o transformou em um espírito agourento. O bicho-papão começou a se confundir, Dino foi pra frente e o transformou em uma mão decepada, depois Rony que o transformou em uma aranha gigante, peluda e feia.
Chegou a vez de Harry e Romo entrou em sua frente. A criatura virou a lua.
-Riddikulus – fala Remo calmo e a lua virou uma barata. – Para frente, Neville, e acabe com ela!
Craque! E Snape reapareceu. Desta vez, Neville avançou parecendo decidido.
-Riddikulus! – gritou, e, por uma fração de segundo, seus colegas tiveram uma visão de Snape com seu vestido de rendas antes de Neville soltar uma grande gargalhada e o bicho-papão explodir em milhares de fiapinhos minúsculos de fumaça, e desaparecer.
-Excelente! – exclamou Remo enquanto a classe aplaudia com entusiasmo. – Excelente, Neville. Muito bem, pessoal... Deixe-me ver... Cinco pontos para a Grifinória para cada pessoa que enfrentou o bicho-papão – dez para Neville porque ele o enfrentou duas vezes, cinco para Bianca pela sua curiosidade e questionamento do assunto e cinco para Harry e para Hermione.
-Mas eu não fiz nada — protestou Harry.
-Você e Hermione responderam às minhas perguntas corretamente no início da aula, Harry — respondeu Remo gentilmente. – Muito bem, pessoal, foi uma aula excelente. Dever de casa: por favor, leiam o capítulo sobre os bichos-papões e façam um resumo para me entregar...Na segunda-feira. E por hoje é só.
Todos saímos da sala dos professores falando sobre a aula.
-Essa foi à melhor aula de Defesa contra as Artes das Trevas que já tivemos, vocês não acham? – disse Rony excitado quando refaziam o caminho até a sala de aula para apanhar as mochilas.
-Foi à aula mais incrível, melhor que qualquer aula de DCAT da Beuxbatons. – digo pulando
-Ele parece um bom professor – comentou Hermione em tom de aprovação. – Mas eu gostaria de ter podido enfrentar o bicho-papão...
-O que ele teria sido para você? – perguntou Rony dando risadinhas. – Um dever de casa que só mereceu nota nove em dez?
-Não Rony. Nem a Mione teria um medo tão bobo. É obvio que seria tirar zero em tudo – digo revirando os olhos e nós dois rimos enquanto ela da um tapa nas nossas cabeças sem botar muita força.
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