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História A Lista De Desejos De Byun Baekhyun - Primeiro Item


Escrita por: Tayh-chan

Notas do Autor


Twitter: @ficstaitian
Olá, leitores. Como só falta um capítulo para QVSA acabar, resolvi escrever outra história. Mas é curtinha (Não foi curtinha 23/10/19) com uma comédia leve, colegial, primeiro amor e etc.

Boa leitura!

Capítulo 1 - Primeiro Item


Acordo confuso. Estou deitado numa cama que não é a minha, coberto por um lençol que não é o meu, e há uma pessoa estranha em pé ao meu lado. Se essa fosse a história de um adolescente comum prestes a terminar o colegial, era correto acreditar que tive uma bebedeira na noite passada, e acabei indo pra cama com alguém desconhecido. Mas como é a minha história, e eu nunca bebi álcool na minha vida, tenho certeza que a dor de cabeça não é consequência de nenhuma ressaca.

— Ah, você acordou — diz a mulher ao meu lado, claramente uma enfermeira.

— Finalmente! — exclama alguém de algum lugar do quarto. Reconheço a voz do idiota do meu irmão.

— Meu filho, como você está? — indaga minha mãe, se aproximando. Parece que ela pega no meu braço, mas não sinto nada. Faço força para me erguer um pouco, e vejo meu braço esquerdo engessado.

Volto a me deitar, me lembrando vagamente do que aconteceu, mas fico com preguiça de pensar sozinho, e pergunto para minha mãe.

— Você foi atropelado por uma bicicleta, meu filho. Bateu a cabeça, desmaiou, quebrou o braço e ralou os joelhos.

“Ralou os joelhos” isso soa tão infantil. Como se já não fosse estúpido o suficiente ter sido atropelado por uma bicicleta, e ir para no hospital por causa disso. Aliás, por que minha mãe precisava ser sempre tão detalhista?

— Bom, pelo menos foi só isso — comento, me sentindo envergonhado.

— Só isso? — indaga meu irmão, Sehun. Mais alto que eu, mais magro, mais novo, talvez mais bonito, mas um completo idiota que adora zoar com a minha cara.

— Sim, só isso! Poderia ter sido pior. Eu poderia ter sido atropelado por um caminhão, e quase morrer.

— Mas você quase morreu! — exclama Sehun.

Olho pra minha mãe, esperançoso que ela diga que é mais uma das zoações idiotas do meu irmão, mas isso não acontece. Só piora.

— Você ficou em coma por uma semana — revela minha mãe, tapando o rosto como se para esconder as lágrimas.

— Disseram que você não ia resistir — continua Sehun. — Eu estava desesperado, pensei que ia perder meu único irmão… —  ele se aproxima, a voz soando cada vez mais dramática e teatral — perder meu único irmão… atropelado por uma bicicleta!

Então ele explode numa risada escandalosa. Olho para minha mãe e ela está rindo também, mais uma vez sendo cúmplice das piadas idiotas de Sehun. Perdi a conta de quantas vezes já me enganaram com essas brincadeiras infantis. Dizem que sou fácil demais, e que acredito em tudo.

— Odeio vocês! — profiro com raiva, e uso meu braço saudável para puxar o lençol e cobrir minha cabeça. Sinto meu rosto queimar embaixo da coberta, e não consigo parar de desejar realmente entrar em coma e acordar só depois da adolescência.

— Desculpa, bebê. A mãe vai lá perguntar se você já pode ter alta, seu irmão vai ficar aqui com você — dito isso, ela aperta levemente meu ombro para se despedir.

— Não precisa ficar aqui comigo, pode se jogar da janela — digo para Sehun.

— Estamos no primeiro andar.

Tiro o lençol do rosto e olho através da janela só para confirmar.

— Tanto faz, pelo menos não vai estar no mesmo cômodo que eu.

Sehun não diz nada, já está concentrado mexendo no seu smartphone. A gente costumava se dar bem quando éramos crianças e tínhamos os mesmo interesses. Hoje em dia somos completos opostos. Sehun é popular, tem muitos amigos, frequenta festas e é bom em esportes. Enquanto eu sou praticamente invisível na escola, tenho apenas um amigo, sou péssimo em esportes e zero festinhas (zero beijinhos também).

Porém, mesmo sem ir para nenhuma festa, mesmo sem ter beijado ninguém, eu tenho uma certeza, uma certeza que ninguém no mundo seria capaz de tirar de mim.

Sou gay.

Não sei exatamente quando eu descobri isso, não foi do dia pra noite, é claro. Também não foi vendo o Siwon do Super Junior dançando sem camisa na TV, embora isso tenha ajudado. Foi uma somatória de coisas até eu descobrir. E por isso não contei pra ninguém. Só fui entender realmente no começo do ano, e quatro meses se passaram e eu ainda não tinha saído do armário. Nem mesmo para meu melhor amigo.

— Ei — chama meu irmão. Olho para ele a contragosto. — Não foi um caminhão, e tal, mas você bateu a cabeça, poderia ter morrido.

— Por que você está dizendo isso, idiota? Queria que eu morresse?

— Não é isso, palerma. Mas poderia ter acontecido. Na verdade pode acontecer com qualquer um, há qualquer momento. Você não pensa nisso?

— Na verdade, não… — murmuro.

— Hmm… Eu penso muito nisso. Estou sempre fazendo tudo que eu posso, tudo o que eu quero, como se meu tempo fosse curto.

E essa era mais uma diferença entre eu e meu irmão que eu acabara de descobrir. Era o que explicava ele ser tão mais corajoso, e viver a vida tão mais intensamente do que eu.

Pensando bem, eu poderia mesmo ter morrido. Morreria dentro do armário, sem nunca ter beijado, nem bebido álcool, ou ido a uma festa.

Não posso continuar vivendo a vida do mesmo jeito. E é terrível admitir que logo meu irmão, um idiota que vive me zoando, tenha me feito abrir os olhos para isso, mas eu precisava. Levaria aquele acidente como um aprendizado, e sairia do hospital uma outra pessoa!


 

— QUEEEEEE? Você foi atropelado por uma bicicleta? — indaga Kyungsoo, quase gritando.

— Fala baixo — imploro, olhando para os lados. A praça de alimentação está cheia, mas ninguém olha para nós.

— Baekhyun, tanto faz, ninguém liga pra gente, somos quase invisíveis nesse colégio!

Bom, isso é verdade. Kyungsoo e eu somos quase invisíveis, exceto quando tem trabalho em grupo, ou quando alguém maior e mais influente está com preguiça de fazer os deveres de casa. A verdade é que somos os mais inteligentes da nossa classe, adorados pelos professores, e odiados pelo resto da turma.

— Então, Soo. Eu poderia ter morrido!

— Mas-

— Eu quase morri! — digo. Não costumo ser tão dramático, mas preciso prepará-lo para o que vem a seguir. — Isso me fez pensar bastante, sabe. A vida pode acabar num instante, e eu não fiz quase nada ainda. Eu quero começar a viver de verdade, Soo. Quero fazer as coisas que eu nunca fiz.

Soo me olha com uma expressão confusa. Aproveito, e puxo ar para os pulmões, me preparando para o que vou dizer.

— Soo, a verdade é que… Eu queria mesmo te dizer que eu sou - — tento falar, mas a palavra “gay” simplesmente não sai, então tento outra vez, e na minha cabeça troco “gay” por “homossexual”, mas a palavra também não sai. Puxo meu cabelo com raiva, me sentindo um covarde.

— Cara, você tá muito estranho. Esse acidente com certeza causou danos, e não foi só o seu braço.

Ignoro o comentário, e respiro fundo. Vou conseguir.

— Soo… Eu… — A expressão dele muda de confusa pra ansiosa. — Eu não gosto de garotas!

Sua expressão volta a ficar confusa.

Kyungsoo se inclina para trás, apoiando as costas na cadeira.

— Eu sou gay! — digo, achando mais fácil agora. — Homossexual! Tipo… gosto de garotos e-

— Eu entendi! — ele me interrompe. — Sou o mais inteligente da sala, Baek. Eu sei o que significa ser gay, ok? Tenha calma.

Tento controlar minha respiração, e relaxar. A verdade é que fiquei nervoso. Foi minha primeira vez falando aquilo em voz alta para alguém. Estou ansioso para a reação de Kyungsoo, mas ele não fala nada. Então para não deixar o momento tão constrangedor, eu pego uma folha dobrada da minha mochila, desdobro com dificuldade por causa do meu braço engessado, e risco o primeiro item da lista.

— O que é isso? — pergunta Kyungsoo, interessado no papel, como se eu não tivesse acabado de revelar que sou gay.

— É uma lista de coisas que quero fazer antes da minha adolescência acabar. Tipo uma lista de desejos. Fiz antes de sair do hospital.

— E o que é que você acabou de riscar?

— “Confessar pro meu melhor amigo que sou gay”.

Kyungsoo se inclina para trás outra vez e começa a rir. Ele não costuma rir muito, é mais sério e fechado, mas dessa vez ele ri com vontade, e quase engasga.

— E qual é o próximo item da lista, ein?

Olho para a lista, e engulo em seco. Os itens não precisam ser realizados em ordem, mas o item número dois eu escrevi na empolgação do momento.

— Sair do armário para a escola toda.

Kyungsoo fica sério, e em seguida um sorriso de canto se forma.

— Isso eu dúvido — provoca.

Mas não é o suficiente.

— Pois é. Eu dúvido também — dito isso, pego um corretivo e passo por cima do segundo item.

Não acho que sair do armário pra escola toda me fará alguém mais feliz. Não é nem dá conta deles. O máximo que eu ia conseguir era sofrer bullying dos valentões homofóbicos.

— E quais são os outros itens, então?

Estou prestes a mostrar minha lista para Kyungsoo, quando percebo que ele ainda não falou nada sobre minha revelação. Foi como falar “eu sou vegetariano”, ou algo do tipo.

— Está tudo bem pra você? Digo… você sabe… — indago com pouca coragem. Se Kyungsoo se afastasse de mim eu não teria forças para prosseguir com a lista, por isso dei prioridade para o primeiro item.

— Baek… Eu sou seu melhor amigo. Eu já imaginava.

Deixo escapar um suspiro de alívio, e sorrio. Kyungsoo me conhece melhor que meu irmão, disso eu não tenho dúvidas. Estou pronto para falar alguma coisa, quando uma agitação toma conta da praça. Olho para trás e vejo um aluno da minha turma, Park Chanyeol, se levantando do chão. Meu irmão está de braços cruzados na sua frente, com uma expressão irritada.

É certo que eles estão sempre irritados um com o outro. Não é para menos, sendo os melhores do clube de natação da escola, viviam competindo para ver quem era o melhor nas competições.

— Ei, não é o seu irmão, lá? — indaga Kyungsoo.

— O próprio — respondo, sem tirar meus olhos da cena.

Chanyeol levanta. Ele é alguns centímetros mais alto que meu irmão. Fico esperando sua reação, pois nunca sei o que ele pode fazer. Chanyeol é um mistério para todo mundo, e deve ser isso que o faz tão popular. Okay, não apenas isso. Ele é lindo, e faz parte do clube de natação, que também é um dos clubes mais populares da escola.

Já tive uma quedinha por ele no ano passado, quando ele se transferiu para a minha turma. Tivemos alguns pequenos contatos, e eu comecei a sentir meu coração bater mais acelerado sempre que ele estava por perto. Então um dia ele apareceu com uma namorada, e ficou por isso mesmo. Ele nunca mais se misturou com os outros da turma, só fazia os trabalhos com sua namorada. Mesmo esse ano, em salas separadas, eles passam os intervalos juntos, e na sala ele não fala com quase ninguém.

— Eita, acho que seu irmão vai apanhar — diz Kyungsoo, se levantando para enxergar melhor.

Levanto também, só para ver Chanyeol abaixar o punho e dar as costas, ignorando meu irmão por completo. O pessoal que queria ver briga começa a vaiar, mas se dissipa rapidamente, decepcionados.



 

Na sala de aula, pego minha lista e começo a analisar item por item, imaginando como poderia realizar todos aqueles desejo. Coisas como beijar pela primeira vez, ter meu primeiro porre, ir a uma festa, perder a virgindade, participar de um clube… estavam na lista.

Coro só de ler os itens.

“Ter um namorado”, era meu item favorito, e provavelmente o mais difícil de realizar.

Uma bolinha de papel me atinge na cabeça, e eu olho com raiva em direção a Kyungsoo. Nos comunicar por bolinha de papel é uma mania antiga nossa, porém eu era péssimo de mira. Uma vez acertei a cabeça de um professor. No papel estava escrito “Hamburgueria, amanhã”. Resumindo, tive que pagar um hambúrguer pro meu professor, e fui perdoado.

“Me passa sua lista, vou ver se consigo ajudar”  leio após desdobrar o papel.

Olho para Kyungsoo, e faço movimentos negativos com a cabeça, mas ele me olha sério. E como nos conhecemos há anos, eu sei exatamente o que aquele olhar significa. Suspiro. Pego a lista, amasso ela até virar uma bolinha de papel, e jogo para Kyungsoo. Como a bolinha vai parar em cima da carteira de Park Chanyeol? Bom, isso eu não faço ideia, mas agora ele está abrindo o papel. Kyungsoo até tenta me salvar, mas a professora chama a atenção do meu amigo, e ele é obrigado a volta para o lugar. Chanyeol guarda o papel no bolso e não lê.

— Guardem seus materiais, apenas caneta em cima da mesa — diz a professora, anunciando um teste surpresa.

Agradeço aos céus. Se há um teste sendo passado, Chanyeol não pode abrir nenhum papelzinho suspeito, o que significa que quando o sinal tocar, eu e Kyungsoo podemos cercá-lo e fazê-lo devolver o papelzinho sem ler.

Era o único jeito!

Mal consigo prestar atenção no teste, fico olhando para Chanyeol preocupado, mas confio que ele não terminará o teste até o sinal bater, é matemática afinal.

— Professora, terminei —  diz Chanyeol.

O QUÊ?

Passou-se só dez minutos! Chanyeol é péssimo em matemática, aliás, não só em matemática, em qualquer matéria. E que negócio é esse de anunciar pra turma toda que terminou? Ninguém faz isso.

— Ah, pode me entregar o teste e ir para a biblioteca então.

Chanyeol pega sua mochila, e a prova, e se levanta. Deixa o teste em cima da mesa da professora, e sai da sala COM A MINHA MALDITA LISTA NO BOLSO.

Começo a suar. Olho para Kyungsoo, mas o maldito está concentrado no teste como se não fosse sua culpa Chanyeol estar com minha lista vergonhosa no bolso agora.

“Ah, foda-se esse teste” penso, assinalando aleatoriamente as questões. Tirar uma nota baixa pela primeira vez não estava na lista, mas agora eu poderia colocar.

Entrego o teste para a professora, e saio da sala, dando de cara com Chanyeol encostado na parede, com a folha na mão.

Oh, tarde demais, Byun Baekhyun.

CONTINUA...

 


Notas Finais


Ahhh acho que desde 2016 eu não começo uma história nova, que nervoso ><'
E agora, o que vocês acham que Chanyeol vai fazer?
Até o próximo capítulo~

PS. olhem para os dois lados antes atravessarem a rua, e não confiem em ciclistas -q


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