História A Magia dos Trinta - Prólogo.

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Parabéns! Parabéns! Parabéns!

Essa era a pior forma de ser acordado a um sábado de manhã.

— Jiang Cheng! — aquela voz irritante gritava aos meus ouvidos pela sétima vez seguida, sem exagero.

Ignorei todas as suas tentativas de me acordar, esperando que aquele filho da puta tivesse dois dedos de testa e desistisse, contudo, quem eu estava querendo enganar? Era do Wei Wuxian que estava falando, óbvio que aquele estorvo não ia desistir enquanto não tostasse a minha paciência — paciência essa que numa escala de zero a vinte era menos cem — principalmente no dia de hoje. Como se já não fosse um pesadelo viver com ele e suportar a sua existência diariamente, ainda tinha que ser atormentado na manhã do meu trigésimo aniversário.

TRIGÉSIMO ANIVERSÁRIO PORRA!

— Jiang Cheng! — ele voltou a gritar e eu estava focado em continuar a ignorá-lo, isso até sentir uma almofada ser jogada com força contra o meu rosto.

Ah não, aquele filho da puta foi longe demais!

— Eu vou quebrar as suas pernas, Wei Wuxian! — gritei e levantei-me da cama, ainda a tempo de lhe dar um soco no peito antes que o mesmo saísse correndo aos gritos pelo apartamento fora.

Já era degradante o suficiente viver com o irmão aos trinta anos de idade, porém eu conseguia ser degradante em dobro por que tinha aquele encosto como irmão. Realmente, uma desgraça nunca vem só.

— Irmãozinho, por favor, se acalma, eu ainda sou muito jovem para morrer. — ele suplicou, escondendo-se atrás do sofá. — Veja bem, eu ainda quero casar com o Lan Zhan e criar o nosso filho juntinhos até sermos velhinhos.

Eu ignorei-o e pulei em cima do sofá para o alcançar do outro lado, segurando nos seus ombros e puxando-o para o sofá. Chegava a ser ridículo que ele ainda tentasse usar a sua manha comigo, afinal, já o conhecia bem o suficiente para não me deixar enganar com as artimanhas daquele fingido.

Estava preparado para me vingar quando...

"Parece que a crise dos trinta chegou."

— O que disse? — questionei irritado, olhando para o meu irmão, este que me olhou confuso.

— Quê? Eu não falei nada, estava apenas de olhos fechados rezando pelo meu belo rostinho antes de ser socado por você.

"Está tão velho que já está ouvindo vozes", ele falou enquanto gargalhava.

Porém havia um problema: Wei Wuxian não estava falando, ele estava de boca fechada — coisa rara, porém isso não vem ao acaso — então, como eu tinha ouvido ele falar e gargalhar?

Afastei-me abruptamente dele, realmente apavorado com o que tinha acabado de acontecer. O que porra... Puta que pariu! Depois de tantos anos aturando aquele doido, eu cedi à loucura e fiquei realmente maluco?

— Jiang Cheng? — Wei Wuxian chamou-me, parecendo cada vez mais confuso com a minha reação. — Que cara é essa? Quero dizer, você sempre tem essa cara de bunda mas de repente ela ficou pior.

Estava tão focado tentando arranjar uma explicação para o que tinha acabado de acontecer que nem me dei ao trabalho de responder à provocação daquele idiota. Isso pareceu deixá-lo realmente preocupado, tendo em conta que ele se aproximou, tocou o meu ombro e fintou o meu rosto.

"Será que eu falei alguma coisa de errado? Mas eu não me lembro de ter falado nada de errado, quer dizer..."

Arregalei os olhos e empurrei Wuxian para longe de mim. Isso foi o suficiente para a voz dele desaparecer, contudo, tal como aconteceu da primeira vez, ele não estava falando quando a voz dele soou nos meus ouvidos. Ou seria na minha cabeça? Vai que eu realmente fiquei louco...

— Jiang Cheng, você está agindo estranho. O que aconteceu?

Eu não lhe respondi, apenas me aproximei e toquei o seu rosto, olhando-o com os olhos ainda arregalados.

"Ok, ele enlouqueceu de vez.", e mais uma vez, depois de nos tocarmos, a voz dele soou na minha cabeça sem que ele realmente estivesse falando.

— Eu também acho que enlouqueci de vez. — respondi.

— Quê? — ele questionou, tão ou mais confuso do que eu. Não o julgava, estava agindo que nem louco e bom, talvez eu estivesse realmente louco.

"Seria esta uma boa altura para o colocar no hospício?", ele perguntou enquanto gargalhava.

— Também acho que é uma boa altura para me colocar no hospício?

E foi aí que ele realmente ficou assustado, tanto que me empurrou e — dramático como sempre — segurou o abajur, apontando-o de forma ameaçadora na minha direção.

— Como você sabia que eu estava pensando em colocá-lo num hospício? — perguntou. — Digo, não que realmente o quisesse colocar, era uma piada, mas mesmo assim...

Parecia loucura falar aquilo em voz alta, contudo, conseguir ouvir os pensamentos dos outros já não era louco o suficiente?

— Eu meio que ouvi os seus pensamentos?

— Como assim? — inquiriu, colocando uma das mãos na cintura e me olhando com aquele sorrisinho provocante que me dava ainda mais vontade de socar a sua boca até não restar mais dentes. — Você está usando drogas Jiang Cheng?

Como eu poderia explicar o que aconteceu sem parecer louco? Aliás, como eu poderia explicar se nem sequer sabia o que estava a acontecer? Além disso, como explicar algo que não tinha explicação e nem eu sabia explicar para alguém tão lerdo quanto o Wei Wuxian? Ele ia ficar confuso, fazer piada, irritar-me e deixar-me ainda mais confuso, ou seja, o puro caos.

Sinceramente... Onde estava com a porra da cabeça quando pensei que era boa ideia confiar naquele retardado?

— Nada não, era uma piada.

— Por momentos pensei que tinha acreditado naquela lenda idiota que o Huaisang contou no outro dia e estava delirando com isso. — comentou ele, soltando uma risada enquanto abanava a cabeça para os lados e voltava a pousar o abajur.

Eu ri juntamente com ele, de nervoso, contudo a ficha caiu quando ele fez referência à maldita lenda que o retardado do Nie tinha contado.

"Reza a lenda que se você completar trinta anos e ainda for virgem vai ganhar super poderes. Só poderá livrar-se deles quando perder a virgindade."

Puta que pariu! Não bastava ser virgem e ainda tinha que ser amaldiçoado por isso?