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História A Nereida - Capítulo 6:


Escrita por: GiullieneChan

Capítulo 6 - Capítulo 6:


Logo mais à noite.

Não foi o vestido que abalou Mu nas bases, embora ele não conseguisse desviar o olhar de Naru naquela roupa, quando ela saia da casa de Marin e caminhava na sua direção e de Shaka, trajados com smoking para a noite de gala.

A princípio, ele pensou que fosse a cor, um tom esverdeado, que lhe complementava com perfeição o cabelo castanho e a pele leitosa. Depois a viu andando e decidiu que eram as camadas de tecido, fielmente lhe acompanhando o movimento dos quadris.

Aquele não era um vestido que gritava "olhe para mim". Ah, não, ele sussurrava lascivamente para que verificassem o corpo no seu interior. Foi isso que lhe chamou a atenção.

—Um vestido e tanto, não? -Shaka comentou com um sorriso.

Mu piscou os olhos, desviando o olhar da amazona para fitar o amigo. O que diabos Shaka estava fazendo, prestando atenção no vestido de Naru?

—É... é bonito sim.

—Sem dúvida!

—Você não deveria estar com a senhorita Athena, Shaka? -perguntou o ariano, um pouco irritado com o jeito que o amigo direcionava seu olhar para a amazona.

—Tem razão! Vamos logo!

Indecisa, Naru parou diante dos dois cavaleiros, parecia constrangida.

—O que foi?

—Me sinto... desprotegida com esta roupa. Me sinto nua. Sei lá. -ela respondeu fazendo uma careta.

—É apenas por uma noite. -Shaka a tranquilizou. -Agora vamos. Ah...você está linda! Ela não está linda, Mu?

—Sim...está sim. -ele respondeu, não conseguindo desviar o olhar dela.

A amazona ficou corada com os comentários, mas era o olhar do cavaleiro de Áries que a deixou mais desconcertada ainda, fazendo-a cruzar os braços instintivamente para cobrir o decote ousado que evidenciava a curva de seus seios, mas com o gesto o evidenciava ainda mais.

—Vamos logo! -ela pediu. -Esse salto alto está me matando!

Tatsumi já os esperava com a limusine, conduzindo-os até a mansão na qual Saori Kido residia na Grécia enquanto não estava no Santuário. A jovem os aguardava quando chegaram e imediatamente se dirigiram até o local em que aquele jantar beneficente seria realizado.

Naru do lado de fora segurou o fôlego ao avistar a grandiosa residência de um dos homens mais ricos do mundo, um francês chamado Alain Mimoun, que desejava fazer parte da Fundação Graad.

O tal jantar era uma desculpa para uma reunião de negócios entre Saori Kido, vários acionistas e empresários europeus. Um jantar beneficente, aonde cada convidado pagaria uma fortuna para participar, era apenas uma desculpa para que Minoun pudesse se tornar mais próximo a rica proprietária da Fundação.

Essa glamorosa residência ficava no prestigiado bairro de Kolonaki, concorrendo com as demais mansões em beleza e riqueza, e é dona de uma arquitetura espetacular que impressionou a amazona, enquanto era conduzida pelo braço por Mu.

—Esta casa parece ser bem maior que o Templo do Grande Mestre! -ela comentou, admirando a grandiosidade dos jardins.

—Está dizendo uma heresia. -comentou Mu com ar sério e em seguida ele sorriu. -É só um pouco menor que o Templo.

Foram recepcionados por uma estonteante loira, usando trajes muito curtos de serviçal. Naru ficou imaginando que tipo de homem fazia sua empregada vestir-se como uma Gótica Lolita? Logo eles notaram que o salão principal da casa estava cheio de convidados e todos eram servidos por lindas mulheres das mais variadas nacionalidades e etnias, usando a mesma indumentária da loira que os guiavam e apontava para a festa.

A loira fez um gesto e uma jovem de pele bronzeada e cabelos negros e curtos aproximou-se com uma bandeja de prata com taças de vinho.

—Por favor, sirvam-se! -ela pediu, fazendo uma leve mesura.

—Obrigado. -Shaka estendeu a mão num gesto educado de negativa. -Mas, eu não bebo. Preferia água com gás, por favor.

Mu e Saori também recusaram, a deusa preferindo uma taça de champanhe, mas Naru se serviu.

—É delicioso! -exclamou Naru. -Deveriam provar!

—É contra a minha ideologia tomar qualquer bebida alcoólica, senhorita Naru. -explicou Shaka.

—Eu não gosto de beber. -explicou Mu.

As duas mulheres se entreolharam incertas sobre o que fazer, então a loira lançou um olhar para uma mulher vestida como uma gueixa que orientava as demais servas. Ela fez um gesto de concordância com a cabeça e a serva com a bandeja se retirou.

—Meninas, providenciem água tônica para os convidados. Senhores, fiquem a vontade.

Naru ficou observando aquela mulher, mas ela se misturou aos outros convidados. Teve a nítida impressão que a conhecia de algum lugar, mas balançou a cabeça dizendo a si mesma que estava imaginando coisas. Voltou sua atenção para a arquitetura da mansão, admirando-a.

O seu teto alto deixava os ambientes amplos, bem arejados e bem iluminados. A decoração contemporânea contava com muitos objetos de arte e de luxo. O anfitrião deixava transparecer o seu apego aos bens materiais com aquelas coleções, o que a amazona achava exagerada. Mas uma coisa ela tinha que admitir, o francês tinha um belíssimo gosto com os jardins que cercavam a casa, e eram vistos através de suas imensas paredes de vidro.

—Nunca vou me acostumar com isso. -murmurou Mu, atraindo a atenção de sua acompanhante.

—Como?

—O senhor Mimoun é muito extravagante para o meu gosto! -disse apontando com o olhar para o milionário que se aproximava.

Extravagância era pouca para descrever aquele homem de cabelos ruivos rebeldes, faces coradas e brilhantes olhos esverdeados que descia pela escada em forma de caracol no fundo do salão principal, que ligava ao andar de cima. Seu terno em um escandaloso tom de lilás o destacava em meio a todos os convidados com seus vestidos e smokings sociais.

—Pelos deuses. -suspirou Shaka se aproximando, tendo Saori Kido ao seu lado. -Aquele bufão é o nosso anfitrião?

—Sim. -respondeu Saori com o rosto sereno. -Desde que conheci, Alain sempre se vestiu de modo... peculiar.

—Meus amigos! -saudou falando em grego com perfeição, cumprimentando a todos enquanto se dirigia a deusa e seu acompanhante. -Que alegria tê-los em minha humilde residência de verão!

Quando finalmente ficou frente a frente a deusa, pegou sua mão e a direcionou aos lábios depositando um beijo nesta.

—Ah... minha bela, bela, belíssima amiga Saori Kido! Quel plaisir d'avoir sa dans ma Maison!

—Encantada, Alain. -Saori solta a mão discretamente, para fazer as apresentações.

—Ah, sejam bem vindos. Sintam-se em casa meus amigos! E tentem não ficarem entediados com as conversas sobre negócios! -falou Alain se afastando para cumprimentar uma senhora que acabava de chegar. -Madame Stamos! Que prazer!

—Que figura! -exclamou Naru, achando-o engraçado, dando um riso discreto. -Não está muito exagerado para um simples jantar beneficente?

—Em geral, Alain Minoun sempre exagera em suas recepções. -comentou Saori. -Não precisam ficar a noite toda grudados em mim. Podem tentar se divertir um pouco.

—Mesmo que quiséssemos, não seria prudente. -aconselhou Shaka com ar sério. -Estarei ao seu lado o tempo todo, minha deusa.

—Algo o incomoda, Shaka? -Mu percebeu o quanto o cavaleiro de Virgem se mostrava tenso de uma hora para outra.

—Talvez... -Shaka voltou seu olhar para o anfitrião. -Apenas, fiquem atentos.

Shaka acompanhou Saori até um grupo de pessoas, ambos fingindo interesse nas conversas fúteis deles, deixando Mu e Naru afastados.

—Então? -ela perguntou sem graça.

—Então, o que?

—Por que acha que o senhor Shaka olhou tão desconfiado para aquele francês bufão?

—Não sei. Eu mesmo não senti nada em relação a ele. Mas Shaka, raramente comete erros.

Neste instante, Alain apareceu diante deles de modo espalhafatoso.

—Parecem tão entediados, meus amigos. Non, non, non... meus convidados não podem ficar assim! Iria me desmoralizar! Venham!

Alain estala os dedos e uma jovem serviçal aparece, com uma bandeja cheia de taças de vinho. Alain pega uma delas e entrega a Mu.

—O-obrigado, mas eu não bebo nada alcoólico e... -o cavaleiro de Áries tenta recusar, mas o milionário praticamente o obriga a segurar a taça.

—Por favor! É da minha safra particular! Prove, enquanto roubo a companhia de sua bela dama para uma dança!

Sem esperar por uma resposta de Naru, Alain a puxa para o centro da sala principal aonde uma pista de dança fora improvisada, fazendo um sinal para que uma orquestra contratada começasse a tocar.

Mu observou os dois deslizando pelo salão, disfarçando uma pontada de ciúmes que o incomodava naquele momento. Do outro lado o casal era alvo do olhar gélido da misteriosa gueixa.

O homem notara que era observado pela japonesa e sorriu. Parando de dançar e beijando a mão de Naru em seguida.

—Adoraria continuar a dançar com tão bela dama, mas... meus convidados me aguardam para o jantar. -ele suspirou. -Preferia a sua companhia, senhorita a dos meus enfadonhos amigos para uma tediosa reunião de negócios após a refeição.

—Teremos outras oportunidades, senhor Minoun.

—Por favor, me chame de Alain, senhorita...?

—Me chame de Naru. -ela completou com um sorriso.

—Ainda hei de descobrir o que tanto as orientais me fascinam. -ele comentou com um sorriso, deixando-a em seguida no meio do salão e se dirigindo a gueixa.

A amazona notou que ela lhe disse algo em tom furioso. Ciúmes com certeza, imaginara a amazona de Dorado. Mas o rosto tão jovial e sorridente de Alain tornou-se sombrio e ele em uma expressão irritadiça agarrou o cotovelo da gueixa com força, fazendo-a se retirar para outra sala.

Poucos pareciam ter notado a cena, e educadamente ignoraram imaginando se apenas uma discussão de casal. As pessoas mais próximas a Alain Minoun comentavam que a atual namorada dele era muito possessiva.

Então, alguém tomou-lhe a mão, virando o rosto viu Mu. O contato ressoando por todo o seu corpo, fazendo o seu sangue vibrar. O ariano sentiu o ligeiro tremer das pontas dos dedos de Naru um segundo antes que ela tentasse recuar, mas, com um movimento brusco, ele a puxou para si.

Os olhos dela se arregalaram de surpresa, e ela arfou de indignação.

—O que acha que está fazendo?

—Retomando a dança. — ele respondeu, ajeitando o corpo relutante de Naru na tradicional posição de dançar a valsa que havia sido iniciada pela orquestra. -Visto que seu parceiro a abandonou, acho que vai ter que se contentar comigo. Afinal, temos que nos misturar.

A mão pousada nas suas costas parecia queimar através do tecido fino, marcando a pele por baixo dele. Ao seu redor, outros casais começavam a acompanhar a melodia tocada pela pequena orquestra, atraindo olhares curiosos sobre eles, pois ambos apenas estavam parados em meio a pista, se fitando.

Fechando os olhos, ela concentrou-se na música, permitindo que o ritmo fluísse por seus membros, chegando aos passos de dança.

—Não é tão difícil, é?

—Não sabia que o Grande Mestre sabia dançar.

—Comecei a ter aula há uns três anos. Como acompanhamos a senhorita Saori em vários eventos, como guarda-costas disfarçados, foi necessário. Dançar não é o problema, até o Máscara da Morte conseguiu aprender.

Ela o fitou em silêncio por um instante, admirando aquele sorriso.

—O que você quer de mim, Mu de Áries?

—Acho que estou me apaixonando por você, Naru de Dorado.

—Acho que não devia ter tomado aquele vinho. –comentou tensa com suas palavras.

—Acha que tenho segundas intenções? Não sente nada por mim?

—Estaria mentindo se dissesse que não sinto. -ela baixou o olhar. -Sabe o que acontece com a maioria das amazonas que cedessem a este sentimento?

—Abandonam a vida de guerreira. -respondeu Mu. -É isso que teme?

Naru ergue o olhar, dizendo com firmeza:

—Batalhei muito para me tornar uma amazona de Athena. Ganhei a inimizade de uma pessoa que era como uma irmã para mim, pela posse da minha armadura. Gosto de ser o que sou. Não quero perder isso.

 

—Nem pediria que o fizesse. Pois eu sei exatamente os sacrifícios que fiz por ser um cavaleiro de Atena, Naru. Por isso eu lhe digo, não precisaria abandonar o seu posto de amazona se...

 

—Se amar um cavaleiro?

 

—Isso mesmo...-um fitou aqueles lábios tão sedutores, e foi aproximando os seus para provar novamente o gosto daquela boca que tanto o fascinava.

Suas intenções foram por água abaixo. Uma sineta anunciava o início do jantar e a orquestra parava de tocar. Os casais começavam a se dirigir ao salão de jantar, deixando-os para trás.

—Vamos. Temos que ficar juntos a Atena. -disse Naru, caminhando na frente.

—Vamos. -Mu suspirou, colocando as mãos nos bolsos da calça.

Ele iria dobrar aquela teimosia, pensava determinado. E num gesto impensado, pegou uma taça de vinho que era levada ao salão por uma das jovens serviçais de Alain e sorveu o seu conteúdo em um único gole, caminhando para o salão de jantar em seguida.

Com isso, não notara que a serva esboçava um sorriso sardônico de satisfação, falando com a loira que havia recepcionado a ele e seus amigos.

—O Cavaleiro de Áries se serviu do vinho do mestre. –murmurou.

—Excelente! O mestre ficará muito feliz!

O restante da noite transcorrera sem problemas. Negócios importantes foram fechados naquela noite e finalmente, um pouco depois da meia noite, Saori Kido se despedia de seu anfitrião e ia embora acompanhada por seus cavaleiros.

Assim que o último convidado havia partido, Alain fechou as portas e voltou para o salão principal, aonde a orquestra já havia se retirado. Bem no centro, as sete serviçais estava ajoelhadas, seus olhares voltados para o chão.

—E então? -ele perguntou, colocando as mãos nos bolsos.

—Athena e seu cavaleiro de Virgem não provaram o vinho, meu senhor. -disse a loira com um leve estremecimento em sua voz. Por favor, perdoe-me por ter falhado!

—Mas! -uma outra jovem, de cabelos curtos e esverdeados falou, em defesa da companheira. -O Grande Mestre, Mu de Áries bebeu seu vinho, meu senhor!

—O mestre do Santuário? Isso é bom. -comentou Alain sorrindo. -Não foi uma noite perdida.

—A jovem que o acompanhava também, meu senhor. -disse a morena, sem se atrever a levantar o olhar.

—Ela não me interessa muito. -respondeu Alain com ar de desdém. -Só devemos nos assegurar que ela venha a nós em segurança, afinal, eu prometi a Nadeshiko que a traria.

Neste momento, uma bela mulher de pele alva, longos e lisos cabelos negros que ultrapassavam seus quadris chegou ao salão. Ela era japonesa, usava um quimono branco com bordados em fio de ouro, olhos frios fitavam as serviçais antes de mirar o jovem milionário.

—Você me prometeu que a traria de volta para mim, querido. É o pagamento por eu ter te libertado!

Alain se aproxima da mulher, beijando sua mão.

—Eu sempre cumpro minhas promessas, minha querida. Eu costumo ser muito generoso com quem me faz o bem.

—Mas, você tem um trabalho a fazer antes, meu querido. Esqueceu? -a japonesa recolhe a mão, cruzando os braços sobre o corpo. -Como pretende fazer isso?

Alain a abraça por trás, beijando seu pescoço.

—Eu não irei sujar minhas mãos com o sangue de Athena, querida. Outro fará isso por mim. E antes do que você imagina, você terá sua vingança, eu cumprirei as ordens que me foram dadas para punir Athena. -ele a vira forçando-a a fitá-lo. -E sua linda filha estará novamente com você. E seremos uma linda família feliz!

 

Continua...



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