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História A Leoa De Snape - O conteúdo da carta


Escrita por: Claireloreraphael

Notas do Autor


Oi pessoal!
Primeiramente gostaria de agradecer por todos os comentários e curtidas até agora! Vocês são demais 😍
Hoje estou trazendo para o capítulo, a personagem da Fic Fallen Angel: Severus Snape da @Pandora_Snape, como participação especial. A fic dela é maravilhosa e vale muito a pena conferir.
Obrigada, Pandora! Amo vc 💚
Aproveitem a leitura! 😘
Ella Claire

Capítulo 10 - O conteúdo da carta


Fanfic / Fanfiction A Leoa De Snape - O conteúdo da carta

Depois de horas sentada no chão do banheiro,

com dor no peito de tanto soluçar, sentindo a pele do rosto assada pelas grossas fileiras de lágrimas, o nariz irritado de tanto assoa-lo e os olhos ardendo de tanto chorar, respirei fundo tentando me controlar pela décima vez.

A luz do sol do lado de fora havia mudado indicando que eu ficara tempo demais naquele banheiro vazio e gelado.

Me levantei e lavei o rosto, o enxuguei com os lencinhos disponíveis exatamente para isso, em uma caixinha de madeira ao lado da pia.

Fitei meu reflexo no espelho: 

Nariz e bochechas vermelhas, olhos inchados e de mesma coloração do resto do rosto. Tão magra e ossuda que as maçãs do rosto nunca foram tão saltadas. 

Forcei um triste sorriso para testar, mas não consegui sustenta-lo nem por um minuto.

Coloquei o papel da carta de volta no envelope e o guardei no bolso traseiro da calça.

Caminhei até a porta principal, ouvindo o barulho do salto da bota bater no chão de pedra.

Quando estiquei o braço para abrir a maçaneta, percebi que as mangas da blusa estavam arregaçadas na altura do cotovelo.

Apressei-me a estica-las e abri a porta.

A imagem do outro lado me fez sacar a varinha instantaneamente, levantando-a ameaçadoramente até o pescoço da pessoa que lá estava.

Como se ele estivesse esperando por aquela reação, levantou os dois braços, mostrando que não era um perigo. 

Alguns segundos em silêncio se passaram, até eu me acalmar e abaixar a varinha.

Pigarreei encabulada, olhando os próprios pés.

Tomei coragem e levantei a cabeça, em direção ao olhar da pessoa aparentemente paciente a minha frente. 

Fitei seus olhos que pareciam um turbilhão de expressões e sentimentos. 

Snape podia ter as feições sofridas, e a expressão rigidamente séria, mas seus olhos não mentiam, pelo menos não para mim.

Ele percebera que eu estava chorando e em um estado deplorável e isso era a razão de seus olhos indecifráveis, mas em sua mente, parecia lutar com o próprio bom senso em abordar aquele assunto ou não.

O professor engoliu em seco e mudou o peso entre as pernas.

-Madame Pomfrey está a sua procura!- Falou com o tom sério habitual.

Assenti como resposta.

-Ela está ha algumas horas lhe procurando, assim como eu!- Há quanto tempo ficara no banheiro? Havia deixado Snape preocupado, não queria que ele tivesse a mim na soma de sua pilha de remorso e preocupação. Depois de ver suas memórias, chegara a uma conclusão de que o homem nadava em águas mais profundas do que qualquer um poderia ter coragem de se arriscar a enfrentar.

- Pomfrey precisa de algumas poções para o estoque da enfermaria.- adicionou o professor.

Acenei envergonhada e dei um passo para o lado na tentativa de fazer meu percurso até a ala hospitalar de Hogwarts.

As horas choradas, a náusea, o vômito e a falta de alimentação acarretaram aquela fraqueza repentina, com promessa de ser duradoura.

Após o segundo passo em falso, senti as mãos de Snape segurar meus braços, me ajudando a recobrar o equilíbrio.

-White!- Exclamou antes que percebesse, em um tom preocupado, totalmente diferente do que costumava a usar.

Seu olhar também mudou, mostrando mais uma vez uma nova faceta de Severus Snape, uma vez que ele não era mais um agente duplo e sua máscara não era essencial para a sua sobrevivência ou a de outros.

Me endireitei e certifiquei que as mangas da blusa continuavam esticadas.

Desvencilhei-me do professor bruscamente, envergonhada por precisar de sua ajuda para andar.

Eu não conseguia falar e agora também não conseguiria andar? Me sentia humilhada pela situação e ele sentiria o mesmo se estivesse em meu lugar. 

-Eu já fiz as poções!- Snape explicou sem expressão na voz, para poupar qualquer esforço extra de minha parte.

Assenti em agradecimento e me retirei o mais rápido possível.

 

Droga Snape! Se você já tinha feito as poções, por que procurar por mim? 

 

Cheguei aos meus aposentos, fechei a porta atrás de mim e soltei todo o ar que estava segurando.

Pensei em comer a barrinha de cereal que estava na minha bolsa, mas só de pensar no cheiro, meu estômago já havia revirado outra vez.

Estava começando a ficar mais preocupada comigo e com meu organismo. Onde eu iria parar?

Arrastei-me até o sofá, deitando nele e  finalmente relaxando todos os músculos do corpo, apenas por causa da extrema exaustão.

Senti meus olhos pesarem e assim como Alice No País Das Maravilhas, uma história trouxa, senti como se estivesse caindo numa toca mais e mais profunda. Uma queda lenta e indolor.

O som do castelo a minha volta foi ficando cada vez mais distante e toda a realidade que me cercava, se desvencilhava de minha alma, na mesma proporção.

Abri meus olhos ao sentir que algo estava diferente.

Sentei no sofá e procurei pelo motivo da minha curiosidade.

A porta principal estava entreaberta, mas eu tinha certeza que havia fechado-a.

Uma risada infantil ecoou como se estivesse em uma catedral vazia. 

Me levantei sem dificuldade e caminhei até o corredor vazio.

-Quem está aí?- Minha voz saiu forte e imponente.

A risada doce ecoou novamente e ao fim do corredor pude ver um vulto.

Corri em sua direção, a risada ficava cada vez mais longe e quanto mais eu corria, mais distante eu ficava dela.

O vulto me fez dar voltas e mais voltas por corredores intermináveis, a maioria deles eu nem conhecia, nunca havia estado lá.

Não sabia que as Masmorras poderia ser tão grande.

Parecia que estava correndo em um labirinto, as paredes se espremiam em minha direção e os personagens pintados nos quadros que preenchiam quase que todas as paredes, me olhavam surpresos.

A risada parou e eu fiz o mesmo.

Eu estava no meio do corredor, novamente um desconhecido por mim.

Na ponta dele havia apenas uma porta. 

Respirei fundo e caminhei até ela.

Com a respiração acelerada, podia ouvir meus próprios batimentos cardíacos.

A porta ficava cada vez mais próxima, deixando-me cada vez mais zonza.

Finalmente encostei na maçaneta e a virei.

Pude sentir lágrimas escorrerem pelo meu rosto assim que entrei no cômodo. 

Aquela sensação de estar lá novamente era maravilhosamente indescritível.

Estava tudo igual ao que era antes.

Era meu quarto, na mansão onde crescera com meus pais e avós. 

O quarto estava tão diferente na última vez que o vi. 

Os Comensais haviam ateado fogo na mansão e em todas as outras propriedades da família, sobrando apenas a fazenda.

Olhei em volta, meu peito transbordando de saudade e nostalgia. 

As paredes de madeira branca, a cama de casal com uma colcha rosa e lilás.

A coleção de bonecas de porcelana novamente intactas encima das prateleiras.

O pufe cor de rosa junto das almofadas de mesma cor. 

Os livros infantis espalhados pelo batente da janela, o relógio despertador de estilo antigo e clássico, o abajur bege de cúpula castanho claro. Tudo exatamente como eu lembrava, antes de ver o mesmo cômodo em cinzas.

A risada se fez novamente ao meu lado, mas agora simples e audível.

No canto do meu quarto, minha vó havia feito um balanço cercado de flores. 

Mas esse estava diferente!

Sentada nele, estava uma menininha com asas, cabelos loiro platinado que caiam até a metade das coxas, olhos verdes prateados assim como os meus, pele pálida como a minha, ela era pequena e magra. 

Suas maçãs do rosto eram saltadas assim como as minhas e o desenho da sobrancelha também era o mesmo que o meu. 

Estava encantada e atônita pela exuberância e doçura da menina. Nunca havia visto algo tão bonito.

-Você é um anjo?- Minha voz saiu forte e firme como antes.

-Precisamente- Falou a menina com a voz mais angelical do que ela mesma.

-Qual seu nome?

-Lilith!

-Certo Lilith... O que faz no meu quarto?

-Ele não seria só o seu quarto por muito tempo.-Ela disse com expressões exageradas, típicas de criança.

A realização caiu em meu braços com força e tristeza.

-Quem é você?-Perguntei já imaginando qual seria a resposta. 

-Não seja tola- disse com a voz mais aguda- Você sabe quem eu sou.

A menina ficou séria, muito esperta e sabida para ser apenas uma ingênua criança.

-Não pode ser...

-É claro que pode! Você leu a carta que foi lhe enviada do hospital.

-Sim, mas não dizia nada em ser uma menina!

-Bom, os médicos do hospital não sabem de tudo mesmo.

-Lilith...- Precisei de uma pausa para fazer a pergunta que a menina tanto instigava-me a fazer- A carta mostrava o resultado positivo de que a mamãe estava grávida quando foi morta por Voldemort! Você é minha irmã?

Ela riu genuinamente.

-O que mais eu poderia ser?

Solucei e ajoelhei-me em frente a menina, vendo em seus olhos o reflexo do meu de mesma cor e intensidade.

Com sua mãozinha pequena e delicada, ela enxugou um rastro de lágrima que escorria pelo meu rosto.

Com receio de que ela simplesmente desaparecesse, fiz menção de abraçá-la. 

Lilith se jogou em meus braços, enquanto eu dava um de meus maiores sorrisos.

Acariciei seus cabelos macios e senti o calor de seu pequeno corpo contra o meu.

Na minha percepção, aquele era o abraço mais desesperado que já havia dado em alguém e ao mesmo tempo o mais caloroso e reconfortante.

Me desvencilhei dela, para olhar e gravar seu rostinho lindo para sempre em minha mente e coração.

-Lilith! Fica comigo! -Pedi em pânico- Eu posso cuidar de você! Seria nós duas, juntas para sempre! Seríamos invencíveis e inseparáveis. Eu te ensinaria tudo o que eu sei e você me ensinaria tudo o que a vida me mostrou e eu não consegui enxergar. Eu contaria histórias para você dormir e te abraçaria depois de todos os seus pesadelos. Te ensinaria como se maquiar, se assim você quisesse, como se portar e vestir e guiaria cada caminho seu. - A menina negava ceticamente a cabeça- Lilith... Eu te imploro! Fica comigo por favor! Você é a única que me restou! 

-Eu não posso, Olivia. Eu sinto muito, mas as coisas não são tão fáceis assim.

-Você vai me deixar de novo?

-De novo?

-Por que você não lutou para sobreviver? Por que você não lutou para ficar comigo? Por que também teve de morrer? Você me deixou sozinha, assim como eles!

-Eu não tive escolha, minha querida- A criança falava pacífica, quase como uma adulta.-  E nem eles! Mas você não está sozinha...

-Como não? Você se foi!

-Inacreditável...- Ela riu como se aquilo fosse cômico- Dumbledore relatou o mesmo diálogo.

-Como?

-Eu estava conversando com ele sobre você e Snape- Lilith voltou a tagarelar como uma criança.

-Você estava conversando com Dumbledore? 

-Sim, Olivia!- Falou como se fosse a coisa mais óbvia de todas.

-Espera... Você estava falando com Dumbledore sobre mim e quem?

Ela riu com seus olhos brilhantes.

-O destino lhe reservou muitas surpresas!

A imagem de Lilith começou a ficar mais fraca e transparente.

-Espera! Não! Não! Lilith! Não vá! Não me deixe! Não, por favor não! 

-Talvez nós ainda tenhamos uma chance!

-Como?- Falei entre soluços.

-Eu tenho muito orgulho de ter você como minha irmã, Olivia.

A imagem dela e do quarto a minha volta se foram, como cacos de vidro que se esvaiam pelo vento de uma tempestade.

Acordei no sofá da minha sala de estar, novamente sozinha e espremida entre a realidade e a tristeza que me esmagavam.


Notas Finais


👼


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