1. Spirit Fanfics >
  2. A Loba Selvagem >
  3. A Herança da Bastarda

História A Loba Selvagem - A Herança da Bastarda


Escrita por: AnnyJordison

Notas do Autor


Kaira vai mostrar que sabe honrar o sangue que tem nas veias...
Até pq a realidade eh bem diferente do que ela pensava..
E o destino vai mostrar o quanto consegue surpreendê-la....

Capítulo 9 - A Herança da Bastarda


Fanfic / Fanfiction A Loba Selvagem - A Herança da Bastarda

Kaira estava morrendo de dor no corpo inteiro. Não era fácil passar o dia montada em Penumbra. Não tardaria para sua gravidez ficar evidente.

Tentaria escondê-la o máximo possível. Irritantemente Damon estava mais protetor que o normal. Não sabia como o garoto entendia daqueles assuntos. Quando o questionou respondeu que havia passado mais tempo com a mãe e ela lhe explicou muitas coisas

Mas o problema é que se antes ele já era cuidadoso, agora havia ficado insuportável.

Caçava por ela, fazia a comida, arrumava sua cama improvisada todas as noites... Quando chegou ao ponto de querer ajudá-la a descer do cavalo Kaira o chamou para um canto, entre as árvores.

- Ouça. Entendo que está preocupado com meu bem estar, e lhe agradeço por isso, mas os soldados vão começar a suspeitar. Não preciso de homens duvidando da minha liderança. Não agora.

- Mas senhora...

- Não discuta comigo, Damon. Mais do que nunca preciso que siga minhas ordens. Posso contar com o seu apoio?

O garoto assumiu uma expressão conformada.

- Sempre, minha senhora.

Kaira sorriu e deu um tapinha no ombro dele.

- Ótimo.

Voltaram a se reunir com o grupo e como todas as noites, Kaira dava detalhes de sua fortaleza e discutiam os planos. Era humilde o bastante para ouvir sugestões dos guerreiros e ponderá-los muito bem.

Foram dormir e, ansiosa, Kaira lembrou-se de que no dia seguinte enfrentaria a Senhora de Vila Acidentada. Seria fácil? Lady Barbrey imploraria pela vida? Ela teria coragem para assassinar a própria mãe?

Kaira respirou fundo. Tinha de fazer o que era correto e benéfico para todo o seu povo. Não foi isso que cresceu ouvindo da mãe? Pois o melhor agora era ficarem sem a insana liderança dela.

--------------------------------------------X-----------------------------------------------------

Kaira acordou com um barulho estranho. O chão tremia como se um tropel se aproximasse. Chamou Damon e os demais, que se colocaram em alerta em segundos, mas não a tempo.

Cerca de vinte soldados os rodearam. Nervosa e pensando rápido enquanto se aproximavam, Kaira os encarou. Não pareciam agressivos então ela os reconheceu.

- Liam?

Dirigiu-se a um cavaleiro mais velho, que tinha os curtos cabelos já grisalhos. Os outros ergueram as espadas, bramindo animados. O que ela chamou pelo nome se manifestou.

- Pensamos que a senhora estivesse morta.

- Foi por pouco meu amigo. Mas agora estou de volta para tomar o nosso lar.

- Só podem ter sido os Deuses que forjaram esse encontro! – comentou ele, contente. – Lady Barbrey contou que fugiu covardemente. Mas sabíamos que a senhora jamais faria isso e, se havia sumido, um bom motivo havia. Recusamo-nos a seguir as ordens de traí-la e fugimos com boa parte do povo, mas infelizmente alguns quiseram ficar. Decidimos voltar justo hoje para dar uma boa olhada no que sobrou e como tudo está.

Kaira baixou o olhar, envergonhada. Damon percebeu e tentou interceder, mas ela ergueu a mão para silenciá-lo.

-Minha mãe contou a verdade. Fui covarde, fraca, senti medo e fugi. Falhei com vocês ao abandoná-los. Peço que me perdoem. Sigam minhas ordens novamente e juntem-se a nós nessa empreitada.

Eles a olharam por um tempo e então Liam sorriu.

- Jamais abandonaríamos uma pessoa bondosa, justa e que sempre nos protegeu da tirania dos próprios parentes. Diz-se covarde, mas mesmo jovem foi graças a sua firmeza e liderança que demonstrou todos aqueles anos em companhia dos Boltons que nunca fomos subjugados covardemente e muitos de nós permanecemos vivos.

Kaira respirou aliviada. Sorriu timidamente para seu guerreiro mais velho.

- Mas temo que não foi o que aconteceu na Batalha dos Bastardos. – completou ele.

- Sim, fiquei sabendo. E é por isso que retornei. Não vou admitir que isso continue acontecendo. Vou parar com as loucuras da minha mãe.

Dizendo isso, não perderam mais tempo. Recolheram as coisas e montaram nos cavalos.

A comitiva se aproximava dos domínios da grande fortaleza e Kaira começou a sentir um nervosismo repentino, misturado com mágoa, dor, medo... Não era normal uma filha fazer o que faria com sua mãe. Também não era comum uma mãe fazer o que Barbrey fizera com ela. Estava tudo errado, aquilo não era um a família. E Kaira repetia para si mesma que aquilo era a coisa certa a se fazer.

- Tudo certo para o plano, senhora? – perguntou Damon.

- Sim.

Incitou Penumbra e os soldados Stark e Dustin os seguiram.

Solar Acidentado não parecia nada com o que Kaira lembrava. Estava deserto e uma aura de tristeza o envolvia. Não era de se esperar menos, já que haviam perdido quase todos os guerreiros na última batalha.

Quantas famílias haviam ficado órfãs? Quantas mães perderam seus filhos? E tudo por causa de um ressentimento que ninguém ali tinha culpa. Barbrey pagaria muito caro por aquilo.

Era estranho, estavam se aproximando e ninguém soara o sinal. Nenhum guarda na muralha, nada. Pararam abruptamente na frente do portão. Com um sinal de cabeça, Kaira pediu para Damon abrir o portão.

- Por favor, senhor Stout. – disse ela.

Ele e outro jovem de Winterfell desceram das montarias e empurraram as pesadas portas de madeira, que se escancarou com um rangido.

Damon deu alguns passos a frente com uma flecha pronta em seu arco. Mas logo baixou ambos, desolado.

- Acho que não vamos precisar necessariamente de um plano, milady.

Kaira estranhou, mas instigou Penumbra e entrou em seus antigos domínios. Parecia que fazia séculos desde que havia fugido dali. Seu lar tão amado, como ela sentiu falta dali. Mas o romantismo desapareceu de sua mente assim que entrou.

As casas, antes de madeiras simples e bem organizadas, agora pareciam barracos miseráveis de madeira caída. Os campos verdes e fartos de plantações estavam completamente devastados, pareciam queimados. Antes pessoas circulavam por ali, todas convivendo em harmonia, envolvidas com suas coisas. Era um povo orgulhoso.

Mas agora o que viam era um verdadeiro inferno na terra. Diversos corpos estavam pregados em madeiras em forma de “X” ao decorrer da via, mutilados das mais hediondas formas... Alguns estavam esfolados, outros com os órgãos expostos... Alguns já estavam mortos há bastante tempo tendo apenas ossos e uma leve pele em putrefação... Outros haviam morrido há pouco tempo... E alguns ainda estavam morrendo naquela forma em agonia.

O que mais doeu em Kaira foi ver o corpo de um bebe ensanguentado pendurado pelo pescoço. Ela já se considerava mãe e, pensar no seu bebê passando por aquilo, era pior do que a morte.

- Senhora...? – questionava Damon tão transtornado quanto ela.

Kaira estava em estado de choque, mas se obrigou a recobrar a sanidade.

- Não haverá ataque surpresa. Acabem com o sofrimento de quem ainda não morreu. Eu mesma vou entrar naquele Solar e arrastar Barbrey aqui pra fora.

Kaira desceu de Penumbra cega de raiva. Caminhou quase marchando e desembainhou seu machado. Não houve nenhum impedimento pelo caminho então ela subiu a grande escadaria até o salão sem se importar em ser furtiva, fazendo um grande barulho com suas botas enquanto andava.

No topo da escada soldados Ryswell bloquearam sua frente. O que eles estariam fazendo ali?

- Saiam da minha frente! Eu não acredito que vocês tiveram coragem de executar aquilo ali fora. Saiam e não envergonhem mais a minha Casa! Barbrey!!!

Começou a gritar o nome da mãe. Uma risada ecoou por todas as paredes. Kaira parou com o pé no último degrau, hesitante. Era uma voz gutural masculina.

Entrou na sala e se surpreendeu.

- Avô..? – sussurrou Kaira.

Uma cena curiosa se encontrava ali. Rodrik Ryswell, o Senhor dos Rills e avô de Kaira estava parado tendo Barbrey à sua frente, cativa. Nunca havia simpatizado muito com ele. Era estúpido, mal educado e grosseiro.

- Surpresa? Eu não esperaria menos. Você pensou, esse tempo todo, que fosse sua mãe? Ela se mostrou tão inútil quanto você.

Confusa, Kaira olhou para Barbrey. Rodrik Ryswell segurava uma espada contra o pescoço da própria filha, que a olhava tristemente.

- Eu tentei de todas as formas nos aliar a maior casa do norte. Sua mãe não conseguiu. Tentei por duas vezes casá-la com herdeiros Starks diferentes e mesmo assim ela falhou. Quando conseguiu uma aliança rentável, ela já estava grávida de um filho bastardo. Para piorar a minha vida, quando ordenei que se aliassem a Ramsey você se recusou.

Apertando o cabo do machado com força nas mãos, Kaira engoliu em seco.

- Rodrik, ela é sua filha! Não acredito que...

- NÃO ACREDITA NO QUE!? – gritou ele. – Meus filhos homens morreram todos em batalhas. Primeiro na Torre da Alegria por causa da vadiazinha Stark. Os outros morreram por causa dessa disputa pelo norte onde Ramsey Bolton era o mais capacitado para cuidar. Minhas filhas serviam apenas como moeda de troca para boas alianças, mas creio que já falei sobre isso.

Nesse instante Damon e os outros guerreiros Starks chegaram. Os guerreiros Ryswell se colocaram em posição.

Kaira encarou a mãe que assim mesmo sorria para ela. Durante todo aquele tempo pensou que Barbrey era um monstro que havia sentido ódio dela. Chegou ao ponto de querer assassiná-la. Graças aos Deuses não havia cometido um crime tão hediondo. Barbrey havia arriscado a própria vida para protegê-la, o tempo inteiro.

- Mãe...

- Não se desculpe, minha filha. Eu faria tudo de novo se precisasse. Tenho muito orgulho de você. Se parece mais com seu pai do que você pensa. – seus olhos brilharam de lágrimas. – Eu amo você.

- Cale essa maldita boca. – rosnou Rodrik.

Kaira sentiu um gosto do inferno quando Rodrik cortou a garganta da própria filha, que tombou no mesmo instante.

Kaira sentiu sua voz sumir, mas seu rosto se contorceu com o ódio que aumentou de forma avassaladora. Damon incitou os companheiros com um brado de guerra. Kaira girou seu machado para cima do avô.

O velho era forte. Parou o ataque abrupto e a jogou para trás. Kaira girou e se lançou a frente sem pensar nas conseqüências. Oscilava a arma de um lado para o outro tentando acertar as pernas dele, porém Rodrik se defendia muito bem.

Ele cortou a perna de Kaira que gritou mais por raiva do que de dor. Num giro completo rasgou o abdome dele. Rodrik se aproximou e socou a cara dela que perdeu o equilíbrio. Nunca foi boa no combate a mão livre.

Recuou alguns passos para trás. O avô aproveitou e avançou para cima dela, fazendo-a tombar. Sem piedade alguma deu mais dois socos na cara dela. Pegou Kaira pela nuca e a arrastou até a sacada, de onde pretendia jogá-la.

Muito machucada e sangrando, Kaira olhava todo o campo lá em baixo.

- Eu avisei sua mãe para mantê-la na rédea. Você nunca obedeceu ninguém. Depois que ela fez todo aquele teatro ensaiado, você fugiu. – sorriu, diabólico. – Contratei mercenários que me informaram onde você estava, vivendo com aquele animal que você chamava de marido. Acompanhei de longe toda a matança daquela gente insignificante. Mas o meu erro foi ir embora antes de ver aqueles filhos da puta, mais imprestáveis que a sua mãe, concluírem o serviço. Você conseguiu fugir com a ajuda do traidor Stout e se juntou com sua familiazinha de merda. – ergueu Kaira. – Mas agora eu mesmo terminarei o serviço.

O ódio e a injustiça sobrepujaram o medo. Kaira o surpreendeu com um giro e engatou uma chave de braço voadora em Rodrik, derrubando-o.  Aproveito e chutou com força a cara dele, que gritou.

- Você é um merda, que não merece metade do remorso que eu sentiria matando minha mãe injustamente!

Começou a espancá-lo. Não soube de onde tirou tanta força, mas lembrou da mãe, do abuso que sofreu dos soldados da Irmandade, do vilarejo onde viveu, das pessoas mutiladas, de Ray e principalmente de Sandor.

Pegou seu machado e com toda a força que tinha ela baixou contra Rodrik, separando a cabeça do corpo. O sangue fez um barulho estranho ao esguichar.

Segurou a cabeça dele pelos cabelos e jogou escadaria abaixo, para que seus guerreiros pudessem ver.

- Eu sou sua Senhora agora. Eu comando as duas Casas, Dustin e Ryswell. – apontou seu machado para eles. - Me obedeçam ou morram se recusando!

A tensão pairou por um bom tempo, mas aos poucos eles foram largando as armas. Kaira respirou fundo e olhou para Liam.

- Organize um grupo para buscar os refugiados do nosso povo. Ficarei aqui limpando tudo com o restante.

Caminhou de vagar até o corpo da mãe. Colocou-a com cuidado em seu colo, acariciando o rosto dela. Não teve tempo de também dizer que a amava.

- Cuidarei bem da nossa Casa, mãe.

------------------------------------------------X-------------------------------------------------

Kaira estava sentada na mesma sacada que Rodrik tentou jogá-la há alguns meses atrás.

A neve e o frio já tomavam conta de todo o norte. Em tempo recorde ela e seu exército, com a ajuda do povo que havia retornado, colocaram tudo em ordem. A maioria das casas já estava reconstruída. Com sorte, conseguiram fazer bons comércios com outras Casas e conseguiram uma boa quantidade de suprimentos. O exército treinava com ferocidade e ela se desdobrava para governar as duas Casas, Dustin e Ryswell.

Alisou a barriga enorme. Seu filho nasceria a qualquer momento. Sentia-se muito feliz, mas incompleta. Queria que Sandor estivesse ali com ela, mas sabia ser impossível. Saiu da sacada e foi até o Grande Salão, sem perceber que, ao longe, um cavaleiro solitário se aproximava.

Caminhou pelo local enorme sozinha, lembrando quando a mãe ainda estava com ela. Que os Deuses a guardassem. Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto e ela limpou rapidamente quando sentiu passos apressados atrás de si.

- Senhora! – disse um Damon apavorado. – Venha depressa!

Kaira se assustou e tocou o cabo do machado instintivamente.

- O que aconteceu?

Sem esperar resposta Damon a puxou pela mão. Kaira caminhou com dificuldade para acompanhá-lo.

Chegaram até a grande porta da frente do solar e Kaira empalideceu. Temeu estar tendo visões, mas se obrigou a dar alguns passos.

Na sua frente, descendo do cavalo, estava Sandor Clegane. Numa versão mais castigada, como se isso fosse possível, mas era ele.

O rosto severo dele se suavizou, indo do rosto à barriga dela repetidas vezes.

Aproximou-se dela rapidamente e a abraçou com força por um bom tempo e Kaira retribuiu. Emaranhou seus dedos no cabelo dele, não querendo mais soltá-lo. Temendo machucá-la, Sandor afrouxou o abraço.

- Quando retornei à Winterfell com Jon Snow e Sansa me contou não pude acreditar. Tive que ver com meus próprios olhos.

- Não teve medo de eu ter perdido e ser morto pelos novos moradores? – provocou-o.

- Até parece que não me conhece. Eu iria até o inferno por você e ainda retornaria vivo.

- Eu sei. – disse ela rindo e chorando ao mesmo tempo.

Sem esperar mais Sandor a beijou. Longa e demoradamente, saboreando cada segundo. Como Kaira sentiu falta daquilo. O tempo pareceu parar e nenhum deles quis se desgrudar. Quando isso finalmente aconteceu, Damon se aproximou.

- Fiquei sabendo de como você cuidou dela, garoto... Obrigado.

Damon apenas sorriu e inclinou de leve a cabeça.

- Sansa lhe manda lembranças. – completou Clegane.

Dessa vez o rapaz ruborizou e olhou para o chão.

- Mas Sandor, - disse Kaira com uma expressão preocupada – e os Vagantes Brancos? E a guerra? E o nosso filho?

Sandor acariciou a barriga dela e estranhamente o bebe se mexeu. Pela primeira vez na vida Kaira viu lágrimas nos olhos dele.

- Daremos um jeito. Somos guerreiros e vamos conseguir defender ele. Mas só que agora nunca mais saio do seu lado.

Kaira encostou a testa na dele. A pesar do perigo eminente sentiu uma segurança extrema e pura felicidade.

E o sentimento só aumentou quando dois dias depois, com Sandor ao seu lado, ela deu à luz a um menino grande e forte, que decidiram chamar de Ray.

Ray Dustin Clegane.

----------------------------------------------X---------------------------------------------------


Notas Finais


Mais uma história minha que chegou ao final e eu me sinto muito feliz com isso ^^
Espero que tenham gostado...
Quem sabe daqui algum tempo eu poste mais algum resultado da minha imaginação...


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...