História A m y a h - Strange people

Entrei no quarto com uma toalha enrolada ao corpo e outra no cabelo, encontrando um Brandon quase adormecido. Fechei a porta com alguma brutidade e o mesmo saltou ligeiramente da cama, encarando-me. Fiz-lhe sinal para virar a cara e ele revirou os olhos, pois já estava habituado a que o fizesse.

Sem deixar a toalha cair, vesti a lingerie. Depois, deslizei umas calças pretas pelas pernas e uma camisola simples e larga pela cabeça e tronco.

- Deixa-me que te diga… Se não fosses como uma irmã…

- Blá, blá, blá, Brandon. – Ele riu-se, tal como eu.

Após tirar o excesso de água do cabelo, apliquei a típica maquilhagem noturna. Os meus lábios com um sublinhado preto, pestanas maiores com rímel e um batom vermelho nos lábios.

Coloquei algumas coisas dentro da mala e avisei o Brandon que já eram quase dez, para que desligasse o computador.

Brandon ainda demorou uns dez minutos a dar um jeito ao cabelo com o secador, a ajeitar as suas roupas e só depois descemos as escadas. A minha mãe estava na sala com o noivo e a Madison. Os três estavam a fazer uma sessão de cinema, visto que tinham uma taça de vidro enorme com pipocas.

- Nós vamos sair. – Interrompi o momento deles, captando as suas atenções. – Não sei a que horas volto.

Acenei-lhes e puxei o Brandon para fora do apartamento, visto que ficou interessado no filme.

Ao sair do prédio, Kaya já estava parada diante do mesmo. Alguns carros começavam a apitar, pois ela não estava propriamente estacionada. Entrei ao lado dela, enquanto Brandon entrou para o banco de trás, onde Christian estava sentado.

Apertaram as mãos e o meu olhar caiu sob Kaya, que já fumava a primeira ganza da noite. Olhei através do espelho para Brandon, que observava Kaya a passar a ganza para Christian e o mesmo, após dois bafos, a esticar a mão na sua direção. O mesmo olhou para mim e eu balancei a cabeça. Pouco depois, já a ganza estava na minha mão, após Brandon dar uns quantos bafos.

Minutos se passaram e nós estávamos perto do local. Christian e Brandon simpatizaram bastante um com o outro, o que me agradou, pois não queria que se sentisse deslocado.

Ele nem sabia que tinha voltado a fumar. Ou a beber constantemente, o que ainda não tinha descoberto.

Quando saimos do carro, Michael aproximou-se de nós. Deu-me um beijo rápido nos lábios e mostrou-me um sorriso, afastando-se depois. Brandon encarou-me e eu apenas balancei os ombros, pois não estava à espera do tal beijo.

Desde aquele momento do ginásio, que Michael ficou um pouco necessitado.

Esse momento repetiu-se umas três vezes, mas na semana passada avisei-o que não se iria repetir novamente.

Há medida que o pessoal do ginásio me cumprimentava, era apresentados também a Brandon. Mike, Allan, Theresa e Joana e Peter, com quem melhor me dava.

Mike era o mais velho, já tinha os seus 30 anos, no entanto, parecia 10 anos mais novo. Era o que mais implicava comigo, visto que todos os fins de semana aparecia na companhia de um rapaz diferente. Michael numa das semanas, Christian na outra e agora com Brandon.

Reparei em Michael e com quem estava acompanhado. Revirei os olhos ao encontrar Ashley ao colo de Ryan. Katrina que apontava para eles, enquanto Justin me encarava agora.

- Quem são?

- A loira é a rapariga que te falei.

- A do murro? – Ri-me e revirei os olhos. – Então o gajo por baixo dela, foi aquele que também levou um muro? – Voltei a revirar os olhos, embora confirmando tudo. Depois, apontou para Justin e eu apenas balancei os ombros, levando-o até à zona dda fogueira.

Peguei em duas latas de cerveja, entregando-lhe uma delas. Depois, aproximei-me de Kaya, sentada num dos pneus a conversar com Christian, enquanto este enrolava uma ganza.

Uma ganza maior que as normais, pois Christian usara duas mortalhas. Ficou o dobro do tamanho, visto que iria rodar por nós os quatro.

Assim que levei a ganza à boca, apercebi-me que estava mais forte que o habitual. Pelo menos, as que Kaya me dava era mais softs, tal como aquelas que fazia diariamente. O Christian parecia nem se importava, dava bafos enormes, um atrás do outro. Quando a ganza pousou entre os dedos de Brandon, ele levou-a aos lábios sem qualquer hesitação, entregando-me depois.

- O JC e o Josh iam adorar estar aqui.

- Para a próxima semana eles vêm também. – Ri-me, dando dois bafos seguidos e entregando a ganza à Kaya.

- Amyah Johnson, certo?

Olhei para trás, encontrando três rapazes desconhecidos. Pelo estilo deles, estavam ali para arranjar confusão. Só não percebia, o porquê de se dirigirem a mim. Eles viraram uma foto para mim, onde estava com Andrew. Ele guardava aquela foto na carteira, sem nunca a tirar.

Levantei-me de imediato, agarrando num dos rapazes pelo casaco.

- Como é que tens essa foto? – Elevei o meu tom, sendo bastante rude.

 O rapaz simplesmente levou as mãos aos meus ombros, empurrando-me com alguma força. Se Brandon não estivesse por perto, tinha caido de costas. Ajeitei-me, voltando a aproximar-me dele.

Fez-me sinal para caminhar com ele. O que fiz.

Brandon e Christian tentaram acompanhar-me. No entanto, os outros dois rapazes não permitiram, avisando-os que se viessem, ia ser pior. Arqueei a sobrancelha ao ouvir o comentário, mas continuei a andar. Continuamos no túnel, mas a uns metros de distância do grupo.

- Já posso saber como tens a foto?

- Trevor. – Murmurou, esticando-me a mão. Revirei os olhos, mantendo as minhas mãos ao lado do meu corpo.

- Como é que tens a foto? – Voltei a insistir, novamente rude e prestes a perder a paciência.

- Encontrei-a no carro do teu irmão, enquanto o sabotava.

Arregalei os olhos, sentindo o sangue fervilhar dentro de mim.

Um sorriso rasgado surgiu no rosto dele, enquanto os outros dois se mantinham parados, sem qualquer expressão. As minhas mãos estavam agora fechadas, prestes a irem na direção do rosto daquele Trevor.

Trevor começou a falar do meu irmão, como se o conhecesse bastante bem. Falou-me do quanto gostava de mim e do que foi obrigado a fazer para me proteger. Não especificou nada. Falava no geral, aumentando a minha vontade de o esmurrar. Tudo o que ele dizia, causava algumas duvidas dentro de mim. Várias perguntas, entretanto.

- Mesmo com todo o movimento, conseguia ouvir os gritos dele. E a cara dele, quando o carro começou a arder. – Gargalhou. Ele tirou o telemóvel do bolso, mostrando-me um vídeo.

Trevor, gravou todo o acontecimento, enquanto gargalhava.

Sem hesitar, dei um murro no punho dele, fazendo com que o telemóvel caísse e com a outra mão, esmurrei o seu rosto também. Consegui acertar alguns murros no corpo dele, antes de me empurrar com força. Os meus braços foram agarrados por um dos rapazes.

Richard, era como se chamava. Trevor agradeceu-lhe de forma sarcástica por me ter agarrado e aproximou-se de mim.

Um murro. Outro e ainda outro contra a minha barriga. Queria proteger-me, mas não conseguia. Os meus braços estavam totalmente imóveis. Eles tinham o dobro do meu tamanho e provavelmente, treino também.

Ouvi a voz de Brandon cada vez mais perto.

- Quero tudo aquilo que o teu irmão me tirou. Ele fodeu-se, mas a divida continua por pagar.

E logo, um murro com imensa força atingiu a minha boca, fazendo-me cuspir sangue. O meu corpo caiu no chão, enquanto Brandon, Michael e Christian lutavam contra os três rapazes.

Lágrimas começaram a escorrer pelos meus olhos. Ás tantas, a confusão aumentou, visto que outras pessoas desconhecidas se juntaram à briga, assim como Mike, Peter e Allan. Senti o meu corpo a ser levantando do chão. Alguém me transportava para qualquer lugar, visto que os gritos, o som dos murros e dos pontapés começaram a desvanecer-se aos poucos.

Senti os meus pés no chão, uma mão no meu queixo, obrigando-me a levantar a cabeça.

- Amyah? Amyah… - Conseguia perceber quem estava comigo, no entanto, bastante desfocado.

Afastei-o de mim, baixando a cabeça. Para além da bebida ter abandonado o meu organismo, sangue misturado também. Levantei-me quando percebi que já não tinha mais nada para deitar. Encostei-me à parede, encostando também a minha cabeça, fechando os olhos.

Sentia um gosto terrível a sangue para além de o sentir a escorrer pelo queixo e pescoço.

- Deixa-me tirar-te daqui.

- O Brandon? Eu preciso de saber do Brandon!

Olhei para a confusão, vendo o grupo desconhecido a correr para fora do túnel. O pessoal do ginásio e o Brandon começaram a vir na nossa direção. Avistei o Brandon, o que me levou a caminhar até ele.

Assim que se aproximou, envolvi os braços à volta dele, pousando a cabeça no peito dele.

- O que eles queriam?

- Johnson, que raio acabou de acontecer? – Desta vez, era Mike que me questionava.

Afastei-me lentamente de Brandon, embora sentindo os seus braços à minha volta e encarei o Mike, que me olhava bastante preocupado.

- Não sei! Eles tocaram num assunto delicado e o resto já sabem.

Mike fez-me sinal para ir ter com ele, o que fiz. O seu braço rodeou os meus ombros, levando-me para junto da fogueira. Sentei-me num dos troncos à volta da mesa, vendo-o a pegar num pano e a tirar algumas pedras de gelo da arca das latas de cerveja. Enrolou os cubos no pano e entregou a Brandon, que já estava sentado ao meu lado.

Ele tocou com o pano no meu lábio. O sangue começava a estacar, o que me deixou mais aliviada, pois não necessitava de pontos ou de uma ida ao hospital.

- Eles falaram do Andrew. – Murmurei baixo, quando o pessoal começou a juntar-se em grupos novamente. – Ele tinha um video da morte dele, Brandon! – Elevei o tom, ouvindo a minha voz frágil. Eles gravaram… - Sussurrei, sentindo lágrimas a deslizar pelo meu rosto.

Brandon baixou o pano, puxando-me para os seus braços.