História A Marota - Capítulo 50

Sirius Black

Andando de um lado para o outro, eu estava impaciente. Minhas mãos passeavam por meus cabelos a todo momento enquanto eu esperava do lado de fora do quarto. Assim que cheguei com Jane, Blinky veio até nós, me ajudando a entrar no quarto de Jane e a deixar em sua cama. Com a ajuda de outra Elfa, ela me expulsou do quarto e disse que cuidaria de Jane e que depois eu poderia ve-la. Já se passou quase uma hora e eu estava quase fazendo um buraco no chão.

Eu queria estar ao lado dela quando acordasse... Dizer que tudo estava bem. A ainda ausência de meus tios e James me deixava ainda mais preocupado, teria acontecido algo? Eu não sabia de nada.. Esperava que estivessem bem.

Bufando frustrado, eu me encostei na parede em frente a porta no mesmo momento em que ela se abriu, revelando as duas elfas. Elas fizeram uma leve reverência e eu entendi que podia entrar. Observei elas sumirem no fim da escada e entrei no quarto, fechando a porta. Meu coração se apertou no mesmo momento em que meus olhos encontraram a pequena garota deitada sobre a cama. Com passos lentos, eu me aproximei e me sentei ao seu lado.

Ela usava uma roupa diferente, apenas uma regata branca e um short, parecia confortável. Estava limpa, o ferimento na perna enfaixado e alguns outros cortes também levavam curativos. Os hematomas roxos em seu corpo me fizeram morder meu próprio lábio fortemente, eu mataria quem havia feito aquilo com ela. O rosto sereno chamou minha atenção e eu deixei minha mão o acariciar suavemente, sentindo a pele um pouco ralada sobre meus dedos.

Mesmo machucada e até mesmo suja antes, ela continuava sendo a garota mais bonita que eu já tinha visto... Nenhuma em Hogwarts ou até mesmo fora de lá conseguiria chegar aos pés dela, pelo menos pra mim. Nenhuma teria a capacidade de ficar em seu lugar.. Não no meu coração. Ele era dela e só dela. Eu só precisava de coragem pra lhe dizer isso.

Eu estava meio pensativo quando senti ela se mexer e lhe dei toda a minha atenção. Ela soltou um baixo gemido de dor, segurando minha mão e a puxando para mais perto dela. Jane estava quente, até demais para ser algo normal. Eu levei minha outra mão até sua testa mas ela não estava com febre exatamente... Bem, estava calor.

— Sirius.. - ela chamou, entrelaçando seus dedos aos meus e mantendo nossas mãos juntas perto de seu peito.

— Eu estou aqui, meu anjo.. - eu sussurrei pra ela, vendo a sombra de um sorriso em seus lábios que eram tão rosados, mas que agora estavam sem cor.

Ela estava pálida..

— Você vai ficar aqui comigo...? - sua voz estava falhada, como se ela não tivesse toda a força de antes.

— Eu ficarei até que você me coloque pra fora a vassouradas. - lhe disse, beijando sua cabeça e ela sorriu.

Nós ficamos em silêncio e eu apenas ouvi meus batimentos cardíacos por um tempo. Ele estava aliviado... Por ela estar ali, por estar viva e por estar perto de mim.

— Sirius...? - ela chamou novamente e eu murmurei uma resposta. — Eu te amo...

Eu paralisei, sentindo meu coração bater mais forte logo depois dessa pequena frase. Ela havia mesmo dito aquilo..? Eu não estava sonhando, estava? Se isso for um sonho, eu desejo nunca mais acordar.

— Você está delirando..? - eu perguntei, tentando segurar o sorriso que me queria escapar.

Ela não respondeu, apenas se virou um pouco de lado e chegou um pouco para trás, soltando outro gemido. Seu corpo agora estava próximo do meu e ela apertou a minha mão, a mantendo muito bem protegida entre seu peito e suas mãos. E eu pude sentir seu coração bater calmo... Ela estava a salvo agora e eu nunca mais vou deixar ninguém encostar nela novamente.

— Sirius..? - eu ouvi alguém me chamar e levantei a cabeça, vendo James com apenas a cabeça para dentro do quarto.

Eu entendi e assenti, me virando para Jane. Tentando não acorda-la, eu tirei minha mão das suas e lhe entreguei uma almofada pequena a qual ela abraçou. Me levantei e a cobri, deixado um beijo em sua cabeça antes de apagar a luz e ir para fora do quarto, encontrando James parado ali. Assim qur fechei a porta ele me olhou e me puxou para o fim do corredor, onde estava mais escuro.

No momento seguinte, meus tios subiram as escadas e passaram direto por nós, indo até o quarto de Jane e entrando no mesmo. Quando a porta se fechou, eu olhei para James.

— Foi impressão minha ou seu irmão nos ajudou? - ele perguntou e eu sorri.

— Sim.. Foi ele que me mandou aquela carta dizendo que devíamos ir pra lá. - eu disse, cruzando meus braços e me encostando na parede. — Mas ninguém pode saber, ou ele pode ser morto.

— Tudo bem, meus pais também não repararam nada. Eu vi ele obliviar um dos comensais caídos e achei que estivesse ficando louco. - meu amigo contou e eu ri.

— O comensal o viu ajudar a mim e Jane. Ele o estuporou e eu não vi nada depois já que me preocupei em a tirar de lá. - lhe disse, soltando um suspiro. — Ele está bem?

— Até a hora que foi embora com os outros, sim.. Ele tentou nos ajudar a deter os outros comensais até Bellatrix aparecer. - James explicou e eu assenti, lembrando da minha querida prima.

Eu seria eternamente grato a Régulo por ter ajudado Jane a fugir e por ter me avisado. Mesmo que tivesse tentado se passar por anônimo na carta, eu conheço a letra dele e, lá de dentro, eu sabia que só podia ser ele. Nunca me dei bem com meu irmão exatamente, mas eu sabia que ele não era a pessoa que tentava ser por causa de nossa família.. Afinal, ele era como a mim, como Andrômeda, como a tia Dórea... Ele era um Black, mas não precisava ser mal.

Depois de tudo aquilo, eu fui para o meu quarto e tirei minha camisa, indo até o guarda roupas e pegando uma calça de moletom e outra camiseta, junto de uma cueca limpa pois eu não era o Ranhoso. Suspirando, eu fui para o banheiro e terminei de me despir, entrando debaixo do chuveiro e deixando a água relaxar meus músculos. Eu passei as mãos pelos cabelos, agora molhados, e fixei meus olhos na parede a minha frente, pensando em Jane enquanto deixava a água descer pelo meu corpo. Era bom pensar que ela estava em casa novamente e que estava segura.

Eu sorri e tratei de me concentrar no meu banho. Assim que terminei, enrolei uma toalha na cintura e peguei uma menor, jogando sobre os cabelos e os secando o máximo. Alguém bateu na porta e eu pedi para que entrasse, antes de sacudir os cabelos na tentativa de seca-los ainda mais, acabando por molhar um pouco o banheiro. Eu suspirei e vesti minhas roupas baixas, ficando sem camisa mesmo.

— Sirius? - a voz de tia Dórea chegou aos meus ouvidos e eu sai do banheiro, sorrindo pra ela.

Ela ficou calada por um momento, um sorriso bobo nos lábios enquanto me avaliava.

— O que a senhora está olhando? - eu ri e ela negou.

— Estava lembrando da primeira vez que te peguei no colo.. Você cresceu tanto desde o primeiro ano de idade. - minha tia suspirou, parecendo nostalgia com suas lembranças.

Eu me sentei na cama e a puxei para sentar ao meu lado, segurando suas mãos entre as minhas.

— Foi um dia agitado... - me disse e eu concordei. — Mas, sabe.. Eu vi você e Jane quando se encontraram.

Eu permaneci calado, sabendo exatamente do que ela estava falando.

— Eu estou perdida... Você sabe que eu quase não conheço a minha filha, mas eu conheço você. Existe algo que eu deveria saber? - eu a olhei, sorrindo levemente para ela.

— Sabe, tia.. A senhora sabe que eu adoro curtir a vida e essas coisas que adolescentes fazem. Mas sempre foi diferente com a Jane.. - confessei, desviando meus olhos para o chão de madeira.

— Como assim? - minha tia questionou, se mostrando muito interessada naquele assunto.

Eu respirei fundo, criando coragem para falar sobre meus próprios sentimentos.

— Ela não é só uma garota... Me sinto bem com ela. Mas.. Eu fui um idiota e acabei a perdendo pro Jordan. - forcei um sorriso que soou mais como uma careta.

— E o que ela sente? - tia Dórea perguntou e eu dei de ombros. — Então não tire conclusões precipitadas.

Ela se levantou e caminhou pelo quarto, pegando algumas roupas espalhadas e arrumando algumas pequenas coisas que estavam fora do lugar. Eu não era muito organizado..

— Agora eu estou velha.. Mas eu já tive a sua idade e, acredite, Charlus não foi o meu primeiro amor. - contou, sorrindo para uma fotografia minha e de James encima do criado mudo. — Eu estava apaixonada, tinha apenas 15 anos... Não podiamos ficar juntos pois ele era nascido trouxa. Quando meu pai me disse isso, eu fiquei péssima e disse a mim mesma que não me apaixonaria novamente. Até esbarrar em Charlus no sexto ano.

Eu prestei muita atenção, ela nunca tinha falado sobre sua juventude, não como tio Charlus.

— O que eu quero dizer é.. Vocês são jovens, muito jovens. Se realmente gosta dela, faça o que seu coração mandar. Seja isso lutar por ela.. Ou deixa-la ir. - ela sorriu e passou uma das mãos pelos meus cabelos.

Deixando seu conselho, ela colocou minhas roupas sujas no cesto do banheiro e me deixou sozinho. O que eu queria? Ou o que meu coração queria? Eu devia lutar por Jane ou deixa-la ser feliz com o Jordan? Mesmo com as suspeitas que eu tinha contra ele.. Eu precisava falar com Régulo, ele poderia, com certeza, tirar todas as minhas dúvidas. Eu precisava saber pois, se o Jordan facilitou o sequestro da Jane.. Eu, definitivamente, o mataria.