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História A Little Piece of Hell - HIATUS (REVISANDO) - Sinceridades


Escrita por: Mallunie

Notas do Autor


Heeey pessoas lindas do meu coração palpitante!
Como vocês estão amoras? Aposto que com vontade de me espancar :D

Pois é, eu sei que demorei dez anos para postar, mas aqui está um capítulo saindo do forno para vocês xD
É um capítulo grande (gigantenorme) e meio parado. Como estou retomando agora, estou meio sem criatividade para escrever, mas queria pelo menos atualizar a fic para vocês ficarem sabendo que ela não está abandonada! <3 amovocês

Apesar de ser um pouco sem ação, espero que gostem do capítulo!

PS: Pelo fato do capítulo estar enorme, eu o dividi em dois capítulos (não, ainda não terminei de escrever o próximo uashiuahih, mas estou quase lá, eu espero haha!) só para ser malvada com vocês #mentiramomuitovocês

Bom, espero que gostem e que escrevam a opinião de vocês lá embaixo nos comentários, assim eu fico sabendo que tipo de capítulos vocês gostam e os que não gostam xD

Boa leitura meus chuchus!
<3

Capítulo 16 - Sinceridades


(POV Daryl) 
 

Depois de ter acordado, Hershel e Melanie fizeram um tratamento intensivo com meus ferimentos para que eu pudesse logo voltar à ação. Não podíamos esperar por tanto tempo com a ameaça do Governador batendo em nossa porta. Gleen, Maggie e Carol se arriscavam nas redondezas da prisão para achar mantimentos e o restante dos remédios que ajudariam na minha recuperação.

Melanie não saíra desde nosso pequeno treino e estava sempre por perto. Apesar de não termos tido mais momentos tão íntimos como aquele, eu estava muito satisfeito. Satisfeito por ter Mel comigo, por saber que ela confiara em mim mesmo sabendo o caipira grosso e ignorante que sou. Por toda essa viadagem que estava acontecendo.

Mas algo ainda me deixava inquieto. Eu havia prometido a mim mesmo que não deixaria que meus sentimentos dessem as caras outra vez. Um minuto eu fazia a maldita promessa, no próximo eu já estava ao lado de Melanie, observando cada movimento que fazia, guardando na minha memória cada um de seus gestos, caretas e seus modos de agir. E quando sentia sua presença ao meu lado, tudo o que eu queria fazer é perder totalmente o controle com ela. 

Ainda assim eu sabia que não deveria. Não deveria por mim e, mais importante, por Melanie. Eu não estava preparado para ter algo com alguém, não além de sexo pelo menos. Apesar de saber todas essas coisas, eu ainda me sentia atraído mesmo depois de termos transado. O imã ainda não desaparecera, e eu estava assustado com todos esses sentimentos, toda essa minha mudança brusca. 

Minha mente voltou ao presente depois de ouvir passos acompanhados de sons metálicos se chocando contra o alumínio da escada. Segundos depois Melanie e Hershel apareceram aos portões da minha cela. Recebi um sorriso dos dois, que retribuí com uma carranca e mau humor. 

- Viemos dar uma olhada em você, filho - disse Hershel ao entrar na cela e se pôs ao meu lado, sendo seguido de perto por Mel. 

- E se for muito bonzinho conosco, te daremos alta e um pirulito, senhor zangadinho! - ela disse rindo junto com Hershel, e confesso que um sorriso quase se fez presente. 

- Estou cansado de ficar preso aqui! Preferia estar matando alguns errantes por ai - falei enquanto sentava no colchão duro. 

- Deixe-nos examiná-lo - pediu Hershel. 

Levantei a camisa com cuidado. Melanie se ajoelhou e seguiu todos os comandos de Hershel. Apertou em certos lugares, examinou outros, checou se a hemorragia tinha dado as caras novamente. Ela respondia em termos médicos e eu não entendia muito bem o que estava acontecendo. 

- Bem, não vejo problema nenhum com seu ferimento, Daryl! - Hershel falou com um sorriso no rosto. 

- E isso quer dizer que...? - perguntei ansioso para sair logo daquela prisão. 

- Isso quer dizer que você já pode voltar a fazer suas tarefas - Mel respondeu. - Mas precisamos ter cuidado de qualquer maneira. Não queremos criar problemas com esse ferimento. Está quase curado - sorriu delicadamente para mim. 

Encarei suas esmeraldas que brilhavam intensamente. Seu rosto começava a ganhar vida, parecia que aquela doce garota nunca havia sofrido num mundo como aquele em que estávamos. 

- Bem... - disse Hershel - Acho que vou dar uma olhada em minhas filhas e ver como todos estão. Não se esqueça do Rick, Melanie. 

E com isso, o velho saiu da cela. Olhei para Melanie com o rosto indagador. Que história era aquela de não se esquecer de Rick? Eles andam amiguinhos agora? O que será que faziam quando não tinham minha companhia por perto? 

- Que história é essa de Rick? - perguntei soando mais ríspido do que pretendia. 

- Ele pediu para que te avisássemos de que ele precisava falar com você - respondeu casualmente, mas notou o tom de voz que usei e não deixou passar. - No que pensou? 

- O que quer dizer? - desconversei. 

- Esse "Que história é essa de Rick?" - ela imitou com a voz grossa, o que me fez sorrir de canto. 

- Nada, só queria saber o que estava rolando na prisão - respondi baixo, olhando para a parede que eu havia arranhado ao contar os dias que passavam.

- Está com ciúmes, senhor Dixon? - ela perguntou rindo. 

- Eu não sinto ciúmes, não há porque sentir - respondi indiferente, levantando os ombros. 

- Nem mesmo por mim? - ela perguntou num tom delicado. 

Encarei seu rosto sem coragem de responder. Estava entrando em conflito ali, bem na frente de Melanie. A garota me olhava, seus cabelos de fogo caíam em seus olhos e dava uma forma sensual em seu rosto de porcelana. O desejo começava a arder dentro de mim a ponto de não conseguir controlá-lo. Melanie me provocava inconscientemente, e aquilo a deixava ainda mais sexy.

Projetei meu corpo para frente rapidamente enquanto minha mão procurava seu pescoço, perdida entre tantos fios de cobre. Minha boca encontra a sua, tão macia quanto eu imaginava ser uma nuvem. Suas mãos me tocam e me sinto queimar por elas. Uma onda elétrica passa por todo o meu corpo ao senti-la movimentar-se em contato comigo. 

Sua boca se abriu, liberando passagem para eu explorá-la mais uma vez. Minha língua atacava a dela, que se defendia numa batalha arrebatadora. Segurei seus braços com firmeza trazendo-a para cima de mim. Suas pernas me envolviam, uma em cada lado do meu quadril, e eu já estava totalmente entregue àquele sentimento, àquele desejo urgente. 

- Senti falta disso - minha voz saiu rouca enquanto Melanie beijava meu pescoço e suas mãos passeavam pelo meu peito. 

- Eu senti falta de você assim - ela respondeu sorrindo estonteante. 

Segurei seu rosto com ambas as mãos, sentindo o suave sabor de sua boca e a pressão de seu corpo sobre o meu. Levo uma de minhas mãos até sua lombar, levantando vagarosamente sua blusa, sentindo o calor do contato com a sua pele. Melanie estremeceu, abrindo um sorriso colado ao que também surgira em meu rosto. 

Senti uma de suas mãos descerem pelo meu peito, passando pela minha barriga e chegando ao cós da calça. Levantei levemente a cabeça para ver o que fazia enquanto Mel abria o botão e o zíper, liberando meu membro já pronto para ela. Ao sentir o toque de sua mão em mim, deitei a cabeça com violência, sem conseguir reprimir um gemido. 

Voltei meu olhar para Melanie, que me encarava profundamente, seu olhar extremamente sexy. Não me contive e mais uma vez a puxei para mim, grudando nossos lábios ferozmente. Sua língua ainda procurava a minha quando levei minha boca ao seu pescoço, brincando com uma área que descobri ser sensível. Mel gemia timidamente em meu ouvido, o que me deixava ainda mais excitado e com vontade de deixá-la me envolver com seu aperto. 

Melanie me empurrou de volta ao colchão, sorrindo sem pudor dessa vez. Sua boca fazia uma trilha de beijos pelo meu corpo até chegar em meu membro, envolvendo-o de uma só vez. Minhas mãos voaram em direção ao seu cabelo, segurando-os com força. 

- Eu quero você, Melanie - eu disse, inebriado com seu cheiro e seu toque. 

Não podia mais segurar, a puxei de volta delicadamente pelo cabelo, beijando seu rosto que já começava a brilhar devido ao calor. 

- Estou louco por você! - falei abrindo sua calça e a jogando no chão. 

Toquei levemente sua intimidade molhada, fazendo carícias que arrancavam suspiros daquela boca angelical. Meus movimentos aumentavam, enquanto minha boca estava em um de seus seios. Melanie agarrava meus cabelos pela nuca, puxando-me mais para si. Ela estava louca de tesão, assim como eu. 

- Oh Daryl - ela gemeu. - Eu preciso de você agora! 

Aquilo era a gota que faltava para perder completamente a sanidade. Tirei minha mão de seu sexo e a acariciei com meu membro, quase estourando de desejo. Seus gemidos se intensificavam, mas ainda assim eram relativamente baixos. 

- Agora Daryl, por favor - implorou sedutoramente. 

Senti suas paredes me apertando e ainda certa dificuldade para continuar. Melanie permanecia por cima de mim, de olhos apertados. 

- Ainda machuca? - perguntei preocupado, tentando controlar a respiração. 

- É só um incômodo - ela respondeu descompassada, beijando-me em seguida. - Por favor, não pare! 

Antes que eu pudesse dizer ou fazer alguma coisa, ouvi passos pelo corredor, próximos demais, rápidos demais. Puxei o cobertor e a deitei em meu peito antes de Carol aparecer em frente à cela. A mulher ficou estática, uma das mãos na grade e a outra jogada ao lado do corpo. Seus olhos estavam arregalados. 

Senti Melanie ficar tensa e seu corpo endurecer ao vê-la ali parada, ainda nos encarando. Antes que dissesse algo, Beth a chamou no andar de baixo, precisando de sua ajuda. Carol nos olhou uma última vez e depois deixou o local sem dar uma única palavra. 

- Acho melhor você ver o que o Rick quer - Melanie disse sem graça ao se levantar e procurar sua roupa no chão. 

- Mel... - tentei amenizar o clima, mas não consegui pensar em nada para dizer.

- Já gastamos tempo demais, de qualquer forma - ela disse com pena. 

Levantei da cama, subindo o zíper e abotoando a calça antes de me aproximar dela que se apoiava na outra beliche. 

- Continuamos isso depois - eu disse sem me aproximar muito. - É uma promessa. 

Dei um sorriso discreto a ela, sendo recompensado com o mais belo de todos os sorrisos da terra, até mesmo de antes,  quando a pessoas não estavam caindo aos pedaços. Encantado, aproximei devagar o meu rosto do seu, tocando levemente seus lábios e depois me afastando em direção à porta. 

- Nos vemos mais tarde, Mel - eu disse ao sair. 

Rick estava no lado extremo direito do pátio com Hershel ao seu lado, todos os outros estavam fazendo suas tarefas, longe demais de onde estávamos. Mudei a besta de posição ao chegar até eles e encarei Rick. Ele olhava para além da cerca, os pensamentos a mil. 

- O Governador me ofereceu um acordo - ele começou. - Ele disse que nos deixaria em paz se eu entregasse a Michonne... É a única solução. Ninguém mais sabe.

- E vai contar para eles? - perguntei.

- Só depois que terminar - respondeu firme. - Tem que ser feito hoje e com discrição.

Balancei a cabeça em sinal afirmativo, tentando engolir tudo aquilo que eu ouvia. Devo confessar que nunca imaginei que Rick, logo o Rick, entregaria uma pessoa para alguém como o Governador. Mas ele sabia o que tinha que ser feito, era o mais habilitado para liderar e manter esse grupo vivo. 

- Você tem um plano? - perguntei. 

- Diremos que precisamos conversar... Longe dos outros. 

Rick me encarava. Queria saber se eu estava com ele, se eu faria isso pelos outros. Olhei para Hershel que estava atrás dele ouvindo atentamente a conversa sem dizer palavra. Ele desviou o olhar e passou a encarar o chão. Voltei minha atenção para Rick, ainda não querendo acreditar que faríamos aquilo. 

- Não somos assim, cara... - eu disse, querendo que ele caísse na real. 

- Não... - Hershel falou com urgência, como se não tivesse conseguido mudar a ideia de Rick antes dessa conversa. - Não mesmo. 

Após isso, ele saiu caminhando sem pressa, mancando e se apoiando na muleta. Olhei para trás imaginando como um homem reto como ele estaria se sentindo com tudo isso acontecendo de repente. Meu olhar mais uma vez foi de encontro a Rick, que ainda me encarava, tentando me convencer de tudo aquilo. 

- Se fizermos isso... Evitaremos uma briga. Ninguém mais morre. - ele dizia. 

- Certo - respondi de uma vez, querendo esquecer tudo o que faríamos por pelo menos um minuto. 

- Precisamos de outra pessoa. 

- Eu falarei com ele - respondi ao entender que ele estava se referindo a Merle. 

- Eu farei isso. 

- Vou com você - me apressei em dizer. 

- Não, vou sozinho - respondeu rapidamente e em seguida virou as costas, me deixando sozinho ali. 

 

Bufei e fui em direção a Glenn, Michonne e os outros, que estavam reunidos e concluindo uma estratégia para começar a tentar recuperar o pátio novamente. Ou pelo menos parte dele. 

 - Podem chamar a atenção deles fazendo barulho na cerca – Michonne dizia. – Enquanto isso eu e Glenn entramos lá, matamos os walkers que estiverem por perto e colocamos as barricadas de arame do chão, evitando que eles se aproximem do portão de entrada. 

 - Genial – me pronunciei monotonamente. – Quero ajudar.

 - Estamos bem – Glenn respondeu. 

 - Quanto mais gente, melhor – Michonne se apressou, lançando um olhar de reprovação à Glenn. 

 Preparei minha besta e os acompanhei. 

 

(POV Melanie) 

Depois de tomar um banho, fui ajudar nas tarefas diárias. Corri atrás de Maggie e Beth para ver o que podia fazer, mas não as encontrei. Decidi subir até a cela para pegar minhas roupas a fim de lavá-las. Antes de voltar às escadas, pensei em Daryl e acabei indo até sua para pegar também suas roupas. Durante esses dias que ele havia passado de cama, eu fazia questão de cuidar de suas coisas, não seria justamente agora que eu largaria de mão. 

Ao passar pela entrada da cela de cabeça baixa, ouvi um pigarro a minha frente. Levantei rapidamente a cabeça e levei um susto, dando de cara com Carol e sua cara de poucos amigos. Recuei uns passos, me lembrando bem do que havia acontecido algumas noites atrás. 

- Olhem só quem retornou – ela disse, parando de mexer na cama de Daryl. Ignorei sua provocação e ergui a cabeça.

- O que faz aqui, Carol? – pergunto suavemente. 

- Nada... – ela responde me rondando. – Só vendo se está tudo em ordem.

- E porque não estaria? – perguntei arqueando uma sobrancelha.

- Bom, depois daquele showzinho que tive de aturar... – ela disse, sua voz subindo uma oitava. – Não se preocupa se vai manchar a reputação do Daryl com esse seu jeito de vadia?

Senti meu rosto se contraindo, um misto de raiva e espanto me inundava, e eu estava me segurando para não falar algo que a provocasse ainda mais que aquele dia. 

- Mesmo se eu tivesse o título de vadia, eu não me preocuparia com “manchar a reputação do Daryl” – fiz aspas com os dedos. – Isso não existe mais no mundo em que vivemos. 

 - E você também não fará parte dele se continuar sendo a puta que é para cima do Daryl! – ela diz sussurrando em meu ouvido. Senti meu corpo estremecer, mas não demonstrei que estava com medo do que ela poderia fazer. 

 - Eu não vou fazer suas vontades, Carol – respondi virando o rosto, encarando intensamente seus olhos. – Não vou simplesmente deixar de amar uma pessoa por causa de seus luxos!  

- Amar? – ela riu alto. – Você mal o conhece, passaram o que? Duas semanas juntos? E ainda tem a coragem, ou a burrice, de dizer que o ama! 

- Bom, se não o amo, farei o que estiver ao meu alcance para mudar logo isso! 

Sinto meu rosto arder ao ouvir um sonoro estalo proveniente do impacto de sua mão em meu rosto. Antes que eu pudesse me recuperar, Carol me segura por trás, fincando uma de suas mãos em meu pescoço e me jogando contra a parede. Sinto a pancada forte em minha testa e fico tonta imediatamente. 

 Tento me soltar de Carol que ainda me imprensa de encontro à parede, apertando meu rosto contra a mesma, mas ela é muito maior do que eu. Paro de tentar lutar inutilmente e me acalmo, tentando ter o controle da situação. 

 - Carol... – falo com dificuldade. 

 - Cala a boca! – ela rosna. – Você acha que depois do que eu vi hoje mais cedo vou simplesmente esquecer? Acha que eu não cumpro com as minhas promessas? – apertava sua mão com mais força, impedindo a passagem do ar. – Não vou deixar que uma vagabunda tome meu lugar ao lado do meu homem! 

Tento falar em vão e levo minha mão até a sua que agarra minha garganta, cravando minhas unhas com força. Ela ri e empurra meu rosto mais ainda, minha visão ficando turva e meus pulmões implorando por ar. Já ouvia os sons como se estivesse debaixo d’água quando ela parou subitamente. 

Percebi que estava sendo sustentada por ela quando sinto meu corpo ir de encontro ao chão, o ar rasgava minha garganta enquanto eu o puxava desesperadamente e tossia. Levantei meu olhar até Carol, que sorria docemente para a porta, onde Beth e Maggie estavam paradas de olhos arregalados. 

Andando lentamente, Carol deixa a cela e eu deito a cabeça no chão, podendo respirar tranquilamente. Maggie se ajoelha ao meu lado enquanto Beth ainda está parada na entrada da cela, sem saber muito bem o que fazer. 

- Está tudo bem – eu digo me levantando com a ajuda de Maggie. – Foi só mais uma ameaça. 

- Ela estava te matando – Beth responde incrédula. – O que houve aqui?

- Você tem que contar ao Daryl – Maggie diz, antes que eu pudesse abrir a boca para contar o que acontecera. 

- Não vou contar – eu disse decidida, já de pé. – Não posso contar a ele! 

- E porque não? – ela indaga. 

 - Não quero bagunçar ainda mais a amizade deles por causa de uma besteira de ciúmes – respondi franca.

- Besteira? – Maggie pergunta incrédula.  

- Ela quase matou você – Beth concorda. 

- Vamos contar ao Rick então! – Maggie sugere.

- Não vamos contar nada a ninguém – eu falo, querendo acabar logo com aquilo. – Vamos deixar isso só entre nós três!

- Mas... – Beth continua.

- Só entre nós três – Maggie afirma, me olhando séria. – Mas se voltar a acontecer, todos vão ficar sabendo. Não podemos deixar uma louca como ela perto das pessoas dessa forma, ainda mais perto da pequena Judy!

- Tudo bem – concordei, deixando a cela em seguida, esquecendo-me das roupas e de todo o resto. 

Caminhei até o pátio, onde Daryl e quase todos os outros trabalhavam nas cercas, cravando barras e tudo o que fosse afiado e comprido o bastante na cabeça daquelas coisas para dar fim a um de nossos pesadelo. Sorri ao ver como todos se empenhavam e davam literalmente seu sangue pela prisão e pela família que eles eram. 

Direcionei-me até a torre subindo em seguida, procurando um pouco de paz e silêncio. Ainda conseguia ouvir os grunhidos dos mortos e o esforço dos vivos para continuarem assim. Levei minhas mãos até os ouvidos, tentando bloquear todo o som do caos que não me deixaria acomodada. 

Era sempre bom não se acomodar com lugares. Nem pessoas. 

Minha mente correu até onde Daryl estava, batalhando com os outros por tudo que o dá forças e esperança, por tudo aquilo que sonha – um lugar seguro. 

E mais uma vez minha cabeça se voltou para o que eu sentia por aquele homem determinado e caipira lá em baixo. Carol estava certa, eu ainda não o amava. Como poderia? Nos conhecemos há pouco tempo. Mas ele me salvou, se abriu comigo, se aproximou, se importou. Daryl era um homem bom por baixo daquela carcaça de mau humor e grosseria. E era também esse lado furtivo que me atraía. 

Talvez eu não devesse ter dito para ele que o amava, muito menos confessado isso para Carol. Talvez eu não devesse ter me entregado tão facilmente. Mas eu não sabia o que acontecia quando ele se aproximava e exercia aquele poder sobre mim, sobre meus sentimentos. 

Ainda assim eu não me arrependia de nada. Ao pensar na tarde que passamos juntos, quando me entreguei a ele, ao lembrar as noites que passei ao seu lado, preocupada e cuidando para que ficasse bem... Tudo isso tocava o meu coração. 

De repente eu não sentia mais medo. 

Não sentia mais medo de me envolver com ele. 

Abracei minhas pernas como sempre fazia ao me sentir desnorteada e perdida. Eu concordava com Maggie e Beth, Carol teria me matado se as duas não tivessem aparecido naquela hora. Mas eu simplesmente não podia sair correndo em direção ao Daryl e pedir ajuda como uma garotinha assustada corre pedindo colo para o pai. Não queria que me achasse fraca. Nenhum deles.  

Não sabia ao certo quanto tempo havia passado desde que eu subira na torre, mas ainda era cedo. Ouvi o barulho na escada de metal, e depois a voz doce de Beth. 

- Melanie? - pergunta tímida. - Está aí?  

Não respondi mas logo em seguida vi a parte de cima de seus cabelos loiros. Ela apareceu com um sorriso simpático, sentando-se ao meu lado. Por alguns minutos nos portamos sem falar nada. Beth suspira, olhando para mim enquanto eu me mantenho olhando para o nada. Sinto que ela quer falar algo, mas por algum motivo de mantenho quieta. Tempos depois me canso daquilo e decido quebrar o silêncio. 

- Estou bem. 

- Sei que está - ela responde. - Por mais que não completamente, mas está. E é isso que me assusta. 

- Porque eu estar bem te assusta? - perguntei sem entender. 

- Desde que chegou aqui todos nós notamos como o seu emocional é intenso, e a sua indiferença ao que acabou de acontecer... - ela balança a cabeça. - É uma mudança meio brusca! 

- Sou a mesma desde que cheguei - respondi monótona.

- Então você é fraca - ela diz e me assusto. 

- Como? - eu estava me mantendo em silêncio para as pessoas não me acharem fraca e é justamente isso que acabo de ouvir. 

- Você não se defendeu e... 

- Eu não tinha como me defender! 

- E ainda assim não quer contar a ninguém! - ela diz sem se deixar interromper. - Acho que isso é covardia e você deveria fazer algo a respeito. 

Ao ouvir a conclusão de Beth não pude impedir meu rosto de mostrar o quão surpresa eu estava. Havia sentido em tudo aquilo que ela acabara de falar, mas ainda assim eu tinha medo de fazer "fofoca" sobre a Carol, sobre o que havia me feito, e acabar saindo como a vítima da história. Eu não queria ser uma vítima. 

- Sabe - eu disse suavemente após me recuperar das palavras que eu ouvi. - A minha vida inteira eu fui retratada como a sensível, a frágil, a vítima das situações difíceis que já enfrentei... - abria meu coração com ela, havia muito tempo que eu gostaria de falar sobre minha história com alguém. - E eu nunca gostei do modo como era tratada. 

Beth olhava para mim e me escutava em silêncio, sua atenção total voltada para o meu desabafo. Ela chegou mais perto e sentou de frente para mim e a escada. Deu um sorriso me encorajando a continuar falando sobre meu passado. 

- O pior é saber que você é realmente fraca e frágil, como sempre te acusaram de ser! - continuei contando. - Eu não quero mais ser assim. Não depois... 

- Continue - ela disse docemente ao perceber que eu não falaria mais. 

Virei o rosto para o lado, encarando o horizonte e a mata ao lado da prisão, relembrando de tudo que acontecera por minha causa. Balancei a cabeça negativamente, olhando para minhas mãos em seguida. Não queria mais tocar no assunto. Não um assunto tão íntimo, não com Beth. 

- Tudo bem - ela responde depois de passar alguns minutos. - Todos precisam de um tempo para se ajustar com a dor de nossas perdas, e não é fácil se abrir com alguém que não conhece bem e não tem intimidade - ela diz como se pudesse ler minha mente. - Já fico feliz em saber que você teve confiança em mim o bastante para contar essa parte da sua vida! 

Ela sorri e acena com a mão de despedindo. Após a saída de Beth, de repente tudo ficou silencioso demais. Não ouço mais os grunhidos, o som das batalhas diárias sendo travadas, o leve som dos geradores da prisão... Absolutamente nada. O silêncio que antes eu procurava agora se fazia angustiante em meus ouvidos. 

Mordo levemente a manga da minha blusa, colocando o máximo que podia dentro de minha boca a fim de abafar os sons do gritos que queria libertar. O agudo dentro da minha cabeça me fazia bem e não sei por quanto tempo ao certo fiquei gritando em silêncio. 

 

(POV Daryl) 

 

Depois de limparmos parte da área de dentro e fora da prisão, voltamos até o pátio onde Beth descia da torre feliz. Olhei para cima imaginando se antes estivesse com Maggie no alto da torre. 

De relance vi Glenn passar por mim apressado, mas assim que ficou mais distante diminuiu o passo. Ele estava com raiva de mim? Pois era o que parecia! 

O segui até um pouco atrás do pátio, para mais perto dos outros blocos. Ele carregava sacas de areia para cima de uma espécie de mesa com rodinhas, a fim de deixar o local mais limpo, e de quebra poderíamos usar as sacas como barricadas. Me aproximei e ele ignorou minha presença. 

Comecei a ajudá-lo na tarefa, deixando um pouco a besta de lado, em minhas costas, é claro! Nunca se sabe quando poderemos sofrer um ataque daquele psicopata. As sacas eram um pouco pesadas, mas para mim era ótimo sentir o peso delas em meus braços, me fazia sentir útil como estar lá fora a procura de suprimentos. 

- Você não poderia estar fazendo força - ele responde sem vida. - Acabou de ser liberado e já pensa em voltar para a cama? 

- Penso em ser útil ao invés de ficar deitado em uma cama enquanto os outros tentam se manter vivos! - eu digo vivificado, tentando encorajá-lo. Quem sabe o que ele sentiu e presenciou enquanto estava nas mãos do filho da puta do Governador. 

Ficamos calados por um tempo, trabalhando até sentir os braços mais tensos com a força do peso sobre eles. Pensava em todos os motivos para que Glenn pudesse estar com raiva de mim, e momentos depois percebi que não era por minha causa. Era por causa do meu irmão. Merle o tinha deixado assim. 

- Ele já disse que sente muito? - perguntei tentando ser o mais casual possível. - Porque ele sente! 

Glenn ainda permanecia calado, me olhando intensamente ao passar por mim. 

- Ele fará as pazes. Eu farei com que ele faça! - ainda o silêncio como resposta. - Deve haver algum jeito. Só será preciso um pouco de perdão - digo pensando também no lado de Merle. 

Glenn largou uma das sacas bruscamente em cima da mesa, virando-se rapidamente para mim andando de um lado para outro, até parar na minha frente. 

- Ele me amarrou a uma cadeira, me bateu e jogou um errante na sala. - ele disse baixo, mas com raiva em sua voz. - Talvez possamos estar quites. Mas ele... - parou por um instante recuperando o controle. - Ele levou Maggie a um homem que a aterrorizou, a humilhou! Eu me importo mais com ela do que comigo. 

Olhei em seus olhos. Eu entendia como era se sentir dessa maneira, eu mesmo sentia ódio do cara que fez o que fez com Melanie e Maggie. Mas Glenn tinha que entender que Merle não fez nada com nenhuma das duas. 

- Ele também levou Melanie até ele. - eu disse. - Acha que eu não sinto o ódio que está sentindo pelo Governador ter feito o que fez? - minha voz ia ficando mais tensa com o que eu falava. - Melanie também estava lá! Eu a salvei e sinto como se sua vida e seu bem estar estivessem em minhas mãos! Acha que não me importo? 

- Então como pode deixá-la perto de quem as levou a essa situação? Como pode confiar em seu próprio irmão? - ele suspira, mais uma vez tentando retomar o controle de sua raiva. - Eu não ligo para o que a Melanie sente ou não. - sinto meu sangue ferver. - Não ligo para o que sente perto de seu irmão, mas me importo com Maggie, ela não se sente bem e não a quero perto de seu irmão! 

- Como consegue dizer que não se importa com a pessoa que impediu sua namorada de ser estuprada? -gritei em seu rosto, fechando as mãos em punhos. 

- Eu não ligo se ela foi molestada no lugar de Maggie! Ela fez porque quis, me importo com o que a minha mulher sente sobre isso e... 

Não aguente e o empurrei pela gola da blusa até a parede de um dos blocos da prisão. Ele respirava intensamente, assim como eu, a raiva emergindo pelos poros de nossos corpos. 

- Então você pensa assim huh! - eu gritei. - Simplesmente ignora o fato de uma garota ter sido quase... - não consigo terminar a frase e olho para o outro lado, mas logo voltando minha atenção a Glenn. - Ela teve mais coragem do que todos um dia já tivemos e você fala dela desse jeito? De alguém que poupou Maggie de um trauma irrecuperável? 

O joguei para longe e puxei minha besta para minhas mãos, deixando o pátio a procura de Merle. Eu tinha que organizar a paz entre eles para que eu pudesse nunca mais ouvir aquelas coisas sobre o que aconteceu com Melanie. 

Entrei em nosso bloco a procura do meu irmão, mas ele desaparecera desse mundo. Perguntei a todos se o tinham visto, mas a resposta era sempre a mesma: não. Curta e grossa. Avistei Carol ao longe, cuidando da pequena durona. Caminhei vagarosamente até onde estava, com medo do que poderia acontecer com a amizade que já estava por um fio. Ela me olhou seriamente ao sentir minha presença se aproximar. 

- Viu Merle por ai? - perguntei, direto ao ponto. 

- Pode perguntar para a garota que estava com você esta manhã. 

- Carol, sobre isso, eu...

- Não precisa dizer nada Daryl! Eu entendo que ela esteja seduzindo você só por brincadeira, e sei como é difícil resistir à tentação de uma garota novinha de pernas abertas na sua frente.

-Carol! - rosnei. 

- Já sei que vai defender a piranhazinha, não precisa gastar sem tempo com isso. 

- Vamos parar com isso - eu dei o ultimato. - Chega de ciúmes sem pé nem cabeça, nós dois sabemos que não há nada entre você e eu! Tem que entender que o que um dia pensei ter sentido por você, era apenas amor de irmão. É a primeira amiga que tive e não quero estragar nada disso. Então pare de alfinetar Melanie! 

- Seu irmão está numa dessas salas onde guardam materiais para manutenção ou algo do tipo. Agora saia da minha frente! 

Ela disse me dando as costas com a pequenininha durona nos braços. Um impulso de querer pegá-la no colo veio intenso. Mas reprimi aquela vontade e caminhei em direção à sala que Carol mencionou. 

Entrei furtivamente, apontando a besta à frente. Gritei por Merle, que ao me olhar parou imediatamente o que estava fazendo. 

- O que está fazendo aqui? - perguntei olhando em volta. 

- Só procurando um pouco de cristal - ele respondeu barrando a minha entrada mais adentro. Deixei de lado e continuei a caminhar em volta. - É eu sei, eu sei. Isso acabará com a minha vida - ele diz sarcástico. – Logo agora que tudo está indo bem, certo?

Ignorei sua provocação, me lembrando do que Melanie havia dito sobre o meu relacionamento com o meu irmão. 

- Já falou com o Rick? – perguntei mudando de assunto. 

- Sim, claro – ele responde rápido. – Estou dentro. Mas... Ele não tem estomago para isso. Ele vai desistir. Sabe disso, certo?

- Sim – balancei a cabeça, olhando para o outro lado da sala. – Se desistir, desistiu – concluo, voltando a encarar Merle. 

- Quer que ele desista? – encarei bem meu irmão, já podendo prever o que escutaria dele ao dizer que confiava em Rick. 

- Farei o que ele disser – respondi por fim, firme. 

Merle bufou.

- Cara... Você ao menos tem um par de bolas, irmãozinho? – perguntou sarcástico mais uma vez. – Elas estão ligadas a você? E se estiver, elas pertencem a você? – ele estava ficando indignado. – Você chamava pessoas assim de ovelhas! O que aconteceu com você?

- O que aconteceu com você e Glenn... – eu tentava manter a calma. - E Maggie e... Melanie?

- Já fiz pior – ele responde como se o que ele havia feito não fosse nada demais. 

- Você já imaginou o mal que fez às duas? Principalmente à Melanie? – perguntei aumentando a voz. 

- É... Você realmente não tem bolas. – ele diz rindo. – Se tivesse, teria implorado para estar ao lado do governador e...

Perdi a calma e parti para cima de Merle, minhas mãos em riste, prontas para acertarem a cara daquele filho da puta. Mas sinto seus braços me envolverem e prenderem meu pescoço numa chave de braço. 

- Pensei que chave de braço era ilegal! – eu disse agoniado. 

- Eu nunca vivi dentro da lei, Darylina! – ele diz calmamente ao pé do meu ouvido. – Eu havia esquecido que meu irmãozinho está tendo uma quedinha pela foguinho, não é mesmo? 

Ele me larga e me empurra para longe.

- Você precisa crescer – ele diz. – As coisas são diferentes agora. – Ele fica em silencio por alguns segundos e depois se volta para mim. – Seus amigos olham para mim como se eu fosse o diabo! Pegando os três daquela forma, não é? E agora querem fazer o mesmo que eu. As pessoas fazem o que é preciso, ou morrem. 

- Não pode mais fazer as coisas sem pessoas, cara – eu digo, querendo mostrar que assim como precisamos dele por perto, ele também precisa de todos nós ao seu lado. 

- Eles só precisam de alguém como eu, um vilão! Para fazer o trabalho sujo deles. O que acha disso?

Eu olhei em seus olhos, pensei em tudo o que ele disse e tudo o que ele fez até hoje. Eu ainda o amava, mesmo depois de todos os abandonos e as traições. Ele ainda era o meu irmão, e era só isso o que eu achava. 

- Eu só quero meu irmão de volta – eu respondi com franqueza. 

Seus olhos brilham e sua voz fica embragada. Penso que vamos finalmente nos acertar, colocar tudo em pratos limpos. Esquecer todo o passado que nos foi cruel. Mas Merle me olha com uma cara abalada demais para qualquer outro tipo de resposta. 

- Saia daqui! 

Olhei mais uma vez para meu irmão que eu finalmente havia encontrado, resgatado e trazido de volta para mim. Não é a hora certa para tentar alguma coisa com Merle. Se uma coisa que aprendi em alguns anos de convivência com ele, é que todos têm de respeitar o seu tempo, ou não tinha brecha nenhuma naquela personalidade dura. Obedeci ao seu pedido e deixei a sala para trás. 

Fui atrás de Melanie para passar um tempo ao seu lado. A aparição de Carol parece tê-la incomodado ainda mais que a mim. Além de ser nova entre o nosso grupo, Mel não tinha muita intimidade com a Carol. Para ser sincero nunca a vi falando com alguém que não fosse Hershel, Maggie ou Beth. Seu círculo social não era um dos melhores. 

Caminhei até sua cela e não a vi. Por um instante achei que pudesse estar na minha, mas assim que verifiquei vi que estava errado. Andei até o pátio e acabei encontrando Maggie e Beth conversando. Com certeza uma das duas saberiam onde eu poderia encontrá-la.

- Viram Melanie? – perguntei direto. 

As duas se encaram antes de me responderem. Achei o comportamento muito estranho, mas pude imaginar o que as três poderiam conversar, então decidi não tocar no assunto. Senti meu rosto esquentar e corar. Tinha que conversar sobre isso com Melanie. Não gostaria que os outros soubessem de nossa intimidade desse jeito. 

- Ela está na torre – Beth responde, olhando para a irmã mais uma vez.  

Virei-me na direção da torre e ouço a voz de Maggie. 

- Daryl! – volto a atenção para as duas, que novamente se olham. Isso já estava me irritando, se tem algo a dizer, que diga de uma vez. 

- Pode falar – eu incentivo depois de alguns segundos. 

- Só achamos que você deveria levar a Melanie para sair em uma das buscas! – Beth se atropelou nas palavras.

- Porque acha isso? – perguntei meio irritado. – Não se lembram do que aconteceu na última vez em que ela saiu numa busca? 

- Ela fica muito deslocada aqui dentro – continuou Maggie um pouco perdida nas palavras. Eu estava começando a desconfiar. – Acho que ela deveria aprender como lutar e sair conosco...

- Porque estão se comportando dessa forma?

- Só queremos o melhor para Melanie! – Beth responde e sorri. 

- Que seja – respondo e dou as costas para aquelas duas malucas. 

Segui até a torre e subi as escadas lentamente, pensando no que poderia estar acontecendo de errado com Melanie. Quase no final da escada subo normalmente, assustando uma Melanie toda encolhida olhando para o horizonte. Sentei ao seu lado, minha vista focada na mesma direção que a dela. Voltei meu olhar para seu rosto que estava coberto pelos longos cabelos ruivos. 

- Está tudo bem? – pergunto. 

- Claro! – ela responde virando-se para mim com um sorriso no rosto, mas não era iluminado como os outros.

- Olhe, sobre hoje mais cedo... 

- Não se preocupe com isso Daryl – ela me interrompe. 

- É que Carol é uma amiga e acho que ambos ficamos incomodados com esse tipo de coisa – tento encontrar as palavras certas. 

- Acho que ela gostaria de ser mais que uma amiga...

Seu semblante está sério, mesmo com seu esforço de permanecer imparcial ao assunto. Ela se incomodava com o fato de Carol querer algo comigo, isso é óbvio depois dos momentos que passamos. Confesso que até eu não gostava muito quando falava com outros caras do grupo.

- Melanie - comecei suavemente. - Apesar de Carol ser um pouco intensa e colocar todas as suas esperanças num relacionamento comigo, isso nunca vai acontecer! - ela vira completamente e tenho uma visão total de seu rosto. - Não quero que se sinta ameaçada por ela. 

Ela sorri e volta a olhar para o horizonte. 

- Não se preocupe com isso, Daryl, estou bem! 

- Então não está chateada pela interrupção hoje de manhã? - perguntei com um sorriso que ameaçava aparecer. 

- Nem um pouco - ela disse sorrindo enquanto se aproximava mais de mim. 

Seus olhos verdes me encaravam, seus lábios eram carnudos e chamavam a minha atenção, me deixando com desejo de senti-la na minha. Seu rosto estava corado e saudável como eu ainda não tinha visto devido a tantos problemas em que ela se envolveu. Minha mão foi de encontro à sua pele macia, acariciando suas bochechas. Foi nessa hora que percebi que tinha algo de errado com ela. 

O lado esquerdo do seu rosto estava mais avermelhado que o normal e ouso dizer que até com um leve tom arroxeado, quase imperceptível. Melanie estava com os olhos fechados, sentindo meu toque, mas os abriu abruptamente ao sentir minha mão passando por cima da marca em seu rosto. 

- O que foi isso? - perguntei sério.

- Isso o que? - ela perguntou num tom falso de inocência. 

- Você é uma péssima mentirosa sabia? - perguntei enquanto levantava e a puxava comigo.

Coloquei seu rosto na luz para ver melhor o seu estado. A mancha não estava forte e muito visível, só perceberia quem chegasse bem perto e por mim ninguém chegaria tão perto assim de Melanie além de mim. Seus olhos encaravam o chão e espremia seus dedos. 

- O que aconteceu? – perguntei no meu tom normal, como se estivesse conversando sobre o tempo. 

- Não foi nada, Daryl – ela disse finalmente olhando para mim. – Só fui descer as escadas e acabei caindo, só isso.

- Eu falei que você mente mal! – eu disse irritado. – Está com medo de mim?

- Mas é claro que não – responde indignada. 

- Então porque não confia em mim? – perguntei tentando arrancar dela o que havia acontecido.

- Eu confio Daryl, é só que...

- O que? – pergunto, querendo logo que ela me contasse. 

- É complicado – ela responde enquanto encaro seus olhos mais uma vez, sem me cansar disso. 

- Eu não acho tão complicado assim, é só abrir a boca e falar – ela permanece calada por alguns longos segundos, quando eu desisto e resolvo ajudá-la a contar. – Alguém te bateu? – eu perguntei, querendo ouvir sua risada em seguida sua descrença ao saber que eu pude imaginar tal coisa. 

- Não – ela responde em seu tom normal, mas voltando a evitar meu olhar sobre si. 

- Mentirosa – eu digo mais uma vez, dessa vez meu tom grosso e ignorante prevalecendo. – Quem bateu em você Melanie? – pergunto sério. 

- Ninguém me bateu, Daryl Dixon! – ela responde alto, se desvencilhando de minhas mãos que ainda seguravam delicadamente o seu rosto. – Quanta obsessão por violência! Acho bom procurar o Hershel, isso não deve ser normal!

Melanie já estava com seu corpo virado de costas para mim. A raiva só aumentava ao perceber seu desespero em esconder a história de mim. 

- Foi a Carol? – chuto pensando nos ciúmes que a mulher sentia de Melanie.

Ela volta a ficar frente a frente comigo me encarando com o rosto petrificado, sem mover um músculo sequer.

- Porque acha que foi a Carol? – ela pergunta baixo. 

- Então admite que foi isso? – pergunto alto, ela faz cara de chocada. 

- Não acredito que disse isso penas para me arrancar a verdade! – ela diz indignada, mas com um quê de riso em seu tom de voz, provavelmente por meu tom de vitória que usei segundos antes. 

- Melanie – eu digo sério. – Você não pode me esconder uma coisa dessas! Sabe a raiva que eu estou sentindo nesse momento de quem quer se seja o inseto que te bateu? Me fala quem foi!

- Daryl, vamos esquecer isso? Por favor? – ela pede segurando minhas mãos. – Não foi nada, apenas um desentendimento, não vai acontecer de novo!

- É claro que não vai acontecer – eu digo com a voz rouca e grave. – Porque eu vou matar a pessoa que fez isso. Quem foi?

Ela me olha suplicante, e então me lembrei da conversa que tive com Glenn, sobre o meu irmão. Não, é claro que não! Ele não seria capaz de fazer uma coisa como essa, ainda mais sabendo que eu me importo com Melanie. Esses últimos dias ele não para de me encher o saco com meus sentimento de “mocinha” como ele gostava de chamar. Mas ainda sabendo de tudo isso, minhas mãos começaram a suar. Olhei para os lados antes de colocar o que eu estava pensando para fora. 

- Merle fez isso? – perguntei tentando controlar minha voz, mas não deu certo. 

Melanie me olhou com pena, o que me deixou com raiva dela também. Porque ela estava fazendo isso? Escondendo algo tão grande assim de mim? E ainda me olha com pena? 

- Não me olha assim – vociferei ao chegar mais perto de seu rosto. 

A garota não se assustou. Num rompante jogou os braços em volta de minha cintura e me abraçou, colando seu rosto em meu peito. 

- Merle não faria isso, Daryl – ela responde e pude sentir todos os músculos do meu corpo relaxarem. – Ele é seu irmão! Mesmo que me odiasse com todas as forças, ele não seria capaz de me machucar. Se o fizesse, estaria te machucando também.

Toquei a ponta de seus cabelos e a aconcheguei ainda mais em mim, sentindo seu cheiro inebriante. Como conseguia ter um cheiro tão bom no apocalipse? Em meio a tanta podridão? 

- Mel – eu digo, falando suavemente. 

- Hm?

- Me conte quem fez isso com você...

Ela se afasta um pouco de mim, ainda sem tirar seus braços da minha cintura. Um sorriso triste se abriu. 

- Não quero que me ache fraca, Daryl... – ela diz sincera. – Não quero que ache que não dou conta de resolver os meus próprios problemas, de me defender... Ou que não tenho coragem para fazê-lo. 

- Eu nunca te acharia uma covarde, Melanie – ela abrira a boca para retrucar, mas continuei antes que pudesse dizer alguma coisa. – E também não te acho fraca! Só precisa de um pouco de treino e vai pegar o jeito e se defender! – ficamos um tempo nos encarando em silêncio. – Vai me contar quem foi?

- Só se prometer não fazer nada sobre isso! E muito menos reclamar com o Rick ou com quem quer que seja! – ela dá seu ultimato. 

- Tudo bem – concordo contra gosto. – Não vou dizer nada – tento driblar. 

- E nem fazer nada! – ela completa, percebendo minha jogada. 

- Tudo bem – respondo logo.

- Prometa! – ela diz mais alto. 

- Tá, tá! – eu grito. – Eu prometo essa porra! 

- Tudo bem. Foi...


Notas Finais


Heeey pequenos pêssegos!

A partir do próximo capítulos, as coisas começam a se desgrudar um pouco do que vai rolando na série.
Estou pensando em fazer outra fic sobre The Walking Dead, com os personagens da série, só que sem seguir uma linha cronológica ou de acontecimentos exatamente iguais aos da série. Digam aí o que acham da ideia!
Mas ando querendo terminar essa aqui primeiro, por isso vou me dedicar um pouco mais a ela, assim todos ficam felizes HOHO'

Bom, é isso! Sintam-se a vontade para comentar, dizerem o que gostaram e o que não gostaram, darem palpites, opiniões e ideias para a fic, estou de braços abertos para receber cada um de vocês!

Um beijo no joelho e até a próxima!! <3


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