Laurie odiava aquela porcaria de meteoro. Ele era escuro, sujo, e entulhado de coisas que ela não queria ver. Quando menos esperava, suas sapatilhas vermelhas, brilhantes, com um excesso de glitter batiam em algum cubo mágico abandonado pelos corredores. Quando entrava em uma sala, via uma pilha de bonecas de porcelana. Ela se sentia como um rato em um fliperama abandonado, sobrevivendo das máquinas de comida abandonadas cheias de salgadinhos de vinte anos atrás que continuavam decentes para consumo graças à quantidade absurda de conservantes.
Ela começou com muito medo daquele lugar. Sempre escuro, com luz de menos, muitas vezes iluminado apenas pelo brilho verde sutil de alguma das milhares de máquinas espalhadas por aquele lugar. Era fantasmagórico, e ela podia destruir a máquina que fosse, provavelmente encontraria centenas iguais a ela espalhadas pelas salas do meteoro.
O anel profundo era um SACO.
Derse ainda flutuava a uma distância visível, uma lua roxa que parecia um olho, sempre a observando toda vez que ela encontrava uma janela. Apesar de ter a capacidade de destruir o negócio inteiro com um mover da mão, ela não o fazia. Talvez fosse alentador saber que ainda havia companhia se ela estivesse disposta a aprender a trapacear em jogos de cartas. Não era sua lua. Prospit era diferente. Sempre honesta e cheia de pessoas prestativas. Derse era um lugar onde, se você pedisse ajuda por ter levado uma facada, provavelmente levaria uma segunda facada.
Laurie sabia ter apenas uma escolha, e não queria fazê-la. Sabia o peso do fracasso que isso trazia. Talvez muito mais graças às sapatilhas vermelhas e as meias listradas que vinham com ela. Mas assim eram as coisas. Fingir que não sabia o que precisava fazer não tornava aquilo menos necessário, nem ela menos imortal, nem o anel profundo menos um saco.
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