História A Misteriosa Vida Do Meu Patrão - Estranho

Tinha saído um pouco mais cedo da empresa para cuidar de alguns assuntos pendentes e acabou chegando mais cedo em casa. O tempo que tinha dava apenas para tomar um banho e sair para almoçar já que, por exigência dele, Hinata estava de folga. Colocou a sua maleta num dos sofás, afrouxou a gravata e foi até a cozinha beber água. Quando entrou na cozinha, viu o corpo pequeno já conhecido em cima de um banco na ponta dos pés tentando alcançar algo sem sucesso. Balançou a cabeça em negação ao lembrar que ela havia dito que o local onde ficava o armário não era um problema. Ela claramente dizia aquelas coisas para não incomodar. Além do mais, o que ela estava fazendo aí no seu dia de folga? Decidiu não dar importância para aquilo no momento e nada fez. Ficou observado cada movimento da moça totalmente concentrado. Sua pele era extremamente branca e parecia ser bem frágil. Como ela suportou ficar tanto tempo debaixo do sol durante os dias em tantos anos? A forma que ela se movia era um tanto hipnotizante. Hinata era extremamente delicada, seu cabelo escuro e liso espalhado nas costas que parava na cintura lhe transmitia pureza. Ela esbanjava pureza. Naruto percebeu que estava se sentindo estranho com aquilo e começou a ficar nervoso, porém, algo o interrompeu. Hinata se desequilibrou e ia cair com tudo no chão e bater a cabeça. Foi tudo tão rápido que quando ele percebeu, já a segurava nos braços. Sentiu um arrepio percorrendo o seu corpo na hora devido ao contacto da sua pele com o dela, o que o fez a colocar no chão de imediato. Ela gemeu de dor e ele teve que segurá-la mais uma vez e coloca-la sentada em um dos bancos da cozinha. Agachou-se à sua frente e a olhou.

- O que foi? – Ela levantou a cabeça e logo desviou os olhos para baixo. Ele se sentia um pouco incomodado quando ela não o encarava e não entendia o porquê. Ela apontou para o seu pé.

- Meu tornozelo dói. – Falou claramente constrangida.

Ele pressionou levemente a mão no local e ela gemeu de dor. Percebeu que ela tinha torcido o pé quando quase caiu do banco.

- Você torceu o pé, está inchado. – Disse a encarando – Mas não parece que seja tanto para chamar um médico. – Completou pensativo. – Venha. – Ele disse a pegando no colo novamente. Colocou a moça no sofá e foi até a cozinha. Pegou um recipiente com gelo e voltou para a sala. – Toma. – Disse a entregando o gelo. – Passe pelo tornozelo. Isso vai ajudar. – Ela apenas assentiu e começou a passar gelo no local.

Tirou o celular do bolso e foi até o escritório. Digitou um número e sentou-se na cadeira do escritório. Não queria deixar a moça na casa sozinha e estava se praguejando por dentro por isso. Seu lado solidário estava falando alto demais e isso o estava preocupando.

- Alô? Algum problema, Naruto? – Falou a pessoa do outro lado da linha.

- Sim, Shikamaru. Me aconteceu um imprevisto aqui. – Disse passando a mão pela nuca constrangido. – Não poderei voltar para a empresa hoje. Você poderia cuidar das coisas pra mim aí?

- Você faltando ao trabalho?! – Perguntou desacreditado. - Novidade do ano. – Brincou divertido. O loiro, nervoso, passou a mão pela nuca mais uma vez. – Claro que sim, cara! Sem problemas. Pode resolver seu imprevisto aí descansado. - Falou descontraído. Shikamaru falava com ele mais como se fossem amigos muito próximos do que apenas colegas de trabalho, embora não fossem tão íntimos já que o loiro se fechava demais no seu mundo.

- Ok. Vou te enviar alguns dados que você vai precisar. Obrigado. – Completou.

- Certo. Imagina.

- Nos vemos amanhã. – Ouviu um “até” e desligou o celular. Abriu o computador que estava na mesa e enviou alguns documentos por e-mail fechando-o em seguida. Ligou de novo, mas dessa vez para um restaurante e encomendou algo para comer.

Voltou para a sala. Sentou-se no sofá à frente da moça, inclinou o corpo para frente e apoiou os braços nas pernas entrelaçando as mãos. Ficou em silêncio observando cada movimento dela. Se ele não tivesse chegado a tempo, a pancada poderia ter sido mais grave e sabe-se lá o que aconteceria com ela. Sentiu necessidade de repreendê-la.

- Isso que dá ser teimosa. – Ela o olhou receosa. – Eu deveria ter dado um jeito naquele armário há muito tempo.

- Me desculpe. – Ela respondeu tão desmotivada que ele chegou a sentir uma certa frustração. Ela já devia estar sentindo que estava incomodando desde o inico. Hinata falava pouco e normalmente só abria a boca para pedir desculpas ou dizer que as refeições já estavam prontas. Suspirou. Desviou os olhos para um lugar qualquer e começou a passar a mão na nuca. Estava inquieto. Encarou a moça de novo.

- Não se preocupe com isso. – Percebeu o olhar confuso da moça, mas logo ela sorriu timidamente, o que fez com que o loiro esquecesse de tudo o que estava à sua volta por um momento. Era a primeira vez que via a garota sorrindo e parecia algo mágico. Era lindo e verdadeiro. Ela não estava mais tensa. Parecia um pouco segura, muito diferente das outras vezes que ela se encontrava com ele na casa e praticamente corria como se tivesse visto um fantasma. Quando caiu em si, notou que Hinata evitava ao máximo levantar o rosto. Não fazia ideia se a esteve encarando por pouco ou muito tempo. Foi quando percebeu que estava sendo inconveniente. Ficou desconcentrado porque estava se estranhando mais uma vez. Pegou o jornal que estava em cima da mesa e praticamente enfiou a cara dentro dele. O que não resultou muito porque vez ou outra se pegava olhando para ela e não entendia isso. Ela o intrigava bastante. A campainha tocou o espantando os seus desvaneios e ele levantou-se num pulo para abrir a porta.

- Fica aí. – Disse ao ver que ela já estava se levantando e ela sentou-se novamente. Abriu a porta e pegou a refeição do funcionário do restaurante. Pagou e disse que ele podia ficar com o troco, o que fez com que o rapaz fizesse uma cara de paisagem, pois era muito.

- Vamos almoçar. – Falou voltando para a sala. – Hinata assentiu com um sorriso mínimo, mas, dessa vez, ele não deixou que isso o desfocasse ou ao menos tentou. Caminhou até a moça, ajudou-a a levantar-se e a pegou no colo novamente levando-a para a sala de jantar.

~

Com o prato quase vazio, olhava para a moça que comia devagar com a cara enfiada dentro do prato. Ela estava obviamente sem graça. Decidiu dar um pouco de espaço para ela. Levantou-se e subiu para o quarto. Trocou de roupa vestindo uma calça moletom e uma camisa branca e colocou um chinelo. Escovou os dentes e desceu indo para a sala de jantar novamente. Ela não estava mais lá e a mesa já estava arrumada. Era realmente muito rápida. Caminhou mais um pouco para o interior e lá estava ela lavando a louça com o pé esquerdo no chão e o outro apoiado na perna direita, pois não aguentava o peso do seu corpo.

- Hey! Você não consegue ficar parada? – Disse cruzando os braços. A moça assustou-se e quase deixou com que o prato que limpava caísse no chão. Naruto balançou a cabeça em negação. Ela era um caso perdido mesmo. Quando a moça o olhou, fez uma cara de interrogação olhando para as suas roupas. Já sabia o que ela ia perguntar.

- O senhor não vai trabalhar? – Perguntou com uma cara estranha.

- Ia. Não vou mais. - Respondeu simplesmente. – Não deveria estar em pé. Vai prejudicar seu tornozelo. – Disse se desviando o mais rápido possível do assunto. Hinata deu um passo à frente e fez uma expressão de dor, o que fez com que ele se aproximasse dela rapidamente.

- Você está me dando trabalho hoje. – Ela fez aquela cara estranha de novo como se estivesse dentro de um filme de terror. – Não me olhe com essa cara. – Disse pegando no braço da moça e a colocando atrás do seu pescoço. – Já disse que ninguém vai te fazer mal aqui. – Completou pegando ela que parecia totalmente travada. Subiu as escadas devagar e levou-a até o seu quarto. Hinata permaneceu tensa o tempo todo. Ajudou-a a sentar-se na cama e, ao se afastar um pouco dela para se levantar, seu rosto acabou ficando perto demais do rosto dela. A sensação estranha voltou de novo. Conseguiu ver melhor o rosto dela porque dessa vez ela demorou para virar o rosto como sempre fazia. A morena desviou os olhos com o rosto corado, pegou no jarro de água que estava perto da cama e começou a encher o copo para beber. Reparou que ela tremia demais.

- Por favor, não se preocupe mais. Estou bem. – Disse sem o encarar tomando um gole da água. Naruto levantou-se rapidamente completamente desconcentrado.

- Qualquer coisa, não hesite em pedir ajuda e não saia por aí subindo em qualquer coisa. Não é todos os dias que irá aparecer alguém. – Disse por fim saindo do quarto. Caminhou um pouco e entrou na sua suíte. Sentia o seu corpo muito quente. Sentou-se na cama com os cotovelos apoiados nas pernas e as duas mãos enfiadas no cabelo.

- O que raios está acontecendo comigo?

~MU~

Abriu a porta tentando fazer o mínimo de barulho possível. Fechou a mesma devagar e caminhou a passos leves para não ser notado, porém, sem sucesso.

- Ora, ora! Olha só quem acabou de chegar! – Sasuke revirou os olhos ao perceber que a sua paz seria tirada. Fitou a mulher já aborrecido.

- Você não tem nada para fazer?

- Não entendi. – Respondeu cínica o que fez o moreno revirar os olhos mais uma vez.

- Você é realmente impressionante. Não cansa de ficar controlando a minha vida? – Perguntou já imaginando o tipo de resposta que ia receber.

- Eu apenas estou zelando pelo bem-estar e pela reputação dessa família, querido. – Disse a mulher se levantando do sofá. Sasuke gargalhou e a fitou sério.

- Pelo bem-estar dessa família? Jura? Bem-estar como... – Colocou a mão no queixo fingindo estar pensando. – ...criar intrigas entre Itachi e meu pai até que ele não aguentou mais e foi embora? – Perguntou irritado.

- Não me culpe pelos problemas entre seu pai e seu irmão. – Respondeu simplesmente.

- Escuta aqui, Anko. – Disse aproximando-se da mulher que permanecia sem expressão. – Você não me engana. – Falou olhando fixamente para ela. – E mais um coisa. – Aproximou-se mais um pouco ficando a poucos centímetros do rosto dela olhando bem no fundo dos seus olhos. - Se você tiver algum envolvimento com o sumiço da minha mãe, eu vou descobrir.

- Você está indo longe demais, Sasuke. – A tranquilidade uma vez presente no rosto da mulher tinha sumido.

- Será mesmo? – Disse a encarando. Deu-lhe as costas e subiu as escadas deixando um silêncio absoluto para trás.

~

O jovem olhava pensativo para o mar da ilha onde já vivia por 5 anos. Enfiou as mãos nos bolsos da bermuda e fechou os olhos sentindo a brisa do mar acariciar o seu rosto. Aqueles momentos de paz acabariam em breve, pois o tempo de agir estava cada vez mais próximo. Sentia saudades do seu passado realmente feliz e do amigo querido que se viu obrigado a abandonar. Sentiu uma mão tocando levemente o seu ombro. Não precisava abrir os olhos para saber de quem se tratava.

- Temari. – Disse sorrindo levemente ainda com os olhos fechados.

- Pensando de novo? - Perguntou a moça.

- Digamos que eu esteja apenas meditando um pouco. – Respondeu tranquilo e girou o rosto a fitando. – Você deveria fazer o mesmo de vez em quando.

- Olha pra minha cara e vê se eu tenho paciência pra fazer essas coisas. – O garoto sorriu divertido.

- Você é um caso perdido mesmo. - Brincou balançando a cabeça em negação.

- Não é a toa que ela é agressiva e qualquer coisa já está querendo matar um. – Disse o outro rapaz que parou do lado esquerdo do mais novo. – Decadente. – Concluiu olhando para a moça com a cara debochada.

- Kankuroooo! - Falou a garota o fuzilando com os olhos.

- Temariiiii! – Brincou vendo a loira bufando do outro lado. – E então? Já decidiu quando voltaremos? – Perguntou sério olhando para o rapaz mais novo. O jovem voltou a sua atenção para o mar pensativo. Dias um tanto turbulentos viriam.

- Em breve.

Continua…