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História A Luz dos Olhos Teus - Capítulo dezessete


Escrita por: Doddy

Notas do Autor


Olá de novo! Voltei com mais um capítulo e já vou logo dizendo que o próximo já está meio caminho andado. Gostaria de agradecer a quem lê a fanfic e espera pacientemente, ou não, por mais.
Bem, nesse capítulo vamos saber mais sobre Naruto e seu passado... espero que não fique muito cheio de informação... ou chato... bem, deixem comentários.
Gostaria também de pedir que deixem nos comentários críticas sobre o que está bom e o que precisa melhorar... qualquer coisa além de que eu preciso postar mais rápido. É meio frustrante quando todo o feedback que você recebe é bronca pela demora e fica difícil saber onde preciso realmente melhorar. Posso contar com a ajuda de vocês?
O capítulo foi feito com carinho. Espero que gostem.

Capítulo 17 - Capítulo dezessete


Naruto observou Hinata enquanto ela caminhava pelo bar novamente na direção de sua mesa. Sorrindo sem graça, ela sentou-se e bebericou sua bebida, mal conseguindo disfarçar o quanto se sentia desconfortável. Naruto não sabia o que era, mas também podia sentir que o clima amigável de poucos minutos antes tinha acabado no instante que Love is a losing game começou a tocar. Ele não podia adivinhar o que tinha acontecido com Karin, então decidiu se focar na mulher ao seu lado, que parecia perdida sem a amiga. Com receio de que ela arranjasse uma desculpa para ir embora, Naruto pensou rapidamente em algum assunto que fosse capaz de distrair Hinata de seu desconforto. Ele não queria que Hinata saisse daquele bar, sem ter certeza de que eles se veriam novamente. Tinha a nítida sensação de que, se Hinata partisse agora, poderia nunca mais voltar a vê-la e ela era uma visão agradável demais para perder de repente.

- Vocês são amigas há muito tempo? - Perguntou, contente por soar casual.

- Nos conhecemos desde o colégio, mas ficamos amigas quase no fim dele. - Hinata sorriu levemente. - Nós nunca tínhamos nos falado, mesmo estudando na mesma sala por dois anos e meio. Um dia, sem mais nem menos, ela olhou para mim e... eu soube na mesma hora que seríamos amigas.

- Quase uma história de amor. - Naruto brincou, aproveitando o sorriso de Hinata que ficava cada vez maior, num processo lento e fascinante.

- Toda amizade é uma de história de amor, não é?

- Acho que sim. - Fez uma pausa, bebendo do próprio copo. - Amizade é um tipo de amor também.

Hinata concordou, levantando o copo na direção dele, como um brinde discreto.

- E você e Iruka, se conhecem há tanto tempo quanto parece?

- Parece que nos conhecemos há muito tempo?

- Uma vida inteira. - Hinata afirmou num tom enfático.

- Eu conheci Iruka quando tinha oito anos e, quando completei dezoito, fui morar com ele. Tínhamos interesses e metas em comum, foi interessante e produtivo para os dois.

- Onde vocês se conheceram?

Naruto não respondeu imediatamente, subitamente consciente do abismo social que havia entre ele e aquela mulher. No entanto, nunca se sentiu envergonhado de seu passado e não seria agora, por causa de alguém como ela que se permitiria olhar para trás e não ter orgulho do lugar de onde vinha.

- No orfanato onde eu cresci. - Disse depois de um tempo, avaliando a reação dela. Por um momento Hinata deixou a surpesa transparecer em seu rosto, mas logo a escondeu e sustentou o olhar dele sem dizer nada. - Iruka também era órfão e fazia parte de um projeto social que ensinava artes para crianças carentes. Ele devia ter dezesseis anos na época e nunca tínhamos nos visto, mas foi mais ou menos como você e Karin. Pouco tempo depois que nos conhecemos, era como se fossemos da mesma família.

Hinata apoiou a cabeça na mão e, pela maneira como o olhava, Naruto percebeu que ela estava interessada na história. Com aquele pequeno e discreto insentivo, ele continuou.

- Ele me ensinou as notas musicais no violão e eu praticava o mês inteiro até que chegasse o dia em que o projeto, que chamava "Arte da vida", voltasse ao meu orfanato. Hoje em dia eles chamam orfanatos de abrigos, porque nem todas as crianças atendidas são, por definição, órfãos... mas na minha época essa era a palavra e acho que, no fundo, não faz diferença.

- Acho que não... - Hinata murmurou.

- Quando fiz dezoito anos, Iruka trabalhava e dividia o apartamento com um colega de trabalho que estava para se casar. Então ele disse que eu poderia morar com ele se conseguisse um emprego, e foi o que fiz.

- Você trabalhava em quê?

- Qualquer coisa que surgisse. - Naruto deu de ombros. - Eu não estava em condições de escolher. Pegava o que quer que aparecesse, assim como Iruka. E nas horas vagas, fazíamos música.

- E quando conheceu Jiraya?

- Na mesma época. Ele era um dos instrutores de música do projeto.

Hinata fechou os olhos por um momento e, quando os abriu, seu sorriso estava ainda maior.

- É mesmo. Ele comentava às vezes no colégio sobre os projetos que ele participava...

- Sim. Esse projeto foi uma parceria entre eles e uns amigos que ele tinha desde a infãncia. Um pessoal não muito normal que fazia todo tipo de coisas que você pode imaginar em termos de arte. Mais tarde, eu conheci outros trabalhos de algumas dessas pessoas e fiquei feliz por ter escolhido a música. Se não fosse por Iruka e Jiraya eu não sei o que estaria fazendo hoje. - Eu sei que tenho sorte por ter encontrado muitas pessoas na minha vida que se tornaram parte da minha família improvisada. Eu nunca senti falta de laços sanguíneos, pois os que eu tenho são igualmente reais, importantes e inquebráveis.

- Eu sei como você se sente. - Hinata comentou, seu tom ficando mais melancólico. - Minha mãe morreu pouco depois que minha irmã nasceu. Ela tinha câncer e faleceu próximo do meu aniversário de seis anos. Meu pai sempre foi rígido demais, não só conosco, mas consigo mesmo. Ele é um homem que sabe o que fazer para conseguir o que quer e para pessoas assim não há muito espaço para compaixão e empatia. - Ela fez uma pausa, respirando fundo. - Ele amava minha mãe e eu sei que ama a mim e a minha irmã, mas nunca houve muito espaço para nos mostrar esses sentimentos. Acho que uma parte dele morreu junto com minha mãe.

- Você teve alguma figura materna para te ajudar a crescer?

- Não. - Hinata reafirmou aquilo com um aceno de cabeça. - Logo as coisas ficaram confusas, porque eu nunca tive um modelo saudável sobre como lidar com meus sentimentos. Minha adolescência foi um desastre em muitos sentidos, mas quando eu conheci Karin, que sabia dar vazão para todos aqueles sentimentos que eu guardava dentro de mim, desajeitados, eu senti que tinha encontrado meu lugar.

Naruto sorriu ao ouvir aquilo e mais ainda quando Hinata lhe sorriu de volta.

 

*

 

Hanabi separou-se daquele abraço quando conseguiu força suficiente para organizar seus pensamentos. Olhou para a carta que ainda tinha em mãos, amaçada, e depois olhou para a pessoa que a amparava. Levantou-se depressa, como se tivesse levado um choque, ao fitar o rosto jovem e sério de Sora a observando calmamente.

- O que está fazendo aqui em cima?

- Estava procurando Sizune quando ouvi você discutindo com sua amiga.

Hanabi lembrou-se que estava procurando Shizune há pouco tempo atrás, mas agora parecia uma eternidade.

- Ela não está aqui. - Disse simplesmente. - Está tudo bem aqui, pode descer.

- Como quiser, senhorita Hyuuga. - Sora levantou-se com uma certa lentidão, curvou-se levemente diante dela e, quando aproximou-se dela a caminho da porta, parou. - Você vai ficar bem?

Por alguma razão aquela pergunta fez o corpo de Hanabi se arrepiar por completo e a sensação dos braços do motorista em torno dela tornou-se subitamente real novamente. A consciência da liberdade que ele tomara a encheu de repulsa.

- Eu estou bem. - Disse simplesmente e saiu do quarto antes dele.

Voltando ao seu próprio quarto, Hanabi encontrou Matsuri com as coisas arrumadas para ir embora.

- Não precisa ir embora.

- Não quero ficar aqui com você brava comigo.

- Não estou mais brava.

- Está sim. - Matsuri teimou. - Dá para ver na sua cara que não me perdoou.

- Não perdoei, mas não estou brava. - Hanabi suspirou, cansada. - Só não quero que faça isso de novo, tá legal? Eu não fico mexendo nas coisas da sua mãe quando vou na sua casa.

- Eu sei, desculpe. - Matsuri deixou sua mochila aos pés da cama de Hanabi novamente, abandonando o fingimento. Ela sabia que Hanabi não a deixaria voltar para casa enquanto o padrasto estivesse lá. - Eu não li nada, eu juro.

- Tudo bem. Esquece isso. - Hanabi sentou-se. - Quanto tempo acha que vai demorar para sua mãe vir te buscar?

- Não sei. - Matsuri deu de ombros. - Ele nunca bateu tanto nela. Espero que ela esteja bem.

- Liga para ela.

- Já liguei, enquanto você dormia. Ela disse que está bem, mas estava chorando.

- Ela sempre chora. - Hanabi deu de ombros, insensível.

- Ela só sabe chorar. - Matsuri sentou-se ao seu lado. - Você está bem?

- Vou ficar. - Hanabi afirmou, lembrando-se do rosto de Sora e sentindo-se feliz por Matsuri permanecer ao seu lado naquela noite. Por mais estranho que fosse, era como se pudesse sentir que havia muito mais nos gestos e palavras daquele motorista do que ele queria demonstrar. - Nós duas ficaremos bem. - Acrescentou, pegando na mão de Matsuri, que sorriu confiante.

 

*

 

- Karin nunca foi uma boa influência para mim. - Hinata afirmou, cortando a história que Karin contava a Naruto sobre a primeira vez que Hinata tinha bebido. - Eu nunca teria feito nada disso se ela fosse uma boa companhia.

Eles falavam rápido e um pouco alto demais, por causa da música e da bebida, que Karin não deixava que ficassem muito tempo vazios. Naruto que tinha mais experiência com bebida do que elas, às vezes bebia apenas água e beliscava alguns salgadinhos, para se manter minimamente sobre controle. De vez em quando, da maneira mais sutil que conseguia, empurrava água e comida para as duas. Hinata não estava bebendo tanto quanto ele e a amiga, mas Karin parecia disposta a ficar completamente bêbada naquela noite.

- Não me culpe pela sua personalidade influenciável, Hyuuga. - Karin rebateu. - Eu te mostrei a porta, foi você quem decidiu atravessá-la.

- Ei! Isso não é justo.

Karin ignorou o protesto de Hinata, voltando-se para Naruto.

- Não se deixe enganar por essa carinha de anjo, Naruto. Hinata já fez coisas que me deixam encabulada.

- Mentira! - Hinata empurrou o ombro de Karin. - Não acredite nela, Naruto, por favor. Karin sempre tenta me fazer parecer pior do que realmente sou.

- Você acredita nela? - Karin apontou para Hinata.

- Claro que acredito. - Naruto ria. - Como poderia duvidar dessa carinha de anjo? - Provocou, também apontando para Hinata.

- Você precisava tê-la conhecido antes. Quando eu a conheci, Hinata mal falava ou olhava na cara das pessoas que falavam com ela.

- Isso quando as pessoas falavam comigo. - Hinata lembrou.

- Se eu tivesse te conhecido antes, Hinata, as coisas seriam diferentes. - Ele afirmou, confiante.

- Diferentes como? - Hinata e Karin perguntaram quase ao mesmo tempo.

- No meu colégio, onde eu conheci a maior parte dos meus amigos, todos eles frequentadores do Ichi... do Mangekyou, as coisas eram mais ou menos como no seu colégio, mas com as contas bancárias mais modestas.

- Obviamente. - Karin fez um gesto com a mão, desdenhando.

- Obviamente. - Naruto aceitou a brincadeira. - Eu e meus amigos não éramos populares. Eu era um desastre ambulante, aprontava muito e o diretor do colégio, acho até que alguns professores também não gostavam de mim. Sakura era tímida como você e chorava por qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo. E o Sasuke era muito chato. - Por algum motivo as duas riram disso. - Ele nunca dava um sorriso. Tinha o Shikamaru que é um gênio, mas sempre foi muito quieto, e o Chouji, que ficava irritado sempre que alguém insinuava que ele era gordo. O que era estranho, porque ele era mesmo gordo.

- Ele nunca foi apresentado a um espelho? - Karin virou o resto de bebida que havia em seu copo.

- Acho que não. - Naruto concentrou sua atenção na ruiva por um momento, enquanto ela olhava ao redor à procura da garçonete. - Você devia dar um tempo na bebida, Karin. - Avisou, ignorando o olhar superior que ela lhe lançou.

- Talvez eu deva. - Karin disse simplesmente e se levantou, caminhando com passos incertos em direção ao banheiro.

Hinata sorriu mais uma vez sem jeito para ele, quando Naruto voltou a olhá-la.

- Ela não sabe a hora de parar, não é?

- Não. - Hinata admitiu. Depois, sacudindo a cabeça, decidiu voltar para o assunto anterior, que era muito mais confortável. - Você estava falando dos seus amigos.

- Ah, é. - Naruto sorriu. - Na verdade eu só ia dizer que você teria se encaixado bem no nosso grupo. Éramos um bando de desajustados, mas nunca nos importamos com popularidade ou de onde a pessoa tinha vindo. Talvez por isso sejamos amigos até hoje.

Hinata ficou em silêncio por um instante, apenas observando-o.

- Sua vida parece fascinante. - Disse, sentindo-se envergonhada em seguida. - Quero dizer, eu imagino que tenha sido difícil, mas você fala como se tudo tivesse valido a pena. Você é realmente feliz, não é.

- Eu sou, sim. - Naruto sorriu. - Mas eu já te disse isso hoje, Hinata.

- Eu sei. - Ela riu. - Mas agora eu percebi que você não é feliz só porque coisas boas aconteceram na sua vida. Você é feliz porque é como você encara a vida.

- Acho que sim. Nunca parei para pensar nisso.

- Nem eu. - Hinata fez uma pausa, dando um gole pequeno em sua bebida. - Tem alguma coisa que falta na sua vida?

Naruto respirou fundo, pensando naquela pergunta.

- Uma família que seja realmente minha e uma mulher para amar.

- E pessoas para ouvir sua música?

- Eu tenho pessoas que ouvem minha música.

- Você sabe o que eu quero dizer. Gravar um disco, ser reconhecido, cantar para milhares de pessoas.

- Isso não é algo de que eu precise. - Naruto deu de ombros. - Seria muito bom poder viver da minha música e não precisar trabalhar em coisas que não tem nada a ver comigo...

- Como ser taxista?

- Ou vendedor, pintor de parede, pedreiro, ajudante de senhoras que precisam de ajuda com as sacolas na volta do supermercado... - Naruto riu da expressão surpresa de Hinata. - Quem precisa trabalhar aceita o que aparecer, Hinata.

- Eu não sei porque, mas acho que você nasceu para ser muito mais do que isso, Naruto. - Hinata apoiou a cabeça em uma das mãos. - Sua música é a melhor coisa que eu já ouvi, você toca e canta com uma emoção diferente, que realmente envolve as pessoas. Dá para ver a sua paixão enquanto você está no palco, você nasceu para isso e não devia ficar escondido em bares de amigos, quando você obviamente deveria ser visto e ouvido por esse país inteiro.

Naruto não soube o que responde àquela declaração. Não era a primeira vez que lhe diziam isso, Jiraya, Tsunade, Orochimaru, Iruka, Sakura e até mesmo Sasuke, à sua maneira, passaram sua vida inteira tentando convencê-lo do quanto era bom no que fazia. Talvez fosse porque mal conhecia Hinata e ela não lhe devia nada que, dessa vez, aceitou o elogio humildemente, sem tentar argumentar. A aprovação daquela mulher era importante para ele e, no instante em que se deu conta disso, Naruto também soube que estava perdido.

Àquela altura, a única coisa que ele sabia era que não conseguia tirar os olhos dela ou ignorar qualquer frase que ela dissesse... tudo o que conseguia pensar era em seus lábios e qual seria a sensação de poder tocá-la.

Freou esses pensamentos antes que eles ganhassem força. Hinata era herdeira da família Hyuuga, enquanto ele era um órfão que não tinha conquistado nada na vida. Para seu completo desespero, estava novamente preso a um sentimento que ameaçava sufocá-lo.

 

Já estava tarde quando Hinata decidiu que era hora de ir embora. Karin estava muito além de qualquer possibilidade de dirigir de volta para casa e Hinata precisou da ajuda de Naruto para levar Karin até o carro e, quando conseguiram deitá-la no banco de trás do carro, o rapaz parecia preocupado.

- Você acha que consegue dirigir?

- Consigo. - Ela mentiu. Sentia-se tonta e fraca. Mesmo que tivesse bebido menos que Naruto e Karin, era obviamente muito fraca para bebida. A falta de convicção em sua voz fez Naruto rir.

- Certo, fico muito mais tranquilo agora que você me convenceu.

- É sério, eu consigo. Só não tenho muita prática no volante...

- Eu posso levar vocês.

- Não precisa.

- Faço questão.

- Você também bebeu além da conta.

- Eu sei, mas eu bebo há muito mais tempo que você, senhorita Hyuuga. Sou mais forte para bebida do que você imagina.

- Não me chame de senhorita Hyuuga. - Ela reclamou. - Meu nome é Hinata e quero que você me chame assim. Somos amigos agora.

Naruto sorriu sentindo-se um pouco melancólico.

- Amigos não deixam os amigos na mão, Hinata. Eu levo vocês.

- E como é que você volta para sua casa?

Naruto abriu a boca para responder, mas a fala morreu no instante em que percebeu que não tinha uma resposta. Hinata sorriu, vitoriosa.

- Viu? Pode ficar tranquilo, Naruto, eu consigo chegar em casa sem a sua ajuda.

- Você é difícil de convencer.

- Eu sou sim.

Do outro lado da rua, a voz de Iruka chegou a Naruto e Hinata, que olharam para ele e esperaram até que ele os alcançasse.

- Já vai embora? - Perguntou para Naruto, depois olhou para Hinata. - Boa noite, senhorita Hyuuga. Mal tive tempo de cumprimentá-la hoje.

- Boa noite, Iruka.

- Eu vou deixar elas do outro lado da cidade. - Naruto informou, fazendo os dois o olharem.

Antes que Hinata tivesse a chance de rebater, Iruka já tinha aceitado a ideia.

- Eu vou seguindo vocês então, depois você volta comigo. - Dizendo isso, o homem se afastou novamente, e Hinata só pode olhar para Naruto, que sorria abertamente.

- Você não desiste, não é?

- Não. - Ele estendeu a mão. - As chaves, senhorita Hyuuga.

Hinata pegou a bolsa de Karin e entregou as chaves para Naruto, sem questionar mais. Depois, dando a volta no carro, sentou-se no banco do passageiro e tentou disfarçar a satisfação por não ter que dirigir naquele estado. Tinha certeza de que não seria uma boa ideia. Naruto sentou no banco do motorista e ligou o carro. Pouco tempo depois, já estavam na rua, com Iruka seguindo-os.

- Você lembra do caminho?

- Só de uma parte dele. Você vai precisar me ajudar depois de sairmos da avenida principal.

Hinata concordou com a cabeça e se virou para olhar Karin, adormecida no banco de trás.

- Ela apagou. - Comentou.

- Ela não parecia muito bem. - Naruto respondeu. - O que aconteceu com ela mais cedo, quando ela saiu do bar?

- Eu não sei. - Hinata admitiu. - Karin ainda é um mistério para mim às vezes.

- Eu sei como é isso.

Hinata o olhou.

- Quem é um mistério para você?

- Sasuke. - Naruto fez uma pausa. - Ele é um cara complicado. Houve um tempo em que era impossível lidar com ele. Nos últimos anos ele tem se esforçado para permanecer bem. Mas eu nunca sei quando as coisas vão desmoronar de novo. Hoje é um daqueles dias em que tudo pode ir por água a baixo.

- Você disse mais cedo que hoje era um dia especial para a família dele.

- É. - Naruto a olhou, parando o carro no farol. - Na verdade, os pais dele morreram há muito tempo. Ele foi separado do irmão, quando o mandaram para o orfanato onde eu estava, que era só para crianças. Quando eles conseguiram ficar juntos as coisas não foram fáceis para eles. E, há cinco anos, Itachi faleceu.

Hinata achou melhor não perguntar a razão daquela morte, mas tinha a intuição de que não era coisa boa.

- Você queria estar com ele essa noite?

- Não sei. Talvez eu estivesse se ele me pedisse. Mas Sasuke prefere enfrentar o luto sozinho.

- Você também disse que o Mangekyou é da família Uchiha há muito tempo...

- Sim. O lugar ficou fechado por um tempo, até que Itachi fosse maior de idade. Eles levantaram aquele lugar juntos, depois de tudo o que tinham passado. - Naruto balançou a cabeça. - Caramba, é melhor eu parar de falar antes que essa noite fique depressiva demais. Não quero estragar seu dia.

- Isso não vai acontecer, Naruto! - Hinata riu. - Pelo contrário, você ajudou a salvar meu dia.

- Quanta responsabilidade. - Ele sorriu, com os olhos na estrada.

- O Mangekyou vai abrir amanhã?

- Provavelmente.

- Alguma chance de você tocar amanhã?

- Talvez.

- Vou ter que arriscar?

- Parece que sim, senhorita Hyuuga.

- Você é difícil de convencer, não é? - Hinata brincou, lembrando a frase dele de pouco tempo atrás.

- Você é que desiste fácil demais.

 

- Pronto, estão em casa. - Naruto parou o carro de Karin em frente à casa dela e olhou para Hinata.

- Obrigada por nos trazer, Naruto. - Hinata soltou o cinto. - Eu tenho que lembrar de não beber quando saio com a Karin.

- Não tem problema, eu sempre posso arranjar um tempo para trazê-las em segurança.

- Não quero abusar da sua bom vontade.

- Não é abuso nenhum. - Ele afirmou. - Eu não teria paz até saber que estão em segurança. Precisa de ajuda para levá-la?

- Não. Eu posso chamar o Danzou para me ajudar.

- Certo. Eu vou embora agora.

- Obrigada de novo, Naruto. Por me trazer e pela companhia.

- Você pode pedir pelos dois quando quiser.

- Talvez eu peça.

- Vou ver você amanhã?

- Vou ouvir você cantar amanhã?

- Talvez ouça.

- Talvez você me veja.

Naruto suspirou, abrindo a porta do lado do motorista antes que cedesse à tentação e se rendesse aos incantos naturais de Hinata. Precisava se afastar se quisesse ter alguma chance de se controlar.

- É melhor eu ir, Iruka fica impaciente quando espera demais.

- Até a próxima então.

- Até a próxima, Hinata.

Com isso, Naruto saiu do carro, deixando que Hinata assumisse o voltante para passar pelo portão da casa de Karin. Ele apoiou-se na janela, quando ela ligou o motor.

- Tem alguma música que queira ouvir?

- Para o caso de você resolver tocar?

- Para o caso de eu querer te agradar.

Hinata sentiu um arrepio gostoso quando ouviu aquilo.

- Acho que você se sairá bem com improviso.

- Você podia ajudar mais.

- Iruka está esperando você.

- Isso foi uma dispensa?

- Só um lembrete.

Ele riu, passando uma mão pelos cabelos. Sentia-se ansioso perto dela.

- Boa noite, Hinata.

- Boa noite, Naruto.


Notas Finais


Até logo... :)


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