1. Spirit Fanfics >
  2. A Mistura Perfeita >
  3. Capítulo 28

História A Mistura Perfeita - Capítulo 28


Escrita por: C_Mar_

Notas do Autor


É muito difícil quando você se acostuma a carregar tudo...

~PoV Natsu.

Boa leitura!

Capítulo 28 - Capítulo 28


Fanfic / Fanfiction A Mistura Perfeita - Capítulo 28

Abri os olhos e quase caí da cama, pois Nashi estava com o rosto tão perto do meu, que levei um susto. Ela me encarava com as sobrancelhas franzidas e eu me sentia  muito desconfortável diante do olhar julgador e questionador da pequena criança. Olhar esse que gritava: "o que você está fazendo aqui?"

Bom dia, filha. – falei baixinho, não queria acordar a loira.

—… – fez bico e olhou em volta.

Você 'tá melhor

— 'Po que papai 'tá 'dumindo aqui?

— Eu vim te ver e acabei dormindo.

—'Po que não 'domiu no sofá?

Estou sendo interrogado por uma criança de 3 anos.

— Porque eu queria dormir junto.

— Mas a cama é só 'miia e da mamãe. – me "explicou".

— Entendo… – vou falar o quê?

Eu ainda não era tão bom quanto a Lucy para inventar coisas na hora.

— Cadê a mamãe?

Só então percebi que ela não estava na cama. Peguei a menina no colo e levantei, saindo do quarto e parando ao ver a loira passando café.

— Mamãe! – mexeu as pernas.

A coloquei no chão e Nashi saiu correndo. Aproximei-me, mas não muito.

— Oh, meu anjinho, você já acordou? – a mais velha inclinou, deu um beijo na sua testa e fez careta. — 'Tá melhor?

O quê?

— 'Xim… Minha 'baiiga dói um pouquinho só.

— Menos do que ontem? – a menina assentiu. — Depois vou te dar o remédio e a gente vai mandar essa dor embora.

— 'Xim! 'Eia vai 'pa 'ionge! – deu um soquinho no ar.

Não pude evitar sorrir. Lucy era incrível.

— Bom dia, Natsu. Eu já ia te chamar, 'tá quase na hora de você ir 'pro trabalho.

Lucy estava estranha.

— Bom dia. – eu não estava acreditando. — Que horas você levantou?

— Que horas são agora? – ela olhou para o relógio. — Tem quase 1h.

Por que ela estava agindo como se não tivesse passado por uma situação ruim?

— Então você não dormiu nem 2h. – assentiu. — Por que não me chamou?

— 'Pra quê? Não tinha motivos e você precisava descansar, depois do trabalhão que te dei ontem.

— Como não tinha motivos? Você não pode forçar a perna assim e nem ficar sem dormir por duas madrugadas seguidas. Será que é tão difícil assim confiar em mim? O que eu 'tô fazendo aqui então?

Ela abriu a boca para falar, mas Nashi foi mais rápida.

— Não 'biga com a mamãe. – abraçou a perna da loira.

— Ele não 'tá brigando comigo. – a menina a olhou. — 'Tá só preocupado e cuidando de mim. – apertou seu narizinho.

— Mamãe não 'guita 'cando 'tá cuidando de mim. – fez bico.

— Ele não 'tá gritando. Gritar é outra coisa e você sabe. Nós dois estamos apenas conversando. – bagunçou o cabelo da menina. — Aliás, depois a gente conversa mais. – disse me olhando. — Você pode escovar os dentes dela? Ela ainda 'tá com febre, mas precisa comer algo antes do remédio.

Tinha alguma coisa estranha em sua voz. Estava arrastada.

— Febre? – assentiu. — Quer que eu vá à farmácia?

— Agora não, tenho antitérmico aqui.

Nós fomos ao banheiro e depois de uma luta na pia e no penico, terminamos a higiene, minha e dela. Deixei que ela voltasse sozinha e fui ao quarto. Peguei meu celular e liguei para o trabalho, contei o que tinha acontecido e pedi um dia de folga. Me deram, mas terei que compensar depois. Deixei o quarto pronto para reclamar novamente por Lucy estar forçando aquela perna, mas ela estava sentada e comendo sua refeição. Pensei em separar a minha, mas isso já estava feito. Ao terminarmos, peguei a louça que elas usaram e levei até a pia. Quando entrei na sala, Lucy estava tirando a mão da testa da menina.

— Natsu, vai na caixinha de remédios e pega o termômetro. – eu fiz.

Depois de um tempo, ela o tirou e conferiu.

— 38,5°.

— Quer levá-la ao médico?

— Não precisa. Se aumentar muito sim, mas agora não. – pegou minha mão. — Fica tranquilo. – me acalmou. — Lá na caixa de remédios tem um antitérmico. Traz ele 'pra mim e água também, por favor. – peguei o que foi pedido.

Eu estava nervoso.

Ela fez a mistura e depois deu a menina que bebeu de uma vez, sem reclamar.

— Sabor morango. – disse diante de minha estranheza.

Nashi se aconchegou no colo da mãe e eu sentei a seu lado no sofá. Depois de pouco tempo, notei que a criança dormia e me ofereci para levá-la ao quarto. Após acomodar a menina e ajeitar os travesseiros atrás dela, voltei para a sala. Lucy estava na cozinha, movimentos vezes lentos, vezes rápidos e uma aparência confusa. Eu já tinha visto aquilo e não estava acreditando. Não achava que ela fosse tão burra ao ponto de fazer a mesma merda de antes.

— Você tomou alguma coisa?

— Tipo?

— Você sabe muito bem do que 'tô falando.

Ela me encarou e desviou o olhar. Sim, ela foi burra assim. Me aproximei, não queria correr o risco de acordar a menina.

— Eu tomei um calmante antes de dormir, mas ele não funcionou. Então quando levantei, tomei um energético.

— Você 'tá maluca?! Não faz 3h que tomou o calmante. Praticamente misturou os dois!

— Não… grita comigo. – pôs a mão na testa. — Eu queria dormir algumas horas. Achei que com você aqui, não precisaria me preocupar se passasse um pouco, mas não deu certo. Eu não consegui dormir, mas não queria ficar lenta durante o dia. Você vai trabalhar e eu não podia correr o risco de dormir estando sozinha com ela.

— Você… Arg! – peguei seu braço bruscamente e a levei de volta para ao sofá. — Eu não quis acreditar que você realmente tivesse feito uma burrice dessas. Eu 'tô com muita raiva agora! Sabe o que podia ter acontecido? Ou o que ainda pode acontecer?! – ela olhou para baixo. — Pelo menos você tem consciência. 'Tá sentindo alguma coisa? – negou. — E nem ouse mentir 'pra mim!

— Apenas dor de cabeça.

— Só isso? – assentiu. — Nada de enjôo? Você tem aparelho de pressão aqui? – negou.

Peguei seu pulso e senti os batimentos pelo punho.

— Eu 'tô bem.

Fiquei encarando o rosto cansado e eu podia ler na sua testa: "eu não estou bem". Não podia gritar, brigar ou dar sermão com ela frágil desse jeito. Respirei fundo e sentei ao seu lado. O ambiente caiu em total silêncio e eu a observava pelo canto do olho. Se já não bastasse o estresse anterior, ainda mais essa agora. Precisava pensar no que fazer caso alguma emergência acontecesse.

— Natsu, a gente precisa conversar. – detesto essa frase.

— O que foi?

— "Será que é tão difícil assim confiar em mim?".

Ela queria falar sobre isso?

— Lucy, não-

— Eu confio em você. Se não confiasse, nunca o deixaria voltar a fazer parte da minha vida ou entrar na dela. – disse séria. — Eu preciso que você entenda que não é fácil 'pra mim. Passei 3 anos cuidando de tudo, absolutamente tudo, sozinha. Sempre foi eu e Nashi contra o mundo e agora você 'tá aqui. Não que eu não queira pedir ajuda, mas é difícil fazer isso. Eu passei esses anos assim, pedindo apenas quando eu via que não tinha como fazer sozinha, mas é difícil, porque eu me sinto fraca e eu não posso ser fraca, tenho alguém muito importante que depende de mim. Eu sei que você 'tá aqui 'pra nós duas, de verdade eu sei, mas isso não quer dizer que seja fácil pedir ajuda. Você é de confiança, confio em você, eu te amo e mesmo assim é difícil. Preciso me acostumar a dividir o peso das coisas, sei disso. Tenho consciência que não é saudável carregar tudo assim, mas não é algo que conseguirei mudar do dia 'pra noite. – segurei suas mãos e elas estavam frias.

A abracei apertado quando percebi que ela segurava o choro.

Eu estava achando que era por orgulho e por isso falei daquele jeito, mas é muito mais complicado do que isso.

— Agora eu te entendo. – passei a mão na sua cabeça, a ouvindo fungar. — Você não é fraca por pedir ajuda, muito pelo contrário. Ser forte é mais do que aguentar as coisas sozinha, é reconhecer o momento em que você não aguenta mais carregar tudo. Eu sei que isso é uma frase feita, mas é a verdade. – a afastei e sequei suas lágrimas. — Mesmo que você não me peça ajuda, eu estarei aqui. Quero que divida essa carga comigo. Lucy, tudo o que você passou e passa… Você é a mulher mais forte que eu conheço e isso não mudará nunca. Não é possível dividir esse peso todo hoje? Entendo. Então divida 1% dele comigo, aceito de bom grado e assim sinta-se um pouquinho mais leve. Eu te amo e você sabe que pode contar comigo. – deixei um beijo na sua testa.

O choro dela aumentou e eu me desesperei. Não sabia o que fazer, apenas a abracei mais forte. Lucy segurou minha camisa tão forte, como se fosse rasgá-la. De repente, ela começou a tremer e suar frio, mal conseguia respirar devido aos soluços altos. Então senti o peso de seu corpo.

— Lucy? – nenhuma resposta.

Me afastei e seu corpo mole quase caiu para trás, sorte que eu a segurei.

— Não, não, não. – a deitei com a cabeça no braço do sofá. — Lucy? – a sacudi e nada dela acordar. 

Corri até o banheiro, derrubando as coisas do armário e peguei o álcool. Passei nos seus pulsos e ainda não tive resposta.

— Lucy?! – a sacudi mais forte dessa vez e nada. — Lucy, acorda! – dei tapinhas no seu rosto.

— Não bate na mamãe! – senti um chute na minha perna.

Eu não acredito que ela me chutou.

— Nashi vai 'pra lá. – falei alto e lhe dei um empurrãozinho.

— Mamãe 'acoda! 'Acoda! – a voz tremia. — Mamãe 'viiou 'esteiia? – chorou. — Não pode! 

"O que eu faço?" 

Percebi que seus olhos mexiam, mesmo fechados, como se ela estivesse piscando. Droga, ela não tinha desmaiado realmente e sim apagado por causa do sistema nervoso.

— MAMÃE 'ACODA! NÃO 'VIIA 'ESTEIIA! – balançou a loira e chorou mais alto.

Dei um leve empurrãozinho para que a menina se afastasse e peguei Lucy no colo, a deitando no chão. Corrigi sua postura, virei seu rosto de lado e pressionei bem forte um pouco acima do vão entre os seios. Não era uma massagem cardíaca, era para doer mesmo, para ela acordar. Não tive resposta e então pressionei mais forte. Ela gemeu de dor e abriu os olhos. Nashi ia se jogar em cima dela, mas eu segurei seu braço e a afastei novamente. Ela gritava e tentava soltar-se do meu aperto. Podia parecer maldade, mas Lucy precisava acordar e perceber onde está.

— O que houve? – perguntou sentando e encostou no sofá.

Deixei que a menina se jogasse em seus braços. Nashi a abraçou tão forte e Lucy me olhou confusa.

— Mamãe! – fungou. — E-Eu não 'queio que mamãe 'viie 'esteiia. – chorou.

— Claro que não vou virar estrelinha. – passava a mão na cabeça da menina.

— Mas mamãe não 'acodou NUNCA! – falou alto.

— Eu acordei agora.

A menina distribuiu beijos por todo o rosto da mãe e Lucy aceitou um por um. Eu ainda estava preso no mesmo lugar, aliviado, mas travado ali.

— Eu quero sentar no sofá. – falou e Nashi afastou-se.

A loira sentou no sofá e antes que a pequena escalasse o móvel, eu a parei.

— Sua mãe precisa de água.

Ela saiu correndo até a cozinha.

— Natsu? – a encarei. — Eu desmaiei?

— Sim. 

Ela esticou o braço em minha direção e segurei sua mão, só aí percebi que eu estava tremendo.

— Ei, eu 'tô aqui e acordada. Se acalma. – levou minha mão ao seu rosto. — Viu?

Sentei ao seu lado e apoiei minha testa em seu ombro.

— Eu fiquei tão preocupado. Você não faz ideia das coisas que passaram na minha cabeça. – beijei seu pescoço. — Você ainda 'tá tão pálida, mas sua pulsação parece quase normal. – beijei seu ombro. — Você fez uma coisa burra.

— Eu sei. – passou a mão na minha cabeça. — Eu 'tô aqui e bem. Pode se acalmar.

— Mamãe, eu 'touxe a água. 

— Ah, obrigada. – ela mexeu o ombro para que eu levantasse a cabeça e a encarasse. — Os dois podem se acalmar, porque eu 'tô melhor e agradeço por cuidarem de mim. – me olhou e depois sorriu.

Ah, que patético. A mulher acabou de acordar depois de um desmaio e ainda tem que consolar duas pessoas. Sendo uma delas, um homem adulto.

— Eu 'tô com sono. – ela disse arrastado.

— 'Vamo 'domi na cama, mamãe. Eu 'ievo você. – segurou a mão da loira e puxou, não adiantou.

— Posso? – perguntei a ela e a mesma assentiu.

Passei um braço por trás de seus joelhos e o outro por suas costas. Levantei com ela no colo e fomos para o quarto. A coloquei gentilmente na cama. Nashi escalou o móvel, deitou ao lado e fez carinho na bochecha da loira.

— Se você precisar de qualquer coisa, me grita! – deixei um beijo na sua testa e ela assentiu.

Olhei para a menina e sorri, mandando um beijinho no ar. Quando virei para sair, a voz da Nashi ecoou pelo cômodo.

— Deita aqui, papai. – bateu no colchão. — 'Vamo 'cuida da mamãe.


Notas Finais


Nashi muito protetora mesmo.

Obrigada pelos comentários! ^^
Olá novos favoritos!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...