- Jonas! – Virgínia sentiu um misto de alívio e receio ao vê-lo parado ali.
- Boa noite, irmão – Samuel estendeu a mão, mas as de Jonas continuaram paradas ao lado do corpo, até o outro recolher a sua, sem graça. – Como foi a noite?
- Acho que não tão boa quanto a de vocês – Jonas falou em um tom ácido.
- Com certeza, a nossa foi muito boa – Samuel respondeu com um sorriso de ironia.
- Onde você estava? – Virgínia deixou a pergunta escapar.
- Sai com uns amigos – Jonas deu de ombros.
- E você se divertiu? – Virgínia não disfarçava mais o seu ciúme.
- Muito – respondeu de um jeito duro.
- Que bom para você – ela falou com desdém.
À parte, Samuel assistia aquele dialogo sem entender, por algum tempo.
- Espera! O que está acontecendo aqui? – Samuel perguntou, desconfiado.
- Nada, não está acontecendo nada! – Virgínia respondeu, prontamente.
- O que você acha que está acontecendo aqui, Samuel? – Jonas perguntou com ar desafiador.
- Eu não sei... Está parecendo uma... – Samuel respondeu inseguro.
- Uma briga de namorados. É isso que está acontecendo aqui, Samuel. Uma briga de namorados. E sabe por quê?
- Jonas, por favor – Virgínia pediu, Samuel continuou calado, olhando fixamente para o irmão.
- Porque você convidou a minha namorada para jantar e ela, por pura covardia, aceitou.
- Não é isso, Jonas – Virgínia interveio.
- Então, vocês estão namorando? – Samuel saiu do transe, sem escolha, Virgínia sacudiu a cabeça afirmativamente.
- Nós estamos morando juntos – Jonas completou, Virgínia segurou a respiração, esperando o que viria dali.
- Mas ela é mais velha do que você!
- Você não precisa me dizer isso. Eu sei fazer conta, Samuel. E não dou a mínima para isso.
- Você está sempre me surpreendendo, Jonas. Pelo menos, dessa vez, arranjou uma mulher de verdade – Samuel sorriu de um jeito simpático, Virgínia soltou o ar, aliviada.
- Eu lamento muito não ter contado logo a verdade para você, Samuel, mas fiquei com medo que Judite descobrisse, ela tem um coração fraco e nunca aprovaria minha relação com Jonas.
- Lamento sobre isso e espero que saibam o que estão fazendo – Samuel falou com ar sério.
- Sim, eu sei muito bem o que estou fazendo – Jonas respondeu, seco.
- Sendo assim, não tenho mais nada a dizer, a não ser que foi bom revê-lo, irmão, e conheceu você, cunhada – Samuel estendeu a mão e dessa vez Jonas aceitou o cumprimento, Virgínia, grata, deu-lhe um beijo no rosto, depois, juntos ficaram observando ele entrar em um táxi.
- Vencemos a primeira batalha – Virgínia falou com um suspiro.
- Mas, não estamos em guerra, Virgínia – Jonas a encarou com um ar de espanto.
- Agora, não pense que vai escapar de me explicar onde você estava até a essa hora – ela falou sério, abrindo a portaria.
- Eu já disse. Saí com uns amigos, a turma de sempre.
- Tati estava lá?
- Sim, estava, mas por que essa preocupação?
- O que você acha?
Eles entraram no elevador.
- Eu acho que você está se preocupando à toa.
- Não mesmo, ainda me lembro de como você a beijou, naquele dia, na porta do elevador.
- Isso já faz muito tempo, mas se quiser eu posso beijar você assim, também, ou até melhor.
- Melhor? – Ela o encarou incrédula.
- Muito melhor.
Ele deu um passo para frente, a apertando contra a parede, grudou seu corpo no dela e lhe deu um daqueles beijos indecorosos, indecentes, pecaminosos, deliciosos, deixando a sem ar. As mãos deles entraram por baixo do vestido dela, procurando, apertando, apalpando e ela se contorcendo e torcendo que o elevador subisse bem devagar, quarto, quinto, sexto andar, queria chegar ao céu, mas, parou no sétimo, precisavam respirar, as pernas dela estavam bambas, a cabeça tonta, mal conseguiram entrar na sala escura. Ele a agarrou em um canto a deixou sem saída, mas ela não queria sair, queria ficar cada vez mais junto, beijando, abraçando, pegando, os olhos fechados. Quando a luz se acendeu, demoraram um pouco para perceberem, de tão distraídos que estavam um com o outro.
- Virgínia! O que significa isso? – Judite gritou, apavorada.
- Judite! O que está fazendo acordada a essa hora? – Virginia rebateu surpresa, enquanto os corpos se separavam.
- Estava esperando por você. Meu Deus! Nunca imaginaria ver algo assim, tão absurdo e indecente, em toda a minha vida!
Teresa surgiu correndo vinda do quarto.
- O que está acontecendo aqui? – indagou, confusa.
- Eu peguei a sua cunhada aos agarrões com esse garoto!
- Bem que desconfiava! – Teresa falou com ar vitorioso.
- Ei! Eu não sou nenhum garoto! – Jonas rebateu.
- Perto dela é sim! Uma viúva da sua idade deveria se dar ao respeito, ter vergonha na cara, Virgínia – Judite disse com tom ácido
- Eu me dou ao respeito, isso não impede que eu namore com quem eu quiser.
- Não com um garoto igual a esse! – Judite continuou ferina.
- Pare com isso, mãe! – Teresa interveio.
- Como assim igual a esse? – Virgínia deu um passo à frente, desafiadora. – Fique sabe que Jonas é uma pessoa incrível e eu o amo!
- Como você pode amá-lo? – Judite rebateu.
- Espera aí! É verdade você me ama mesmo, Virgínia? – Jonas parecia surpreso com aquela revelação.
- Sim, eu o amo, Jonas, por isso tenho tanto medo de perder você. Pode parecer piegas o que vou dizer, mas eu estava me afogando na minha tristeza, não enxergava saída quando você apareceu na minha vida e me resgatou.
- Que lindo! – Teresa suspirou com ar sonhador.
- Pare com isso, Teresa! Como você pode achar essa indecência linda! Uma mulher da idade dela se engraçando com esse garoto!
- Pare com isso, Judite! – Virgínia exigiu.
- Não está vendo que ele só quer se aproveitar de você?
- Pare com isso, Judite! – Virgínia falou mais alto. – Você está na minha casa e não vou admitir que fale assim do meu homem.
- Seu homem! – Judite estava chocada, seu queixo literalmente caiu. – Como esse garoto pode substituir o meu filho? Ele deve estar se revirando na cova, sabendo que a mulher dele se transformou em uma sem-vergonha desfrutável.
- Infelizmente, seu filho está morto, Judite. – Virgínia falou em um tom mais brando. – Foi uma tragédia, não podemos mudar isso, mas eu estou viva e feliz ao lado de Jonas.
- Por quanto tempo?
- Eu não sei.
- Espero que você não se arrependa depois – Judite completou mais resignada.
- Mãe, vamos dormir – Teresa pediu.
- Eu não posso dormir nessa casa.
- Não seja boba, Judite. Está muito tarde para sair por aí – Virgínia ponderou.
- Ela tem razão, mãe. Vamos dormir, amanhã a gente resolve. – Teresa segurou a mãe e a guiou de volta para o quarto, ela foi sem resistência.
Jonas e Virgínia ficaram sozinhos na sala.
- Vamos para o quarto, Virgínia – Ele pegou a mão dela e a levou dali.
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