História A Marota - Capítulo 21

Sirius Black

O sol invadia o quarto pela janela que eu provavelmente esqueci de fechar as cortinas. Cocei os olhos, forçando eles a se acostumarem a luz. Quando iria me levantar, um peso encima de mim se fez presente. Eu olhei pra baixo, sorrindo ao ver os cabelos negros espalhados por meu peito e também na cama.

Jane estava com a cabeça em meu peito. A respiração calma fazia com que eu sentisse seu peito inchar e soltar. Ela também mantinha uma perna sobre meu corpo e sua mão que apertava minha cintura, me deixando preso a ela. Tão possessiva...

Acariciei seus cabelos, ouvindo ela suspirar com o toque. Sem que pudesse evitar, acariciei sua coxa que estava encima de mim e senti a pele arrepiar sobre meus dedos. Jane se encolheu, apertando ainda mais minha cintura. Eu ri, ouvindo alguém bater na porta em seguida. Tentei me soltar de Jane mas ela resmungou, se aninhando ainda mais em mim.

— Anjo.. Eu preciso ver quem é. - eu disse, acariciando seu braço.

Ela negou.

— A não ser que você queira ir..

Ela rapidamente me soltou, resmungando alguma coisa e se virando para o outro lado. Ri, deixando um beijo em sua cabeça e me levantando. Estiquei meus braços pra cima, antes de alcançar a porta e a abrir, revelando James. Revirei os olhos, prestes a fechar a porta novamente quando ele me impediu, me puxando pra fora.

— O que está fazendo aqui?! - ele questionou, parecendo surpreso e assustado.

— Dormindo..? Mas você bateu na porta em uma boa hora, eu já estava acordado. Obrigado. - sorri fraco, pondo meus cabelos pra trás.

— Você transou com a minha irmã? - perguntou, eu revirei os olhos novamente.

— Não, não fizemos nada. Eu consegui dormir ao lado dela usando aquela camisola sem ter vontade de tira-la e..

— Entendi, entendi! Não explica.. Por amor a Merlin. - pontas fechou os olhos, erguendo uma das mãos.

— O que você quer? - perguntei, cruzando os braços.

— Vocês dormem demais. Mamãe pediu pra acordar vocês e já que você está aqui, acorde ela. - ele sorriu, ajeitando os óculos.

— Okay.. Não deve ser tão difícil.

*****

— Jane, solta a cabeceira da cama! 

Difícil, era exatamente a palavra que definia acordar Jane Potter. Era só comigo ou ela fazia isso com as meninas também? Sério, agora sinto dó delas. 

Ao voltar pro quarto, eu tentei chamar ela de várias maneiras. Usei meu tom totalmente doce e gentil, lhe fiz carícias na esperança que ela abrisse os olhos mas ela apenas suspirou, agarrando ainda mais o travesseiro. Quando ameacei a puxar pelos pés, ela agarrou a cabeceira da cama e agora não quer soltar.

— Vou lhe fazer cócegas. - sugeri, vendo ela levantar a cabeça. 

— Fica longe de mim!

Eu não tive tempo de reagir, apenas sentir o travesseiro bater contra meu rosto. Doloroso, mas pelo menos quando olhei pra cama, ela já não estava mais lá. Apenas ouvi a porta do banheiro bater e eu quis rapidamente sair dali. Não queria ficar e ver se ela poderia bater na minha cara como ela bateu a porta do banheiro. 

*****

No andar debaixo, tia Dórea terminava de lavar a louça do café da manhã. Assim que me viu, sorriu mas logo me lançou um olhar de reprovação. Eu passei no meu quarto, fiz minhas higienes matinais e desci, sem trocar de roupa ou vestir uma camisa.

— Vai acabar pegando um resfriado. - ela advertiu quando lhe deixei um beijo na bochecha. 

—Sou forte como um touro. - sorri convencido, fazendo ela rir.

— Ou como um cachorro. - a voz de James surgiu da porta. 

— Cachorros também pegam resfriado. Talvez forte como um cervo. - Remo também apareceu, com seu costumeiro livro. 

— Chega de assuntos estranhos, crianças. Sirius, seu café e de Jane estão no forno, vá comer. - a mulher a beira da pia disse, indicando o forno com a cabeça. 

— Não estou com muita fome agora, tia.. Talvez depois. - eu disse, não lhe dando tempo de responder. 

Fui até James e Remo, puxando os mesmos pra fora da cozinha. Remo resmungou, levando em conta que eu acabei fechando seu livro de proprosito mesmo. Os puxei até a biblioteca, passando por Jessy e Marlene que desciam as escadas calmamente. Quando fechei a porta, James e Remo me olharam parecendo confusos e Remo um tanto raivoso. 

— O que? - perguntei, cruzando os braços.

— Por que viemos pra cá? - Remo perguntou, se sentando em uma cadeira. 

— Não sei.. Estou fugindo da tia Dórea. - dei de ombros, indo até uma das estantes de livros. 

— Da mamãe ou da Jane? Acordou ela, não é? - James me perguntou, eu o olhei vendo seu sorriso debochado.

— Não tem nada a ver. - lhe fiz uma carranca quando o mesmo riu. 

— James me contou que você dormiu com a Jane. - Remo comentou, procurando a página de seu livro. 

— Sim... Ontem aconteceu algo entre nós e não foi sexo. - acrescentei ao notar o olhar do Potter. 

— E o que foi? - aluado questionou, prestando atenção em mim agora. 

— Nós tivemos uma conversa calma, sem ofensas ou alterações e... Eu senti algo realmente estranho. - me encostei na mesa onde Remo estava sentado, pensando na noite passada. — E disse coisas estranhas.. 

— Se sente diferente com ela.. - Remo concluiu, e eu automaticamente concordei. 

— Está apaixonado. - James disse e eu bufei.

— Não estou! - insisti, suspirando enquanto colocava meus cabelos pra longe dos olhos. 

— Pare de fugir do amor, Sirius.. Você ser um Black não te impede de ter sentimentos. - Pontas simplesmente disse e saiu da biblioteca. 

— Ele tem razão, almofadinhas. - Remo concordou e se levantou também.

Eu observei por um tempo a porta por onde eles haviam saido e suspirei. Eu não estava apaixonado... Mas não negava que Jane me fazia sentir estranho.. Diferente. Mas, incrivelmente, de um jeito bom.