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História A mulher do meu destino - Til the man of her dreams comes along picks her up...


Escrita por: gnferreira

Notas do Autor


*Til the man of her dreams comes along picks her up and puts her over his shoulder = Até o que homem de seus sonhos apareça e a coloque nos ombros - trecho da música 22 da Lily Allen.

Olá meninas!!! Primeiramente obrigada pelos comentários!! Segundo desculpem a demora... Mas o capítulo era tenso e só pude começar a escrever ontem a noite.. (semana de provas, lembram?) Enfim, mas está aqui...

Sobre o capítulo... Algumas revelações... Brace yourselves.. The treta is coming!

Boa leitura

Feliz Dia das Mães!

Capítulo 64 - Til the man of her dreams comes along picks her up...


Aredhel e eu seguimos para o quarto das crianças para nos despedirmos de nossos filhos. Tínhamos decidido que, para as crianças e demais servos do palácio, Aredhel tinha ido visitar a família na companhia de Thomas. Afinal, se minha esposa me deixasse de verdade eu jamais deixaria que essa notícia se espalhasse, inventaria algo do tipo para justificar sua ausência Então dizer isso em nada atrapalharia o nosso plano. Fiquei espantado com a tristeza de Hela e Narfi ao se despedirem de “Thomas”. Percebi que meus filhos gostavam demais dele e confesso que senti ciúmes.

Narfi encheu a mãe de perguntas sobre aniversários. Perguntou por que só comemoravam o dela e não o dele e dos irmãos. De fato, todos os anos, apenas Aredhel desejava feliz aniversário aos filhos e não comemorávamos. Váli e Hela entendiam o costume da mãe. Ela explicou a Narfi que era uma tradição de Midgard.

— Então por que a senhora me desejou feliz aniversário no dia do seu aniversário? — perguntou Narfi confuso.

— Porque você faz aniversário no mesmo dia que eu — ela sorriu para o menino.

— É um costume estranho — ele balançou os ombros pequeninos. — Ninguém comemora aniversário aqui. Só dias — fez um muxoxo. — Eu ainda não tenho um dia para mim — resmungou Narfi.

— Podemos comemorar o aniversário de vocês se quiserem — falou Aredhel.

— Ah... Eu ia gostar — empolgou-se Váli.

— Eu também! Adoro festas! — atalhou Hela.

— Eu quero sim! — afirmou Narfi.

— Então assim que voltarmos faremos uma festa para você, meu amor... Atrasada, mas faremos... Certo? — Aredhel abraçou Narfi.

— Certo!


 

Levei as Gems que estavam em meu poder até a sala das relíquias e as deixei lá. Como nossa missão era se infiltrar, e sabendo que Thanos estava com Aether, temi que ele pudesse usá-lo para aumentar seu poder de hipnose e conseguisse me controlar. Tive receio de que ele me obrigasse a entregar as Gems a ele. Depois do que ocorreu com Thor, por segurança, mudei o sistema de abertura da sala novamente. Somente Aredhel e eu poderíamos abrir a sala. Ela e eu também retiramos a alianças que usávamos. Minha mulher tinha que parecer estar brigada comigo e eu, como Thomas, não poderia usar também.

Por fim, fomos nos despedir de Thomas e dos guerreiros. Fandral, Volstagg e Hogun ainda pareciam confusos com a troca.

— É espantoso — comentou Fandral. — Thomas sabe imitar você direitinho, Loki — riu de leve.

— Claro — Thomas deu de ombros. — Eu o interpreto no cinema — disse convencidamente imitando meu jeito de falar.

— São iguais mesmo. Até na arrogância — pasmou-se Hogun.

— Eu já não sei se minha forma de agir condiz com a sua, meu caro Thomas — falei educadamente e dei um sorriso singelo.

— É o deus da trapaça mesmo — Thomas ficou boquiaberto. — Continue assim... Está perfeito... — riu meio constrangido e passou a mão pela nuca.

— Isso não é espantoso… — Volstagg coçou a cabeça. — É assustador — olhou de mim para o Thomas.


 


 

Aredhel e eu partimos e chegamos à porta da casa dos pais dela. Ela estava meio nervosa e olhava para mim apreensiva.

— Lembre-se do que lhe falei — agarrou a minha mão. — Por nada nesse mundo saia do personagem. Só se revele quando eu te chamar de Loki — lembrou-me.

— Está bem, Aredhel. Mas você está me deixando preocupado com essa insistência.

— É só fazer o que eu estou dizendo e tudo dará certo — murmurou.

Dei meu melhor sorriso de “Thomas” e ela sorriu de volta. Aredhel respirou fundo, tocou a campainha e, passado alguns momentos, Mary abriu a porta.

— Minha filha! — exclamou e abraçou Aredhel com força — O que faz aqui? — perguntou visivelmente surpresa.

— Oi mãe. Eu... — fingiu tristeza e olhou para mim — ...fugi de Asgard — revelou sem muitos rodeios.

Mary olhou para Aredhel pasma, depois para mim e sorriu.

— Olá, Sra. Mary — cumprimentei-a e dei o meu melhor sorriso meigo.

Mary pediu que entrássemos. Aredhel se sentou no sofá e Mary pediu que eu fizesse o mesmo. Agradeci educadamente como faria Thomas.

— Wilson! Will! Venham! Ared está aqui! — a mais velha gritou. — Mas me conte, filha. Por que fugiu? E como? Cadê as crianças? — encheu-a de perguntas.

Wilson e William apareceram. Olharam desconfiados para Aredhel e eu. Limitei-me a sorrir educadamente e tentei manter a cara simpática que o outro geralmente fazia. Confesso que era difícil manter o sorriso diante do velho maldito e do idiota do William. Senti que teria câimbras até o fim do dia. Não sei como Thomas podia sorrir tanto sem sofrer uma exaustão muscular no rosto. Os dois se sentaram em silêncio, enquanto Aredhel começava a responder as perguntas.

— Bem... — ela engoliu seco. — Eu fugi porque o Loki... — fingiu nervosismo. — Ele ficou violento... E me bateu... — murmurou baixando os olhos.

Mary abriu a boca assustada e franziu o cenho. Wilson e William fizeram uma expressão de satisfação no rosto, como se soubessem desde sempre que eu iria machucá-la. Eu pus a mão sobre o ombro de Aredhel como se a tivesse apoiando. Foi um ato sincero. A tristeza que eu sentia pelo que acontecera naquela noite era real e latente. Podia odiar aqueles dois, mas, no final, eles acertaram. Eu a havia machucado.

Aredhel era um excelente mentirosa, mas quando se tratava de sua família, parecia que todas as suas habilidades eram sugadas. Era como se regredisse e voltasse a ser uma criança assustada. Aquela família parecia um buraco negro que sugava toda a luz que Aredhel emitia. Ela aparentava estar cada vez mais nervosa, então resolvi continuar contando o ocorrido. Apesar de seu nervosismo ajudar no teatro todo, tinha receio de que ela não conseguisse ser tão convincente.

— Eu fui visitar Aredhel pouco depois de falar com você pelo telefone, Will — comecei a explicar. — Loki não ficou muito feliz com a minha visita, mas pareceu aceitar. O ciúme notório dele parecia sob controle. Contudo, dias depois de minha chegada, Thor apareceu. Ele estava diferente, parecia mudado — William se encolheu na cadeira. — Ele resolveu fazer uma festa e ao final dela, beijou Aredhel a força. Loki viu a cena e logo imaginou o pior. Thor e Loki lutaram e no meio da confusão, Loki agrediu Aredhel — trinquei os dentes. Estava irritado comigo mesmo. — Quando entrei no quarto Aredhel estava no chão com cortes pelo corpo. Loki a tinha jogado contra um espelho do quarto de Thor e depois quase a matou estrangulada — cerrei os punhos com raiva, mas sem me exaltar.

— Meu Deus! — exclamou Mary, levando a mão ao peito. Em seguida a assisti derramar algumas lágrimas.

— Eu disse que esse homem arruinaria a sua vida, Aredhel! — disse Wilson com rispidez.

— E Thor? — indagou William nervosamente.

— Durante a luta Thor recuperou a consciência e disse que não sabia o que estava fazendo — Aredhel começou a falar, encarando as próprias mãos. — Ele não se lembrava de ter feito ou dito nada. Não entendi nada, parecia que ele estava sob o efeito de alguma magia — comentou sombriamente. — Para piorar a situação uma prisioneira fugiu de Asgard naquela noite com a ajuda da irmã e as duas levaram o Tesseract e o Aether. Loki ficou furioso com tudo o que aconteceu. Ficou paranoico! — mordeu os lábios.

— Esperamos Aredhel se recuperar dos ferimentos e eu a ajudei a fugir — expliquei sucintamente.

— E as crianças, minha filha? — perguntou Mary em meio às lágrimas.

— Bem... eu... — Aredhel começou a dizer.

— Ora, Mary, você acha que Aredhel pensou nos filhos? — Wilson a interrompeu de forma ríspida. — Sempre soube que seria uma péssima mãe. Só pensou em tirar o dela da reta e fugiu com esse cara aí — indicou-me com o queixo. — E pelo jeito, já deve estar com planos para substituir o marido — pontuou venenosamente.

Senti meu sangue ferver. O velho nunca perdia a oportunidade de pisar em Aredhel.

— Não... Eu... E-eu... — ela gaguejou.

— Senhor Wilson — falei com calma, mas seriamente. — Aredhel e eu somos apenas amigos. Ela não trouxe os filhos, pois tinha receio de que Loki viesse atrás deles. Ela temeu que se os trouxesse para cá ele acabasse por matar a família inteira — expliquei fingindo preocupação.

— Eles têm razão, pai — atalhou William. — Os meninos são herdeiros do trono de Asgard. Loki jamais aceitaria que Ared os trouxesse. Já estou achando difícil ele aceitar a fuga dela. Com certeza ele virá atrás dela — falou despreocupadamente.

Achei estranha a maneira de William falar. Parecia que ele desejava que eu viesse atrás de Aredhel.

— Eu vou encontrar uma forma de trazer meus filhos para viverem comigo... — murmurou Aredhel com tristeza.

— E você vem se esconder aqui em casa? — vociferou o velho para a filha.

— Bem, eu pensei que... — ela começou.

— Pensou o quê? — Wilson a interrompeu novamente. — Que vai largar aquele psicopata e vir viver às nossas custas? Você largou o emprego e toda sua vida aqui para ir atrás daquele lunático! Aí quando ele te dá uma surra, vem se esconder aqui na nossa casa? Acha que ele vai aceitar sua fuga assim, facilmente? Ele pode vir aqui e matar a família toda! — rosnou.

Aredhel apenas baixou a cabeça e vi seu queixo estremecer. Estava se segurando para não chorar. Acredito que nem com todos os maus-tratos, ela esperava aquela reação dele. Eu fiz cara de constrangimento, mas por dentro estava a ponto de explodir com a maneira que aquele velho estava tratando a própria filha.

— Aredhel veio ao lugar certo, pai — William deu um tapinha na mão do velho. — Veio juntar-se a sua família — deu um sorriso cínico. — Teria sido melhor ainda se tivesse trazido meus sobrinhos, mas sei que logo os trará.

— O quê? — indignou-se Wilson. — E ainda quer que eu sustente mais três bocas? — retrucou, lívido de raiva.

— Eu pretendo voltar a trabalhar para sustentá-los e... — recomeçou Aredhel.

William se levantou, pegou o celular e saiu da sala.

— Quero saber como você vai fazer isso — esbravejou o velho lazarento. — Aquele seu emprego mal dava para pagar as suas contas, que dirá de mais três crianças! Quem pagava a maior parte das despesas era o Phillip! — jogou na cara dela. — Em que mundo fantasioso você vive? Achava que tinha encontrado o homem dos sonhos e agora descobriu que ele é um monstro! Você é uma sonhadora! Quero ver como vai se virar! Você agora deve ter mais de trinta, não é? E com três filhos? Nenhum homem vai te querer! Será que você nunca pensou um pouco antes de ter três filhos com aquele cara? Lá vocês não tem anticoncepcionais? Você nunca se preveniu? — atacava-a implacavelmente.

— Er… — Mary deu um pigarro. — Vou fazer um chá. Thomas, poderia me ajudar? — indagou visivelmente constrangida, se levantando e indo em direção a cozinha.

— Claro, Sra. Mary — Embora queimasse de raiva, fingi constrangimento também. Levantei-me e a segui.

— Bem... E-eu... E-eu... N-nem s-sabia que podia ter filhos com ele... S-somos de raças diferentes... — ouvi Aredhel gaguejando explicações.

Na cozinha Mary pegou uma chaleira, encheu com água e colocou no fogo. A passividade de Mary já não me chocava. Pelo jeito, Aredhel lutou sozinha as suas batalhas enquanto viveu com eles.

— Em que lhe posso ajudar, Sra. Mary? — perguntei gentilmente.

— Meu filho, me chame de Mary... Você é amigo da família — deu um sorriso tímido. — Pegue as xícaras naquele armário, por favor — pediu.

Comecei a arrumar as xícaras na mesa enquanto eu tentava me controlar mentalmente. Começava a entender o pedido de Aredhel para que eu mantivesse o personagem. Ouvir o pai dela a atacando estava me fazendo perder a cabeça. Eu estava ficando furioso com as besteiras que Wilson dizia para filha. Parecia que ele tinha prazer em humilha-la na frente de quem quer que fosse. Estava difícil me controlar. Ficou claro que minha esposa era uma sobrevivente da toxidade daquela família.

— Obrigada por trazer minha filha, Thomas. Eu não sei o que faria se o marido a matasse —murmurou Mary com tristeza. — Eu realmente acreditei que ela seria feliz com ele, mas depois de descobrir o que ele fez com o pobre Phillip e o Peter... — deu um suspiro triste. — Você sabe sobre isso, não é? — encarou-me.

— Sei — anuí. — Aredhel me contou… E não precisa me agradecer... Tenho Aredhel como uma irmã, era dever meu ajudá-la.

Mary arrumou as xícaras em uma bandeja e colocou os saquinhos de chá nelas. Ficamos em silêncio por um tempo esperando a água ferver.

— Mary, desculpe a minha curiosidade, mas por que Wilson é tão duro com Aredhel? — criei a coragem para perguntar. Aquela dúvida me consumia. Se Aredhel não era adotada, por que ele parecia odiá-la?

— Bem... — Mary pareceu ficar meio sem graça. — Nem eu mesma sei direito… — mordeu o lábio inferior. — Mas tenho minhas desconfianças... — murmurou olhando tristemente para as xícaras.

— E quais seriam? — insisti.

— Sabe, meu filho, sempre fomos pobres — fixou o olhar em um ponto distante. — Naquela época éramos namorados e ainda estudávamos. Wilson tinha ganhado uma bolsa de estudos para o exterior. Tudo estava certo para ele passar um ano estudando fora. Ele tinha estudado e batalhado tanto para conseguir aquela bolsa… — se perdeu em pensamentos por alguns instantes. — Foi então que descobri que estava grávida — voltou a me encarar. — Ele abriu mão da bolsa e nos casamos às pressas. Sete meses depois Aredhel nasceu — baixou o rosto com os olhos marejados.

Agora eu começava a entender. Minha esposa era a filha não desejada. O velho cobrou a vida inteira de Aredhel as oportunidades que perdeu e descontou nela todas as suas frustrações. Independente de suas razões, nada justificava a maneira como ele a tratava. Ela não tinha culpa dos fracassos dele. Mais do que nunca senti pena de minha esposa.

A chaleira apitou trazendo Mary de volta a realidade. Levantei, tirei a chaleira do fogo e distribuí a água nas xícaras. Carreguei a bandeja e segui Mary em direção a sala.

— Você é burra! Burra! — gritou Wilson com Aredhel. — Depois que fez a besteira de casar e ter filhos com aquele cara, vem correndo pedir ajuda? Eu não quero você aqui! Sempre lhe disse que a vida cobra caro as decisões erradas! Você errou, então que se vire! — vociferou.

— Wilson, por Deus... Ela é nossa filha! — exclamou Mary.

— Não! Aredhel é um erro! — gritou Wilson descontrolado.

— Wilson... — murmurou Mary.

Um soluçou baixo escapou dos lábios de Aredhel e, mesmo de cabeça baixa, pude ver algumas lágrimas descendo por seu rosto. Eu queria matar Wilson. Senti a bandeja tremer em minhas mãos e respirei fundo tentando me controlar. O velho olhou da filha para Mary e pareceu se arrepender do que tinha dito. Sem dizer uma palavra, ele apenas se retirou da sala e subiu as escadas, apressado. Exalando o ar de forma lenta, eu calmamente coloquei a bandeja sob a mesa de centro. Sentei-me ao lado de Aredhel e pus a mão em seu ombro. Aredhel me olhou e limpou as lágrimas do rosto. Mary me entregou uma xícara e deu um sorriso fraco. Ficamos em silêncio por um tempo. Mary tomava seu chá sem olhar para nós.

— Você ainda tem a sua casa, Aredhel — murmurei. — Eu posso lhe ajudar por um tempo, enquanto você reconstrói a sua vida. Você pode contar com meu apoio — sorri.

Pensei que poderia estar exagerando, mas conhecendo Thomas como o conhecia, imaginei que ele falaria algo do tipo. Aredhel me olhou e vi seu queixo estremecer novamente.

— Não... Não precisa se incomodar, Tom. Eu conseguirei me virar — meneou a cabeça, fingindo estar sem graça.

— Aceite como um empréstimo — insisti, imitando o sorriso simpático do ator. — Somos amigos — dei de ombros. — Amigos se ajudam.

— Não será preciso — soou a voz de William de repente, entrando na sala com o celular ao ouvido. — Sei quem poderá ajudar Aredhel, não só a reconstruir a sua vida, como também a trazer seus filhos para cá — sorriu satisfeito.

— Quem? — perguntou Aredhel surpresa.

— Alguém que vou levar você e Tom para conhecer — falou calmamente.

— Eu? — indaguei. — William, eu adoraria, mas eu tenho um compromisso com uma pessoa e… — comecei a explicar.

— Eu acho que essa pessoa de seu compromisso quer falar com você... — revelou e estendeu o celular na minha direção.

Peguei o aparelho e o homem se identificou como “Jack”, o mesmo nome que havia dado Thomas. Disse que William me levaria até ele e lá eu poderia passar as informações que ele tinha solicitado. Eu apenas concordei e desliguei o telefone.

Como eu havia imaginado, William estava envolvido com o pessoal que ofereceu vantagens a Thomas. Faltava saber mais detalhes do envolvimento deles com Thanos. Eu me perguntava qual seria o interesse deles em ajudar Aredhel. Pensei que talvez estivessem pensando em torná-la uma aliada e se unirem contra mim. Decidi que continuaria fazendo o jogo deles e logo saberíamos a verdade.

— Tudo certo? — questionou-me William.

— Sim. Eu vou com vocês — afirmei.

— Afinal, do que vocês estão falando? — inquiriu Aredhel.

— Acalme-se, maninha — pôs as mãos sobre os ombros dela. — Essa pessoa vai ajudar você a recuperar meus sobrinhos. Ele já ajudou Tom com seu trabalho, não é? — indagou William olhando na minha direção.

— Sim, Aredhel. Ele me ajudou, poderá ajudar você também — sorri.

— Mas quem é essa pessoa, filho? — acorreu Mary. — É alguém de confiança? Não é nada ilegal, não é? — pareceu preocupada.

— É um amigo meu e de Tom. Não é nada ilegal, mãe... — murmurou o loiro meio rindo.


 


 

Despedi-me de Mary e segui com William e Aredhel até o carro. Cruzamos a cidade, deixando o centro, até chegar a uma área pouco habitada. As casas eram escassas e bem distantes, a paisagem era mais composta por galpões e prédios abandonados. E foi na frente de um desses lugares desertos que paramos. Descemos do carro e entramos no prédio. Lá fomos revistados por um grupo de homens armados. Apesar de não temer armas de midgardians, fiquei apreensivo. Como havia muitos homens e não estávamos com nosso traje, temia que, se houvesse um tiroteio, ferissem ou matassem Aredhel. Eu poderia me defender sozinho, mas diante do número de homens, não sei se conseguiria defendê-la. Aproximei-me dela e encarei William preocupado.

— Não se preocupem — William balançou a mão no ar. — Estamos seguros aqui. Eles estão armados para nos proteger — tentou nos tranquilizar.

Depois de revistados, seguimos até uma área maior onde havia mais homens armados. William parou e disse que tínhamos que esperar. Passado pouco tempo um homem alto e de cabelos loiros entrou.

— Olá, meu nome é Jack — estendeu a mão para mim e deu um sorriso.

— Tom — aceitei o cumprimento e sorri.

— Você deve ser a irmãzinha de Will, certo? — cumprimentou Aredhel.

— Sim, sou Aredhel — sorriu.

— Vocês aguardem mais um pouco, nossa chefa está vindo — deu um sorriso largo.

William deu o mesmo sorriso bobo. Esperamos mais alguns momentos e de repente eu a vi entrar. Aqueles cabelos ruivos e olhos verdes inconfundíveis, era Lorelei. Acompanhando ela vinha a loira de olhos verdes, Amora. Ela que carregava o meu cetro, o que tinha ficado nas mãos da S.H.I.E.L.D quando fui preso. Senti um arrepio percorrer a espinha. Amora praticamente tinha o mesmo nível de poder de magias que eu e havia muitos homens armados. Aredhel e eu não teríamos a menor chance de nos defender.

Aredhel olhou para mim com um semblante sério. Engraçado como com o tempo eu conseguia entendê-la apenas com um olhar. Sem palavras, mover de lábios ou sinais. Eu simplesmente conseguia ler naqueles olhos escuros o que ela queria. Entendi que o olhar era para me lembrar de continuar fingindo que era Thomas. Comecei a ficar preocupado.

— Meu amado, Will — disse Lorelei, toda melosa, se aproximando de William e tocando seu rosto.

A habilidade de Lorelei era sua voz. Tinha o poder de enfeitiçar os homens só com a sua voz. Os homens continuavam retendo suas habilidades e conhecimentos, mas perdiam o poder sobre suas vontades. Passavam a fazer tudo para agradá-la. Entretanto, homens de personalidade mais forte podiam resistir, mas somente até serem tocados por ela. Para o azar dela, eu praticamente era imune a sua voz, devido as minhas habilidades psíquicas.

— Então você veio e trouxe o que pedi — Lorelei sorriu olhando para Aredhel. — Nos poupou o trabalho de ir até Asgard atrás dela e de Loki.

Engoli em seco. Aquilo era uma cilada e a presa era a Aredhel.

— E esse deve ser Thomas... — disse se aproximando de mim e me rondando.

Percebi na hora que teria que fingir que estava sendo controlado por sua voz. Thomas era um midgardian e seria suscetível aos poderes de Lorelei. Dei o meu melhor sorriso bobo e a olhei como se estivesse encantando com a sua beleza. Ela me olhou de volta satisfeita.

— Você é tão parecido com o Loki — comentou com a voz arrastada. — Gostei disso... — deu um sorriso malicioso. — E você... — olhou para Aredhel — Temos uma conversa pendente — foi na direção dela.

— Que tipo de bruxaria humana você usa para atrair homens tão bonitos? — intrometeu-se Amora, segurando Lorelei pelo braço e dirigindo-se a Aredhel. — Você é tão sem graça — fez cara de nojo.

Minha esposa se limitou a dar um sorrisinho.

— Mas é esperta — Lorelei soltou-se da irmã. — Largou o Loki e tratou logo de arranjar outro — disse venenosamente. — E tinha que ser a cara dele? — riu.

— Tom é meu amigo — Aredhel revirou os olhos. — Quanto a meus encantos... Eu não sei… — deu de ombros. — Só sei que consegui o que algumas mulheres que Loki teve nunca conseguiram. Casei com ele — deu um sorriso irônico.

Lorelei fuzilou Aredhel com os olhos. Percebi que minha mulher tinha a língua tão afiada quanto a minha. Só não sei se era o melhor momento para “exercitá-la”.

— Sabe-se lá o que não fez para conseguir — rebateu Lorelei.

— Bom, só posso dizer que não fiz o mesmo que você. Eu não sou uma vadia — provocou Aredhel.

Prendi a respiração e Lorelei fechou a cara.

— Will, vai deixar sua irmãzinha me tratar assim? — a ruiva fingiu estar ofendida.

William se aproximou de Aredhel e deu-lhe uma bofetada. Trinquei os dentes. As duas irmãs riram.

— Will? — pasmou-se Aredhel, levando a mão ao rosto.

— Ele e seu amiguinho Thomas, agora me pertencem — Lorelei sorriu vitoriosa.

— Ora sua... — bufou Aredhel.

— Will, Jack e Thomas, se afastem meus amores — ordenou Lorelei. — Essa humana suja e eu temos algumas contas a acertar — sorriu para Aredhel.

William e Jack se afastaram e encostaram-se nas paredes do local. Eu fiz o mesmo, fingindo ser controlado.

— Lorelei… — Amora tocou o braço a irmã. — Lembre-se. Precisamos dela viva. Loki só virá atrás dela se ela estiver viva. Thanos já lhe avisou — alertou.

Fiquei aflito. Eu sabia que Aredhel já havia ganhado uma luta contra Lorelei, mas ela parecia muito confiante. Fiquei analisando se poderia tentar uma fuga, mas havia um exército todo de homens armados e ainda tinha Amora. O plano de Thanos era claro, ir até Asgard nos atacar. Mas agora tinha a oportunidade de usar minha esposa para me atrair até lá. E se eu acabasse com a farsa, elas a matariam. Naquele momento entendi porque Aredhel insistiu tanto para que eu me controlasse. Eu teria que assistir ela lutar com Lorelei sem poder fazer nada. Arrependi-me amargamente de não estar com as Infinity Gems.

— Está pronta para levar outra surra, Lorelei? — desafiou Aredhel.

Lorelei avançou sobre ela, que se esquivou facilmente usando uma ilusão. Amora abriu um sorriso e cruzou os braços.

— Então Loki lhe ensinou seus truques... — comentou Amora.

Aredhel correu em direção de Lorelei para atacá-la quando, de repente, uma nuvem vermelha emanou da ruiva e fez Aredhel rodopiar no ar e cair violentamente no chão.

— Aether... — murmurou se levantando com uma expressão de dor.

— Sim, queridinha — Lorelei sorriu cinicamente. — Thanos me deu este presente. O Aether corre em minhas veias.

A ruiva voltou a atacar. Aredhel se defendia dos golpes, mas toda vez que tentava contra-atacar era arremessada ao chão pela defesa do Aether. Aos poucos ela foi ficando cansada e começou a deixar passar os golpes de Lorelei e errar as magias. A situação era pior do que eu havia imaginado. Eu não veria a mulher que amava lutar, mas sim apanhar de Lorelei. Eu tremia tentando me controlar e manter uma expressão impassível no rosto. Cada golpe que ela recebia doía em mim.

Insistentemente e de forma inútil, Aredhel continuava a atacar Lorelei. No início eu não entendia a persistência dela, até que comecei a perceber que Lorelei estava ficando aparentemente cansada. A ruiva não controlava o Aether e ele a estava consumindo. Comecei a entender a estratégia de minha astuta esposa, porém isso não faria a sorte mudar ao seu favor. Ela perdia a luta dolorosamente.

Lorelei acertou Aredhel novamente no rosto a derrubando, se aproximou e deu um chute em suas costas. Minha amada deu um grito e pude jurar que ouvi barulho de osso se partindo. Eu já mal conseguia manter a farsa. Tudo aquilo estava sendo uma tortura para mim.

— Vamos ver se Loki ainda vai querer você quando vir esse seu rostinho todo machucado — sibilou a ruiva, pisando em uma das mãos de Aredhel.

Ouvi novamente o estalar de ossos e ela gemeu.

— Mesmo com... Esse... Rosto... Ele vai preferir... A mim a você… — disse com dificuldade — Perdeu… Vadia... — afrontou.

— Ora sua... — Lorelei chutou Aredhel no abdome.

Ela deu um gemido e parou de se mexer. Prendi a respiração.

— Vou deixar você irreconhecível! — gritou a ruiva, se preparando para chutar minha esposa no rosto.

— Chega! — ordenou Amora, puxando a irmã pelo braço. — Você vai matá-la — alertou. — Ela desmaiou. Você já conseguiu sua vingança. Quando Loki vier você poderá matá-la — ergueu o ombro.

Lorelei bufou e aproximou o rosto do ouvido de Aredhel.

— Sua sorte foi Loki não estar aqui... — sussurrou.

Lorelei olhou de William para mim.

— Thomas carregue essa vagabunda. Will o acompanhe até a cela onde ela ficará — ordenou. — E quanto ao resto, me acompanhem. O show acabou — sorriu.

William e eu nos aproximamos de Aredhel devagar, enquanto todos se retiravam do local. Depois que a porta se fechou eu dei um soco nele, que caiu desacordado.

Ajoelhei ao lado de Aredhel e passei uma das mãos por seu rosto. Olhei para ela e deixei escapar um grito de dor abafado. Ela estava viva, mas respirava com dificuldade. Estava com o rosto e o corpo todo machucado. Senti lágrimas de ódio e frustração descendo por meu rosto. Eu nunca havia me sentindo tão impotente. Assisti minha esposa ser surrada, quase até a morte, sem poder fazer nada. Lorelei pagaria pelo que fez a ela. Eu iria torturá-la até a morte.

De repente ouvi barulhos de tiros e gritos. A porta se abriu com violência e Sif entrou. Ela olhou para mim, depois para William e Aredhel.

— Thomas, se afaste de Aredhel! — ordenou.

Na hora imaginei que ela pensava que eu estava sob o domínio de Lorelei.

— Sou eu, Sif.. Loki.. Estou disfarçado — falei com a voz embargada. — Por favor precisamos levar Aredhel rápido para Asgard. Lorelei está com o Aether e bateu muito nela. Ela nem teve chance. Lorelei só não a matou porque pensou que eu era o Thomas — expliquei rapidamente.

— Aether? Droga! — bufou Sif. – Vou ter que recuar. Vamos precisar de ajuda — reclamou contrariada.

Conjurei a água do lago e uma tigela.

— Sif, eu levarei Aredhel comigo. William está desmaiado, peço que o leve com você. Vá até a casa dos pais de Aredhel e leve todos para Asgard. Com certeza terá uma retaliação quando Lorelei e Amora descobrirem a farsa — pedi.

Sif assentiu, pegou William e partiu. Em seguida parti com Aredhel para Asgard. Pedi aos deuses que ela sobrevivesse.


Notas Finais


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