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História A irmã de Renesmee - 1 e 2 temp. - fanfic sendo repostada - Inevitável (E)


Escrita por: KarinaMiranda98

Capítulo 37 - Inevitável (E)


 

Não sabia se estava pronta para isso. Meu coração explodia de vontade, mas em minha mente ainda estava um vestígio de confusão sobre nosso término.

Se chegássemos mais perto, teríamos um encontro desagradável. Então ele levou seus lábios mais perto dos meus. Até que senti a maciez de sua boca. Nossos joelhos cederam ao chão, fazendo em automático nossos corpos se encontrarem. Sem meu comando, minhas mãos foram ao redor de seu pescoço. As dele foram segurar minha cintura.

Uma leveza que eu nem sabia que podia existir tomou conta de mim. E logo ela se transformou em fogo quando sua língua tocou meu lábio inferior. Minha boca se abriu como um portão automático, e seu gosto veio como um doce tsunami.

Arfei quando ele fez uma trilha de beijos molhados pelo meu pescoço. Logo em seguida ele voltou para a minha boca quase desesperado. O vento forte que nos bateu veio de surpresa, gélido, e insensível contra a nossa pele. Mesmo assim eu me agarrei nele por instinto, não esperando algo tão brando.

O beijo se prolongou por alguns segundos. Ou foram minutos? Por final, nos separamos com falta de ar.

Depois de uns segundos voltei à realidade. Eu havia mesmo o beijado!

 

PDV Seth.

 

Depois de um tempo nos separamos com falta de ar. Se fosse um sonho eu não queria acordar por nada nesse mundo.

Quando abri meus olhos, o sorriso em meus lábios desapareceu lentamente conforme seu olhar encara o chão, arrependido, frustrado.

Mas ela tinha um ponto. Tinha visto aquelas fotos de Tifanny colada em mim e em menos de doze horas que nos reencontramos já estávamos nos beijando. E eu que a beijei.

Não sei como ela poderia querer algo comigo depois disso. Como iria recuperar sua confiança. E eu não sei se eu conseguiria lidar com isso novamente.

 

PDV Carlie.

 

-A pizza vai esfriar. – falei conforme eu levantava. Peguei metade das caixas, deixando metade para ele ocupar seus braços. Tinha medo de ele me fazer ficar.

-Carlie... – ele falou pegando meu braço.

Apenas balancei a cabeça como um “não”, o fazendo soltá-la. Continuei meu trajeto até em casa. Fiquei aliviada que todos ainda estavam na piscina.

-Humm. – murmurei indo até a bandeja do bolo. Coloquei as caixas ao lado e peguei um pedaço do doce. Tirei meu roupão e o pendurei.

-Esses doces engordam.

Virei-me para Brady assustada.

-Que? – perguntei de boca cheia. – Eu estou gorda? – eu estava espantada. Coloquei a mão em minha barriga, mas ela parecia reta como sempre foi. O olhei com os olhos semicerrados enquanto ele ria.

-Estou brincando. Você está ótima!

Mostrei-lhe língua.

 

PDV Brady.

 

Ela realmente acreditou em minha brincadeira. Mulheres são tão difíceis de entender.

-Estou brincando. – esclareci. – Você está ótima!

Ela me mostrou língua. Seth me fulminou com o olhar. Encolhi os ombros. Tinha me esquecido de que ele sofrera um imprinting com a minha amiga. Eu tinha que tomar mais cuidado se não quisesse ser um lobo sem cabeça. Mais precaução ainda quando estivesse em forma de lobo. Pelo menos até Carlie e eu decidirmos contar. Além de ele ficar chateado com a Carlie, nunca mais falaria comigo se ele descobrisse do nosso quase beijo.

 

PDV Carlie.

 

-William apreciou muito o que fez por Anne. – Renesmee me falou. Imediatamente percebi duas coisas: Jacob olhando para ela, parecendo com ciúme. E a outra coisa foi Seth me olhando; seu olhar queimava em mim.

-Ele me falou isso. – confessei, um pouco desconfortável. – Ele é bacana. – dei de ombros, tentando, o que parecia difícil, ignorar seu olhar.

Observei Leah com Nick, tão doce como se fosse sua babá. Já ouvi como ela era antes de Jayden, algo que era impossível de imaginar. De qualquer jeito, eu fiquei feliz que ela se livrou daquele mau humor que ela sentia sobre a rejeição de Sam. Mesmo que ele não teve culpa. Eu já pensei na possibilidade de Leah ser o imprinting de Sam se ele nunca a tivesse namorado antes de virar lobo. Será que Emily ainda assim, teria sido a sua alma gêmea?

Eu realmente torcia pela felicidade da minha ex cunhada com o seu imprinting no futuro. Eu não desejava aquela dor de ser traída para ninguém. É muito ruim se sentir traída. Mas em seu caso foi pior porque Sam teve imprinting pela prima dela. Isso devia doer demais. Ainda mais sendo com alguém que ela nunca imaginaria fazendo isso.

Seth me contou uns tempos atrás que no começo Emily não gostava de Sam, ela ficou brava com ele por ter feito isso com Leah, mas depois o desculpou e ficou com ele. Agora eu entendia a dor de Leah. Porém Seth me escondeu sobre o imprinting. Eu sempre me perguntei se os sentimentos de uma pessoa podem mudar tão rapidamente, até descobrir sobre isso.

A minha dor não era mais a mesma do início. Eu pensava acima de tudo que Seth havia me enganado. Depois de um tempo calma, percebi que era uma armação da Tifanny.

Eu só não sabia o que ela queria para me deixar em paz. Garotas mimadas como ela tem o ego grande. Precisam de atenção e de serem veneradas. Deu para ver na praia seus quadris de um lado para o outro para chamar atenção dos turistas. Mas o tipo de atenção que dei para ela foi humilhante.

E ela se transformou em vampira para se vingar de mim.

Poderíamos ter sido amigas, assim como foi com Mendy. Ou pelo menos termos nos dado bem, mas ela veio com toda aquela presunção, soube imediatamente que ela não era uma das melhores pessoas do mundo.

Seth não é esse tipo de cara. Ele nunca foi. O medo de me perder só o fez ficar confuso. Demorou para as peças se encaixarem em minha cabeça. Mesmo que ele tenha me escondido isso, escondido que ela o beijou e ele a rejeitou, ele não é uma pessoa ruim. E eu não devia ter nos separado. Tifanny me fez separar de uma das pessoas que eu mais amo nesse mundo.

O cara que chegou tímido. Conquistou-me com sorrisos. Fez-me perceber que o amor pode chegar para todos. Agora, querendo ou não, meu coração estava em suas mãos.

Eu odiava esse fato!... Seth gostava até demais. Eu ficava com raiva dele por causa disso. Mas depois não me importava mais. Eu sabia que ele também era meu. Só meu.

Me retirei dali perdida em meus pensamentos. Ao sair pela porta da frente, percebi que esqueci do roupão. Depois lembrei de que era tarde o suficiente e que ninguém estava ali.

-Carlie!

Me virei para a voz, e ele correu até mim.

-Oi, Jake. – e continuei andando.

-Sei que você tem o corpo quente, mas está mais frio do que antes.

Assim que ele terminou de falar, meus dentes rangeram.

-Não vou voltar para pegar roupa. – rosnei.

-Não precisa. – e então estava ao meu lado, me abraçando. Seu corpo quente imediatamente mandou ondas de calor para mim.

-Obrigado. – suspirei, me encostando nele. – Posso te perguntar algo?

-Claro, vamps.

Ri de seu apelido ridículo. Parei na parede de fora do estábulo. Não queria acordar Employee.

Que nos visse ali, diria que somos namorados e estávamos nos escondendo para dar uns beijos. Mas era só meu amigo de bermuda com o peito nu não me deixando pegar um resfriado.

-Como foi a gravidez? – sussurrei, sentindo seu corpo ficar tenso.

-Que gravidez?

Revirei os olhos.

-Da Madonna. Óbvio que da minha mãe.

De repente deu um nó na garganta. Nunca falamos muito sobre a gravidez dela, ela apenas explicou uma coisa ou outra. E eu me senti horrível de ela ter dito uma gestação incomoda. Até já tentei fugir de casa, só que eles me impediram.

-Eu a machuquei muito?

Foi apenas aquilo que eu consegui perguntar sem derramar lágrimas.

-Carlie, eu não sei se...

-Me diga, Jake, por favor. Eles não têm coragem de falar nada para nós. Eles nunca têm. – e as lágrimas rolaram. – Nem sobre o imprinting, sobre a gravidez. Todos querem nos proteger, mas já somos grandinhas para lidar com essas coisas.

Bufei, me afastando dos seus braços.

Ele suspirou. Parecia incerto de me responder.

-Ela estava muito fraca. – começou. – Vocês estavam drenando toda a energia dela. Bella parecia estar com anorexia.

Meu coração se apertou me deixando sufocada.

– Mas você nem a sua irmã tiveram culpa. Não era culpa de vocês se cresceram rápido e...

-E?

-Vocês quebraram costelas dela.

Arfei espantada.

-Foi tão ruim assim? – perguntei. Não consegui segurar as lágrimas por muito tempo.

Ele deu de ombros. Ele tinha uma pontada de culpa em seus olhos. Devia ser doloroso para ele ir contra o que mamãe pediu.

 

“Flash Back On”

 

-Jake, me prometa. Você nunca vai falar sobre a minha gravidez para nenhuma das duas.

-Mas Bella...

-Elas não precisam sofrer por causa disso. – ela o interrompeu. – O passado é passado. Não precisa voltar à tona.

Estreitei meus olhos para a minha irmã, estranhando o assunto. Ela franziu o cenho.

-Bella? – ele perguntou. Pressionei meus ouvidos ainda mais contra a porta, Renesmee seguiu o meu movimento. – Não acha que elas deveriam saber de tudo? No futuro elas podem ficar chateadas.

-Jake tem razão. – Seth interferiu. – Elas têm que saber. Aliás, faz parte de suas vidas. Faz parte da história delas.

-Seth tem razão. – Papai disse.

Ele gostava demais do Seth. Seth sempre foi um cara legal e divertido. E acho que eles eram amigos antes de eu nascer.

-Não. Seth não tem razão. – Mamãe quase rosnou. – Elas só vão saber disso por cima das minhas cinzas. O que não é uma das coisas mais fáceis desse mundo.

Olhei para Ness, também com o ouvido colado na porta.

-Do que será que eles estão falando? – perguntei num mínimo sussurro.

-Eu não sei. – ela sussurrou de volta.

-Meu amor. Elas estão ouvindo.

-Oh, droga!

-Não é melhor assim?

-Jake, calado! – ela rosnou ferozmente.

Depois disso papai fez tio Jasper nos levar para o quarto e usar o seu poder em nós, nos fazendo dormir com o seu dom.

 

“Flash Back Off”.

 

-Eu sou horrível. – sussurrei. – Eu sou um monstro. Eu praticamente destruí minha própria mãe de dentro para fora! Que tipo de filha faz isso?

-Ei, relaxa, não foi sua culpa. – ele tentou me acalmar.

-Eu sou um monstro, Jake. Eu mereço morrer! Eles deviam ter deixado os Volturi me matar! – lágrimas quentes escorreram pelo meu rosto.

-Não diga isso. Bella não passou por tudo para que você pense isso. Ela ama vocês duas. Ninguém da sua família deixaria vocês morrerem nas mãos dos Volturi.

-Eles deviam ter deixado isso acontecer!

Magoada com isso, saí correndo sem dar tempo de ele tentar me impedir. Rumei ao meu quarto e tranquei a porta, querendo ficar sozinha. Renesmee podia fazer sala para nossos amigos.

Me joguei na cama, e deixei que as lágrimas viessem. Eu não queria acreditar que fui capaz de machucar minha mãe. A dor que ela passou é inimaginável. Uma batalha quase única que ela travou para ter minha irmã e eu.

Ali no meu quarto estava diferente de lá fora. Ali estava confortável, e o clima me envolveu com força.

A última coisa que me lembrava foi de puxar o cobertor para mim.

 

PDV Renesmee.

 

Jacob tinha ido atrás de Carlie para ver como ela estava. Saiu de repente, nem prestou atenção. E então a vi subindo correndo, e um tempo depois ele entrou e veio se juntar a nós.

O olhei, a procura de explicações. Olhei de forma sugestiva para a mesa de guloseimas, e ele foi para lá assim como eu.

-Ela perguntou sobre a gravidez de Bella. – disse, dando uma grande mordida num pedaço de pizza. Podia estar tentando soar casual, entretanto seu olhar transmitia como estava agoniado por Carlie ter ficado assim.

Recuei, surpresa. Eu também sempre fui alheia a esse assunto.

-Não me faça dizer nada sobre isso, por favor. – suplicou, a dor em seu rosto se tornou evidente.

Assenti, deixando a comida ali e indo para a piscina.

Deixe-a. falei para Seth, que pela sua cara estava prestes a ir atrás dela. Congelou no lugar, e me olhou. Se ela foi para lá, é porque quer ficar sozinha.

Ele suspirou pesadamente.

Eu também queria subir e ver se minha irmã estava bem. Mas meu instinto de gêmea dizia para não fazê-lo.

 

PDV Carlie.

 

Acordei com a luz do sol iluminando o meu quarto.

E então deu um estalo em minha mente. Será que já tinham ido embora e eu nem me despedi?

Me levantei. Fui para o meu closet, coloquei uma calça jeans e uma manga longa qualquer. Fiz um coque rápido e me xinguei por dentro ao constatar que agora eu provavelmente tinha uma cama ensopada, já que dormi com o cabelo molhado.

Ao abrir a porta, eu já podia ouvir vozes. E eram do quarto da minha irmã. Identifiquei a voz de Paul antes de entrar, e fiquei aliviada.

-Olha quem apareceu. – Jared sorriu ao me ver, e eu devolvi.

-Me desculpem por sair assim de repente. – pedi, com vergonha. – O cansaço só me bateu forte.

-Não se preocupe. – Emily veio e me abraçou de lado.

-Vocês estão arrumados. – acusei, estreitando os olhos.

-Sua irmã mudou nosso horário de voo. – Kim respondeu, sorrindo. – Iremos só a noite. Vamos aproveitar e dar um pulo da Times Square.

Sorri, totalmente aprovando esse plano.

Papai nos enviou uma mensagem que não nos agradou. Lista de materiais, uniforme escolar, e endereço.

Sem nos avisar, nos matriculou na escola. Realmente Mendy e Claire precisavam estudar, mas Ness e eu podíamos esperar!... Não de acordo com sua mensagem.

Passamos o dia fora, enquanto a equipe de limpeza fazia seu trabalho em casa. Aproveitamos para comprar o que precisava para a escola.

A noite nos despedimos deles antes dos táxis chegarem, e fomos nos arrumar para descansar. Deixei o colchão para Seth e Jake, enquanto Mendy iria dormir com Ness. Sinceramente eu estava com saudades do meu próprio quarto.

Acordei na outra manhã já mais disposta. Tomei um banho e fui me arrumar.

Coloquei o uniforme, me surpreendendo como o tecido era suave. Finalizei meu cabelo e passei uma maquiagem mais natural.

Sentei na cama, discando o número que eu queria. Ele atendeu no primeiro toque.

-Oi, meu anjo.

-Oi, papai. Como estão?

-Estamos ótimos. E você? Pronta para o primeiro dia de aula?

-... estou sim.

Eu pude sentir o sorriso em seu rosto por estar esperando alguma reação dramática minha devido a mensagem de ontem. E eu sinceramente estava afim de ter a reação que ele queria arrancar de mim. Mas parecia que eu necessitava muito mais de uma conversa de pai e filha do que qualquer outra coisa.

-Por que a hesitação?

-Convidei Jacob para ficar aqui por uns tempos.

-Jake está aí há quanto tempo?

-Dois dias.

Houve um silêncio.

-Não é apenas ele que está aqui...

-Ness convidou Seth, não foi?

Suspirei. Papai era muito perspicaz. Não precisava ler minha mente para saber o que eu pensava.

-Foi. Eu pensei que iria doer, mas... não doeu.

-Isso é bom, não é? – ele captou o meu tom confuso.

-Eu não sei. – murmurei baixinho. – Talvez sim, talvez não.

-Estamos indo para casa. – prometeu.

Arregalei os olhos.

-Não, papai! Está tudo sob controle. Sou bem crescida, sabia?

-Tem certeza? Podemos...

-Tenho. – grunhi, o fazendo rir. – Só queria conversar com você antes de ir para a escola. Estou com saudades.

-Logo estaremos em casa. – eu sabia que os dias da viagem estavam contados.

Me despedi e fui tomar café. Como esperado, fui a última a chegar. Por algum motivo eles pareciam um pouco eufóricos demais para quem apenas vai para a escola.

-O que houve? – tomei um gole do meu suco.

-Você tem que ir lá fora. – Renesmee exclamou, sorrindo de orelha a orelha. – Chegou faz poucos minutos.

Olhei nos rostos que estavam ali a procura de alguma pista. Nada. Só euforia.

Vencida pela curiosidade, bebi o resto do suco e me dirigi lá para fora. Avistei William no estábulo, e ele espiava nessa direção de vez em quando.

-Não entendi. – murmurei, perdida.

-Claro que não, não está olhando para a paisagem certa. – Renesmee cutucou, me fazendo ficar tímida. Segurou minha cabeça e a girou, me fazendo ter uma visão divina.

-Minha MV Augusta F4CC!

Corri para ela, linda e glamurosa do jeito que sempre sonhei. Toda preta fosca, alguns detalhes em preto brilhante. Robusta. Perfeita.

-Dá para acreditar? – gritei, me virando para Seth. – Papai realmente me deu a MV Augusta!

-Estou tão chocado quanto você. – ele riu.

-Vai com ela? – Mendy perguntou.

-Óbvio. – soltei um riso, não acreditando em sua fala.

Meu celular apitou, e vi ser mensagem do próprio.

 

Papai

Quando chegarem à secretária, lembrem-se: ela é humana. Todos eles reagem assim quando nos veem pela primeira vez. Estejam preparadas.

Tenham um ótimo dia na escola.

 

Affff. Meu pai e suas certezas de que sou bonita. Revirei os olhos.

-Papai está confiante em nós. – Ness disse olhando para a tela de seu celular. – Pelo menos não precisamos ir em um ônibus escolar.

Estremeci, imaginando dezenas de humanos juntos num ambiente fechado e pouco higienizado.

-Fala sério? – Claire falou. – É maneiro ir em ônibus escolar.

Renesmee a olhou incrédula.

-Ir em um ônibus escolar é perfeitamente normal para mim. – Mendy disse. – Vocês não precisam se comportar como humanas? Então, não seria ruim.

-Alunos vão de carro para a escola – rebati, sem acreditar em suas palavras.

-A garotinha mimada não quer ir em um ônibus para não deixar suas roupas lindas e caras fedendo? – Jacob zombou ao lado de Seth.

-Cale a boca. – resmunguei.

-Fala sério. – Seth exclamou. – Edward mima vocês demais.

Claire riu alto.

Claire, Nessie e eu éramos amigas de infância. Lembro-me de quando éramos pequenas, correndo em volta da praia, brincando de pega-pega. Pegando as pedrinhas para colecionar – isso foi ideia dela –, fazendo Seth, Jake e Quil nos carregarem por toda a praia e tudo mais. Eles costumavam nos chamar de “as três mosqueteiras”, pois não nos desgrudávamos por nada.

Bom, foi curto esse tempo que a gente ficou juntas. Talvez seis ou sete meses, até oito. Porém mamãe quis que seguíssemos nossas vidas como uma família por algum tempo.

Hey, o chamei, e o mesmo me olhou surpreso. Talvez não esperava um contato tão direto desde... ontem. Prometi que seria o primeiro a andar comigo, lembra?

Não precisa fazer isso, Carlie. Sério.

E Seth não demonstrava mesmo qualquer tipo de ressentimento.

Eu sei. Mas cumpro minhas promessas.

O mesmo sorriu de orelha a orelha.

-Bora? – apontei a cabeça para a moto, esperando sua resposta.

-Vou pegar minha jaqueta.

Entrou correndo, e logo voltou com a roupa nas mãos.

-Você volta com ela e me busca, que tal? – sugeri, terminando de colocar a minha jaqueta de motoqueiro. O design dela era perfeito. A base preta, mas quando chegava abaixo dos ombros até as mangas, era vermelha.

-Fechado, Cullen.

Sorri de lado, terminando de colocar o capacete. Fingi não perceber seu podo de Adão se mexer ao me observar com a jaqueta de couro. Aquela velha amiga vaidade se acomodando em mim, e a acolhi de boa vontade.

Subi na moto e esperei ele estar confortável na garupa. Tinha me esquecido de que ele precisaria se segurar em mim. Engoli seco ao que pousou as mãos em meu quadril. Sua frente se encostou em minhas costas, e eu mordi o lábio com essa proximidade.

-Vejo vocês lá, perdedores!

Gritei antes de arrancar dali. Não tinha como descrever a sensação de estar dirigindo aquilo. Era ao mesmo tempo de ser robusta, era leve. Mal a sentia debaixo de mim.

Estacionei em um lugar com algumas vagas vazias, esperando que Renesmee chegasse antes que outro alguém aleatório. Entreguei as chaves, o capacete e a jaqueta em suas mãos. Alguns segundos depois o carro de Ness estacionou ao lado da minha moto.

Me despedi e nos direcionamos para dentro. Foi como papai disse. Todos nos olhavam como se fossemos de outro planeta. Era estranho não ter Seth aqui comigo para me proteger.

 

PDV Seth.

 

Suspirei ao vê-la entrar junto com as outras meninas. Eu queria mais que tudo naquele momento estar com Carlie. A proteger dos moleques na puberdade. Não que fosse novidade ela estar com alguém. Nem ao menos sei se ela ainda estava em um relacionamento com o carinha do estábulo.

Doeu demais saber que Carlie tentava me esquecer. E que tudo isso não estaria acontecendo se eu tivesse sido honesto com ela. Mas ela tinha o direito de tentar ser feliz. O que eu menos gostaria é que ela forçasse um relacionamento comigo por causa do imprinting.

Estacionei a moto ali, percebendo o humano no estábulo escovando o pelo do cavalo. Eu podia entender Carlie. Ele era boa pinta. Do tipo que encanta as garotas. E cuida de animais.

Revirei os olhos. Era algo que eu nunca ia admitir em voz alta. Esse cara parecia mesmo um bom partido. Ouvi ela dizer na festa que ele é bacana. Bom... pelo menos ele a tratou bem. Ou a trata bem.

Argh! Eu odiava não saber o status de relacionamento de Carlie. Mesmo que eu não fosse a namorar. Queria saber se seu coração já tem outro dono. Se é que algum dia já foi meu...

-Ei, cara. Relaxa. – Brady me tirou do transe. Olhei para ele, me xingando por dentro. Aquele mauricinho poderia estranhar de eu estar o encarando assim. Ainda mais se soubesse que sou o ex. – Ela vai ficar bem.

-Eu ficaria melhor se eu estivesse lá com ela. – suspirei.

-Pois é. – nunca vi Jacob tão triste assim desde a última vez que Bella levou Renesmee, junto a Carlie, para longe da gente, para viver suas vidas longe de nós dois.

De modo que Bella e Edward queria que suas filhas tivessem escolhas quando crescidas, as levaram para sua ilha, que não ficava nada perto de Forks. Elas passaram a maior parte de suas infâncias distante de sua terra natal, e principalmente de nós. Mesmo nós as visitando a cada dois meses, não era a mesma coisa.

Em compensação, conversávamos pela webcam que seus pais compraram para a gente daqui, e para elas em outro continente.

-Dois bebês que não conseguem ficar longe delas nem por um minuto do dia. – Brady zombou.

-Quero ver quando você tiver o seu imprinting, vamos zoar você até umas horas.

-Imprinting não é comigo. – ele discordou.

-Vamos nos transformar um pouco para tentar nos distrair? – Collin que ficou calado o tempo todo, se intrometeu. – Aproveitar e checar o perímetro.

 

...

 

PDV Renesmee.

 

Boys Like Girls – Be Your Everything

 

Cheguei em casa com as meninas. Realmente meu pai tinha razão. A moça da secretaria ficou deslumbrada com a nossa aparência semi vampiresca. Mas... eu nem sou bonita desse jeito. Por que todo mundo insistiu em me lançar aqueles olhares curiosos e admirados... sei lá. Tenho que aprender com o papai a ler mais as pessoas.

Outra coisa que não saiu da minha cabeça foi o meu amigo que estou brigada. Jacob me deixou muito magoada. E ainda mais porque nunca me disse sobre isso. E por causa dele, meio que virei uma menina um pouco indócil. A mágoa muda as pessoas. Ou elas tentam se tornar algo que não são. Esse é o meu caso. Fiquei amiga de muitos garotos na escola, por causa disso. Estou virando essa menina que eu nunca imaginei ser.

Esperava não ir muito longe com isso.

Fechei os olhos e encostei a cabeça na cabeceira macia da cama. Não era uma posição confortável, mas não me importei.

Ah, Jacob... por que você não sai da minha cabeça? Eu gostaria de saber... E como gostaria.

Não sabia responder se o amava. Só tinha algo que me puxava para ele, e me fazia querer seu corpo perto do meu. Não mais de uma forma fraternal. Eu sentia vontade de aproveitar de seu calor, de admirar seus músculos com as mãos, contornar sua tatuagem com a ponta dos dedos. Deslizar seus cabelos negros com meus dedos, aspirar seu cheiro de floresta.

Balancei a cabeça, tirando esses pensamentos de mim. Levantei-me e desci as escadas, indo parar no andar de baixo. Encontrei Collin... e ele sentados no sofá enquanto assistiam a um jogo idiota.

Sem dizer nenhuma palavra, me sentei ao lado de Collin para não ficar desconfortável. Depois de alguns segundos, me tediei plenamente.

Estiquei-me para que minha mão pudesse alcançar o controle remoto na mesinha de centro. Olhei para os dois lobos sentados ao meu lado e perguntei:

-Posso?

-Mas o jog... – Collin começou a dizer, mas foi mortalmente interrompido.

-Claro, fique à vontade.

-Obrigada. – agradeci um pouco com vergonha, e recolhi minha mão com o controle remoto, pronta para tirar daquilo.

Ouvi Collin bufar ao meu lado, e isso quase me fez rir. Bom, presumivelmente ele não iria ganhar isso de qualquer jeito. Já o vi perder o controle remoto para Seth quando Carlie quis assistir Harry Potter na casa dos Clearwater.

 

PDV Seth.

 

Depois que Jacob, Quil, Embry, Leah e Collin entraram, Brady e eu ficamos para matar o tempo. Apostávamos quem conseguia cavar buracos mais fundo em menos tempo. Carlie já havia chegado da escola, mas o que adiantaria eu ir vê-la naquela hora se ela não queria me ver?

Ou era isso que ela queria que eu pensasse. Será? Ah, não importava. Ela devia estar estudando ou algo assim. Mas de uma coisa eu tinha certeza; eu faria de tudo para tê-la novamente.

Eu faria de tudo para tê-la novamente. Brady repetiu meu pensamento, sarcástico. Será que você não passa um segundo sem pensar nela? Isso já está me dando enjoo.

Me deixa em paz! Reclamei parando de cavar, incomodado com a minha falta de privacidade.

De repente Brady ficou nervoso. Eu só podia ler em sua mente a análise do buraco abaixo de seu focinho.

Ele estava escondendo algo de mim.

O que houve? Perguntei desconfiado.

Nada. Por que haveria alguma coisa? Seu pensamento saiu nervoso demais para o meu gosto.

Dei um passo em sua direção, rosnando. Um aviso. Ele recuou, não esperando minha mudança brusca de humor.

Era uma droga ter seus pensamentos e intimidades mais profundas sendo compartilhados. Mesmo que fossemos irmãos. Todo ser humano quer um pensamento só seu. Mas se você é um lobo... esqueça.

Brady, que droga você não quer me contar?

Muito raro eram as vezes que ele em específico se incomodava em esconder algo. Duas vezes foi porque ele assistiu pornô e não quis que ninguém soubesse. Como se fosse o único homem no mundo a se autoestimular.

Nada, cara. Que neura é essa?

Meu rosnado saiu mais alto. Meu lobo não gostou nem um pouco de ser feito de idiota.

Você não é de esconder as coisas assim. Muito menos para mim. Eu consigo sentir que é algo que eu deveria saber.

Você vai me matar! Ele choramingou.

Vou se você não contar. Ameacei. Meus pensamentos saíram tão ameaçadores que ele se encolheu. Eu não era de fazer isso. Definitivamente não era eu.

Errado. Pensou derrotado. Quando eu te contar você vai querer mais do que nunca me matar.

Ele suspirou.

E então minha cabeça se encheu de imagens... Dele... E da... Carlie? Quase se beijando?!

Meu lobo se destroçou por dentro ao ver Carlie paralisada enquanto meu melhor amigo inclinava seu rosto para perto da minha amada. E ela não se mexeu.

Os dois prontos para trocarem um beijo.

O ar ao meu redor ficou rarefeito de repente, o clima deixou de ser agradável. Meu coração dolorido acelerou, fazendo a minha respiração se entrecortar.

Não nos beijamos! Tentou explicar desesperado, e um som monstruoso saia da minha garganta. Eu jamais faria isso com você.

E mostrou a continuação dela virando o rosto. Se não tivesse virado, Brady teria a beijado sua boca e não sua bochecha.

Como você pôde fazer isso comigo? Ela é meu imprinting! Rosnei com ferocidade para ele. Não me importei de estar derramando lágrimas na frente de alguém. O que eu fiz para você a ponto de você ter coragem de me atacar pelas costas? Ela é minha!

Incrédulo com minhas palavras, passou em sua mente o oposto do que eu disse. Ela com o idiota do estábulo, rindo feliz, o beijando. Não foi sua intenção me machucar e nem ao menos pensar nisso naquele momento. Mas, porra, aquilo me rasgou.

Como eu disse, uma droga ler os pensamentos uns dos outros. Não tem privacidade.

Vamos nos transformar e conversar melhor?

Encarei seus olhos, e me vi através de sua mente com um olhar assassino. De repente ele queria ter uma “conversa civilizada”.

Vou te dar dez segundos de vantagem.

Avisei, deixando claro que era para ele tentar fugir.

Cara, não precisa disso...

9, 8, 7, 6...

Vendo que eu não estava blefando, se transformou na mesma hora já ficando sob duas patas para o seu humano ficar ereto. Vestiu a roupa, tropeçando no caminho, vendo que eu já me transformava de volta também. Daria um tempo para ele correr. Muito longe. O mais longe que ele puder.

Meu lobo queria tomar as rédeas. Queria brigar, abocanhar seu pescoço, ombro, perna, o que visse pela frente. Entretanto eu não podia me deixar ser selvagem assim. Ainda mais em território que eu não conhecia.

Eu estava queimando de ódio por dentro. Ainda não acreditava como ele pôde fazer aquilo comigo. Como ele inventa de querer beijar meu imprinting, sendo a droga do meu melhor amigo.

Até aquele momento eu achei impossível sentir tanto ódio dele. Eu me conformei que Carlie tentou seguir em frente sem mim.

Mas com Brady?

Corri para casa onde ele acabara de entrar. Abri a porta com tudo e entrei com passos rápidos, assustando os presentes ali.

 

PDV Carlie.

 

Desci as escadas. Eu estava morrendo de sede. E era de água mesmo. Fazia pouco tempo desde que cacei, então minha parte vampira estava saciada.

Antes que eu pudesse me dirigir para a cozinha, pulei ao ouvir a porta ser aberta de forma abrupta, revelando um Brady desesperado. Eu não estava com a audição aguçada para estar atenta a isso.

-Carlie, me ajuda! – ele implorou vindo atrás de mim e me segurando pelos braços enquanto Seth entrava igualmente apressado.

-O que houve? – perguntei confusa. Por que diabos Brady estaria com medo do Seth?

-Não é muito inteligente de a sua parte usar a minha imprinting como escudo. – ele ameaçou.

O modo possessivo e protetor que ele falou “minha imprinting” mexeu comigo. Eu sentia falta de ser sua. Mesmo eu tendo escolhido me retirar de sua vida.

-Me usar como escudo? Alguém pode me dizer o que está acontecendo aqui?!

-Por que não me diz você? – Seth perguntou-me me deixando mais confusa do que nunca. – Estava tão desesperada em se vingar de mim que ia deixá-lo te beijar?

Meu queixo abriu uma cratera no chão a minha frente. Seus olhos vermelhos das lágrimas já caídas. Quase fiquei com falta de ar ao vê-lo daquele jeito.

Fiquei sem jeito ao lembrar que tinha uma plateia ali na sala.

-Brady! Perdeu a cabeça?

Imediatamente me arrependi da minha fala ao perceber o que pareceu.

-Por quê? Não era para eu saber? – Seth falou.

Livrei-me de seus braços, ignorando Seth.

-Droga, Brady! Não podia ter esperado eu contar?

-Não foi algo que eu consiga controlar. – se defendeu, afetado.

-Não consegue controlar? – indaguei, incrédula. – Sério? Agora você é uma criança?

Ele recuou, ofendido.

-Você não faz ideia de como é ser um lobo, ok?

-Não precisam discutir por minha causa. – Seth interveio. – Aliás, eu dou meu aval se quiser ficar com Brady. Você tem o direito de ficar com quem quiser.

Ele saiu de casa do mesmo jeito que entrou. Bateu a porta com tamanha força que a fez tremer.

Como aquilo se voltou contra mim tão fácil era um mistério em minha cabeça.

A vida me apunhalou pelas costas, e eu ainda tinha que lidar com as consequências?

 



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