Acordei sentindo o delicioso aroma de café fresquinho. Olhei para o lado e Nashi estava babando ao meu lado, sinal de que ainda dorme profundamente.
Levantei calmamente e me arrastei até o banheiro. Estava tão cansada. Passar a madrugada transando, isso não é mais para mim. Acho que esse é o sinal de que a idade realmente chegou. Terminei a higiene matinal e encarei meu reflexo, ainda estou com sono.
— Bom dia, amor! – falei entrando na cozinha e lhe dei um selinho. — Você acordou cedo. – peguei uma torrada e sentei na bancada.
— Bom dia. – pegou o açúcar. — O ronco da Nashi me acordou. – riu.
— Tadinha. – ri. — Ela só ronca quando 'tá muito cansada.
— Percebi.
Ontem eu fiquei tão animada com a festinha que esqueci completamente de falar sobre o encontro com Grandine. Bom, falarei depois, espero não esquecer.
Observei o homem terminar de despejar o café na garrafa térmica.
Ele chegou perto, separou minhas pernas e acomodou-se entre elas. Apertou as coxas e passou as unhas curtas pelo lugar, para cima e para baixo. Me inclinei e selei nossos lábios. Sua mão boba foi subindo por debaixo da minha camisa e percebi que era hora de parar. Separei com selinhos e desci da bancada.
— Poxa… 'Tava tão bom.
— Não devemos começar o que não poderemos terminar.
— Por que não poderemos?
— Fala sério, Natsu, temos uma filha pequena. Você acha mesmo que é possível transar de dia e com ela aqui? – ri. — Bobinho.
— Mam…
Nashi vinha na minha direção, mas voltou e correu para o banheiro. A porta do cômodo bateu, fui até lá e a abri, a menina já tinha uma expressão de desespero, pois ainda não consegue abrir portas.
— Aqui, trouxe a cadeirinha 'pra você subir e escovar os dentes. – a coloquei na frente da pia.
— 'Soziia?
— Sozinha! – sua boca fez 'o'. — Você agora tem 4 anos e pode começar a fazer algumas coisinhas sem mim.
Separei o copo com água e coloquei o creme dental na escova de bichinho. Ela fez da forma que eu sempre fiz. Com a diferença de que sujou em volta da boca.
— Pronto! Nem foi difícil, né?
— Foi um 'pouquiio difícil, mas eu consegui.
— Sim, porque você é muito inteligente. – deixei um beijinho em sua bochecha. — Agora vamos comer.
Natsu estava arrumando a bancada.
— Bom dia, papai. – ele a pegou no colo e beijou sua testa.
— Bom dia, princesa.
— 'Oia meus dentes. – sorriu grande e depois abriu a boca. — Eu escovei 'soziia.
— Nossa, estão limpinhos. – ela assentiu orgulhosa.
Terminamos de tomar café e era hora de desarrumar as coisas da festa de ontem. Descobri que a tal mesa e cadeira, são emprestadas e que ele as devolverá hoje.
— Luce, porque trouxe essas flores da praça? – na hora que comecei a rir, quase derrubei o bolo.
— Não foi eu que trouxe. Sua filha que ganhou.
— É? – assenti e guardei os pedaços na vasilha. — Você quem deu? – eu ri tanto que desisti ou acabaria derrubando mesmo os pedaços. — Do que 'tá rindo? Eu sou algum palhaço por acaso? – ficou puto e neguei com a cabeça.
Peguei a câmera em cima do rack e lhe entreguei.
— Amor, quem deu aquelas lindas flores 'pra você?
— 'Aqueias? – apontou e assenti. — 'Iomeu que me deu. – mostrei as fotos.
— Que moleque abusado. Olha isso, colocou na orelha dela e você ainda deixou. – foi passando as fotos. — Abraçados, mãos dadas, se olhando… Lucy, isso é quase… um ensaio de casamento! – gargalhei.
— Nossa, isso foi exagero até 'pra você. – continuei rindo.
— Por que ele deu essas flores?
— Não sei, Natsu, ele é um menino, flertar deve estar em seu DNA. – brinquei e ele ficou pálido. — Eu 'tô brincando! As flores estavam lá e ele as deu de presente, só isso.
Segurou meu braço e me levou até a cozinha.
— Vo… – limpou a garganta. — Você acha que ela gosta dele?
— Claro, ele é amigo dela! – difícil não rir dele sendo tão dramático. — Agora ela só pensa nisso. Ainda é muito cedo 'pra sentimentos românticos, de ambos os lados.
— Tem certeza? Porque ele gosta dela. Não o culpo, olha que linda e fofa Nashi é.
— Os dois se gostam como amiguinhos!
— Hum… Você tem razão.
— No futuro, aí já é outra história. – me olhou horrorizado. — Ah, eu vou me mijar de tanto rir! – gargalhei.
Natsu me deixou rindo na cozinha e foi em direção ao quarto. Ah, cara, quanto drama. Por isso Nashi é do jeito que é, herdou a veia dramática de ambos os lados. Fui atrás dele e fechei a porta atrás de mim, ainda secando as lágrimas.
— Você é tão bobo, Natsu! – sentei ao seu lado. — Vamos fazer o seguinte: quando chegar na época dos amores e namorados, você poderá assustar os rapazes da forma que quiser, mas só no momento certo, ok?
— Eu farei isso tão bem, Lucy.
— Eu sei, tenho até pena deles. – ri mais um pouco e deixei um beijo em sua bochecha.
Preciso conversar com ele sobre. Peguei a caixinha que havia deixado na estante e lhe entreguei.
— Que lindo.
— Sua mãe quem deu. – se ele não estivesse sentado, teria caído.
— Minha mãe? – assenti. — Por quê?
— Ué, porque ela quis. – fez careta. — Mas é verdade. Eu não pedi e você também não. Nós duas estávamos na praça e ela chegou.
— Não faz sentido. – continuava olhando a caixinha. — Eu não entendo…
— Nem eu. O problema do seu pai é o orgulho. Agora sua mãe… Não faço a menor ideia do que passa na cabeça e coração dela.
— Você acha que é possível meu pai ter coragem de… – deixou no ar.
— Não! – fui sincera. — Não acho que seu pai seja violento com sua mãe. A admiração e o amor que ele sente por ela, é tão real quanto nós dois. Eu acredito é que existe sim algo, mas com ela e não o envolve. Grandine mesmo disse que era uma confusão.
— O que isso significa?
— Ela se aproximou. – sentei ao seu lado. — Significa que nem tudo é preto e branco. – encarou-me e eu segurei sua mão. — Dito isso, eu acho que você deve ir vê-la. Acha que não percebi seus olhares 'pro celular? A não ser que esteja esperando a ligação de alguma amante. – brinquei.
— Sem graça.
— Vai dizer que não 'tá esperando uma ligação dela? Liga 'pra ela e marca um encontro. Se você não quer ir naquela casa por causa do seu pai, encontra na rua, mas vai.
— Você não se incomoda? – neguei. — Depois de tudo?
— As coisas não tão simples assim. A prova é esse presente.
O deixei sozinho e voltei à sala, Nashi não estava no sofá. Olhei em volta e nada. Abri a porta do banheiro, ninguém ali. Ouvi uma risadinha e foquei na barraca, eu tinha esquecido.
— Cadê a Nashi? – risadinha. — Essa menina não é fácil, ela sumiu. – abaixei e olhei debaixo do sofá. — Aff. – parei de costas para a barraca e olhei para o outro lado.
— BUU!
— AH! Que susto! – levei a mão ao peito.
Ela caiu na gargalhada.
Ele apareceu na cozinha, disse que ligou e marcou um encontro com a mulher no final da tarde. O que me surpreendeu é que será na casa de seus pais.
— Pela voz dela, ela pareceu bem feliz com a ligação.
— Lógico. – peguei uma garrafinha. — Ela é sua mãe.
— Só espero que dê tudo certo e eu não me arrependa.
— Não vai. – torço por isso.
— 'SOCOIO! 'SOCOIO! – virei rápido e cuspi a água que estava bebendo.
Natsu foi ao socorro da menina e eu? Abaixei e escondi-me atrás do balcão, para que ela não visse a mãe rindo de sua "desgraça". O que houve? O urso enorme tombou em cima dela e Nashi não conseguia sair debaixo dele.
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