- Dulce, você ainda me deve uma resposta. - Christopher cobrou. - Quer se casar comigo?
- Oh, meu amor! - Dulce pegou nas mãos dele. - Eu... te amo muito, Chris. Acho que não sei viver sem você. Não sei como vivi longe das suas carícias e amor durante uma década. - ela sorriu.
- O que significa este sorriso? É um sim? - ela assentiu com a cabeça. - Obrigado, meu amor! Prometo que vou fazer tudo diferente dessa vez.
- Esquece o passado, Chris! Vamos viver o futuro. Vamos viver uma nova história.
- Como quiser, Dul! Agora eu preciso ir! - Christopher afirmou, dando um abraço nela. - Cuida bem dos nossos filhos.
- Nem precisa pedir, meu amor! Ser mãe é a minha especialidade. - eles sorriram. Se despediram com beijos e abraços, até Christopher ir embora.
*****
Fazia mais de um mês que Natália estava presa e sua vida estava virando uma rotina bem cansativa.
Quase não se alimentava, pois odiava a comida do presídio.
- Téllez, você precisa comer! Desse jeito, você vai morrer. - disse uma das suas colegas de cela.
- Eu não quero e nem vou comer essa porcaria. - ela respondeu, jogando sua refeição no chão.
- Para de ser idiota! Você vai morrer, Natália. - Ana insistiu. - Será que eu vou ter que enfiar essa comida no seu estômago?
- Eu não... - antes de conseguir terminar a frase, Natália desmaiou e caiu, batendo a cabeça no chão. As presas ali presentes começaram a gritar desesperadas por socorro, batendo na grade da cela onde estavam.
- O que está acontecendo? Que bagunça é essa aqui? - perguntou uma carcereira, se aproximando de onde as mulheres estavam. - Aposto que é a Tellez de novo.
- Ela desmaiou novamente! O que podemos fazer? - a Gata perguntou.
- Não acredito! A Natália já desmaiou três vezes, só esta semana. Eu vou encaminhá-la para o hospital, totalmente escoltada pela polícia. Essa garota precisa fazer uns exames, isso não é normal.
- A vontade que eu tenho é de deixar ela morrer e jogar o corpo para os tubarões. - Ana respondeu, impaciente. - Ela está me dando muito trabalho. - A carcereira saiu rapidamente e voltou cerca de vinte minutos depois, levando Natália em uma maca, ainda desmaiada. A jovem recebeu os primeiros socorros durante o percurso até o hospital, mas nada adiantou.
Instantes mais tarde, Natália chegou ao hospital, completamente desacordada. Levaram-na diretamente para a sala de exames, onde os profissionais da saúde, tais como enfermeiros e biomédicos, recolheram os materiais a serem analisados e cuidou especialmente dela.
Christopher havia buscado Dulce em casa para irem à empresa, quando recebe um telefonema. Estava dirigindo e preferiu não atender, mas as ligações constantes e os barulhos insuportáveis e ensurdecedores, causados pelas mesmas, o incomodou e fez o homem mudar de ideia.
- Amor, atende logo! Pode ser algo sério. - Dulce aconselhou.
- Eu já ia atender! - ele parou o carro em um lugar seguro e atendeu. - Bom dia! Quem fala?
- Olá, Christopher! Sou eu, detetive Fernando. - respondeu.
- Que honra, doutor! Me desculpe não ter te atendido antes. Eu estava dirigindo.
- Tudo bem, não se preocupe, Christopher! - disse ele. - Eu liguei porque tenho uma nova notícia da Natália.
- O que houve? - Christopher perguntou, fitando Dulce. - Aconteceu alguma coisa?
- O que aconteceu, Ucker? - Dulce perguntou, preocupada. Ele sorriu por ouví-la chamar assim.
- Pois não, doutor?! O que quer me dizer? - ele perguntou novamente.
- A Natália teve algumas sessões de desmaios constantes nas últimas duas semanas. Hoje, isso se repetiu e ela está internada.
- Mas... o que aconteceu de fato?
- Se é sobre o diagnóstico preciso, não sei te informar muito bem. O que eu sei é que ela está com desnutrição grave e anemia. Desde que foi presa, quase não se alimentou e os médicos estão repondo, através do soro, vitaminas e proteínas essenciais para sua sobrevivência. - o doutor Fernando explicou. - Ela corre sérios riscos de vida e, se sobreviver, poderá desenvolver inúmeras doenças cardiovasculares e respiratórias, além de ineficiência dos rins, bexiga e sistemas nervoso e digestório.
- Ucker, o que está acontecendo? - Dulce insistiu, angustiada. Ele gesticulou com uma das mãos para que ela mantivesse a calma.
- Isso é muito sério, doutor! - ele respondeu. - Mas acredito que eu não tenho mais nada a ver com isso, não?!
- Claro! Só estou te avisando porque achei que tivesse o direito de saber. - respondeu.
- Te agradeço, doutor! Qualquer informação nova, melhora, piora ou estabilidade no quadro dela, não hesite em me ligar, certo?! - Christopher pediu.
- Fique tranquilo! Vou avisar assim que tiver uma mudança no quadro da paciente. - disse, finalizando a ligação.
- Christopher Uckermann! - Dulce chamou. Ele ligou o carro e voltou sua atenção para a pista. - Ucker, você não me disse o que...
- A Natália! - ele respondeu, sem olhá-la.
- O que foi? Ela fugiu da cadeia e foi atropelada? - Christopher sorriu. - Por que está rindo?
- Sua maneira de deduzir as coisas é muito engraçado. - disse ele.
- Me diz logo o que... - ele a interrompeu.
- Bom... é que eu não sei como vou te dizer, mas sei que preciso dizer. - Ucker ficou sério e continuou dirigindo. - A Natália está com anemia e desnutrição. Ela não se alimentava e agora está internada, correndo risco de não sobreviver.
Dulce não respondeu nada. Simplesmente abaixou sua cabeça e ficou pensativa.
Alguns minutos depois, Christopher estacionou o carro no estacionamento da empresa e se virou para Dulce, que ainda não havia dito uma palavra, se quer.
- Está tudo bem, Dul! - Ucker perguntou.
- Tenho pena da Natália! - ela confessou. - Seria tudo muito mais fácil, tudo mais diferente, se ela não tivesse feito o que fez. Éramos amigas e... ela me decepcionou muito. Você não imagina o quanto doeu em mim perder meus pais da maneira que perdi. Não faz ideia da dor que senti quando descobri que... a menina que eu julgava minha melhor amiga, não passava de... uma assassina. - Dulce se permitiu chorar. - Doeu muito quando tive que... assistir minha antiga amiga em uma cadeia e, o pior, ela não se arrependeu de nada.
- Não fica assim, meu amor! - Christopher abriu a porta do carro para que ela pudesse descer e a abraçou. - Me dói muito também. Me dói te ver assim, minha linda. Esquece isso, tudo bem?
- Não consigo, Ucker! É difícil demais esquecer. Eu preciso vê-la no hospital. Preciso apoiá-la neste momento difícil da vida dela. Apesar de querer fazer justiça, jamais desejaria o mal à ela. Acho que a cadeia é lugar onde a Natália possa meditar um pouco em tudo o que ela fez. - Christopher arregalou os olhos. Ficou totalmente espantado com o que ouvia Dulce dizer. Apesar de todo o estrago que Natália fez, Dulce ainda queria visitá-la?
- Estou muito orgulhoso de você, Dul! Depois de tudo o que houve, depois da dor eterna e da ferida que a Natália abriu em seu coração, você quer vê-la? - ele perguntou, ainda desacreditado. Ela assentiu. - Tem certeza que é isso que...
- Tenho, Ucker! Por favor, eu preciso ver a Natália. - Dulce insistiu.
- Calma, tá?! - ele voltou a abraçá-la, tentando confortá-la. - Me espere aqui que eu vou lá em cima e já volto. Preciso ligar para o doutor Fernando pra saber qual é o hospital que a Natália está. E também preciso falar com a Anny que estamos saindo. - Christopher abriu a porta do carro e Dulce entrou. - Eu prometo não demorar, meu amor. Já volto. - ele deu um selinho nela e subiu às pressas. Assim que chegou no terceiro andar, onde trabalhava, se dirigiu até a mesa de Anahí.
- Anny, eu preciso que você ligue para o doutor Fernando e pergunte qual o nome do hospital. - ele pediu. - Eu vou sair e quero que organize minhas coisas. Peça ao Alfonso que fique na minha sala.
- Credo, Christopher! Bom dia pra você também. - Anahí reprovou a atitude do amigo.
- Faça o que eu te pedi e não discuta comigo. Depois te explico o que aconteceu. - ele ordenou, entrando apressadamente em sua sala. Minutos depois, saiu, pegou o papel com o endereço em que Anny escreveu e desceu rapidamente. - Vamos, meu anjo?! - Dulce estava chorando, com os olhos fechados. - Não chore, amor! Eu já estou aqui. Já estamos indo para o hospital. - Ele digitou o endereço no GPS, deu partida no carro e saíram em seguida. - Fique calma, Dul! A Natália é forte e vaso ruim não se destrói facilmente.
- Eu só preciso ver como ela está! Já liguei pra Zora pegar as crianças no colégio, caso eu demore chegar em casa. - disse, entre choros.
- Eu não consigo te entender, Dul! A Natália sempre procurou o seu mal e você ainda consegue sentir pena dela. Ainda consegue sentir tristeza e se preocupar com ela. Por mim, ela estaria morta. - Christopher afirmou, furioso.
- Eu sou um ser humano! Erro, acerto, sinto felicidade, tristeza, dor, paz... Tudo depende da situação... do momento. E não consigo ficar alegre e segura com esta situação. A Natália está precisando de alguém agora.
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