Só consegui começar a compreender alguma coisa quando Nayeon entrou comigo no meu quarto e se sentou para começar a explicar direito.
A dona da boate e dois caras bateram na Nayeon. Ela havia passado a noite fora e a mulher ficou irritada e foi ai que a Nay disse que sairia de lá, e ai agrediram ela. Isso é um absurdo.
— Eu não consigo acreditar que fizeram essa barbaridade. — repito pela quarta vez.
— Foram longe de mais. — ela diz, se recompondo. — Eu queria denuncia-la. Quero denunciar o lugar também por acolher menores de idade para fazerem programas.
— Certo. — digo, pegando em suas mãos. — Vamos ir atrás disso e você pode denunciar. Vai ficar tudo bem.
— Eu te amo, sabia Jeong? — ela fecha os olhos delicadamente enquanto sorri minimo.
— Eu sabia, mas é ótimo escutar de novo. Eu te amo também, Nay. — deposito um selinho em seus lábios trêmulos de nervoso e ansiedade.
Ela abre os olhos e sorri, me puxando para um beijo profundo.
Não é o momento adequado para pegadas quentes, confesso, mas tem como resistir a Im Nayeon?
Ela tira minha blusa depressa e eu tiro sua jaqueta. E então eu paro, me afasto um pouco e a encaro.
— Não dá. — digo, colocando minha blusa de volta. — Olha para os seus braços...estão muito machucados. Eu não consigo te beijar dessa forma com você ferida fisicamente e psicológicamente.
— Eu não me importo, Jeong, sério. Podemos fazer o que você quiser, podemos nos beijar, podemos...
— Nay, pare, ok? Não é porque alguns caras não se importam com os seus machucados, suas dores e seus sentimentos, que eu também não me importe. Eu quero você bem primeiro.
— Tudo bem. — ela assente e suspira por fim, paciente.
— Vamos aproveitar que você está aqui e vamos assistir um filme juntas e debaixo das cobertas. O que acha?
— Depois que eu tomar um banho. — ela diz sorrindo e se levanta. — Me empresta roupas e uma toalha, Jeong?
— Claro. Pode usar a minha, é a azul.
— Você não vem? — ela sorri safado.
Essa garota não tem jeito mesmo.
— Com os meus pais em casa? Você é doida? — solto uma gargalhada. — Claro que você é doida né?
— Eu sou, e você vai ter que me suportar para sempre agora. — ela sorri meigo.
Nayeon se vira para sair do quarto mas então para com a mão na maçaneta da porta e se vira devagar para me olhar.
— Namora comigo? — ela pede.
— Que? — arregalo os olhos.
Fiquei planejando isso por tanto tempo que não pensei que talvez estivesse demorando muito. Pelo visto demorei e agora ela cansou de esperar.
— Tudo bem se não quiser. — ela completa, mas já parecendo nervosa. — Você não é obrigada.
— Você me pegou de surpresa, só isso. — falo e sorrio para ela. — Eu aceito, sim. Já estávamos juntas, agora só estamos colocando uma data nisso tudo.
— Sim. Eu fico muito feliz por ter você ao meu lado, Jeong. Você é maravilhosa.
— Obrigada por me dizer essas coisas.
— São as verdades, os fatos. — ela diz, e então sorri e saí do meu quarto.
Essa garota é maluca mas eu a amo demais.
Com o decorrer dos quatro dias que se passaram, Nayeon e eu já estavamos atrás de tudo para que o caso dela fosse levado em audiência. O primeiro advogado que conversamos disse que não aceitaria o caso por ser muito delicado. Eu acho que ele não aceitou por medo dos mafiosos gerentes da boate.
O mais complicado vai ser conseguir pagar o novo advogado, mas vamos nos esforçar e correr atrás disso.
Nayeon está morando na minha casa e provavelmente continuara aqui. Contei para minha mãe sobre Nayeon ser mais que uma amiga. Eu decidi abrir o jogo. Minha mãe disse que já esperava por isso e que ela sempre soube que eu gostava de garotas. Ela conversou com meu pai e ele não aceitou tão bem, mas disse que ia tentar não nos tratar de forma estranha. Já é um começo.
Momo e Dahyun se mostraram muito fieis e amigas nessa fase tão delicada que Nayeon e eu estamos enfrentando. Principalmente a Nay, claro.
Conversei com elas sobre a Sana também. Nunca parei para pensar tanto nela quanto eu pensava na Nayeon. Fui atrás para tentar descobrir sobre o motivo dela estar trabalhando lá. Acabei sabendo que ela morava com a mãe e que nunca conheceu o pai, mas a mãe havia falecido de cancer há três anos. Parece que no começo Sana tentou se virar mas não deu conta e então encontrou a boate. Na boate ela recebe lugar para dormir e alimento, então foi o mais fácil para ela. Era melhor do que passar necessidades e ter que escolher entre ter um teto para dormir ou comer. Então talvez ela não esteja contente com o lugar onde ela está. Descobri também que Sana e Tzuyu se encontraram outras vezes, vezes que eu não soube. Tirei satisfação com Tzuyu e ela me disse que gosta muito da Sana mas não sabe como dizer isso, então a relação delas vem sendo de amizade, embora elas tenham se beijado duas vezes já.
— Me deseje boa sorte, neném. — Nayeon pede com um biquinho nos lábios.
— Boa sorte, o Jimin vai te perdoar totalmente. Fica tranquila. — reviro os olhos. — Eu não sou neném.
— Você é neném sim. — ela afirma com um sorrisinho vencedor nos lábios.
— Tá bom. — digo por fim, fingindo estar convencida.
Ela deposita um selinho em meus lábios e então bate na porta da casa do Jimin. Eu me viro e vou embora, andando mesmo, não viemos com a minha moto. A Nayeon disse que queria muito correr atrás da amizade que ela e Jimin tinham, e eu respeito essa decisão. Eu acho que ele vai perdoa-la definitivamente agora. Não sei se eu e ele voltaremos algum dia a sermos amigos tão próximos como éramos antigamente. Há algumas semanas atrás eu tive que fazer uma escolha na minha vida, era ele ou a Nayeon. Eu escolhi a Nayeon e escolheria de novo.
UMA SEMANA DEPOIS
— Você pode ficar aqui por alguns dias, Sana. — disse Dahyun, na sala de estar da casa de Momo.
— Aqui? Meus pais vão...— Momo ia dizendo mas Nayeon deu uma cotovelada nela. Eu sorri ao ver minha morena batendo na minha amiga bobalhona.
— Eu te ofereceria minha casa, mas eu não tenho casa e estou morando com a Jeong. — disse Nayeon, semicerrando os olhos para Momo, com raiva.
— Você pode ficar uma semana aqui e uma na minha casa. Assim não pesa para os pais de ninguém, ok? — sugeri a Sana.
— Você é brilhante, docinho. — Nayeon morde o lábio inferior e me manda uma piscadela.
Eu não gosto nadinha dos apelidos melosos que ela me dá. Mas ela ignora os meus resmungos e continua me chamando do que ela quer.
— Obrigada, meninas. — diz Sana. — Eu já consegui um emprego com uma colega minha. Ainda não tenho condições de pagar um aluguel, mas irei ajudar com o meu salário, comprando alimento e o que seus pais precisarem.
— Você é um anjo, Sana. — Dahyun sorri amigável.
A campainha toca e Momo se levanta para ir abrir a porta. Estamos todas sentadas no sofá da casa dela.
— Ela está aqui? — murmura uma voz.
Tzuyu.
Momo caminha de volta até a sala, com Tzuyu em seu cangote. A mais alta sorri timidamente para nós e principalmente para Sana.
— Oi. — ela diz.
— Oi, Tzu. — Sana sorri timidamente também.
Alguns segundos se passam, segundos de silêncio e troca de olhares.
— A tensão sexual aqui é muito alta. — Nayeon fala.
— Nayeon. — repreendo ela.
— Que? É verdade. — ela dá de ombros. — Parece que esse Satzu quer se pegar há séculos. Qual é, vão logo.
Dahyun nega com a cabeça, rindo. Momo parece perdida.
— Eu...posso falar com você, Sana? — Tzuyu pede, gentilmente.
— Claro. — Sana responde simplista, se levantando e seguindo para algum cômodo de cima com Tzuyu.
— Elas precisam se pegar logo, caramba.— Nayeon murmura.
Bom, agora está resolvido. Conversamos com a Sana e ela nos contou que realmente gostaria de sair daquele lugar. Nosso advogado nos disse que a boate provavelmente vai cair em breve, assim que o julgamento da Nayeon contra a boate sair. Isso foi bom, porque assim a Sana já pôde sair antes da boate cair. Seria ruim para ela se o lugar simplesmente fechasse e ela nem sequer entendesse.
Nayeon e Jimin estão se aproximando aos poucos também, e eu soube que ele e Jungkook estão realmente namorando sério. Não sei se tenho coragem o suficiente para ir atrás dele e pedir por sua amizade. As coisas são complicadas.
UM MÊS DEPOIS
— Sabia que você está muito gatinha, meu docinho? — ela diz sorrindo sacana, me puxando para um beijo.
Nayeon está sentada na minha cama e eu sento em seu colo para não quebrar o beijo e sim aprofunda-lo. Ela leva as mãos até minha cintura, e eu puxo levemente os cabelos de sua nuca. É um beijo de luxúria e com certeza sexy.
Nayeon morde meu lábio inferior, e deposito um selinho em seus lábios para finalizar o beijo.
— Que tal uma rapidinha? — ela sugere sorridente.
— Nada disso. — sorrio. — Precisamos ir logo para o tribunal, Nay. — me levanto de seu colo e ajeito meu suéter preto.
— Ah, você é tão estraga prazeres, Jeong. — ela murmura com a cara amarrada.
— Eu não sou! Precisamos estar no tribunal em trinta minutos. Vamos indo.
— Tribunal para cá, Tribunal para lá. Você só fala disso fazem duas semanas. — ela faz uma careta enquanto se coloca de pé e ajeita sua roupa comportada e séria.
— É claro, isso é importante. Nay, finalmente conseguimos uma ordem judicial para fechar a boate por um ano e se ganharmos hoje no tribunal, conseguiremos fecha-la para sempre.
— É, eu sei. Obrigada, você correu muito atrás das coisas para mim. Desculpe por ser tão chata. — ela me abraça carinhosamente.
— Você é chata mesmo. — digo rindo, retribuindo o abraço.
Meus pais desejaram a Nayeon uma boa sorte e então nós duas saímos de casa. Não fomos com a minha moto, paguei um uber para chegarmos de forma mais elegante. Conosco no carro estavam também Dahyun e Momo. Sana e Tzuyu já estavam no tribunal. Seria uma longa audiência.
Ao chegar lá, Nayeon parecia nervosa e eu acabei ficando mais ainda do que ela. A causa é dela, mas eu sinto tudo como se fosse na minha pele. Só quero que a justiça seja feita.
— Você quer uma água? — pergunto, tentando tranquiliza-la.
— Quero — ela diz, visivelmente preocupada.
— Deixa que eu pego. Vocês duas estão tremendo. — Dahyun diz, se afastando em seguida.
— Vai ficar tudo bem. — Momo diz, tentando ajudar, mas não ajuda em nada.
Alguns minutos se passam e então chamam o nome de Nayeon e em seguida os outros nomes, de todos que entrarão na grande sala.
Me deparo com aquela mulher horrenda no tribunal, sentada bem a frente da juíza e do promotor. A mulher que arruinou a vida de Nayeon e de outras garotas. Ela me ignora mas lança a Nayeon um olhar de deboche e sorri maldosa. Em seguida, olha para Sana e Dahyun com ódio no olhar.
O lado dela falou primeiro. Ela contou que a boate nada mais era que um lugar onde os homens iam para se divertir e, de acordo com ela, as mulheres que faziam prostituição faziam porque queriam. Deixou claro também que só mulheres maiores de 18 anos podiam fazer tal ato. Ela teve um segurança de testemunha a favor dela, um homem que sempre frequentava o local e duas garotas que trabalhavam na boate.
— Eu conheço elas. — Sana cochichou em meu ouvido. — Elas duas entraram há pouco tempo e não sabem que depois de um bom tempo lá não tem mais como sair.
Nayeon, estava sentada ao lado direito da juíza e bem longe de mim.
— Vamos escutar a versão da outra mulher agora. Peço silêncio. — disse o promotor.
Nayeon pigarreou e então começou:
— Meus pais tinham uma dívida com essa mulher. Como tive que crescer sem eles depois, ela me acolheu. Era até gentil comigo, mas quando eu me tornei mocinha, ela me colocou para trabalhar. A boate não era tão famosa quanto é hoje em dia. Eu fui uma das primeiras a entrar naquele lugar. Não pude dizer não para a mulher que me criou e cuidou de mim, então minha virgindade foi roubada por um homem. Me lembro como se fosse hoje, era um homem muito mais velho que eu, tinha aproximadamente quarenta anos, tinha barba e era magro. Senti uma dor insuportavel, meu corpo não estava preparado para receber um órgão genital grande e com tanta brutalidade. Ele realmente foi muito bruto, metia com força e doía. Eu não dizia para parar porque eu sabia que ela, que eu considerei como uma segunda mãe, iria me castigar e me odiar. Aceitei a dor calada, e ainda tive que realizar fetishes dele. No dia seguinte outro homem quis ir pra cama comigo. No terceiro dia eu fiquei no quarto e não desci, minhas pernas estavam doendo muito e eu não conseguia dar sequer um passo. Ela foi até a boate só para falar comigo. Pensei que ela fosse me entender e dizer que eu poderia voltar para a casa dela, que ela cuidaria de mim sem que fosse necessário vender o meu corpo. Eu estava enganada. Ela me deu um tapa na cara naquele dia e disse que se eu quisesse, poderia sair de lá, mas eu iria morar na rua. Eu era uma criança entrando na adolescência e não tinha para onde ir. Aceitei a situação mesmo não querendo e continuei lá por anos. Um dia, aquela garota de cabelos curtos (Nayeon apontou para mim e todos me olharam) apareceu na minha vida. Minha vida mudou para sempre desde então. Ela me ajudou a sair de lá e ajudou minhas amigas também, e agora nós três estamos aqui para contar nossas histórias e nos unirmos contra a mulher que causou o nosso mal.
O promotor pareceu chocado e abalado. A juíza se mantinha séria. Dahyun e Momo derramavam algumas lágrimas. Tzuyu e Sana se mantinham de mãos dadas. E eu lançava a Nayeon um olhar doce e singelo de amor, o mais puro amor, incentivando ela a continuar com aquela batalha.
— Quem são as suas testemunhas? — a juíza perguntou.
— Minatozaki Sana e Kim Dahyun. — Nayeon disse, e Sana se levantou e seguiu lá para frente, perto de Nayeon e da juíza.
— Bom...eu entrei depois que a Nayeon mas com o tempo eu me aproximei muito dela e acabei sabendo por ela mesma sobre muitas coisas da vida dela. Descobri que ela estava lá desde nova, e fiquei chocada com a forma que ela foi tratada pela mulher que ela tanto considerou no passado. Também tentei sair uma vez, só uma. Me disseram que eu não teria onde cair morta e que eu seria uma mendiga. Peguei umas coisas e saí, fiquei quatro dias dormindo nas ruas. Eu não tinha dinheiro, na boate eles te pagam com roupa, comida e moradia. O que você ganha de dinheiro são apenas as gorjetas a mais que alguns clientes te dão. Na época que "fugi" eu não tinha nada. Passei fome e outras necessidades além de ter quase sido estuprada nas ruas e então decidi voltar.
— Por livre e expontânea vontade, certo? — a Juíza interrogou.
— Sim. — concluiu Sana. — Eu fiz uma escolha para não ter que passar necessidades. Mas isso não importa agora, o que interessa aqui é que eles deixam os homens nos maltratarem na hora do sexo. Um homem já me obrigou a vestir-me de cachorro e latir enquanto ele me batia e me fazia tomar a droga do seu leite. Eu não queria ser humilhada assim. Era pra ser só sexo, né? Então porque as vezes somos agredidas, marcadas, espancadas e humilhadas? Isso não é certo, deveria ser organizado. Não somos objetos.
— Você reclamou com os gerentes da boate sobre o acontecido com o homem? — a juíza questionou.
— Sim. Eles me disseram que lá somos apenas objetos e devemos atender as necessidades dos homens. Ah, e eu já fui assediada pelo segurança. Aquele ali que está sentado, que veio depor contra Im Nayeon.
— Você é só uma puta! Por que eu não posso pagar pra te comer como os outros caras fazem? — O homem berrou.
A juíza lançou ao homem um olhar de reprovação.
Sana baixou a cabeça, corando.
— Vou quebrar esse cara. — Tzuyu rosna baixinho ao meu lado.
— Eu já quebrei ele uma vez. Calma.
A juíza pede para que Sana se sente e então chama Dahyun. Após o depoimento de Dahyun também, a juíza pede uma pausa de dez minutos.
Nesses dez minutos pude ir até Nayeon, levar uma água para ela, abraça-la e lhe dar um beijo.
— Virou lésbica, querida? — CL se aproxima em passos finos.
— Eu sempre fui. Você saberia se não tivesse me obrigado a transar com caras.
— Acho que não te comeram bem. — O babaca segurança da boate diz.
— Ah, jura? — Nayeon sorri cínica. — Transei com mais de cem caras e nenhum deles nunca me fez gozar. Sabe quem me faz gozar? Ela. — Nayeon apontou para mim e mordeu o lábio.
inferior.
Estava sendo sincera, mas com certeza estava querendo provocar o cara e a CL.
O babaca faz uma expressão de raiva e saí batendo os pés.
— Você cresceu, Nayeon. — CL diz, sorrindo.
— Veio apelar pro lado materno? Se veio, pode dar meia volta. — reclamo.
— Não, não vim. Como devo te chamar? Ah, de cão guarda costas?
Reviro os olhos e respiro fundo.
— O que quer, CL? — Nayeon cruza os braços.
— Posso lhe oferecer dinheiro e você saí por aquela porta como se nada tivesse acontecido.
— FICOU LOUCA? VOCÊ É MALUCA, MULHER! — cuspo as palavras, com ódio.
Percebo que CL sorri e olho para Nayeon. Nayeon relaxa os braços e sua expressão demonstra dúvida.
— Quanto dinheiro?
— O que? Nayeon, não pode estar falando sério. — digo, indignada.
— Trinta mil. — CL fala.
— É pouco. — Nayeon rebate.
— Cinquenta mil e não se fala mais nisso.
— Nayeon? — a repreendo. — Ela quer te comprar. Essa mulher te vendeu por anos e agora quer te comprar!
— É muito dinheiro, Jeong. Dá para financiar uma casa e morarmos lá sem dependência dos seus pais.
— Vamos ter uma casa, mas com o nosso dinheiro suado. Vai vender sua dignidade?
Nayeon franze o cenho, tristemente.
— O tempo está correndo, querida. — CL nos apressa.
As outras garotas não estão aqui, porque se tivessem, já teriam batido nessa mulher.
— Eu... — Nayeon murmura, confusa.
— Vai me perder se fizer isso. — digo. — Não vou ficar com alguém que aceita dinheiro sujo.
A expressão de Nayeon fica rígida, e ela cruza os braços novamente.
— Não quero o seu dinheiro. — ela finalmente diz.
— Que bobagem, querida. — CL ri. — Obedece a sua namoradinha tão rápido assim? Poxa.
— Não obedeço ninguém. — Nayeon nega. — Mas percebi que ela está certa. Já vendi o meu corpo e não vou vender a minha dignidade.
CL faz uma expressão de desprezo antes de dar as costas e ir se sentar. Nayeon pega na minha mão e abre a boca para falar algo, mas eu a corto.
— Você ia estragar tudo. — digo a ela.
— Mas não estraguei. — ela força um sorriso.
— Preciso de um tempo agora. — suspiro e me afasto, indo me sentar em meu lugar.
A Juíza logo volta e se senta. Ela analisa uns papéis e depois a cara de cada um presente na enorme sala. E então ela diz:
— A boate será fecha por tempo indeterminado. Im Nayeon ganhou a causa de hoje.
As meninas começam a se abraçarem e a comemorarem, enquanto Nayeon não esboçava nenhuma reação, apenas me encarava preocupada e visivelmente com medo de me perder.
— E, além disso, os gerentes e a própria dona terão que indenizar duas pessoas. Indenizarão Minatozaki Sana por assédio e mal tratos, no valor de vinte mil. E indenizarão Im Nayeon por mal tratos, assédio e pedofilía, no valor de cinquenta mil.
Nayeon esboça um sorriso instantaneamente. Toma CL, perdeu os cinquenta mil de qualquer jeito.
— CL, faremos uma audiência daqui há um mês para sabermos se além disso você será condenada a prisão. Torça para não ser condenada, porque se for, poderá pegar de cinco há quinze anos.
CL arregalou os olhos e se colocou de pé. Começou a gritar e a berrar, xingando todos. A juíza disse para se atirar antes que fosse condenada por desacato a autoridade. CL saiu, batendo os pés, chorando e furiosa.
Fomos liberados e saímos todos daquele lugar. As meninas comemoravam ainda e Dahyun chorava muito. Nayeon se aproximou de mim, cautelosamente.
— Você vai me desculpar?
— Você sabe o que faz, portanto não me deve desculpas. — cruzo os braços. — Mas você ia fazer uma merda muito grande.
— Na hora me pareceu muito dinheiro e uma ótima oportunidade. Mas é, não ia valer a pena. Me desculpe mesmo assim.
— Tá bom. — confirmo com a cabeça.
— Posso te abraçar? — ela pergunta, fazendo um biquinho.
— Precisa pedir? — sorrio e deposito um selinho em seus lábios macios.
DOIS MESES DEPOIS
— Ainda não acredito! — Nayeon bate os pés no chão, surtando.
— O que? — reviro os olhos para seu drama.
— Que elas vão se casar. Vão se casar antes de nós.
Estamos sentadas no banco da igreja esperando pelas noivas. Nós, meus pais, Sana e Tzuyu, que estão namorando.
— Consegui um emprego agora, não temos dinheiro para um casamento. — rebato.
— Não importa. — Ela faz um biquinho.
Uma música começa a tocar e todos olham para as portas da igreja. Momo entra devagar, com seu pai ao seu lado. Ela está usando um vestido longo, mas está sem véu. Momo está com um coque, e está fantástica. Os convidados olham emocionados, e seu pai a guia até perto do homem baixinho que realizará a cerimônia. A música muda de repente e sabemos que a outra irá entrar. Dahyun entra acompanhada da mãe de Momo, ambas entram sorrindo. Dahyun está com um vestido de noiva que vai até um pouco acima do joelho e também está com um coque, mas ela sim está usando um véu jogado por sua cabeça, mas sem cobrir seu rosto. Elas caminham até Momo e param ao chegar lá. O padre faz os longos e demorados votos. Detesto essa parte. E ai finalmente elas dizem Sim. Primeiro Hirai e depois Kim.
— Podem se beijar. — o Homem anuncia.
Momo sorri ladino e Dahyun abre um largo sorriso. Hirai leva as mãos até a cintura da pequena e elas se beijam delicadamente.
Sana chora baixinho, Tzuyu aplaude contente como meus pais. Nayeon resmunga por não ser com a gente, e eu dou risada de sua cara fofa de coelho rabugento.
As noivas saem da igreja e recebem vários grãos de arroz sendo arremessados em suas caras. Elas entram em um carro preto bonito e seguem para uma cidade não tão longe onde passaram a lua de mel na praia.
— Elas não se casaram com buquê. — Sana comenta.
— É mais bonito sem flor. — Diz Tzuyu.
— O que? Não. Elas precisavam ter se casado com buquê. — Nayeon rebate
— Por que? — pergunto
— Porque eu iria pegar.
Acabo rindo.
— Você não vai desistir mesmo dessa ideia, não é? — brinco
— Não, não vou. — Nayeon faz um biquinho fofo.
Me ajoelho de repente, sentindo meu coração a mil e meu rosto corando. Pego em uma de suas mãos e olho fixamente em seus olhos.
— Aceita se casar comigo, Im Nayeon?
Ela arregala os olhos e deixa a boca em um perfeito "O". Tiro de um dos bolsos da minha calça jeans uma caixinha dourada e abro. Contém um par de alianças de noivado.
— Meu Deus! Eu aceito, Jeong! — ela pula de felicidade e me ergue para poder me beijar.
Algumas pessoas que estavam ali começam a aplaudir. Coloco a aliança em seu dedo e depois Nayeon coloca a outra no meu. Sorrimos juntas e nos beijamos mais uma vez. Um beijo terno, com muito carinho. Ela sorri com aqueles dentinhos quando nos afastamos pela falta de ar, e eu sorrio de vê-la sorrir. A felicidade de Im Nayeon me importa muito. Ela é meu caos e minha calmaria. Essa garota é tudo na minha vida e é com ela que quero passar o resto da minha vida.
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