História A Little Girl - O Convite.

Diana On.

Droga, droga e mil vezes droga! Já é a quinta vez que eu erro a pronúncia da palavra “apologize”, eu estou á cinco horas tendo aula de inglês. Isso mesmo, CINCO HORAS. Eu estou cansada, com fome, com sono, entediada e meu cérebro dói, dói por ter que aprender a falar outra língua, dói por ter que gravar o significado de tantas palavras e dói por saber que este curso durará uma semana, pois segundo meu querido “teacher” em uma semana eu já estarei falando inglês britânico fluentemente. Bom, se ele diz tudo bem, mas eu duvido. Por mim eu continuaria usando o aplicativo que o Caíque colocou em meu IPhone, é muito mais fácil, e eu consegui me comunicar com a Eleanor tranquilamente hoje durante o ensaio, a única coisa que precisei fazer foi colocar seu número na agenda, escrever o que eu queria dizer por SMS e apertar traduzir, aí aparecia pra ela meu SMS em inglês, e quando o dela chegava eu apertava traduzir e aparecia pra mim em português. Simples! Mas, parece que o meu querido (sentiram a ironia?) tio não sabe o significado dessa palavra.

- Bom, por hoje é só. – Ótimo, finalmente acabou essa tortura. – Não se esqueça de fazer sua lição de casa e espero que você estude porque amanhã eu aplicarei uma prova sobre pronúncia ok?

- Ok, eu vou pedir ajuda ao meu tio, e estudarei bastante, e trarei a lição de casa pronta. Até mais.

- Até! – Saí da sala de aula, segui o extenso corredor e fui parar na recepção, onde encontrei um Caíque entediado á minha espera. – Vamos?

- Até que enfim – ele disse e eu revirei os olhos – aprendeu alguma coisa?

- Sim, aprendi a pronunciar todas as palavras do dicionário – ele arregalou os olhos – e amanhã eu tenho prova sobre a pronúncia de todas elas, por isso hoje eu teria que estudar e você irá me ajudar, principalmente a pronunciar a palavra “apologize”.

- Tá bem, ta bem. E esse caderno aí é pra quê? – Quando já estávamos entrando no táxi que ele havia chamado.

- Não é caderno, é apostila, e eu tenho que entregar as primeiras vinte páginas amanhã, como tarefa de casa.

- Uou, quando ele disse que você aprenderia inglês em uma semana eu não acreditei, mas vendo quantas coisas ele exige, com certeza daqui uma semana tu estará conversando melhor que eu – sorri ao ouvir isso, mesmo achando a aula chata eu realmente gostaria de aprender essa língua, porque eu quero continuar aqui em Londres por muito tempo.

Chegamos ao hotel, vi o Caíque ficar para trás para pagar o taxista, porém não o esperei e continuei andando, havia muita coisa para eu fazer.

Atravessei o saguão do hotel apressada, entrei no elevador e apertei o número que indicava meu andar, esperei impacientemente o elevador chegar, porém percebi que ele havia parado para alguém entrar. Quando vi quem era, suspeitei que o Caíque se amaldiçoaria por não ter me acompanhado, pois seu affair estava ali parado á minha frente, provavelmente ele estava indo embora para casa. Disse “oi” á ele em inglês, e torci para que ele não iniciasse uma conversa, pois eu não sei se saberia responder ou até mesmo entender. Ele simplesmente respondeu e me deu um pequeno sorriso que com certeza seria maior se meu titio estivesse comigo.

O elevador parou em meu andar e eu saí em disparada para o meu quarto, entrei e rapidamente fui fazer as lições de casa que o Sr: Fitzgerald havia me dado. Comecei a fazer as lições achando que tudo seria muito difícil, mas acabei por ver que ele havia me passado somente exercícios sobre o que nós havíamos estudado, ou seja, o significado das palavras. Depois de preencher as intermináveis vinte páginas daquela bendita apostila. Olhei no relógio e me deparei com um horário inesperado, eram 22:00 e o Caíque ainda não havia chegado para me ajudar, e ele havia prometido. Será que aconteceu algo com ele? Ele nunca deixa de passar aqui pra me desejar boa noite. – Levantei-me da cama decidida a ir ver se ele estava em seu apartamento quando me lembrei de algo – e se ele tiver se encontrado com aquele homem loiro o mesmo da recepção e o mesmo que eu encontrei no elevador, é bem provável que quando ele saiu do elevador o meu tio estivesse esperando o elevador, os dois podem ter se encontrado ou não. Vou mandar um SMS pra ver se está tudo bem com ele – fui até onde estava meu celular e digitei um SMS pra ele em inglês perguntando onde ele estava e se ele estava bem, logo em seguida ele respondeu, também em inglês, dizendo que estava no hotel e que estava com aquele loiro, que segundo ele se chamava Charlie Button e que depois ele passaria aqui no meu quarto para me contar tudo. – Ok, aquele filho da puta me deixou sozinha, e ele tinha prometido me ajudar a estudar pra prova de amanhã.  Já sei, vou tomar um banho e vou ligar pra única pessoa que eu conheço aqui em Londres além do Caíque, a Eleanor.

Depois de tomar um banho demorado e de colocar meu pijama olhei no relógio e vi que já era 22h40min minutos – será que eu ligo pra Eleanor? Ou é melhor eu não ligar? Vai que eu vou atrapalhar né... Mas, eu realmente preciso de ajuda e... Quando ela me passou seu número ela disse que eu poderia ligar á qualquer horário para ela porque ela dorme tarde, então... Acho que... Eu vou ligar sim. Isso eu vou ligar! – Peguei meu celular novamente, apertei a opção “chamar” que no caso estava escrita em inglês, e esperei ela me atender, ela atendeu no segundo toque e toda animada.

Ligação On.

- Oi Diana! – A empolgação era notável em sua voz.

- Oi Eleanor, eu sei que está tarde, mas... Eu queria saber se você... podevirmeajudarcomaminhaliçãodecasadomeucursodeinglês. – Eu disse tudo bem rápido, de modo que nenhum humano pudesse entender, pois eu estava morrendo de vergonha de lhe pedir isso.

- Diana, você pode repetir? Eu não entendi nada. – Ela riu e eu acabei rindo também.

- Ok, Eleanor eu queria saber se você pode vir aqui no hotel onde eu estou, porque eu to precisando de ajuda com a minha lição de casa do meu curso de inglês e eu gostaria que você me ajudasse, mas se você não puder...

- Claro que eu posso me passa o endereço que eu chego aí em quinze minutos.

- Ok, eu te passo o endereço por SMS ta?!

- Tá bem, tchau! – Disse isto e desligou.

Ligação Off.

Como prometido, enviei o SMS com o endereço do hotel, o andar e o número do quarto onde eu estava. Comecei a estudar sozinha mesmo, enquanto esperava a Eleanor chegar, e comecei a lembrar de como nós ríamos durante o almoço, no restaurante da agência, das tentativas frustradas de saber sobre o que estávamos falando já que estávamos conversando por SMS. Só de lembrar comecei a rir, enquanto pronunciava as palavras que eu precisaria pronunciar na frente de meu professor ouvi três batidinhas na porta e fui correndo atender a porta.

Quando abri, vi minha colega de trabalho e sorri.

- Oi Eleanor, pode entrar. – Ela entrou e eu fechei a porta.

- Pode me chamar de Els, Diana.

- Ok, Els, pode sentar – indiquei minha cama onde a apostila estava aberta. Ela se sentou e eu também me sentei.

- E então por onde devemos começar? Tu não ta precisando de ajuda? – Ela disse e eu assenti ainda impressionada por entender tudo o que ela estava falando, com um pouco de dificuldade, mas mesmo assim já era um enorme progresso.

- Eu preciso estudar a pronuncia e o significado dessas palavras, porque amanhã eu vou ter prova disso.

- Ok, mas como é que você já está conseguindo conversar, essas coisas de aprender outra língua demoram não é? – Ela perguntou com surpresa na voz.

- É demoram, mas eu ainda demoro um pouco pra associar as palavras que você diz e formar um sentido, e eu só consigo, pois passei cinco horas estudando isso hoje.

- Que horror! – Ela fez uma careta enquanto falava que me fez rir – mas, e o professor é feio?

- Muito, ele deve ter uns 40 anos e é gordo.

- Vish, isso piora ainda mais as aulas.

- E como... E então, pronta pra me ajudar?

- Claro, agora que somos amigas eu sempre vou estar pronta a te ajudar. – Eu fiquei emocionada quando a ouvi dizer isso, pois eu nunca tive uma amiga. Eu até tentei disfarçar, mas não teve jeito, e uma lágrima escapou dos meus olhos. – Ah, Diana, o que é isso? Eu disse alguma coisa que te magoou? – Ela perguntou já preocupada e me abraçando.

- Não é nada, é só que você disse que agora somos amigas e eu fiquei emocionada de ouvir isso porque eu nunca tive amigas.

- Nem lá no Brasil?

- Não, nenhuma. Na verdade, eu sempre fui muito infeliz lá, e só agora, aqui é que eu estou descobrindo o que é ser feliz de verdade.

- O que eu puder fazer pra você ser feliz eu farei, ouviu?

- Ouvi sim – sorri e limpei minhas lágrimas – obrigada, por tudo Els.

- Imagina, você merece, além disso, eu fui com a tua cara assim que te vi.

- Que bom. – Sorri sem graça e ela me apertou mais forte antes de me soltar do abraço.

- Agora a senhorita pode tratar de colocar um sorriso nesse rosto lindo, porque eu não quero ver a minha AMIGA – deu ênfase na palavra amiga, me fazendo rir – chorando.

- Ok - disse sorrindo – agora vamos estudar, certo?

- Certíssimo!

Depois dessa conversa eu comecei a ler as palavras da apostila como eu achava que deveria se pronunciar e a Els ia me corrigindo quando eu errava alguma. Depois ela passou a me perguntar o que cada palavra significava e eu ia respondendo e por último ela tentou me ensinar a pronunciar a palavra “apologize”, porque eu havia dito á ela que eu estava com dificuldade em pronunciá-la. E mesmo com a ajuda da Els eu não consegui pronunciar essa palavra. Fiquei morrendo de ódio, mas tudo bem, amanhã eu vou arrebentar na prova e eu vou continuar me dedicando a estudar mais e mais até conseguir falar tudo corretamente.

Depois de estudarmos muito a Els me perguntou como era minha vida lá no Brasil e eu contei á ela tudo o que eu passei, contei até mesmo sobre o falso parentesco com o Caíque e ela acabou chorando com a minha história.

- Tá tudo bem Els – a abracei e a consolei enquanto ela ainda fungava o nariz, por causa do choro – tudo isso já passou.

- Ah, mas, tudo o que você passou foi tão ruim e... Eu gostaria tanto de poder te ajudar.

- O Caíque já me ajudou e você ta me ajudando agora. Ok? Não precisa chorar Els.

- Tudo bem. Mas, Diana, você pode contar comigo pra qualquer coisa ta?!

- Tá bem, eu sei disso Els.

- Diana, olha à hora! – Ela apontou pro relógio e me olhou assustada. Eu devolvi seu olhar também assustada ao constatar que era 02h30min da manhã. – Amanhã nós temos que acordar cedo!

- Ai meu Deus! É verdade!

- É melhor eu ir embora, amanhã a gente conversa ta?!

- Tá bem – me levantei e a acompanhei até a porta, quando eu abri a porta o Caíque nos aparece todo bagunçado e com uma cara de felicidade que eu nunca vi.

- Oi Caíque. – Els disse e se virou para me abraçar – amanhã nos falamos ta?! E não esquece, se você precisar de mim eu estou às ordens.

- Tudo bem, e você também pode me chamar a qualquer momento. – Eu disse, enquanto quebrava o abraço.

- Certo meninas, agora eu tenho um convite para te fazer Eleanor, eu estou te convidando pra ir jantar conosco – ele indicou a mim e a ele – amanhã.

- Eu gostaria que você conhecesse meu namorado Diana, o Louis. – Els disse para mim.

- Leva ele no jantar amanhã – eu disse e depois perguntei pro meu tio – ela pode levá-lo?

- Claro, o Louis Tomlinson da One Direction? – Perguntou o Caíque com uma empolgação evidente.

- Sim, ele mesmo. Então amanhã eu vou levar ele no jantar e vocês vão se conhecer, ta?! – Ela disse e piscou pra mim, eu assenti sorrindo.

- Certo, tudo combinado então. Até amanhã. – Sorri, e levei-a até o elevador que era no final do corredor. Quando voltei, achei que Caíque ainda estava em meu quarto, mas o filho da puta já tinha ido para o seu quarto. Aposto que ele achou que iria se livrar do meu interrogatório, mas ele está muito enganado, amanhã eu vou fazer tantas perguntas á ele que ele vai querer morrer.

Entrei em meu quarto, fechei a porta, coloquei meu pijama e programei meu celular para despertar ás 06h00min da manhã, porque amanhã eu vou acordar o meu tio, de novo.