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História A Marota - Capítulo 82


Escrita por: SrtaFuller

Capítulo 85 - Capítulo 82


As coisas estavam caminhando melhor do que eu achei que poderiam. Eu estava melhor que nunca com o meu irmão, Roxanne tinha saido do meu pé e James iria sair com a ruivinha dele. A lua cheia era amanhã a noite, e eu estava bem animado com isso.

As aulas passaram bem rápido e estávamos livres de feitiços já que o professor Flitwick tinha ficado doente. Eu me sentei no pátio com Pedro e observei algumas garotas sentadas no banco um pouco mais a frente. Eu não tinha voltado a minha antiga vida, não, mas ainda gostava de flertar. Na verdade me agradava o fato de metade das garotas desse colégio imaginarem como era beijar o grande Sirius Black.. Ou até outras coisas.

— Sirius? - eu ouvi alguém me chamar e me virei para o lado, vendo Régulo.

— Irmãozão! - eu sorri mas estranhei quando ele não retribuiu.

— Podemos conversar? Em outro lugar. - ele disse e eu olhei para Pedro.

— Tudo bem.. Eu já volto. - disse ao meu amigo e ele apenas concordou.

Eu me levantei e segui Régulo. Nós saimos do castelo e caminhamos até o lago. Não tinha ninguém ali e eu adivinhei que ele queria falar a sós. Mas sobre o que?

— Aconteceu algo? - eu perguntei e ele suspirou.

— Sim.. Recebi isso hoje de manhã. - ele tirou dois envelopes do bolso.

Eu o olhei confuso, tinham o brasão dos Black. Eu não entendia bem nosso brasão.. Era dividido por metade. Na metade de baixo tinham três corvos e na metade de cima uma mão que segurava uma varinha. Metade vermelho e metade branco divididos por uma linha azul escuro.

— Uma é de tio Alfardo.. E a outra de nossa mãe. - meu irmão me disse, me entregando uma das cartas.

Eu dei de ombros e a abri, sorrindo ao ver que era a de tio Alfardo.

Para Sirius

Querido Sirius

Você teve coragem de fazer o que por muitos anos eu quis.. Fugir do ninho desse bando de cobras que chamamos de família e eu sei que está bem com tia Dórea, eles são sua verdadeira família. Por meio dessa carta, declaro que boa parte de minha herança é sua pra que use como quiser, talvez comprar uma moto nova. Eu espero que seja sempre feliz e seja sempre o amigo leal que é. É o meu sobrinho favorito.. Sempre foi.

Com muito carinho,

Alfardo Black 

Eu sorri e olhei pra Régulo. Sabia que tio Alfardo era muito radical, só não sabia que a esse ponto.

— Por que está com essa cara? Não é algo bom? - eu perguntei ao ver o rosto de Régulo e ele negou, me entregando a outra carta. 

Eu a abri. 

Para Régulo

Régulo,

Avise a seus primos que Alfardo morreu. Ele adoeceu de repente e não resistiu. Antes de morrer, o infeliz deixou boa parte dos bens dele para o traidor do seu irmão, o que o tornou um traidor também. Os dois foram queimados da tapeçaria assim como Dórea e eu já estou cansada dessa rebelião familiar. Não mande uma resposta, eu não a espero. O lorde das trevas aguarda você e Bellatrix no esconderijo dele assim que saírem de Hogwarts. 

Walburga Black

Meu sorriso morreu e eu olhei para Régulo. Ele mantinha a mesma expressão e agora eu a entendia. Tio Alfardo estava morto.. O único naquela família que eu conseguia amar de verdade e que gostava de mim estava morto.. E minha mãe falava disso cono se fosse algo insignificante, a morte do próprio irmão. Eu sabia que ela não era uma boa pessoa.. Mas na real, ela era um monstro. 

Meus olhos se encheram de água e eu amassei a carta dela. Eu não sabia o que era maior dentro de mim.. A tristeza ou o ódio. 

— Você está bem? - Régulo perguntou e eu sequei uma lágrima que tinha escorrido. 

— Vou ficar. - lhe disse. — Obrigado por me avisar. 

Ele apenas assentiu e eu lhe entreguei o pedaço de pergaminho amassado. Sem dizer mais nada, eu o deixei ali e voltei para o castelo, subindo direto para a torre do relógio. Eu não queria falar com ninguém, por isso ignorei todos no caminho, até mesmo Pedro. Naquele espaço vazio, eu me sentei no chão e reli a carta de tio Alfardo várias vezes. Sozinho ali, eu me permiti chorar como não fazia a muito tempo. Eu sentiria muito a falta dele.. Como nunca antes. 

Tio Alfardo era uma das melhores pessoas que eu conhecia.. Quando eu era criança, ele era a única coisa que conseguia me fazer sorrir e brincar um pouco antes de Hogwarts. Ele foi a minha única família durante 11 longos anos e agora já não o tinha mais. Agora eu nunca mais poderia me sentar ao ar livre e observar a lua com ele, enquanto conversavamos sobre Hogwarts ou sobre como andava minha vida amorosa.. Ele sempre acreditou que dentro de mim tinha mais do que o Sirius Black pegador. 

— Sirius? Você está aqui? - eu levantei minha cabeça e notei que a minha visão estava embaçada pelas lágrimas.

— Quem está ai? - eu perguntei, passando as mãos no rosto e tentando seca-los. 

— Jane.. Você está bem? - ela perguntou e eu suspirei. 

Ela se sentou ao meu lado e eu pude ve-la melhor. O cheiro de jasmim invadiu minhas narinas e eu fechei os olhos por um momento, apreciando seu cheiro bom. Me fazia sentir um pouco melhor..

— Tio Alfardo morreu.. Ele era o meu tio favorito. - eu sorri forçado pra ela sentindo mais lágrimas escorrerem pelo meu rosto. 

— Oh.. Eu sinto muito, Sirius.. - eu senti ela acariciar minhas costas, subindo para o meu cabelo e o tirando de meu rosto. 

— Ele deixou boa parte da herança dele pra mim.. E foi apagado da tapeçaria por isso. - lhe contei, tentando secar as lágrimas que insistiam em cair. 

— O que.. O que eu posso fazer? Eu não quero te ver assim.. - ela pegou a minha mão e eu a olhei, ela tinha os olhos brilhantes. 

Aqueles olhos brilhantes que me fariam fazer qualquer coisa apenas por ela.

— Você está aqui.. Isso já é ótimo. - disse a ela com um sorriso fraco. 

Jane me puxou e me abraçou, acariciando meu cabelo e eu me aconcheguei pra perto dela. Talvez eu estivesse precisando dela naquele momento. 

— Eu acredito que ele esteja junto de Merlin agora.. Em um lugar bonito e em paz.. Minha tia costumava dizer que os vivos sofrem muito mais que os mortos. - ela me disse e eu sabia que tinha razão. 

Jane ficou um bom momento comigo e eu me senti muito melhor, estar nos braços dela era bom.. Seu cheiro me confortava e eu jamais enjoaria dele. A raiva estava presente mas agora  calma, ela conseguia me acalmar. E ela conseguiu me levar para o resto das aulas e me forçou a comer no jantar. No dormitório eu contei a meus amigos o que tinha acontecido e me senti melhor novamente com o apoio deles. Naquela noite eu não dormi quase nada e a raiva me dominou quando eu levantei no dia seguinte. Nada mudava o meu mau humor e todos pareciam entender isso ao manter distância.

E o dia seguiu assim.

Pouco antes do jantar, fui com Remo até a cozinha para ele comer algo e o acompanhei até o salgueiro lutador. Ele me disse que tudo ficaria bem e eu apenas sorri levemente, seguindo meu caminho de volta para o castelo. Mas a vida era incrível e tinha que encontrar no caminho logo quem? Severo Snape, o cara que mais me irritava em toda Hogwarts. O cara que eu odiava apenas olhar, Severo Snape. 

— Lua cheia, não é? - ele comentou, caminhando sorrateiro na minha direção. 

— Jura? Eu não fazia ideia, obrigado por me informar. - eu sorri falsamente para ele, o deixando ali e seguindo meu caminho. 

— Fiquei sabendo do seu tio.. - ele disse e eu parei na mesma hora. — Uma pena.. Se bem que traidores merecem os destinos que tem.

— Por acaso você já lavou suas cuecas imundas, ranhoso? Deve estar com tempo de sobra prs vir me amolar, não é? - eu me virei pra ele, meus punhos implorando pra socar o nariz oleoso dele. 

— Eu não tenho nada pra fazer agora, sim. Já você.. Parece bem apressado. - ele comentou e eu sabia que ele era louco pra saber o que faziamos toda lua cheia.

Era a minha chance de dar uma lição nele.. Um susto. Ele nunca mais meteria o nariz absurdamente grande onde não era chamado. E eu não tinha tempo pra me arrepender. 

— Quer mesmo descobrir o que fazemos toda lua cheia? - eu questionei e torci pra ele não recusar. 

Snape me olhou por uns segundos aparentemente desconfiado.

— E você vai me dizer? - ele perguntou e eu me segurei pra não sorrir. 

— Depois do jantar vá até o salgueiro lutador. - eu lhe disse e ele riu. 

— Acha que eu sou idiota, Black? A árvore me mata antes que eu consiga chegar até ela. - ele protestou e eu revirei os meus olhos. 

— A árvore tem um botão no tronco que a paralisa, use a varinha e.. Não sei, um galho, para toca-lo. Imobilizada, a árvore te dará acesso a uma passagem. Desça por ela e me encontre no final, te contarei tudo o que quiser saber. - lhe expliquei tudo direitinho e o sonserino sorriu. 

— Vai trair os próprios amigos também? É um traidor de primeira. - ele me disse e eu apenas sorri.

Você mal sabe o que te espera, Severo Snape.. Espero que aprecie.

*****

Eu jantei muito satisfeito, sorrindo ao lembrar do idiota do Snape. James estranhou minha animação repentina mas eu sabia que ele também ficaria animado quando soubesse, era o plano perfeito.

Depois do jantar, nós saimos sorrateiramente do salão principal e escapulimos para fora do castelo sem sermos vistos por ninguém. Caminhamos devagar pelos terrenos em direção ao salgueiro, conversando sobre coisas idiotas e planejando como seria aquela noite. Todas as noites de lua cheia eram inesquecíveis, um dos melhores momentos da minha vida.

— Por que demorou tanto pra voltar antes do jantat? - James perguntou e eu sorri animado. 

— Encontrei o nosso querido ranhoso.. Ele me amolou um pouco e eu decidi dar um susto nele. - falei, dando de onbros sem importância. 

— O que você fez? - Pedro perguntou curioso e eu ajeitei a minha gravata. 

— Disse pra ele me encontrar no fim da passagem do salgueiro e eu lhe contaria tudo sobre a lua cheia. Ele vai saber, mas vai levar um baita susto. - eu ri e Pedro me acompanhou.

Mas James não riu. 

— Não é engraçado, Sirius! Tem noção do que fez? - ele perguntou e eu estranhei o meu amigo. 

— Ei, calma, é só uma brincadeira. - eu tentei tranquiliza-lo mas não deu certo. 

— A sua brincadeira pode matar o Snape e fazer do nosso amigo um assassino! - ele exclamou e eu parei por um momento. 

— Eu não tinha pensado por esse lado.. - confessei, olhando um pouco mais a frente o salgueiro lutador. 

O sonserino ia em direção a ele, seguindo minhas instruções e imobilizando a árvore.

— Você nunca pensa, Sirius. - James disse, nos deixando e correndo na direção do Snape. 

Eu demorei um pouco pra raciocinar quando Snape sumiu pelo buraco da passagem e momentos depois James sumiu atrás dele. Eu corri até o salgueiro e mantive a árvore imobilizada com um aceno de varinha. 

Que merda eu tinha feito...

Os segundos se passaram como horas e eu queria ir atrás deles mas não adiantaria muita coisa. Pelo contrário, podia piorar ainda mais a situação catastrófica que eu mesmo tinha planejado. Depois de mais um tempo, James saiu da passagem puxando junto dele um Snape paralisado. Ele mantinha os olhos arregalados e por um momento eu pensei que James tinha lançado algum feitiço para imobiliza-lo. Mas descobri que não logo em seguida. 

— Me enganou! - ele levantou rapidamente e veio até mim. — Tentou me matar! 

— Hey, vai com calma.. Eu não tentei te matar, era pra ser só um susto. - eu lhe disse, erguendo minhas mãos em rendição. 

Acho que isso não o convenceu. 

— De qualquer maneira isso foi até bom.. - ele disse e eu vi seu sorrisinho maléfico. — O diretor vai saber.. Que o seu amiguinho é um lobisomem, que vocês estão fora do castelo depois do horário e sobre a tentativa de me ferrar. Se bem que.. Apenas a aberração do seu amiguinho iria gerar uma grande coisa e eu ficaria satisfeito com a expulsão dele.  

— Talvez no fundo eu realmente quisesse que ele te devorasse! - eu fui impedido de ir pra cima de Snape por James. 

— Já fez besteira demais hoje, Sirius. - meu amigo disse e eu suspirei, me soltando dele. — Volta pro castelo e vai pensar na grande merda que você fez. 

Eu o olhei por um momento antes de bufar e voltar pro castelo. Eu era realmente o errado? Droga, aquele seboso merecia uma lição. James defendendo ele.. Eu não acreditava naquilo. 

*****

Narradora

Depois de não conseguir convencer o sonserino a ficar calado, James suspirou e observou o garoto se afastar em direção ao castelo. Sirius era seu melhor amigo, como um irmão.. Mas talvez contra aquilo não tivesse como defender ele. O Black tinha feito uma brincadeira de muito mal gosto, colocando a vida de um colega em risco e colocando em risco a reputação do amigo. Remo carregaria aquela culpa a vida inteira, além de ser taxado como assassino e até ser expulso de Hogwarts. O que seria dos marotos sem Remo?

Depois de dizer a Pedro que voltasse para o castelo, ele se certificou de que Remo estava bem seguro na casa dos gritos e também voltou para o castelo. Ele caminhou lentamente pelos corredores vazios, encontrando poucos alunos fugitivos como ele. Não encontrou Snape no caminho mas encontrou alguém que com certeza lhe daria uma baita detenção. Minerva Mcgonagall. Ela caminhou até ele parecendo furiosa. 

— Sr. Potter, sala do diretor. Agora mesmo. - ela disse e James suspirou, seguindo a professora sem nem uma reclamação.

Os dois subiram até o sétimo andar, passando pela gárgula e entrando na sala do diretor. James olhou surpreso para Sirius que já estava ali junto de Snape. O diretor estava sério demais, ele nunca tinha visto Dumbledore sem o seu ar confortável e gentil. 

— Sente-se, Sr. Potter. - ele lhe disse e o garoto sentou na cadeira entre Sirius e Snape. — Nos explique, Minerva.

— O Sr. Snape veio até mim a uns minutos, dizendo ter visto o Sr. Lupin se transformar em um lobisomem. Disse também que o Sr. Black e o Sr. Potter sabiam e armaram um plano pra fazer o Sr. Lupin em forma de lobisomem mata-lo. - a professora contou tudo o que o sonserino tinha lhe dito.

— O que?! Essa não é a história! - Sirius protestou, olhando indignado para o colega do outro lado. 

— É, não foi bem assim, professor. - James disse e Dumbledore o olhou. 

— Nos conte como foi então, Sr. Potter. - ele deu a palavra ao garoto e esse respirou fundo. 

— Sabiamos que Remo era um lobisomem.. Sabemos desde o terceiro ano. Sirius está abalado por conta de um acontecido pessoal e acabou dizendo a Snape para encontra-lo na passagem do salgueiro lutador. Não era a intenção dele prejudicar Snape, apenas queria lhe dar um susto. Nosso querido colega queria ver um de nós expulso. - o Potter explicou tudo, ocultando a parte de como sabia da passagem e sobre o porquê de estarem fora do castelo. 

— Muito bem.. E o que estavam fazendo fora do castelo? - o diretor não deixou passar. 

— Bem.. Sirius me contou da brincadeira idiota e.. Eu não podia deixar que Snape sofresse algo e que Remo fosse culpado. Então eu fui atrás dele e consegui evitar que ele fosse pego. - contou e Dumbledore apenas assentiu. 

— O garoto exemplar, Potter.. Se arrependeu da brincadeira e quis bancar o herói. - Snape rosnou mas James não lhe deu ouvidos. 

Ele não podia dizer ou fazer tudo o que estava pensando.. Por Lily.. Ele só conseguia pensar nela. 

— Certo.. Sr. Black receberá uma detenção, menos 20 pontos pra grifinória e mandarei uma carta a Dórea, já que ela é responsável por você agora. - Dumbledore começou, acariciando as têmporas depois de tirar os óculos. — Menos 10 pontos da sonserina pelo Sr. Snape estar fora do castelo a essa hora e menos 10 do Sr. Potter pelo mesmo motivo. Quero que os três fiquem longe um do outro e se eu ouvir mais alguma reclamação de vocês, eu os mandarei pra casa na mesma hora. 

— Sim, professor. - James e Sirius disseram mas Snape não pareceu satisfeito. 

— E quanto ao Lupin? Ele é um lobisomem. Temos um lobisomem na nossa escola. - o sonserino protestou e Dumbledore recolocou seus óculos antes de olha-lo. 

— Estou ciente de que o Sr. Lupin é um lobisomem, Sr. Snape. Desde que ele chegou. Remo Lupin não oferece ameaça alguma ao senhor e nem aos seus colegas. Por isso peço que guarde isso para o senhor, não quero ouvir boatos de que existe um lobidomem na nossa escola.. Ou enfrentará as consequências. - Dumbledore parecia ameaçador, como nunca antes. 

— Mas.. 

— Podem ir. - ele acenou com a mão. 

Os três se levantaram pra sair mas o professor falou novamente. 

— Sr. Potter? - ele chamou e o garoto parou, deixando que os outros saíssem e se virando para o professor. 

— Senhor? 

— Eu sei de tudo. - ele disse, se levantando e caminhando lentamente até o aluno. — Sei o que fizeram pra ajudar o Sr. Lupin, também sei que mentiu sobre estar fora do castelo. É muito leal da parte de vocês se tornarem animagos pra ajudar um amigo, mas isso pode ser mais perigoso do que os senhores pensam. Não vou julga-los, eu faria o mesmo por um melhor amigo.. Mas peço que tomem cuidado. Assim como o Sr. Snape descobriu sobre Remo, qualquer outro aluno também pode. 

— Não vai de repetir, professor.. Eu prometo. - o Potter se comprometeu, recebendo um sorriso suave do diretor. 

— Foi corajoso ao salvar o Sr. Snape.. Pode ir. - Dumbledore disse e o garoto se afastou. — Direto para o dormitório. 

James apenas assentiu e saiu da sala. Ele desceu as escadas da gárgula e a deixou pra trás, caminhando pelo corredor em direção a sala comunal da grifinória. Mas, no meio do caminho, foi impedido por uma ruiva que parou a sua frente. Tentando disfarçar a tensão, o Potter sorriu pra ela e passou a mão pelos cabelos. 

— Evans. - ele cumprimentou a garota mas essa permaneceu séria. 

— O que faz fora da sala comunal? - ela questionou e ele suspirou. 

— Tive alguns problemas com Sirius.. Mas eu já estou indo dormir. - ele tentou passar por ela mas ela não deixou. — O que?

— É verdade que Remo é um lobisomem? - a pergunta repentina da ruiva deixou James sem reação por um momento. 

— Como.. Sabe disso? - ele questionou e ela se afastou um pouco. 

— Então é verdade.. Então também é verdade que tentaram fazer Severo se encontrar com ele em uma brincadeira estúpida.. - ela disse, os olhos verdes brilhando mas James não respondeu. — Você me disse que tinha mudado..

— E eu mudei! Eu não participei dessa brincadeira, eu apenas impedi que algo pior acontecesse. - ele disse, mas Lily não acreditou. 

— Eu nunca devia ter aceitado sair com você.. E eu não vou. Pode esquecer o passeio a Hogsmeade. - a garota ruiva disse, dando as costas a James antes que chorasse na frente dele.

— Lily, por favor.. Lily! - ele a chamou, mas ela não voltou. — Droga! 

Sem pensar muito, ele deu um soco na parede de pedra e sentiu que aquilo tinha machucado, mas não se importou. Apoiou suas mãos ali e respirou fundo, sua mente só pensava uma coisa: era culpa de Sirius. Ele sabia que não devia pensar assim, era seu amigo, não tinha feito por mal. Mas se não tivesse feito.. Lily ainda iria com ele a Hogsmeade, nada daquilo teria acontecido e tudo estaria bem. Mas ele nem ao menos pensou no que poderia acontecer. 

A cabeça borbulhando, o Potter seguiu para a sala comunal, dando a senha a mulher gorda e passando furioso por ela. Subiu direto as escadas do dormitório masculino e entrou no dele, batendo a porta fortemente e chamando a atenção dos dois amigos ali. Seus olhos estavam cheio de água e sua respiração alterada. Quem visse de longe sabia que rolaria uma grande discussão ali.

— Está satisfeito?! Valeu a pena? - o Potter começou se direcionando ao Black de forma agressiva. 

— Do que está falando? - esse perguntou, estranhando o tom do melhor amigo. 

— Lily não vai mais a Hogsmeade comigo por sua culpa! Agora ela sabe de Remo por sua culpa! Ela provavelmente voltou a me odiar por sua culpa! - James disse, apontando para o garoto e se aproximando até que pudesse cutucar o peito dele.

— Acha que se eu soubesse que isso afetaria tanto assim eu teria feito? Qual é, você me conhece mais do que ninguém, Pontas! - Sirius retrucou, se afastando do outro sem tirar os olhos dele. 

— Conheço.. E o seu problema é que você nunca pensa em nada! - o de óculos continuou a dizer alto, ele não estava nem pensando direito. 

— Agora além de defender o ranhoso, também vai ficar contra mim?! Eu nunca pensei que uma garota poderia te colocar contra o seu melhor amigo! - o Black olhou incrédulo para o outro, balançando a cabeça e observando esse rir. 

— Tem razão.. Eu também nunca pensei que você deixaria que algo afetasse você a ponto de se igualar a sua família. 

Aquela frase atingiu Sirius em cheio e ele não acreditou. Não vindo dele. 

— Vai ser assim, então.. Nunca pensei que algum dia fosse jogar na minha cara as minhas raízes. Eu esperava isso de qualquer um.. Menos de você. - os olhos cinzas do Black também brilharam com as lágrimas, era a primeira vez que os dois brigavam daquela maneira. 

Uma batida na porta chamou a atenção de todos e Pedro, que observava tudo de longe, se levantou e foi abrir. A Potter mais jovem entrou por ela, olhando para os dois garotos confusa. 

— Da pra ouvir vocês do dormitório feminino.. O que está acontecendo? - ela questionou, os olhos revezando entre um e outro. 

— Acontece que nem sempre a gente conhece bem os nossos amigos.. E o que eles tem capacidade de fazer. - James disse, olhando triste e rancoroso para o outro.

— Eu concordo.. As vezes a gente se engana e acaba levando na cara de alguém que nunca pensou que faria isso. - Sirius retrucou, sentia a mesma coisa que o Potter mas por algo diferente. 

— Espera.. Vocês.. Estavam brigando? - Jane perguntou e Pedro assentiu de longe. — Não.. São melhores amigos.

— Éramos melhores amigos.. Eu não quero nem mais olhar pra ele. - James disse, dando as costas a eles e entrando no banheiro. 

— Não.. - Jane tentou dizer mas Sirius também não ouviu, ele apenas saiu do dormitório. — Merlin.. Eu nunca pensei que veria isso.. 

— Nem eu.. - Pedro concordou. 

*****

Jane Potter

O final de semana chegou e eu achei que tudo se resolveria entre James e Sirius.. Mas eu estava enganada. A amizade deles estava cada vez mais abalada e o que tinha acontecido acabou afetando o grupo todo. Remo também deixou de falar com Sirius e o único que se aproximava dele de vez em quando era Pedro. Na sexta feira a noite, eu encontrei Sirius na sala precisa e descobri que ele estava dormindo ali, assim não precisava enfrentar o clima pesado do dormitório. Ele me contou tudo e chorou.. Aquilo parecia te-lo afetado ainda mais que a morte de Alfardo.

Lily também não estava bem.. Aos prantos, minha amiga confessou e finalmente admitiu que estava apaixonada por James Potter, mas que nunca o perdoaria por aquilo. As meninas e eu a consolamos o quanto pudemos e ela decidiu não ir a Hogsmeade hoje. Eu não sabia o que fazer no meio daquilo tudo.. Meu irmão, minha melhor amiga e o cara que eu gostava estavam envolvidos em um grande furacão. Furacão esse que tinha acabado com uma amizade de anos e afetado um relacionamento que nem sequer tinha começado. A coisa estava tensa...

— Jane? Hey, está na lua? - Joshua chamou minha atenção e eu olhei pra ele. 

— Desculpe.. Eu não ouvi nada do que você falou. - eu suspirei, soltando seu braço e ele entrelaçou seus dedos aos meus. 

— Tudo bem.. Eu não sei o que está acontecendo, mas notei que é bem sério. - ele disse e eu assenti. 

— Está tudo dando errado esse ano.. - eu comentei quando paramos em um banco perto da dedos de mel. 

— Hey.. Vai ficar tudo bem. - Joshua acariciou meu rosto e eu assenti. 

Antes que pudessemos dizer mais alguma coisa, alguém passou rapidamente por nós em direção a saída da rua principal. Eu olhei a tempo de ver que era Sirius, ele estava indo em direção ao cabeça de javali.. Eu tinha certeza. 

— Você se importa..? - eu perguntei a Joshua e ele sorriu. 

— Vai falar com ele. - me disse e eu agradeci, beijando sua bochecha antes de me levantar. 

Eu caminhei rapidamente na mesma direção que Sirius tinha ido, não conseguindo alcança-lo mas consegui ve-lo dentro do bar pelo vidro da porta. A abri devagar e espiei o lado de dentro, não tinha ninguém além dele, do barman e de um homem sentado na mesa em um canto. Adentrei o local e caminhei lentamente até ele, observando ele pedir algo ao homem atrás do balcão e esse lhe servir um líquido estranho. As bebidas dali não eram tão comuns como whisky de fogo.. 

Sirius tomou um gole e, ao contrário de James, ele não fez careta alguma. Eu me sentei ao seu lado e observei minhas mãos sobre o balcão, negando quando o barman me ofereceu uma bebida. Esse se afastou e eu aproveitei pra falar com Sirius. Ele sabia que eu estava ali mas não tinha se pronunciado. 

— Como você está? - eu perguntei e ele deu de ombros. 

— Bem..? - seus dedos brincaram com o copo e eu suspirei. 

— Eu sei que é difícil.. - eu tentei dizer mas ele negou. 

— Não.. Você não faz ideia de como é difícil te ver com ele. - me disse, seus olhos não me olharam nem por um segundo. — É como tortura..

— Eu não faço ideia..? - questionei, soltando uma risada irônica. — Agora você entende como eu me sentia quando via você com todas aquelas garotas. 

Ele suspirou e tomou outro gole da bebida no copo, finalmente seus olhos encontrando os meus. 

— É vingança? - ele perguntou e eu neguei. 

— Não, Sirius.. Eu só.. Estou seguindo em frente. - disse pra ele, desviando de seus olhos e voltando a olhar o balcão. 

— Parece mais fácil pra você do que pra mim. - ele disse e eu vi sua mão acenar para o barman pedindo outra bebida. 

— Não é só isso que está afetando você.. - eu disse na tentativa de mudar de assunto e ele assentiu. 

— Eu nunca pensei que algo assim algum dia iria me afetar.. Porque eu nunca esperei que acontecesse. - Sirius me disse e sorriu amargo. — Dei a Snape exatamente o que ele queria. 

— Como assim? - eu questionei confusa. 

— Ele sempre quis algo que nos abalasse.. E ele sempre soube que o ponto principal éramos eu e James. - me explicou e eu vi seus olhos brilharem. — Nos tornamos melhores amigos desde que nos encontramos pela primeira vez no trem.. E até então éramos inseparáveis. Ele foi o primeiro amigo que eu tive e agora.. Tudo acabou. 

— Hey.. Não diga isso.. - eu disse pra ele, dando um tapinha em seu braço. — Nada acabou, vocês apenas.. Apenas brigaram, é normal em uma amizade. 

— "Éramos melhores amigos.. Eu não quero nem mais olhar pra ele". Foi o que ele disse.. - Sirius lembrou da fala de meu irmão e eu sabia que estava doendo nele. — Ele me odeia. 

— Ninguém odeia ninguém da noite pro dia. Ele só está magoado. - acariciei suas costas e ele assentiu. 

Eu esperei ele terminar sua bebida e o obriguei a pagar o barman sem pedir mais nada, o puxando pra fora dali em seguida. Nós caminhamos lentamente de volta ao povoado e fomos para o três vassouras. Jessy e Lene estavam lá e nós nos sentamos com elas. Eu estava um pouco preocupada com Lily sozinha no dormitório.. Ela estava chateada com James, Sirius, devia estar até comigo. E agora ela sabia que Remo era um lobisomem, sua mente devia estar borbulhando. Exatamente como a minha quando descobri.

No meio disso tudo, eu descobri que Marlene também sabia e não só disso.. Ela sabia que os outros três marotos eram animagos. Ela sabia do mapa, da capa, sabia sobre tudo. Antes de mim, ela era a única a saber de tudo. Ephram sabia apenas do "problema peludo" de Remo pois Sirius acabou comentando com ele, já que os dois passavam bastante tempo juntos na casa dos Black. 

Os outros três marotos estavam sentados pouco distante, pareciam sempre em silêncio também. O clima tinha pesado totalmente na sala comunal da Grifinória depois da briga dos marotos, parecia que eles eram o que deixava aquele lugar alegre. O quarteto inseparável que.. Tinha se separado. Mas eu não ficaria sentada de braços cruzados observando eles cada vez mais distantes, faria algo.. Só não sabia o quê ainda. Mas pensaria em algum plano para junta-los novamente. 

Não ficamos por muito tempo ali, logo fomos em direção ao castelo. Eu não quis jantar, tinha comido muitos doces e acho que isso não me fez bem. Depois subi para a sala comunal, o clima ficou tenso de imediato quando James e Sirius se olharam. Dava pra tocar aquilo, sério. E eu quebrei, puxando Sirius até a escada do dormitório masculimo e o empurrando pra cima. Chegando lá, ele foi até seu malão e pegou uma roupa, tomando um banho e se preparando pra sair novamente depois de pegar algumas outras coisas. 

— Hey, onde vai? - questionei e ele parou, suspirando e olhando pra mim. 

— Pro meu novo quarto. - ele sorriu, abrindo a porta e descendo as escadas. 

— Sirius!

Eu fui atrás dele, o chamando mas o Black não parou. Quando ele passou pelo retrato da mulher gorda, eu respirei fundo e deixei pra lá. Sirius era cabeça dura e não me ouviria, mesmo que eu fosse atrás dele, gritasse com ele ou até mesmo batesse nele. Meus olhos pararam em James, Remo e Pedro e eu balancei a cabeça, me virando e indo para o meu dormitório. Eu não estava acreditando que ele iriam ficar mesmo naquilo.. 

Eu tomei um banho e vesti uma camisola qualquer, me deitando pra dormir mas não conseguindo. Por isso permaneci a observar o teto no escuro silencioso, as meninas já tinham dormido a muito tempo. No meio da noite, eu me levantei e bebi um pouco de água, caminhando até a janela e me sentando no apoio de pedra, bem ao lado da minha miosótis. Ela continuava intacta, ainda bonita e inteira. Era um sinal de que eu cuidava bem dela.. Ou que o feitiço de Joshua funcionava muito bem. 

Com um suspiro, eu olhei para o lado de fora da janela e me interessei por algo perto da floresta. Era um garoto e eu conhecia bem aquele garoto.. Sirius Black. Ele caminhou um pouco pelos terrenos, parecia meio perdido, distante.. Por um momento eu tive a impressão de que ele me via quando olhou na direção da janela onde eu estava, mas estava muito longe pra aquilo ser possível. Instantes depois, no lugar do garoto de 17 anos surgiu um cão... Um enorme cão negro. E o cão correu para dentro da floresta sem deixar rastro algum. 

Meu coração se apertou e eu levei as mãos ao peito, pensando que.. Desde que eu cheguei aqui, eu nunca vi Sirius daquela forma. Era como se ele tivesse perdido boa parte dele e eu nem conseguia imaginar aquilo. James e ele eram.. Como irmãos, dava pra dizer que eram caso eu não os conhecesse. Ele estava quebrado e eu sabia que meu irmão também estava. E era triste ver uma amizade tão intensa ser destruída de forma tão rápida. 


Notas Finais


Eu aqui mais rápido do que o Flash. E mais triste do que.. Sei lá.

Eu tava ouvindo Brother do Kodaline enquanto escrevia e eu assisti um vídeo James+Sirius no youtube com essa música.. Nossa, eu fiquei muito arrasada. A minha tristeza foi de 100 pra acima de 100. Muito acima.

Enfim, eu espero que gostem e desculpem se eu fiz alguém chorar, essa era a intenção. Cof cof. Desculpem qualquer erro e obrigada por tudo, principalmente por serem tão pacientes comigo.

Enfim de novo.. Nos vemos no próximo capítulo, docinhos. Uma beijoca e um cheirinho!


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