História A Lenda de Kay - O Herói da Resistência

Depois de quase 4 dias de caminhada chegaram a uma Caverna ao lado de uma enorme queda de água. Era a única cachoeira do Rio Yang, um dos maiores afluentes do Reino da Terra. A entrada da caverna estava bloqueada por uma grande pedra.

– Você me faria as honras? - disse Quen acenando para a entrada.

– É impressão minha ou a toda poderosa Tenente Quen está me pedindo algo?

– Ouça garoto, esse foi um esconderijo desenhado para ser operado por Dominadores de Terra, poderia abri-lo, mas não seria nada bonito - disse de forma rabugenta.

– Tudo bem, mais um "por favor" não seria tão mal assim não é?

Kay avançou dois passos e no último exerceu toda a pressão do seu corpo para baixo, mantendo bem a sustentação com as pernas. A grande pedra abriu até a metade, então ele elevou bem o seu pé no ar e o puxou com toda a força para baixo e a pedra sumiu completamente debaixo do chão. Os dois entraram na caverna e Kay tratou de refazer o bloqueio. Estando tudo escuro, Quen acendeu uma chama dançante. A passagem se fazia cada vez mais expandida e eventualmente eles chegaram em um local bem aberto naquela caverna subterranea. Era um grande saguão gigante iluminado apenas por cristais fluorescentes. Tinha várias entradas e passagens e abaixo se podia ver um pequeno riacho passando, vertente de algum lençol freático talvez.

Havia vários buracos escavados que davam a entender que eram habitações para as pessoas que estavam ali. O local parecia estar todo moldado por Dobradores de Terra.

– Quen!!!

Um vulto grande veio surfando com velocidade em uma tabua de terra até chegar diante de Quen e abraçá-la.

– Você finalmente veio se juntar a resistência?

Kay não podia crer no que estava vendo. Aquele homem era a última pessoa que esperava encontrar naquele momento.

– Me poupe, Malik.

Malik então desviou o olhar para Kay. Fez uma cara de surpreendido e depois deu um grande sorriso.

– Kay!! Não posso acreditar! Há quanto tempo filho... - disse abraçando-o com aquela sua lendária força - desculpe por sair tão de repente daquela maneira. É que havia me metido em problemas e não queria envolver vocês nisso e... - o homem continuava a tagarelar milhões de coisas.

– Tio... Tio Malik...

– Claro. Você deve conhecê-lo como o pai de Matt. Kay esse é um dos 4 grão-mestres da Lotus, Malik - Malik apenas confirmava com um sorriso amarelo.

– Você não deveria estar no exército de olho no meu garoto? - perguntou Malik sério. Quen pigarreou.

– Eu tenho mais o que fazer do que ser vigia sua, desmiolado. Me releve dessa responsabilidade. Já tinha uma tripla missão como agente no Reino da Terra, da Nação do Fogo e da Lótus Branca, me poupe.

– Eu disse para você guiá-lo e orientá-lo dentro do exército, treiná-lo e ensiná-lo corretamente!! - gritou o homem irritado.

– Fiz o que pude. O seu filho caiu nas graças de um dos generais. Nada pude fazer contra isso - disse apática.

– E Kay, o que ele está fazendo aqui?! Ele está em problemas? Kay?

Kay não pôde dizer nada, ainda estava estupefato.

– Você falhou miseravelmente, desmiolado. Esse garoto aqui, amigo do seu filho, que você ensinou na infância? Sucede que ele é o avatar!

– Não... - Malik caiu sentado no chão - não pode ser...

Malik agora estava em posição fetal no chão murmurando palavras ininteligíveis. Quen o mirava entediada, e Kay com os olhos esbugalhados.

– Dos 4, Malik sempre foi o mais temperamental - disse a mulher fitando as próprias unhas.

– É... Com certeza esse é o Tio Malik que eu me lembro também...

Então o homem veio correndo e agarrou Kay pelos ombros sacudindo.

– Kay, porque você não me disse antes, por que???? - disse com um tom dramático.

– Tio Malik... Eu não...

Voltou a chorar e se contorcer no chão.

– Se contenha homem! - gritou Quen.

– Eu pensava que eventualmente encontraria o avatar se me mantivesse na linha de resistência ao reino. Que o avatar nasceria e logo se rebelaria contra o exército, assim poderia achá-lo. Meu instinto dizia isso. Meus instintos são muito bons sabia?

– E seus instintos não falharam. Você conseguiu achar o avatar primeiro que todos, mas falhou em reconhecê-lo, estúpido.

– Tudo que eu e Matt sabemos de Dominação de Terra é graças ao senhor, Tio... - disse Kay tentando consolá-lo.

Malik voltou a abraçá-lo. Seus olhos lacrimejavam.

– Perdão, mestre Sarah. É realmente como Quen falou! Eu sou apenas um estúpido! - gritou o homem ajoelhado e suplicando aos céus.

– Pelas barbas do dragão... - resmungou Quen já avançando para dentro do enorme saguão.

– Isso, isso! Vamos entrem! Kay você tem que me contar tudo pelo que você e Matt passaram esses anos todos.

Quen e Kay se entreolharam por um segundo.

Os dias ali pareciam passar devagar. Enquanto Quen e Malik discutiam o plano de fuga, Kay andava despreocupadamente por aquela imensa escavação explorando cada lugar. Conheceu pessoas de todo reino ali. Muitas pessoas foragidas da guerra e desertoras de suas vilas. Escutou muitas histórias e viu o diferencial que Malik fez naquelas vidas. Estava bastante orgulhoso, queria que Matt as escutasse também. Nos últimos dias só podia pensar em Matt. Quase uma semana havia passado, provavelmente ele já estaria de volta de Omashu, estaria preocupado por ele?

Enquanto caminhava na beira do riacho do saguão, Kay viu um pequeno monte de terra que se mexia velozmente e rasgava o chão, batendo nos pés das pessoas. Em um momento quase derrubou uma senhora. Kay então fez movimentos retos com os braços e a terra cuspiu a pequena criatura que fazia esses rastros, era um filhote de Toupeira-texugo, caiu com a barriga pra cima e não podia se mover. Soltava gritinhos e se contorcia como se estivesse morrendo de dor.

– Ora, como você é bonitinho - disse acariciando sua barriga - Aqui eu tenho algo que você vai gostar.

Tirou dois biscoitos dos bolsos de sua calça e ofereceu ao pequeno animal, que logo parou de gritar. Reergueu seu corpo na terra e o bichinho subiu pelo seu braço acariciando sua bochecha.

– Ho ho - chegou Malik rindo - Veja, um filhote de Toupeira-Texugo. Dizem que esses animais cegos foram os primeiros dominadores de terra. Você deveria ficar com ele. Todos os avatares tiveram um mascote animal com quem se conectaram.

– Ele é muito fofinho... Vou chamá-lo de Lucky.

Malik acenou com um sorriso.

– Tio, eu queria te dizer uma coisa...

– Huh.

– Escutei Tenente Quen e o senhor conversando sobre o senhor terminar meu treinamento na Dobra de Terra. Acho desnecessário. Digo... Tenho algum caminho para percorrer, mas posso fazê-lo sozinho. O senhor já me ensinou o suficiente e nunca me perdoaria se atrapalhasse sua função na Resistência. O senhor fez uma coisa formidável aqui. Todas essas pessoas dependem de ti agora...

Malik o encarou pensativo.

– É Kay, você tem razão, seria muito ruim abandonar esse movimento... Mas eu não estarei seguro que você realmente aprendeu tudo que eu lhes ensinei até que nossos punhos se choquem!! - disse determinado.

– O senhor quer dizer...

– Sim, vamos ter um duelo de dominação!